Maykon Albuquerque Lacerda e David da Silva Sousa

UMA BREVE REFLEXÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA SOBRE A APLICAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA: A ECONOMIA CAXIENSE NO SÉCULO XIX, NO ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL


Introdução
O presente ensaio trata-se de uma reflexão teórica e metodológica sobre a aplicação de uma Sequência Didática [S.D] no Ensino de História Local, intitulada: A Economia Caxiense no século XIX, cuja finalidade é sistematizar dentro do espaço historiográfico maranhense, a importância que a História Local deve ter no cotidiano escolar para os alunos. Dessa forma, a função social desta sequência se dá não apenas para compreender a história de um lugar de fala e pertencimento, mas para estimular uma interação maior do indivíduo com a sua identidade.

Desse modo, a sequência representa uma alternância didático-pedagógica do docente em sala de aula em prol de valorizar e difundir a História Caxiense, muitas vezes, relegada, silenciada, ou até mesmo refutada pela historiografia tradicional [linear e de cunho positivista], bem como pela tradição escolar conteudista, que perdura no Ensino de História, referente a transmissão de saberes construídos historicamente e reproduzidos nos livros didáticos da Educação Básica, que ainda contempla uma História Macro.

Reflexão teórica
Um dos grandes questionamentos do professor de História da Educação Básica, é como fazer com que nossos alunos gostem e se envolvam com a história?  Uma tentativa trivial de resposta a esta problemática em voga, é o distanciamento temporal e espacial dos conteúdos da área. Por exemplo:

“[...] seria de difícil compreensão o conteúdo da história antiga da Mesopotâmia em função dessa distância. Tal distanciamento seria um fator de desânimo e desgosto pela aula de História e que, em função disso, o encantamento pela história viria pela potencialidade de o ensino conseguir estabelecer relações entre o conteúdo ensinado e a própria história vivida dos estudantes.” [GIACOMONI e PEREIRA, 2013, p. 13]

Por isso, surge-se a necessidade de aguçar no alunado o gosto pelas aulas de História, bem como o envolvimento em atividades práticas de cunho pedagógico, que permitam o processo de ensino-aprendizagem, com resultados positivos. Assim, é salutar pensar em História Local, com possíveis conteúdos negligenciados pelo livro didático de História. Posto que:

“[...]o ensino de história não pode estar preso a um livro didático, e funciona em forte articulação com as demandas do tempo presente. Este ensino precisa trazer também a marca de intensa autonomia intelectual do professor, que elabora atividades e vai com isso montando seu programa, o que significa que vai expressando seu modo de entender a história.” [GIACOMONI e PEREIRA, 2013, p. 32]

Com isso, a forma de expressão e comunicação entre aluno-professor é o mais valorizado, e quando inserido adequadamente na aula de História, torna-se um belo exercício prazeroso, sobretudo, relacionado intrinsicamente ao brincar, ao aprender e ao ensinar. É claro, para isso é imprescindível a aceitação do discente escolar, pois:

“[...] é necessário perceber que os alunos demonstram boa receptividade à atividade. Isto pode implicar que se inclua no programa o estudo de tópicos do agrado dos alunos, ou que se negocie para que eles apresentem os resultados do estudo do modo que lhes agrade. Ceder em alguns pontos, na negociação com os estudantes, abre a possibilidade de que se possa ter a adesão deles às nossas propostas em outros momentos. Um bom indicador de que a atividade está produzindo efeitos de aprendizagem são os questionamentos do aluno, quando reconhecemos que de modo espontâneo formulam perguntas, em linguagem que demonstra que processaram às informações, vincularam com seus interesses e produziram perguntas.” [GIACOMONI e PEREIRA, 2013, p. 37]

Com isso, poderá se perceber que durante a aplicação da S.D consolidara-se uma interação e dinamicidade entre os envolvidos. Dado que, em consonância com os PCN’s de História:

“Na transposição do conhecimento histórico [...] é de fundamental importância o desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpretação das diversas fontes e testemunhos das épocas passadas – e também do presente. Nesse exercício, deve-se levar em conta os diferentes agentes sociais envolvidos na produção dos testemunhos, as motivações explícitas ou implícitas nessa produção e a especificidade das diferentes linguagens e suportes através dos quais se expressam”. [BRASIL,1998a, p.22]

