Eduardo dos Santos Chaves


OS DESAFIOS DO ENSINO DE HISTÓRIA PARA SURDOS


A educação de surdos tem sido discutida nos últimos anos por inúmeras áreas do conhecimento. No entanto, pouco se pesquisou e/ou discutiu a respeito do ensino de História para surdos e as problemáticas que cercam tanto a área do conhecimento histórico, suas metodologias e teorias, quanto o ensino de história para surdos.

A proposta do texto é discutir primeiramente questões gerais relacionadas à educação de surdos, as defasagens de aprendizagem dos surdos na educação brasileira, a formação dos docentes e o uso de intérpretes em sala de aula. Num segundo momento pretende-se abordar mais teoricamente como a História, área do conhecimento, deve ser problematizada e discutida, e os desafios que se apresentam ao ensino de História para alunos surdos. No terceiro e último momento busca-se elencar algumas observações e práticas realizadas por mim nos últimos cinco anos no Instituto Federal de Santa Catarina, campus Palhoça Bilíngüe com alunos surdos.

As problemáticas envolvidas na educação de surdos: aspectos gerais
A educação de surdos, nos últimos dez anos, tem sido um tema bastante abordado no contexto acadêmico, decorrente do fortalecimento de políticas públicas que garantiram o direito lingüístico da comunidade surda. Conforme Lacerda, “o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais, LIBRAS, colocou em pauta a educação de surdos e, também, a carência de materiais e pesquisas que abordassem a temática” [Lacerda, 2019, p. 2]. A garantia de acessibilidade em Libras viabilizou a entrada dos surdos nos diferentes espaços sociais e, especialmente, no contexto acadêmico. Tal movimento significou não só o acesso, mas também gerou impactos nas pesquisas sobre a educação de surdos. Houve um crescimento de pesquisas sobre o referido tema e a emergência do surdo como pesquisador.

Podemos dizer que a partir da lei 10.436/2002 repercutiu positivamente no fortalecimento de tais políticas, colaborando assim na consolidação de estudos, pesquisas, programas educacionais e instituições de ensino com vistas à educação de surdos.

Contudo, é preciso que tais políticas educacionais continuem sendo discutidas e avancem diante dos inúmeros contextos apresentados. Sobre este aspecto, é importante apontar para alguns desafios, também apresentados por pesquisadores/ estudiosos do tema, ainda presentes na educação de surdos.

O primeiro refere-se ao formato das escolas brasileiras e tratamento direcionado às comunidades surdas por estas instituições. Sabe-se que a inclusão, proposta de inserir os surdos nas várias modalidades de educação, recebeu aplausos do poder público e até mesmo das comunidades surdas, mas não deu conta da complexidade da educação de surdos. Não se quer aqui desprezar as conquistas e os avanços, afinal muitos centros educacionais tiveram que se rever diante de sujeitos que não freqüentavam até então seus bancos escolares, ou até mesmo a repensar as aulas e os alunos que já se encontravam nesses espaços. No entanto, gostaria de apontar para a permanência em se discutir políticas públicas à educação no Brasil. Quando me refiro a esta questão, é importante apontar o que muitos estudiosos já salientaram: a educação inclusiva reforçou e apontou, em muitos aspectos, a falta de estrutura material e pedagógica do universo educacional brasileiro. Destaco como exemplo as escolas que, ao receber alunos surdos acreditaram que era preciso apenas colocá-los em uma sala de aula com colegas ouvintes e um intérprete de língua de sinais e estaria “resolvido” grande parte do problema educacional dos surdos. Nesse contexto, questões pedagógicas de extrema importância estariam sendo deixadas de lado. Destaco algumas:

a] os surdos, diante da aquisição quase sempre tardia da língua de sinais apresentariam dificuldades imensas de compreensão de conteúdo, de interação com o intérprete de libras, com o docente e com os demais discentes. A realidade de muitos dos surdos brasileiros é da aquisição de linguagem tardia e, consequentemente prejudicial a sua inserção nas atividades profissionais e educacionais. As razões para tal assertiva são variadas, como apontam estudiosos do tema, indo desde problemas socioeconômicos à negação por parte dos familiares, que de modo geral os impediram de ter acesso à linguagem própria desde a infância. Portanto, antes de inseri-los, é fundamental sabermos quem é este aluno surdo. Se este tem ou não domínio da língua de sinais. Dependendo do período escolar, é preciso também saber se o aluno tivera ou não alguma base sobre o que a[o] docente está trabalhando. Em relação a este aspecto, chamo a atenção para o fato de que a[o] docente provavelmente atuará em um grupo de cerca de vinte alunos e que suas aulas serão ministradas em língua portuguesa. Ou seja, boa parte dos conteúdos será apresentada em outra língua, diferente daquela com que o surdo se comunica, gerando grande perda a esses alunos;

b] os docentes brasileiros em grande medida não têm formação pedagógica para atuar com alunos surdos, tendo em vista suas trajetórias em cursos superiores que não contemplam nenhum desses elementos já destacados. Além disso, é preciso ressaltar as dificuldades encontradas pelos docentes diante de grupos de ouvintes e surdos juntos, em uma mesma sala de aula. Como dar conta de elementos específicos de um componente curricular diante de grupos com linguagens e demandas diferentes? Entendo que as metodologias, bem como a linguagem usada em sala de aula são diferentes para os dois grupos em questão. Não quero aqui de modo algum advogar a ideia de que os alunos surdos não devam frequentar os bancos escolares e universitários. Pelo contrário, pretendo colaborar para pensarmos numa educação de surdos em que se priorize a libras, e que se repense metodologias específicas para educação de surdos;

c] para muitos educadores, os intérpretes de língua de sinais, sujeitos que traduzem e interpretam as aulas, são responsabilizados em grande medida pelo aprendizado dos alunos surdos. Afinal, seguindo nessa perspectiva, eles dominam a língua portuguesa e a língua de sinais. Porém, questiono: como interpretar e/ou traduzir conceitos e temas para alunos com pouca aquisição de linguagem? Ainda nesse mesmo sentido: como interpretar e/ou traduzir aulas voltadas para alunos ouvintes, com especificidades teóricas e metodológicas específicas da língua portuguesa, para alunos surdos? Sem esgotar e/ou dar uma única resposta, afinal as duas perguntas são imensamente difíceis de serem respondidas, encaminho algumas reflexões. O intérprete é o mediador e sua importância é fundamental no transcorrer das aulas. Mesmo diante das dificuldades comuns, do dia a dia, apontadas acima, vejo que o planejamento e a busca por novas metodologias são prioritárias nessa modalidade de ensino, inclusiva. Portanto, intérprete e docente precisam caminhar juntos. O intérprete não é uma “enciclopédia ambulante” portando todos os sinais do mundo, nem mesmo o docente em relação aos temas de suas alas. Por exemplo, precisamente sobre História, a disciplina, há inúmeras dificuldades na abordagem de alguns conceitos e fatos históricos em razão da não existência de sinais específicos. E o que fazer? Como resolver? Por isso, volto a enfatizar o que já afirmei: é preciso entender a importância da realização do planejamento e da execução das aulas pelos intérpretes e docentes juntos, em trabalho de cooperação. E mais, é preciso envolver os demais alunos [ouvintes] com a linguagem e com um novo formato de aula.

Se as problemáticas da educação de surdos persistem, como resolver esses desafios? Como pensar em uma educação que contemple em sua complexidade teórica e metodológica os surdos? Faço aqui a defesa de um projeto educacional, salientando desde já que este apresenta pontos que também considero desafiadores. Faço a defesa de investimentos na educação bilíngue, na formação de profissionais que possam atuar na educação de surdos, compreendendo suas dinâmicas e seu histórico. Exemplificarei ao final do texto um pouco melhor esse projeto.

O ensino de História para alunos surdos
E sobre História, a área do conhecimento que se debruça ao estudo do passado? Como podemos pensá-la diante de alunos surdos? Quais são os nossos desafios éticos e profissionais diante da educação de surdos?
Seguindo o historiador Marc Bloch, acreditamos que história tem por objeto o homem e por isso ela é a ciência que estuda os homens no tempo, “uma ciência dos homens no tempo” [Bloch, 2001, p. 55]. Segundo Bloch é no tempo que entendemos os fatos históricos, pois somente o contexto pode nos auxiliar a compreender os acontecimentos. Para Bloch, tempo histórico é o modo como cada grupo ou sociedade vivencia, percebe e organiza o seu tempo cronológico, ou seja, o modo de vida varia muito de uma sociedade para outra. Assim sendo, cada sociedade tem sua organização social e econômica; seus membros têm mentalidade e visão de mundo próprias, criadas, desenvolvidas e modificadas ao longo de sua história.

