Carolina Bitencourt Becker


REFLEXÕES SOBRE A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E AS PRÁTICAS AVALIATIVAS DO ENSINO DE HISTÓRIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL



O objetivo deste texto é trazer algumas reflexões e proporcionar o debate sobre a avaliação da aprendizagem na disciplina de História, e algumas possibilidades de atingir aprendizagens significativas nessa área de Ensino. 

Aprendizagem Mecânica X Aprendizagem Significativa


Na teoria os meios educacionais almejam a aprendizagem significativa, mas na prática:



Foi buscando transformar a educação tradicional de sua época, que o pesquisador norte-americano David Paul Ausubel [1918-2008] dedicou-se á teoria da Aprendizagem Significativa. Estudou a mudança da aprendizagem mecânica em significativa, mesmo que uma não anule a outra, pois há conhecimentos que são arbitrários, tais como conceitos e fórmulas, os quais precisam ser memorizados. Contudo, esta deve ser considerada a etapa inicial, devendo o professor avançar para estratégias de aprendizagem contínua, incluindo os subsunçores para a construção do conhecimento, tornando a aprendizagem significativa.

 

O papel do professor



Esse material de aprendizagem é selecionado pelo professor e deve ser “potencialmente significativo”, com significado lógico de acesso pelo aluno e que não seja relacionável de maneira arbitrária e literal. Para isso, o aluno tem que ter os conhecimentos prévios relevantes para relacionar com o material de aprendizagem a ser usado [livros, aulas, aplicativos...] e o educador precisa ter um bom diagnóstico do que seus alunos já têm de subsunçores.

Entendemos aqui, como material potencialmente significativo o próprio planejamento de aula do professor, em que ele faz as escolhas didáticas e metodológicas que possibilitem a aluno aprender de forma significativa.

Para que essa relação ocorra, é fundamental repensar as práticas avaliativas que utilizamos em sala de aula, pois são elas que na maioria das vezes, dão sentido para que o aluno queira aprender. Por isso o papel do professor, na compreensão da sua função na construção da aprendizagem significativa, é primordial. A construção do conhecimento só irá ocorrer com a mediação do professor, entre o que o aluno já sabe e os conteúdos novos, através do material de aprendizagem, e com a predisposição do aluno em aprender. [Moreira, 2012]

Avaliação




Estas concepções de avaliação exigem uma mudança de postura do professor o qual deve investir, não no controle do que foi transmitido e sim na aprendizagem dos alunos.

Aprendizagem Significativa e as práticas avaliativas




Se a construção da aprendizagem significativa se dá em um processo contínuo, as avaliações realizadas em sala de aula também devem ser contínuas, sem ênfase em uma avaliação preponderante ao final do semestre/ bimestre ou trimestre. E o que se deve avaliar é a compreensão, captação de significados, capacidade de transferência do conhecimento a situações não conhecidas, não rotineiras. [Moreira, 2012]



A Aprendizagem Significativa no Ensino de História




Sobre a aprendizagem significativa, Alegro [2008], parte da premissa que as características dos conhecimentos prévios são determinantes para novas aprendizagens. A sua pesquisa apontou que estudantes ingressantes e concluintes apresentam ideias gerais semelhantes, apenas com uma maior diferenciação conceitual ao final do Ensino Médio. Indicou também que os alunos produzem significado e sentido ao construir narrativas sobre o tema. Os resultados sugerem, ainda, que “os mapas conceituais apresentam-se como ferramenta compatível com a narrativa histórica quando captam o essencial nas ideias dos estudantes.” [Alegro, 2008, p. 56]

As produções do professor Seffner [2013a, 2013b], preocupam-se com as aprendizagens significativas no Ensino de História. Trazem alguns critérios que, segundo ele, podem auxiliar a pensar as práticas em sala de aula, buscando “identificar boas condições de produção de aprendizagens significativas em História”. [Seffner, 2013b, p.50]. São eles:

§  uma situação estudada deve ser uma situação complexa e desenvolver habilidades e competências;


A listagem de critérios trazida acima por Seffner [2013a, 2013b] e Scheiner [2012] são ferramentas essenciais para que o professor da disciplina de História pense e repense a sua prática didática e metodológica, a fim de se atingir a aprendizagem significativa.


