Audrey Franciny Barbosa e Isaias Holowate


O ENSINO DE HISTÓRIA A PARTIR DO PATRIMÔNIO MATERIAL LAPEANO: RELATO DE EXPERIÊNCIA


Introdução
A presente comunicação é fruto de uma experiência vivenciada no âmbito do curso de extensão “Memória e Patrimônio cultural: abordagens a partir do patrimônio da Lapa”, no ano de 2018, e cuja iniciativa buscou a articulação de discussões teóricas e práticas acerca do patrimônio cultural e da memória social presentes na cidade da Lapa/Paraná.

O curso contou com a participação de diversos discentes e docentes da Universidade Estadual de Ponta Grossa, envolvendo, sobretudo, os cursos de graduação e pós-graduação em Educação e História. A formação foi dividida em dois momentos, a saber: um encontro de cunho teórico e bibliográfico voltado para a discussão acerca da construção da memória e da produção de patrimônios culturais; e uma visita guiada de cunho técnico-prático à Lapa.

O objetivo dessa experiência foi problematizar as questões que permeiam a construção de memórias sociais na Lapa e como os patrimônios materiais contribuíem para este fim. Aqui, nosso propósito, é apresentar parte das discussões teóricas realizadas durante o curso, um relato de como vivenciamos essa experiência e de que forma ela colaborou para repensar questões que permeiam o ensino de História.

Por isso, o presente texto é dividido em três momentos, a saber: uma breve contextualização da história lapeana; uma problemática acerca dos patrimônios edificados na Lapa; e uma possível abordagem do patrimômio material lapeano nas aulas de História. 

Lapa/PR: uma história entre muitas
A Lapa é uma das mais antigas cidades paranaenses, e possuí fortes ligações com o Tropeirismo, sendo uma das vilas do estado que se fundaram a partir da passagens dos tropeiros. O município surgiu no século XVIII, após  se desmebrar de Curitiba, e foi chamada de Lapa devido ao paredão de pedra conhecido como Morro do Monge, um dos pontos mais conhecidos da cidade e que é alvo de especulações místicas. Em 1891, a cidade passou por uma grande transformação: recebeu as linhas da ferrovia e tornou-se parte do sistema ferroviário brasileiro, o que fortaleceu a sua produção da erva-mate e seu escoamento [Cordova, 2013].

Atualmente, o centro da cidade mantém muitos dos traços arquitetônicos dos séculos XVIII e XIX, uma preservação proposital, uma vez que, seu centro tem forte apelo turístico. Além disso, os acontecimentos de sua trajetória mais exaltados pelos seus arranjos urbanos e lembrados pelos moradores estão ligados ao episódio do Cerco da Lapa, ocorrido em 1894, e que fez parte do movimento conhecido como Revolução Federalista.

De maneira sucinta, o Cerco da Lapa, que durou alguns dias, se deu pelo confronto violento na cidade entre os maragatos [rebeldes] comandados pelo lapeano Carlos Lacerda e os pica-paus [legalistas ou federalistas] comandados pelo republicano Gumercindo Saraiva. Ao fim, os maragatos foram derrotados pelas forças republicanas, após uma batalha heroica que permeia o imaginário da cidade.

Não à toa, ainda hoje os espaços que estiveram envolvidos nos confrontos, como o Theatro São José que serviu de hospital, as casas que serviram de base para os soldados, os objetos atingidos pelos disparos e os monumentos em homenagem aos militares republicanos, tidos como heróis do Cerco, são os principais espaços de memória e turismo da cidade.

Lapa/PR sua memória e patrimônio: um relato de experiência

A história da cidade está marcada por uma série de ações e personagens. Porém, é visível nas suas ruas, monumentos e museus que grande parte do que é memorado – e até mesmo financiado – são os fatos, espaços e as personagens que se ligam ao episódio do Cerco da Lapa. O Cerco e seus acontecimentos se tornaram até mesmo ponto de referência, sendo utilizados em expressões dos moradores locais, como: “naquela casa ali [...] ao lado de onde ficava o hospital do Cerco”.

Tomando por premissa Pierre Nora, pontuamos que os “lugares de memória são necessários pois a memória – tradição, prática, [re]conhecimento desse passado – não existe mais” [Nora, 1993], logo “não há memória instantânea” [Nora, 1993, p. 13]. Nesse sentido, os monumentos e patrimônios construídos e/ou selecionados possuem determinados fins e objetivos definidos, pois eles buscam a valorização de uma imagem/acontecimento do passado [Nora, 1993].