Sendo assim, conseguiremos alcançar os nossos objetivos, no que tange à análise da economia caxiense no século XIX a partir de sua formação, consolidação, e diversificação; Aliás, a própria valorização do Ensino de História Local é fruto de um pretenso rompimento de uma tradição escolar de cunho positivista. Segundo Laville [1999, p. 125]:

“[...]durante muito tempo o ensino de história não deu relevo as vivências dos estudantes e, muito menos, promoveu a valorização de outros sujeitos nas construções das histórias e isso, certamente, configurou um dos reforços – que permeiam a História do ensino de história – de que a disciplina é algo demasiadamente abstrato e, porque não, sem valor para a vida prática dos educandos. Uma narrativa linear de fatos seletos, marcada por personagens [heróis] e acontecimentos simbólicos, com causa e consequência e sem relações de utilidade na vida cotidiana dos alunos, foi o que predominou nas aulas de História[...].”
Nessa perspectiva, o alunado enquanto sujeitos históricos são capazes de identificar às relações sociais no seu próprio convívio, bem como seu lugar social, para assim desenvolverem uma linha interpretativa-racional concernente a História Local, e suas temáticas conteudinais. Logo:

“O lugar social do sujeito é uma das condições da construção discursiva, pois o discurso não é uma produção independente das relações sociais, pelo contrário, nasce de certo entendimento das suas contradições. “[PALMA, 2012, p. 01]

Com base nisso, é primordial levar a temática local para o espaço escolar, instigando a participação e contribuição do alunado caxiense numa postura crítica-reflexiva sobre o Ensino de História e suas propostas de intervenção em sala de aula, apesar da ausência e descaso por parte do Poder Público, em não repensar a introdução da História de Caxias nos livros didáticos escolares.

S.D: A Economia Caxiense no século XIX
De acordo com Bocchi [2011], no oitocentismo, Caxias era evidente no âmbito nacional e regional, cidade que respirava cultura e história. Além, de ser conhecida em todo o Brasil como o palco central da Guerra da Balaiada, que aconteceu entre os anos 1838-1841, e que teve na luta pobres, sertanejos e escravos contra a Coroa Portuguesa. Em uma das principais reinvindicações estava o esquecimento do governo regencial com relação aos poucos incentivos a economia na época, que já encontrava dificuldades para seguir em frente.

Para Costa [1999], entre os principais produtos cultivados em Caxias está o Algodão. Produto utilizado muito antes mesmo da chegada dos Portugueses em 1500, sendo utilizado pelos indígenas das regiões Norte e Nordeste.
Em todo o Maranhão e outras localidades do Nordeste cultivava-se este produto, principalmente a partir do século XIX, sendo Caxias uma das localidades que mais se plantava. Antes de seu uso industrial, era usado para a fabricação de roupas que era usado pelos escravos, pois a elite só usava tecidos finos vindos da Europa [ASSUNÇÃO, 2000].

Logo, conforme Costa [1999], este produto era destinado principalmente a Exportação para alimentar as fábricas têxteis da Inglaterra. Para que houvesse uma produção exportadora, torna-se necessário ter um plantio de grandes proporções, conhecido no campo econômico de Plantation. Para tal forma de plantio, o trabalho escravo veio a ser a principal mão de obra na produção de algodão da cidade de Caxias.

Segundo o major Francisco de Paula Ribeiro, em 1819 a Vila de Caxias detinha de grandes lavouras de algodão e com mais de duzentos mil escravos trabalhando, e que:

 “[...] fazendo até hoje por um nunca interrompido tráfico comercial o principal motivo de sua opulência [...]” [RIBEIRO, 2005. p.145]
Na perspectiva de Assunção [2000], Caxias se encontrava naquele momento como uma das grandes produtoras de algodão do estado, e também do país, por estar acontecendo na Europa à Revolução Industrial, onde houve a melhoria dos processos técnicos de aproveitamento expressivo do algodão, que posteriormente, vem a ser a principal matéria-prima industrial.