Outra forma de construção de aprendizagens significativas em História é apresentada por Maria da Silva [2011]. A autora procura mostrar a relevância do peddy paper. O efeito esperado desta atividade requer um processo metodológico com três fases distintas: o antes, o durante e o após a realização. E os alunos precisam estar envolvidos em todas as fases. Já Bascheira [2015] utiliza a interdisciplinaridade como forma de atingir uma aprendizagem significativa. A autora conclui que a interdisciplinaridade rompe as fronteiras das disciplinas e os muros entre as pessoas.


Aprendizagem Significativa em História e as Práticas Avaliativas



As avaliações realizadas em sala de aula precisam ser repensadas, a fim de atingir os objetivos de construção de aprendizagens significativas na disciplina de História, que não seja apenas um produto final com “um conjunto de informações sobre processos e eventos históricos”. A avaliação deve ser processual e buscar antecipar as decisões, e deve deixar claro ao aluno o que vai ser feito em sala de aula e quais serão os critérios utilizados pelo professor para realizar a avaliação da aprendizagem. [Seffner, 2013b, p.62-63]

Seffner [2013b] sugere que os trabalhos avaliativos devem ser recolhidos e em seguida devolvidos, para manter um ritmo de aprendizagem. É preferível ler poucos trabalhos bem escritos, mas com atenção, fazendo comentários. [Seffner, 2013b]. Este feedback auxilia a construir aprendizagens significativas.

Outra possibilidade é avaliar de forma processual através de uma produção autoral pessoal em cada atividade, feito em sala de aula, sem consulta. Essa produção pode ser escrita, desenho, história em quadrinho, música, etc. E, devem ter conexão com as fontes trabalhadas em aula. Podem ser opinativos, mas com argumentação, dialogando com o que foi debatido. E não precisa ser longo, “melhor cinco linhas autorais do que cinquenta copiadas do livro”. [Seffner, 2013a, p. 39-40].

Sobre a avaliação no trabalho interdisciplinar, Bascheira [2015], coloca que nessa perspectiva a avaliação do professor deve estar sendo feita em todos os momentos, e não somente ao final. Salienta a importância da avaliação coletiva e da autoavaliação, de modo que todos expressem as expectativas que tinham no início da pesquisa e as dificuldades encontradas no processo.

Noda [2005] traz uma atenção ao significado do planejamento para que uma avaliação comprometida com a aprendizagem se realize. O professor de História, ao planejar, teria que levar em consideração os problemas sociais do nosso tempo, e, através do estudo de outras épocas, preparar o terreno para a sensibilização dos alunos aos problemas do seu tempo. [Noda, 2005, p. 144]

Noda [2005] também alerta que é necessário estar atento aos aspectos subjetivos, que poderiam estar representados em uma “lista de verificação de participação em aula, atitude de cooperação na aula, noções de responsabilidade, relação com o professor.” Mas a autora sabe que diante da burocracia que o professor deve cumprir é difícil atribuir mais uma função ao educador.  [Noda, 2005, p. 146]


Para Hoffmann [2004], a fim de que se desenvolvam práticas avaliativas mediadoras em História, é preciso refletir sobre o que significa promover de fato o desenvolvimento do aluno nessa área. Em relação ao ensino de História:



O acompanhamento do aluno deve ocorrer através de tarefas que permitam a expressão de suas ideias e de suas vivências, preferencialmente dissertativas, tais como narrativas e textos. E “a análise de tais tarefas dissertativas representará uma questão de abordagem multidimensional, pelo caráter qualitativo e subjetivo que a leitura de seus textos poderá implicar”. [Hoffmann, 2004]

Acredita-se que os alunos estarão sendo preparados para enfrentar o mundo quando as avaliações sejam compreendidas como parte integrante de uma prática metodológica que busque significado no saber que se constrói em sala de aula, [Noda, 2005], ou seja, que busque construir uma aprendizagem significativa. E, quando os educadores se interroguem de maneira crítica e construtiva sobre o seu trabalho desenvolvido em sala de aula, e tente aperfeiçoá-lo, procurando formar alunos capazes de intervir na construção do mundo de forma criativa e consciente. Porém, não se tem uma receita pronta para isso, depende das possibilidades dos diferentes contextos das salas de aula e do estilo pessoal de cada professor. É na experiência que nos construímos.