Diante das colocações de Marc Bloch, o primeiro ponto sobre o ensino de história para surdos é o entendimento da história como ciência, como área do conhecimento, como resultado de um trabalho de investigação realizado pelos pesquisadores, historiadores. Grande parte dos surdos, assim como os ouvintes, pensa história como algo já escrito, acabado em seus detalhes e pronto para ser transmitido às gerações futuras. Em todos os níveis escolares da educação de surdos, fundamental, médio e superior, pouco se trabalha em torno das fontes históricas e de sua real importância na construção do conhecimento sobre o passado das sociedades. Os surdos precisam, para tanto, ter a dimensão de como jornais, cartas, diários, artefatos arqueológicos, monumentos, obras de arte, testemunhos, etc., são materiais indispensáveis na elaboração do trabalho do historiador. Um exemplo, a pergunta aos alunos surdos seria: como sabemos que os primeiros grupos humanos que chegaram à América são anteriores àqueles que atravessaram o estreito de Bering? Já estava escrito em algum lugar? A resposta deve recorrer à demonstração dos fósseis encontrados nas escavações, e fundamentalmente do trabalho dos arqueólogos na datação e análise dos materiais. Isto é, conforme Bloch o passado somente se tornará história se o historiador o estudar, registrar e interpretar [Bloch, 2001, p. 67].

Da mesma forma, precisam compreender que esses materiais, fontes, vestígios, são encontrados ao longo do tempo e que, por isso, a história é revisitada. Ou seja, precisam ter a compreensão de que, além de novas fontes, há também novas interpretações, que se utilizam de teorias e de metodologias.

Esses elementos podem parecer óbvios e/ou simplórios, pois são quase que premissas para historiadores que atuam como docentes. Entretanto, essa discussão para aqueles que se dedicam à educação de surdos é extremamente desafiadora. Os surdos, por diversas razões, confundem História e Memória. Não quero aqui dizer que não há semelhanças e/ou diferenças entre esses dois campos, mas é preciso destacar que a compreensão dessas duas áreas e suas singularidades, pelos surdos, é elementar para que eles possam apreender com maior nitidez o que são fatos históricos e o que é memória. Digo isso, pois os sinais, em libras, de história, memória e lembrança são muito semelhantes, o que provavelmente aponta muito mais para um conceito de partilhar algo, de um passado lembrado, compartilhado, assim sendo muito mais próximo da memória coletiva. E como isso se exemplifica em sala de aula? Nas aulas com alunos surdos é fundamental a interação, o questionamento. Eles necessitam da participação, de expor o que entendem sobre algum assunto. E são nesses momentos, de exposição e diálogo, que se percebe a memória, a lembrança, se sobrepondo à história. E por que a memória ganha força em detrimento da história?  Talvez uma das razões para isso sejam os resultados da falta de políticas educacionais aos surdos. Durante anos, o ensino de libras e cultura em geral, inclusive de História, era realizado pelas associações de surdos que, embora realizassem um esforço louvável na educação de surdos, não conseguia aprofundar conceitos específicos de áreas do conhecimento. Faltavam escolas aos surdos e projetos de educação bilíngue que formassem profissionais competentes para atuar na educação de surdos, tais como intérpretes, pedagogos, psicólogos, historiadores, etc.