O Maranhão era a segunda região exportadora de algodão, sendo São Luís o quarto porto exportador do Brasil, e sendo Caxias a maior concentradora de lavouras do Maranhão. Conforme Assunção [2000], em 1812, 56% das exportações maranhense já eram destinadas diretamente para a Inglaterra.
Muitas cidades se desenvolveram durante esses períodos em que o Maranhão foi destaque no plantio do algodão:

“São Luís e Alcântara eram cidades dos barões, cujas propriedades em escravos, fazendas de algodão, de gado, disputavam com os senhores do centro-sul do Brasil. Também na época da opulência do algodão, construíram se casarões de azulejos e sobradões em cidades como: Brejo, Itapecuru, Alcântara, Codó, Caxias e, em especialmente, em São Luís.” [BOTELHO, 2010. p. 108].

Esta produção era transportada até o porto de São Luís através de embarcações que percorria o rio Itapecuru, que nessa época era navegável em toda a sua extensão, sendo o mais importante da província para a entrada no sertão e o escoamento de produtos que tinha o plantio em suas margens.

De acordo com o historiador Caio Prado Junior [2006], a primeira remessa de algodão brasileiro para o exterior, data de 1760 e provém do Maranhão, que exportou 651 arrobas, e ele coloca Caxias como a principal localização produtora.

Os escravos também eram importantes nessa comercialização, onde muitos se faziam presentes nas feiras da cidade, e também para venda do excedente das fazendas de seus senhores.
Segundo Francisco de Paula Ribeiro, major da Coroa Portuguesa, a vila de Caxias é:

“[...] uma continuada feira, onde muitos distantes os povos dos sertões confinantes trazem à venda os seus efeitos, que constam de algodões, solas, couros de veado e cabra, tabacos de fumo, gados, escravaturas da Bahia [...]” [RIBEIRO, 2005. p.149].

Assim, Caxias era relevante pela sua variedade de produtos acessível ao consumidor com poder aquisitivo de compra e venda. Em relação ao processo de decadência da produção algodoeira, inicia-se a partir da segunda metade do século XIX, sendo por diversos motivos, como a Guerra da Balaiada [1838-1841]; uma extensa seca no estado; falta de aprimoramentos nas técnicas de produção e colheita do algodão; e competição com o algodão dos Estados Unidos.
Como já dito, Caxias esteve ligada a cultura algodoeira durante o início do século XIX, onde era enviado a sua produção para as fábricas da Inglaterra que naquele momento vivia o momento da Revolução Industrial, com uma grande produção de tecidos.

Com isso, na cidade de Caxias, os diversos jornais escreviam sobre o período de crise que a cidade estava passando, transmitindo suas angustias, onde estes jornalistas, que faziam parte da elite transmitiam as medidas que deveriam ser tomadas para tirar Caxias do período de decadência que estava vivendo, como a construção de fábricas têxteis.
De acordo com o historiador maranhense Mario Meireles [2001], a implantação das têxteis em solo maranhense representou uma loucura ou miragem industrial, enquanto que para os caxienses foi uma redenção e o advento de novos.

Desse modo, um grupo de latifundiários, elite e empresários locais formaram um grupo de discussão para que houvesse uma saída da cidade daquele estado crítico de crise. Este grupo tinha como líder Francisco Dias Carneiro, homem de mente brilhante, sendo, nessa ocasião enviada a São Luís para conseguir ajuda dos empresários da capital para a instalação da fábrica têxtil em Caxias, saído sem uma posição. Assim, a Companhia ‘Industrial Caxiense’ decide seguir seus ideais de constituir uma Caxias fabril a todo custo, mesmo sem apoio governamental e de empresários da capital, São Luís.

À época, segundo o Jornal Commercio de Caxias [28 de janeiro de 1888, p. 2-3]:

“Todos os aparelhos e maquinismo que possui a fábrica são americanos e o expectador ao contemplar os movimentos rápidos e desencontrados de todos os transmissores e operadores, guiados pelas mãos delicadas de mulheres e crianças [...]”.