REFERÊNCIAS

Carolina Bitencourt Becker é aluna do Mestrado ProfHistória, da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/RS e professora de História da Rede Municipal de Ensino da cidade de São Sepé/RS, atuando nos Anos Finais do Ensino Fundamental.


AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D. & HANESIAN, H. [1980].Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana. Tradução para o português do original Educational psychology: a cognitive view.

https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1096/Dissertacao%20Deise%20Angelica%20Pasquali%20Bascheira.pdf?sequence=1&isAllowed=y

HOFFMANN, J. Avaliação Mediadora: Uma Prática em Construção da Pré-Escola à Universidade. Porto Alegre: Mediação, 2012.

______. O cenário da avaliação no ensino de ciências, história e geografia. In: SILVA, J. F.; HOFFMANN, J.; ESTEBAN, M. T. [Org.]. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. 3 ed. Porto Alegre: Mediação, 2004. Disponível em:
http://smeduquedecaxias.rj.gov.br/nead/Biblioteca/Forma%C3%A7%C3%A3o%20Continuada/Avalia%C3%A7%C3%A3o/Avaliando%20a%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20no%20ensino%20de%20ci%C3%AAncias,%20hist%C3%B3ria%20e%20geografia.doc



______. Aprendizagem significativa: um conceito subjacente. In: Moreira, M.A.; Caballero, M.C.; Rodríguez, M.L. [orgs.] Actas del Encuentro Internacional sobre el Aprendizaje Significativo. Burgos, España. p. 19-44., 1997. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/~moreira/apsigsubport.pdf


http://www.encontro2014.rj.anpuh.org/resources/anais/28/1400551647_ARQUIVO_PENNA.pdf

https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/12/12




http://www.cp2.g12.br/ojs/index.php/encontros/article/viewFile/419/354



https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/78452/2/34528.pdf



21 comentários:

  1. Levando em conta a disposição do aluno em aprender, como despertar o interesse do discente na disciplina de História, visto que existe uma objeção em relação a mesma?

    MILENA SANTOS DA SILVA

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    1. Agradeço pela tua colocação.Trazendo para a reflexão da prática avaliativa, que tem sido as minhas principais leituras, a forma de despertar o interesse do aluno na disciplina de História é principalmente não incentivando a aprendizagem mecânica, com a simples memorização dos fatos e eventos históricos. E, sim dando a oportunidade para ele se expressar, de preferência de forma dissertativa. Também desenvolvendo a metodologia da investigação, dando a ele a oportunidade de se iniciar no ofício do historiador, tendo contato com fontes históricas e propiciando a reflexão e construção histórica. Pela teoria da aprendizagem significativa de Ausubel (1980) a predisposição do aluno em prender está diretamente relacionado ao material de aprendizagem elaborado pelo professor, que deve ser dinâmico e partir da realidade do aluno, instigando-o a ser protagonista da construção do seu conhecimento.As aulas de História tem que parar de estimular a reprodução.
      Espero ter respondido e estimulado algumas reflexões...Abraços
      CAROLINA BITENCOURT BECKER

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  2. Gostaria de entender como funciona a metodologia de Maria da Silva chamada de Peddy Paper.