E as cronologias, os fatos, os inúmeros períodos e personagens históricos? Embora tenhamos diversas discussões sobre cronologias, sabe-se da indispensável tarefa em fazer com que os alunos, surdos e ouvintes, recuem no tempo e assim dimensionem o momento em que se encontram. A maior dificuldade dos surdos em relação a este aspecto é em grande parte resultado do não uso de materiais didáticos específicos, com uso de linguagem adequada e com elementos visuais que colaborem na compreensão de conceitos elementares da área. Os materiais didáticos, como livros e vídeos, são realizados em línguas orais/escritas, o que compromete as noções espaço/temporal dos surdos. Noções de décadas, séculos e seus contextos temáticos são confundidos porque os conceitos sobre alguns assuntos não são trabalhados especificamente, com linguagens e materiais próprios aos surdos. Vou exemplificar: ao falarmos sobre servos camponeses do mundo medieval e, em outro momento falarmos de camponeses da Europa pré-industrial do século XVIII, precisamos conceituar essas duas categorias sociais constituídas em espaços e tempos diferentes. O sinal de camponês em libras não poderia ser aplicado para os dois casos, sem levar em conta as especificidades de cada um deles. Vejamos outro exemplo, ao introduzirmos os conteúdos de nazismo e holocausto, é fundamental a abordagem acerca do extermínio de minorias e da construção dos campos de concentração. Sobre este último assunto, se utilizarmos apenas o material impresso, escrito em língua portuguesa, sem nenhuma outra forma de exposição e aprofundamento dos conteúdos, corre-se o risco do não entendimento do que se quer tratar. Ou seja, pode-se inclusive entender que o campo de concentração, espaço de confinamento e exploração da mão de obra de minorias pelos nazistas, era um lugar comum a qualquer outro. 

Desafios da prática de ensino: breve relato de experiências
Entre 2014 e 2019 atuei como professor de História do Instituto Federal de Santa Catarina, campus Palhoça Bilíngue [IFSC/PHB]. Cabe destacar, que o projeto da instituição é o de formar profissionais que possam atuar na educação bilíngue, libras/português. Ou seja, não é uma escola de surdos, mas uma instituição que se pretende bilíngue. Na verdade, foi minha primeira experiência como docente diante de alunos surdos nos níveis médio, superior e pós-graduação. Abordarei minha experiência na educação básica, com turmas de surdos.

Quando cheguei ao IFSC/PHB, em 2014, sabia dos inúmeros desafios com relação educação de surdos: da linguagem, das aulas e das metodologias. Como eu tinha turmas separadas, de surdos e ouvintes, acreditei que meu planejamento poderia ser o mesmo. Construiria atividades, materiais textuais, vídeos e etc., abarcando as demandas dos dois grupos. Foi uma decepção completa. As aulas estavam organizadas para acontecer com as turmas de ouvintes. Nas turmas de surdos, além dos alunos não compreenderem grande parte do que estava escrito em língua portuguesa nos textos, afinal a língua portuguesa é sua segunda língua, sentia que estavam distantes dos conteúdos. Como se aqueles temas, personagens, fatos, datas, locais estivessem distantes deles, isto é, eles não conseguiam pensar nesses acontecimentos históricos e seus personagens sem a visualidade. Não adiantava, por exemplo, eu explicar em língua portuguesa o Neolítico e a Revolução Agrícola, sem levar em conta a necessidade da visualidade, do uso de materiais visuais e sua aplicabilidade pensando nas demandas educacionais dos surdos, bem como do emprego da língua de sinais e do intérprete.

Portanto, comecei a perceber a necessidade do planejamento, como já destaquei acima. Da mesma forma, da importância em repensar as minhas próprias práticas. A visualidade é um dos aspectos que considero primordial nas aulas de História, pois, conforme destacou Campello, os “sujeitos Surdos se constituem a partir da visualidade na construção do seu ‘ser’”. [Campello, 2008, p. 17]. Conforme Campello “a visualidade é a relação entre a percepção e a imagem que é modelizada pelas qualidades do signo visual” [Campello, 2008, p. 21]. Isso significa também afirmar que a visualidade não se resume ao uso de qualquer imagem, uma vez que a imagem não é uma forma de ilustrar um discurso oral. Em termos práticos, no campo do ensino de História sabe-se da necessidade de se compreender a construção da imagem, seja ela uma pintura, uma fotografia, um mural, etc., em seu contexto de produção. Entende-se que ela, imagem, é uma representação daquilo que ocorreu no passado, de uma construção elaborada com vistas a algo no presente. Em suma, ela não fala por si só, ela não é a cópia fiel do que aconteceu.