Com a chegada das fábricas em Caxias a cidade assumia um discurso de ser uma cidade no período de modernidade, sendo instaladas mais fábricas e companhias de bondes, de navegação, de exploração telegráfica e de telefone e de aguas e também uma Usina Agrícola. Dentre essas outras fábricas têxteis está a que conhecemos hoje como Centro de Cultura, construído em 1889 e que recebeu como nome “Fábrica Manufatura União Caxiense”.

Dessa forma, mesmo estando no interior do Maranhão, Caxias era interligada a Europa, quando se trata de normas, hábitos e produtos vindos dessas terras distantes, sendo tais pessoas participantes de tempos modernos que emergiram em contextos de dificuldades econômicas, como o da construção das fábricas.

Reflexão Metodológica
Este material propõe trazer a discussão sobre a História de Caxias -MA como estratégico entreposto comercial no século XIX em terras maranhense, é claro, a princípio será essencial um aparato conceitual, levantando os seguintes questionamentos: O que é Economia? Quais são os tipos de economias existentes? Quais os modos de produção decorrentes de distintos contextos históricos? Quais teorias econômicas e setores da economia coexistiram numa relação entre estabilidade e crises que atingiram determinada sociedades, grupos ou sujeitos.

Nesta sequência, será trabalhado no 1º capítulo, as seguintes categorias conceituais: economia, tipos, práticas, setores, teorias, modos e relações econômicas. O 2º capítulo, aborda as atividades econômicas e suas relações a fim de fazer com que os alunos reconheçam e identifiquem o modo de produção, os tipos de economias e o modelo de pratica econômica que perdurou no Brasil Oitocentista, e consequentemente no Maranhão e em Caxias. A partir da experiência histórica decorrente das especificidades do período fabril e seu declínio em solo caxiense.

O 3º capítulo irá retratar o processo de formação do parque industrial caxiense no final do século XIX e seu impacto para a expansão urbana e crescimento econômico interno e externo. Posteriormente, no 4º capítulo os alunos terão a oportunidade de reconhecer as fabricas têxteis da cidade e seu contributo para a formação cultural e influências perante os sujeitos envolvidos na atividade algodoeira, sustentada pela mão-de-obra escrava em tempos áureos, e direcionada para o mercado exportador; adiante evidencia-se a crise da cotonicultura no final do oitocentismo.

Além, do rol de exercícios de fixação no término de cada capítulo, bem como complemento didático-pedagógico, exemplificado com a presença de: algo mais, glossários, sugestões de filmes, indicações bibliográficas, anúncios comercias, imagens para análise etc. visando anexar os conhecimentos históricos a partir do desenvolvimento da leitura mais a escrita do alunado, demonstrando na prática a efetividade da aprendizagem.

Considerações finais
Em suma, através deste recurso metodológico o professor poderá criar e buscar situações problematizante-reflexivas fruto da realidade do alunado, e de suas experiências vivenciadas e que refletem no espaço escolar, e diretamente no processo de ensino-aprendizagem.

Com isso, a intenção da Sequência Didática [S.D] é proporcionar a formação e representação de uma identidade regional composta de sujeitos e processos históricos excluídos pela historiografia hegemônica, a partir de suas especificidades existentes. Assim, esperamos que essa ferramenta auxilie o professor a difundir os saberes históricos, e possibilitar um leque de oportunidades e novas perspectivas para seus alunos, contribuindo positivamente para o processo de ensino-aprendizagem.

Referências:
Maykon Albuquerque Lacerda é graduando em Licenciatura Plena em História, pelo Centro de Estudos Superiores de Caxias, da Universidade Estadual do Maranhão –CESC/UEMA.  É membro do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre África e o Sul Global – NEAFRICA.  E-mail: maykonalbuquerquelacerda@gmail.com
David da Silva Sousa é graduando em Licenciatura Plena em História, pelo Centro de Estudos Superiores de Caxias, da Universidade Estadual do Maranhão –CESC/UEMA.  É membro do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre África e o Sul Global – NEAFRICA.  E-mail: dividsilsou@gmail.com

ASSUNÇÃO, Mathias Röhrig. Exportação, Mercado interno e crises de subsistência numa província brasileira; o caso do Maranhão [1800-1860]. In: Estudos, sociedade e agricultura. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro: número 14, Abril de 2000.