    FRANCISCA BORGES DE SOUSA

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    1. Boa noite, Francisca! A pesquisadora Maria Madalena da Silva apresentou esta metodologia em sua dissertação de 2011. No seu escrito ela colocou que teve dificuldade para encontrar bibliografia que trabalhasse especificamente este recurso e o utilizou buscando uma oportunidade de construir aprendizagens significativas no Ensino de História, estimulando os subsunçores, ou seja, o conhecimento prévio do aluno. Essa atividade é um tipo de jogo, de forma lúdica, e constituído por equipes, geralmente ligada à aquisição de conhecimentos sobre um determinado tema ou local. Para essa autora, o peddy paper apresenta muitas
      vezes uma relação muito estreita com a visita de estudo. Ela é constituída por desafios que cada equipe deve cumprir, com critérios de classificação (como formas de perder pontos), e tem documentos de apoio para resolver os desafios. Todos os alunos recebem a orientação do desafio, mas no final cada grupo entrega apenas um para o professor avaliar.
      A autora organizou uma visita a uma Vila de Portugal, a fim de se investigar o estilo barroco. O início do peddy paper se deu com algumas charadas que davam pistas sobre como se guiarem pela visita ao local, e irem resolvendo os desafios propostos.
      Eu nunca usei este tipo de atividade. Mas me parece ser bem incentivadora e os alunos terem uma participação ativa na construção da sua aprendizagem.
      Para saber mais tem o link da dissertação, em que ela explica como fez a sua aula usando esta metodologia: file:///C:/Users/User/Desktop/34528.pdf.
      Espero ter colaborado!
      CAROLINA BITENCOURT BECKER

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  3. Como trabalhar a aprendizagem significativa na História Local se existem tão poucos materiais e os livros ainda são voltados para a hegemonia centro-periferia?

    FRANCISCA BORGES DE SOUSA

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    1. Boa noite, Francisca! Agradeço pela leitura e seu questionamento.
      Não sou uma especialista em História Local, mas penso que diante dos poucos materiais disponíveis, uma possibilidade de trabalhar a temática e construir aprendizagens significativas, possa ser a construção desse material através da história oral local. Partindo dos conhecimentos prévios da própria comunidade escolar e quem sabe, à partir daí, construir um material que até então não exista. O aluno sendo o protagonista do desenvolvimento do seu conhecimento. No meu Município também são poucos os material para pesquisa de História Local. Acabamos envoltos do que se passa de geração para geração. Creio que em muitos lugares também seja assim.
      Espero ter respondido.
      CAROLINA BITENCOURT BECKER

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Bom dia prezada Msa. Carolina Bitencourt Becker. A Aprendizagem Significativa e sua teoria é sem dúvida um tema central nos estudos sobre educação e didáticas em geral. Porém enquanto professores em sala de aula sabemos e entendemos melhor do que ninguem a realidade da mesma, principalmente à paulatina diminuição de nossas cargas horárias relativas à disciplina de história.

    Na sua opinião, como diminuir esse dano(diminuição da carga horaria) levando em consideração que para uma Aprendizagem realmente Significativa ao aluno ele deve seguir os passos especificos de introduzir o conteudo, acessar conhecimentos subsunçores, aderir novos conhecimentos e ao final avaliar esse conteúdo? A senhora acha importante lutarmos pela ampliação da carga horaria da disciplina de história como uma forma de ajudar na implementação da aprendizagem significativa, principalmente na disciplina de história, ou acredita que podemos trabalhar nessas 1 ou 2 horas/aula semanais os conteúdos necessários para o aprendizado significativo e crítico de história?

    RAFAEL LEITE SOBREIRA VIANA

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    1. Boa noite, Rafael! Agradeço a leitura e a tua questão!
      A tua colocação e muito pertinente. Nas leituras que tenho feito, alguns autores, como o professor Fernando Seffner, trazem essa mesma preocupação. De fato, precisaríamos de mais carga horária para dar conta de todas as habilidades e competências que a BNCC tem nos trazido. Infelizmente não temos e temos que lutar constantemente para ampliarmos a área das Humanas na Educação Básica. Enquanto não conseguimos, penso que deveríamos adaptar o nosso planejamento ao interesse dos nossos alunos, e aprofundar alguns assuntos que considerarmos mais relevantes para a comunidade escolar em que trabalhamos, sendo que cada realidade é diferente uma da outra. Mas também sei que isso depende muito da liberdade que o Projeto Político de cada Escola possibilita e também da Equipe Gestora de cada instituição. A construção de uma aprendizagem significativa exige um tempo maior de dedicação em sala de aula.
      Espero ter colaborado!
      CAROLINA BITENCOURT BECKER

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  6. Boa Tarde Carolina, de acordo com suas leituras, qual melhor método você apontaria para que o professor, possa através do aprendizado significativo, iniciar o aluno no mundo acadêmico e científico nas aulas de História?