Pois bem, como fazer isso nas aulas de História para alunos surdos? Primeiro problema aqui é como abordar dois contextos históricos, visto que as imagens são construídas em um período, tratando sobre outro período histórico? Portanto, volto às colocações de Marc Bloch, quando este afirma que existe uma diferença entre o passado, aquilo que vivemos no cotidiano e a História enquanto conhecimento, pois esta é produto da escrita dos historiadores. Como já foi dito, é preciso que os surdos saibam como o conhecimento histórico é produzido, elaborado por alguém, para que então consigam discernir entre dois contextos. Percebe-se, da mesma forma, que noções de verdade, de subjetividade e de ciência também deverão ser tratadas nas primeiras aulas de História. Lembro-me de que de nada adiantava tratar das imagens de Tiradentes construídas pelos republicanos a partir de 1889, sem a clara compreensão de História pelos alunos. Sentia que era como se os alunos surdos entendessem que o “herói nacional” realmente tinha aquelas feições cristãs como na tela “Tiradentes Esquartejado”, de Pedro Américo, de 1893. Ficava com a triste impressão de que atingia aos ideais dos republicanos de 1889.

A mudança ocorreu com a compreensão de que a era preciso tratar da minha área, da História, de modo diferente. Com uso da visualidade, da linguagem e da dimensão de que os surdos não são homogêneos. Para concluir, entendo que é necessária a compreensão de que existe uma língua própria dos surdos, de que as metodologias e ferramentas e seus usos tem características específicas, de que os intérpretes não são reprodutores das aulas oralizadas e de que as aulas de História, por sua riqueza de conceitos, precisarão ser repensadas.

REFERÊNCIAS
Me. Eduardo dos Santos é professor de História do Instituto Federal de Santa Catarina [IFSC] e doutorando em História pelo Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina [PPGH-UFSC] [eduardo.chaves@ifsc.edu.br].

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001.

CAMPELLO, Ana Regina e Souza. Aspectos da visualidade na educação de surdos. Tese [Doutorado em Educação] – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.

LACERDA, Lucia Loreto. Pesquisas sobre educação de surdos: o que anunciam Dissertações e Teses entre 2013 e 2018. Trabalho de Conclusão de Curso [Especialização em Educação de Surdos] – Instituto Federal de Santa Catarina, Palhoça, 2019.

35 comentários:

  1. Mediante o exposto, percebe-se que tanto o docente surdo quando o professor de História tem dificuldades em sala de aula, o docente surdo tem dificuldade de compreender o que está sendo passado, e o professor de como passar o conteúdo de forma que o aluno surdo possa compreender, mas como fazer isso ser o professor não e formado em libras? Atualmente a internet pode ser um meio favorável ao professor para ajudar a transmitir o conteúdo para o aluno surdo? A história sendo umas das matérias mais importantes para o desenvolvimento do aluno, pois é a matéria que discorrer sobre histórias do passado, más atualmente são trabalhadas em salas de aulas, se modificassem o cenário e em vez de trabalhar história em sala de aula, elaborasse uma aula, no museu por exemplo, seria um bom plano de aula pra transmitir o conteúdo para o aluno surdo? pois como disse no texto que a visualidade é um dos aspectos que seria primordial nas aulas de História, pois, conforme destacou Campello, os “sujeitos Surdos se constituem a partir da visualidade na construção do seu ‘ser.

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    1. Sim, Thaynara!!! A internet pode auxiliar bastante na aquisição de conteúdos por parte dos alunos surdos. Mas ainda assim precisamos avançar na educação básica com crianças surdas, com material bilíngue apropriado aos alunos surdos, e na formação dos docentes. Mesmo que o docente não saiba Língua de Sinais, ele deve compreender que suas aulas não são apenas a reprodução de conteúdos pelo intérprete, mas uma dinâmica mais complexa.

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  3. Que texto ótimo. É um assunto que muito me interessa. Infelizmente, sabemos a enorme dificuldade que existe para que os alunos surdos consigam acompanhar os conteúdos. A formação dos professores precisa ser melhorada, a família precisa se estruturar para apoiar e estimular o desenvolvimento intelectual desses alunos. Temos noção das lacunas existentes na relação família-escola, mas e se (independente da escola possuir alunos surdos ou não) libras fosse colocada como disciplina regular nas escolas?