BOCCHI, João Ildebrando. Século XIX: Renascimento Agrícola, Economia Cafeeira e Industrialização. In: REGO, Jose Marcio; MARQUES, Rosa Maria Marques [Org.] Formação econômica do Brasil. Ed. Especial Anhanguera. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 73-97.

BOTELHO, Joan. Conhecendo e Debatendo a História do Maranhão.  São Luís: Fort Gráfica, 2010. p. 108.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria do Ensino Médio. Parâmetros curriculares nacionais: história. Brasília: MEC/SEF, 1998.

COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. 6. ed.São Paulo: Fundação editora da UNESP, 1999.

GIACOMONI, Marcello Paniz; PEREIRA, Nilton Mullet [orgs.]. JOGOS E ENSINO DE HISTÓRIA. 1ª ed. Porto Alegre: Evangraf, 2013.

LAVILLE, Christian. Guerra das narrativas: debates e ilusões em torno do ensino de História. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 19, n. 38, p.125-138. 1999.

MEIRELES, Mario. História do Maranhão. São Paulo: Editora Siciliano, 2001.
PALMA, Gloria Maria. O lugar social e as condições de produção do sujeito autor: Machado de Assis e Carolina Maria de Jesus. Disponível em: 
http://publicacoes.unifran.br/index.php/colecaoMestradoEmLinguistica/article/download/546/436. Acesso em: 05 de fev. de 2020.

PRADO, Caio Jr. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006.
RIBEIRO; Francisco de Paula. FRANKLIN; Adalberto Franklin. CARVALHO; João Renôr Ferreira de. Desbravador dos sertões de Pastos Bons: a base geográfica e humana do Sul do Maranhão. Rio de Janeiro: Ética, 2005.
Fonte hemerográfica:
Jornal Commercio de Caxias, 28 de janeiro de 1888.

4 comentários:

  1. Prezados Maycon e David, parabéns pelo texto! Também cumprimento vocês pela iniciativa de produzir um conjunto de atividades que fomentam o conhecimento crítico-reflexivo e, sobretudo, científico e contra-hegemônico a respeito da História Local na sala de aula.

    Percebi no texto que a necessidade de revisar a historiografia tradicional sobre Caxias-MA - e fazer com que essa revisão seja interessante para os educandos – foi um dos motivos que levaram vocês a elaborar a Sequência Didática. Assim, gostaria de saber qual é a influência da historiografia tradicional, isto é, não-problematizadora, no contexto escolar de ensino-aprendizagem observado por vocês, e por quê é socialmente necessário disputar o espaço do conhecimento histórico contra essa historiografia.

    Vitor Luiz Soares Figueiredo

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    1. Olá, Vitor Figueiredo!
      Primeiramente, agradeço suas considerações iniciais, e percepção contundente. No tocante, à historiografia tradicional, observamos que é notória sua herança positivista deixada no Ensino escolar vigente, sobretudo, através de métodos de memorização e reprodução de uma história-narrativa enquanto matéria decoreba, perpetuada ainda na prática de alguns docentes da disciplina de História. Em contrapartida, percebe-se na realidade escolar caxiense, a atuação de alguns professores que se utilizam de renovações metodológicas em sala de aula, é claro, sabemos que o campo histórico é uma disputa de relações de forças e poder, e consequentemente, uma história-escolar problematizadora é tido enquanto uma ameaça aos interesses de segmentos conservadores dominantes. Nessa conjuntura, a disputa do espaço do saber histórico, pelo viés contra-hegemônico é essencial para proporcionar a criticidade do alunado em refletir sobre sua realidade e problemas vivenciados, em prol de capacitá-los para uma transformação cidadã e sensibilizadora, referente à visão de Homem, mundo e sociedade. Por isso, os revisionismos históricos são basilares na legitimidade ou refutação de paradigmas, discursos e produções historiográficas.
      Espero ter-lhe respondido com êxito !
      Cordialmente,

      Maykon Albuquerque Lacerda

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    2. Perfeito!
      Obrigado pela resposta, e sucesso para vocês!

      Saudações.

      Vitor Luiz Soares Figueiredo

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