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    1. Boa Tarde Carolina, de acordo com suas leituras, qual melhor método você apontaria para que o professor, possa através do aprendizado significativo, iniciar o aluno no mundo acadêmico e científico nas aulas de História?


      Kainara Fernandes da Silva

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    2. Boa noite, Kainara! Agradeço a tua questão.
      Diante das leituras que tenho feito, penso que o melhor método para iniciar o aluno no mundo acadêmico e científico nas aulas de História, seja através do método investigativo, na medida em que coloca o aluno em situações variadas de aprendizagem, além de desenvolver sua autonomia e criatividade crítica. Nesse momento incentiva-se o espírito investigativo, proporcionando ao aluno o contato com diversas fontes históricas, iniciando o aluno no ofício do historiador, e tirando a centralidade do texto no livro didático. Dessa forma o incentivo ao aluno para o conhecimento científico se torna fundamental. Ele precisa compreender como se dá o processo de produção do conhecimento histórico científico e perceber o dinamismo dessa construção. Com certeza isso fará com que os alunos sintam-se participantes da construção histórica e deixem de considerar as aulas de História chatas e sem sentido. O que muitas vezes ocorre pelas aulas ainda serem muito mais explanadas e copiadas do que reflexivas.
      Espero ter contribuído de alguma forma!
      CAROLINA BITENCOURT BECKER

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  7. Boa noite cara colega, primeiramente parabéns pelo texto, é sempre bom ler novas abordagens sobre avaliações no ensino de história. Meu questionamento é sobre a relação entre estas aprendizagens significativas e as consciências históricas defendidas por Rüsen, apesar de citá-lo no texto você não se aprofundou muito no assunto, gostaria de saber sua opinião sobre o entrelaçamento dessas duas teorias.
    Karoline Fin

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    1. Boa noite, Karoline. Agradeço a reflexão proposta, e aproveito para responder também a questão do colega Wilverson, que trata do mesmo assunto.
      David Ausubel defende que os conhecimentos prévios ou subsunçores, são fundamentais para a construção de uma aprendizagem significativa, pois o conhecimento novo tem que ter onde se ancorar para gerar essa aprendizagem. No Ensino de História, temos que levar em consideração o que cada aluno traz de conhecimento prévio, que faz parte da construção da consciência histórica de cada um. Jörn Rüsen (2010) fala de uma construção de consciência histórica através da narrativa de vida desse sujeito, que deve ser mediada pelo professor, em sala de aula, de forma reflexiva. Dessa forma, no Ensino de História a construção de aprendizagens significativas tem de levar em consideração a consciência histórica de cada aluno, que muitas vezes é construída fora do ambiente escolar, e dar importância ao esse conhecimento prévio para que um novo conhecimento possa fazer sentido. Trazemos aqui a importância do professor para o pensamento de Rusen, pois o processo de construção da consciência histórica para a Didática da História coloca o professor de História como o articulador desse desenvolvimento na Escola, quando possibilita aos alunos uma aprendizagem significativa da História para uma compreensão da vida e da sociedade. A condução desse processo, na perspectiva do autor, traz para compreensão não somente a sua história, a história de onde vivem, mas levará esses a constituir uma orientação temporal desfazendo a ideia de que consciência histórica seria uma identidade local ou nacional. Nesses pressupostos é que compreendo que o planejamento de uma aula de História deveria estar ancorada. Penso que as ideias de Rusen auxiliam a reforçar a importância de se levar em conta o conhecimento prévio do aluno e a relação com a consciência histórica de cada um, para a construção de aprendizagens significativas no Ensino de História.
      Sugiro aqui a leitura de: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Resende: Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: UFPR, 2010.
      Espero que tenha conseguido responder a pergunta.Abraços
      CAROLINA BITENCOURT BECKER

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    2. Obrigada pela resposta, e este livro é ótimo mesmo!

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  8. Saudações Prezada Carolina Bitencourt Becker e demais!

    Primeiramente quero parabenizar pelo texto, penso ser um ponto fulcral abordar esta temática do ponto de vista do processo de aquisição, retenção e desenvolvimento da aprendizagem.