    Paula Andreza Coelho da Cruz

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    1. Boa tarde, Paula! Sim, acredito que a LIBRAS poderá auxiliar muito nesse desafio, pois colaboraria muito para com os surdos em escolas não bilíngues.

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  4. Sabendo das dificuldades dos dos surdos no processo de aprendizagem, a também suas incríveis habilidades de assimilação. Sabemos também que deveríamos ter libras como disciplina desde a educação básica.

    Não só na disciplina de história, mas se hoje tivéssemos essa formação obrigatória assim como as demais que são oferecidas, tornaria mais fácil a mediação de saberes aos alunos surdos?
    É uma luta de anos na educação inclusiva dos surdos, e mesmo nos dias de hoje essa acessibilidade só existe no papel. Na formação da identidade nacional, seria aceitável aos professores essa formação?

    Tatiana da Silva Benigno

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    1. Boa tarde, Tatiana!! Sim, entendo que a LIBRAS colaborará muito com a educação de surdos. Mas é importante também pensar que os docentes e as instituições de ensino precisam se rever. Precisam repensar os formatos das aulas e das próprias escolas.

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  5. Eduardo é impressionante como há barreiras para se aprender LIBRAS. Há 4 anos busco o ensino e somente esse ano consegui um curso perto de casa e, infelizmente, paralisado por conta da pandemia. Não ficou claro como você adaptou o seu planejamento de aula para os alunos surdos. Além de explicar como o conhecimento histórico é produzido, você utilizou atividades visuais de que forma? Poderia exemplificar? E como posso aprender termos específicos de História em LIBRAS? Há sinais padrão ou algum material que você possa indicar?

    Vi as perguntas acima da minha e concordo com a importância do ensino de LIBRAS já na Educação Básica, inclusive, como ensino bilíngue. Há escolas que já faz isso e em momentos do dia mistura as turmas entre ouvintes e surdos, além claro da presença do intérprete. Para quem interessar, sugiro um filme francês chamado "Sou surda e não sabia", disponível no Youtube com legenda, mostra bem esse tipo de ensino e a progressão na vida das pessoas.

    Victor Barros Di Vaio

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    1. Então, não consegui adaptar nenhum plano de ensino, anteriormente usado com ouvintes, à educação de surdos. Veja só: as aulas são outras, os alunos são outras, e a linguagem é outra. Portanto, a aprendizagem dos surdos se dá de outra forma, com a utilização de recursos visuais (fotografias, mapas, pinturas, vídeos) e o uso de sinais correspondentes a alguns períodos históricos, que em alguns casos são convencionais. Não há sinais padronizados e muitos períodos , conceitos e personagens históricos não possuem sinais.

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    2. Perfeito! Esses recursos visuais que queria saber. E em relação aos sinais deve muito usar da datilologia imagino, configuração da sala de aula em círculo... Obrigado.

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  6. Parabéns pelo excelente texto. Sabemos que a nossa realiadade ainda etsta longo de oferecer de fato mmecanismo para a interação e a própria socialização com a comunidade surda em geral. Você acredita que a Lingua de Sinais deveria ser ensinada, ofertada pequenas cargas horárias, durante toda a Educação Basica? E de que forma poderia ser feito?

    Att Ellyson Eduardo dos Santos Roque

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    1. Acredito que a LIBRAS nas grades curriculares são importantes para avançarmos na educação de surdos. Mas, entendo que outros elementos também são importantes, dentre os quais as metodologias específicas, voltadas aos alunos surdos. Portanto, não é apenas adaptando materiais e aulas ofertadas aos alunos ouvintes aos alunos surdos. É preciso pensar, sobretudo para as aulas de História, em conceitos, períodos, fatos e etc. estranhos em grande medida aos surdos.

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  7. Boa noite Eduardo

    Gostei muito do seu texto, o tema me chamou muita atenção pois já estudei com 3 surtos e praticamente sei como é a dificuldade deles em relação ao aprendizado, poderia me dizer se você tem outras propostas para se ensinar de uma maneira certa para os surtos, pois como eu disse praticamente sei das dificuldades do surto e dos professores para lecionar aula para um deficiente auditivo.

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    1. Boa tarde, Cleverton!
      Não tenho uma maneira, uma forma, certeira, mas posso afirmar que as aulas de História devem partir de um bom planejamento, sabendo de que precisamos discutir conceitos, fatos e períodos históricos muitas vezes estranhos aos surdos. Planejamento com intérpretes, identificando neste limitações comuns a todos nós.

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    2. Concordo, é uma questão que dá pra se aprofundar muito, eu acho essa ideia de falar antes com intérpretes é muito boa, tenta pensar em alguma coisa que seja fácil para os intérpretes passar para os surtos

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  8. Boa noite Eduardo, Parabéns pelo texto.
    Assim eu tenho um primo surdo, de uma inteligencia absurda, faz e conhece algumas coisas que nos surpreende, na questão da educação dele enfim na época não tinha e não era cobrado professores e profissões nessa areá. Você acredita que essa demora pela implantação das libras acarretam problemas sérios na educação até hoje? Como mudamos este cenário?

    Maria Evilene de Aquino.

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    1. Boa tarde Maria!
      Sim acredito que a demora pela implantação da LIBRAS e de seu reconhecimento colaborou para o aumento de problemas sérios aos surdos. Eu acredito que precisamos avançar na educação bilíngue, na formação de educadores e demais profissionais capacitados em trabalhar com surdos.

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  9. Olá, Eduardo.Parabéns pelo seu texto. Esse tema é bastante importante e gostaria de saber o que você pensa em relação à não normatização do ensino de LIBRAS na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Como você avalia isso? Acredito que seria um excelente avanço no que se refere ao ensino voltado aos surdos no Brasil. Estudo História e na minha grade curricular essa disciplina não é obrigatória.
    Michell Alves de Almeida Ricarte

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    1. Boa tarde, Michel!
      Acredito que a LIBRAS nas grades curriculares são importantes para avançarmos na educação de surdos. Mas, entendo que outros elementos também são importantes, dentre os quais as metodologias específicas, voltadas aos alunos surdos.

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  10. Caro professor Eduardo,
    Você nos trouxe um tema muito importante e que, infelizmente, ainda é muito negligenciado. Parabéns pela proposta! Pelo seu relato, fica evidente a urgência e necessidade de repensarmos o ensino de História para surdos. Diante das dificuldades que observou, acredito que um dicionário de termos históricos em LIBRAS ainda não existe, correto? Também fiquei curioso para saber a respeito de outros países. Em seus estudos, você já encontrou informações sobre práticas de ensino de História com alunos surdos em outros países? Em caso afirmativo, seria possível considerar estas experiências para nossas práticas aqui, no Brasil?
    Atenciosamente,
    Aaron Sena Cerqueira Reis.

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    1. Boa tarde, Aaron!
      Não pesquisei sobre práticas educativas com alunos surdos em outros países. Sobre os dicionários, não há material específico sobre temas históricos, o que poderá ser feito a partir de glossários de História, e material em vídeo.

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  11. Penso que tem uma questão muito relevante ao pensarmos que a L1 do surdo é a libras, como explicar conceitos que não existem na libras?
    Considero que o papel do intérprete de libras é de extrema relevância no espaço da sala de aula inclusiva, mas o professor de história e a compreensão que a L1 é viso gestual é fundamental.
    Nesse sentido compreendo que a formação do professores é fundamental para de fato empreender a inclusão real.

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    1. Boa tarde, Patricia!
      É importante compreender que alguns conceitos históricos precisam ser repensados para a Libras. Os próprios conceitos de tempo e de espaço, que são fundamentais para as aulas de história, precisam ser trabalhados.

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  12. Boa tarde!
    Está claro que o ensino de Libras é um dos vários mecanismos de ensino para alunos surdos. Entretanto, existe outro desafio que são os alunos surdos ou com baixíssima porcentagem de audição, que não sabem a linguagem de sinais como o senhor citou no texto.
    Eu curso História na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul campus de Nova Andradina, e na minha turma tinha uma aluna que tinha exatamente esse problema, ela ouvia bem pouco, porém ela não sabia linguagem de sinais mas sabia ler lábios. E era toda uma dinâmica que nós alunos e os professores tínhamos que fazer, para toda e qualquer discussão em sala sobre qualquer assunto, tínhamos que ir na frente dela, falar devagar e de forma clara, assim ela saberia do que se tratava. Infelizmente, nós e ela não nos adaptamos a isso, e ela acabou saindo do curso. Nesse caso, a linguagem de sinais não era útil. O senhor acredita que com a inclusão de materiais mais visuais, principalmente em História onde possamos abusar desse mecanismo como fotos, vídeos seria uma saída para esse caso?