    Dito isto, e compreendendo que mais que garantir uma aprendizagem histórica, o postulado do Ensino de História é instigar o aluno a ser um cidadão crítico e entender que ele é um sujeito histórico protagonista de sua história e permeado por noções de historicidade e espaços geográficos.

    Gostaria de poder estabelecer um diálogo com você, para saber: como você entende a relação da Aprendizagem Significativa de Ausubel com os pressupostos de Didática da História de Rüsen?

    Vamos dialogando,
    Cordialmente, Wilverson Melo.

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    1. Boa noite, Wilverson! Agradeço pela oportunidade de trocar experiências. Tomei a liberdade de te responder na questão da colega Karoline, pois se tratava do mesmo assunto.
      A didática da historia na concepção de Rüsen nos leva a compreender que o significado de História refere-se a uma aprendizagem histórica tomada como essencial na orientação da vida prática das pessoas, com isso a história teria o papel de instruir os sujeitos no tempo. Dessa forma, a aprendizagem significativa no Ensino de História deveria levar em conta esses pressupostos, a fim de trazer um sentido crítico e reflexivo o aluno e que ele se perceba como um sujeito histórico protagonista da sua história.
      Espero ter respondido. Estou a disposição para outras considerações.
      CAROLINA BITENCOURT BECKER

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    2. Olá novamente Carolina!

      Perfeito suas colocações. Acrescentaria que devemos historiografar os níveis de consciência histórica proposta por Rüsen as possíveis ações metodológicas específicas para os diferentes públicos da Educação básica a luz da BNCC.

      Mas é isso aí, vamos dialogando e aprimorando nossas investigações e postulados sobre o Ensino de História no âmbito da práxis educativa.

      Cordialmente, Wilverson Melo.

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    3. Agradeço pelas considerações e reflexões propostas!


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  9. Boa tarde, gostei bastante da proposta de reflexão, sendo um tema muito importante para a educação, pensar que a muito tempo é debatido essa questão de memorização do conteúdo e construção de conhecimento, infelizmente ainda se encontrar muito o método de memorizar no ensino fundamental e ensino médio, por vezes até na universidade, sendo que o modelo de avaliação não contribuí muito para que essa mudança ocorra, ainda é muito comum alunos serem definidos por uma nota de uma prova específica, limitados a uma resposta "certa" sem espaço para debate, critica, onde acaba decorando respostas prontas penso que o professor deveria ter esse papel abordado no texto, sobre abrir um diálogo e construir progressivamente o conhecimento, abrindo espaço para críticas e autonomia do indivíduo, acredito que o melhor modo de avaliação seria por olhar no geral como esse aluno se desenvolve, seus avanços durante todas as aulas, porém sabemos que é uma norma esse tipo de avaliação, gostaria de saber algumas propostas para diminuir o impacto desse tipo de avaliação, como um professor que deseja mudança nessas questões pode avançar sem que haja o descobrimento das exigência atuais da educação quanto a avaliações bimestrais e semestrais?
    Bianca da Silva Guimarães

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    1. Boa noite, Bianca! Obrigada pela leitura e reflexão do meu texto.
      É um desafio muito grande, mas podemos, mesmo tendo a "obrigação" de realizar as famosas avaliações finais de bimestre, trimestre ou semestre, não incentivarmos a aprendizagem mecânica. Depende da nossa abordagem na questões propostas. Elas deveriam ser mais reflexivas, dissertativas, com análise de fontes, levando o aluno a desenvolver a criticidade e a serem reflexivos. O problema é que muitas vezes, pela quantidade de alunos que temos, nos acomodamos nas questões objetivas (que facilitam a correção) ou em questões exatamente iguais as do caderno do aluno, que geralmente são feitas com respostas exatamente iguais aos livros didáticos usados em sala de aula. São mudanças de hábitos metodológicos. São muitas as possibilidades, mas a mudança na avaliação tem que ser trabalhada com os alunos previamente, para que eles saibam o que queremos que eles desenvolvam de habilidades e competências. Enfatizo que a avaliação deveria ser contínua e buscando desenvolver nos alunos o sentido da disciplina de História na Educação Básica. O importante é darmos o primeiro passo.
      CAROLINA BITENCOURT BECKER

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