    Nilton André Batista Faria

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    1. Boa tarde, Nilton!
      Com certeza a utilização de materiais audiovisuais colaborará com a aprendizagem dos alunos surdos.

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  13. Essa é uma abordagem inovadora para mim. Muitas vezes, penso que, mesmo para os alunos ouvintes, falamos uma "outra língua", que dirá para os surdos. Como você faz para trabalhar conceitos abstratos, considerando as dificuldades normais a qualquer aluno e, ainda, os limites do vocabulário da LIBRAS, em relação a conceitos próprios da História?


    Carlos César Bento Filho

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    1. Boa tarde, César!
      É preciso entender que a Libras apresenta também conceitos, e outras formas de compreensão, que podem colaborar na compreensão de conceitos históricos. Portanto, há um grande trabalho ainda a ser realizado na área, na elaboração de glossários e outros materiais para as aulas de História.

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  14. Parabéns pelo texto, a importância de trabalhar e discutir sobre esse tema é muito importante. Sabe-se que a nossa realidade está longe de oferecer um ensino para a interação para a comunidade surda, o que é algo triste. Você acredita que a Língua de Sinais deveria ser ensinada desde o Ensino Fundamental e Médio, ou seria sonhar muito e de que forma poderia ser implementado? E quais metodologias poderiam ser utilizadas para isso?
    (Ana Carolina da Conceição Silva)

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    1. Boa tarde Ana
      Acredito que se a Libras fosse ensinada nas escolas daríamos um passo significativo na educação de surdos. Porém, a educação dos surdos terá realmente exito a partir da educação bilíngue, em que se pense estratégias para as salas de aula com alunos surdos.

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  15. Congratulações pelos escritos! Minha questão é se poderia explicitar mais sobre quais motivos levam os surdos a terem dificuldades em interpretarem textos histórico em língua portuguesa. NELINA DO CARMO GONÇALVES ALMEIDA.

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    1. Boa tarde, Nelina!
      Na verdade a dificuldade maior se depara com o fato de que a língua portuguesa não é a primeira língua dos surdos, mas sim a Libras. E nesse sentido, precisamos também compreender o fato de que a compreensão da língua portuguesa, como de tantas outras línguas, se dá também através da audição.

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  16. gostei bastante do seu texto, acho um assunto muito importante, como foi colocado por você, reconhecemos alguns avanços, mas ainda tem uma longa caminhada, não só na educação, mas no cotidiano, nos comércios, nos filmes nas legendas em libras e inúmeras outras formas que trazem mais inclusão dos surdos. Eu convivi com uma amiga surda no colégio, dai notei a necessidade de que deveria ser uma disciplina, para que como comunidade escolar ela fosse inclusa, também acompanhei a dificuldade da interprete em em passar o conteúdo, porque ela tinha dificuldade com alguns sinais de libras, sendo que ela aprendeu muitos sinais em casa como uma forma de se comunicar com a família, não sendo alfabetizada em libras completamente, é interessante saber que é uma língua diferente do português, não são todos que tem essa consciência, minha pergunta é você acredita que essa deveria ser uma disciplina na escola fundamental e ensino médio, que todos os professores tivessem algum curso de libras para atender seus alunos surdos, não sendo função somente do interprete? acha necessário que também antes de começar a participar de uma escola, tenha aulas de libra quando criança e que seja expandido as famílias?
    Bianca da Silva Guimarães

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    1. Boa tarde Bianca!
      Entendo que é importante duas questões: 1) uma formação mais ampla sobre a educação de surdos, levando a LIBRAS como uma língua dos surdos, bem como a compreensão por parte dos ouvintes de sua complexidade; e 2) uma educação mais específica, com discussões voltadas para a formação dos surdos.

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