Diante disso, há que se pontuar o patrimônio lapeano como uma escolha que, longe de natural, corresponde a uma ação proposital, cujo objetivo é rememorar alguns eventos específicos de sua histórica. Assim, quando analisamos esses patrimônios sob a perspectiva de discursos materiais, podemos pensar: O que significam as narrativas materiais presentes no centro da Lapa/PR?

Entre as muitas hipóteses possíveis de investigações, aqui propomos que tais narrativas visam legitimar uma identidade lapenana, assim como, no período contribuiu para autoestima do povo paranaense. Afinal, a região esteve enfraquecida e sem autonomia durante muitos anos, devido ao seu caráter provincial, mas a partir da República e enquanto uma das federações da nação, passou a exercer um papel ativo na malha republicana. Por isso, o Cerco da Lapa, enquanto ato de resistência e defesa da República brasileira, significou à região sua inserção nacional e importância regional e local.

Para tal, de acordo com Cordova:

“é fundamental que se questione acerca dos significados atribuídos aos seus patrimônios tombados, indo além de uma leitura representativa dos heróis configurados no panteão que os homenageia [...] não pode se voltar somente para uma interpretação unilateral da documentação oficial, mas abrir possibilidades para se trabalhar com vestígios de memória, entendendo o monumento como um documento que gerou o cotidiano dos que vivenciaram a luta armada da Revolução Federalista no Paraná”. [Cordova, 2013, p. 06-07]

Mais do que romper e negar os patrimônios materiais que compõem o cenário lapeano, está discussão se propõs a pensar estes patrimônios como construções que valorizam um determinado discurso, mas que também silenciam outros. Afinal, se todo o investimento público é destinado para a manutenção de um determinado patrimônio pelo seu apelo turístico e memorial, como ficam os demais? Um exemplo desta questão é o Morro do Monge, um dos patrimônios naturais da cidade, mas que nos últimos anos vem sofrendo abadono e descaso [Hornung, 2007].

Lapa/PR e seu patrimônio material: objeto de estudo para uma aula de história crítica

Um dos objetivos dessa comunicação é propor uma abordagem para o ensino de História, tendo por objeto de estudo a cidade da Lapa e seu patrimônio material. Acreditamos que tal recorte tem por premissa colaborar com conhecimentos históricos em escala local, oportunizando aos “alunos a possibilidade de melhor compreender o cenário da sua vida” [Mattozzi, 2008].

Logo, compreendemos que o ensino de História atual deve estar pautado na formação crítica e ativa do educando, sendo este não mero receptor e reprodutor de informações, mas produtor de novos e subjetivos conhecimentos [Bittencourt, 2008]. No caso específico do ensino de História pautado nas discussões patrimoniais, Circe Bittencourt [2008] destacou a importância dessa perspectiva de trabalho para a formação do aluno crítico e questionador, uma vez que:

"a educação patrimonial integra atualmente os planejamentos escolares [...] envolve o desenvolvimento de atividades lúdicas e de ampliação do conhecimento sobre o passado e sobre as relações que a sociedade estabelece com ele: como é preservado, o que é preservado e por quem é preservado". [Bittencourt, 2008, p. 277]

Assim, ao tomar o patrimônio como foco de análise nas aulas de história, é mister levarmos em conta a construção acerca desses bens materiais, quais os motivos estão intrínsecos à sua preservação e quais os poderes e os sentidos estão ali expressos. Por isso, há que se ter em mente que o patrimônio histórico como objeto de estudo requer alguns cuidados, pois:

"limitar o estudo a espaços considerados "monumentos históricos", tombados pelo patrimônio histórico, pode-se conduzir os alunos a equívocos sobre a própria concepção de história e sedimental a ideia de que a memória histórica deve ater-se apenas a determindas esferas do poder". [Bittencourt, 2008, p. 279]

Mas afinal, quais os cuidados devemos ter ao tomar o patrimônio material para o ensino de História? Aqui, partimos da perspectiva de estudo de Ivo Mattozzi, segundo qual, o estudo do patrimônio contribui para a formação da cultura histórica e para a formação do bom cidadão, uma vez que, a educação patrimonial problematiza as marcas simbólicas do território social, ao passo que, as transforma em novos instrumentos de informação.

De acordo com Ivo Mattozzi [2008]:

“O professor pode aproveitar essa ligação entre a história e os bens culturais para incluir no currículo estratégias de pesquisa histórico-didática que façam uso dos bens culturais [arquitetônicos, monumentais, de museus, de arquivos…], com o objetivo de orientar os alunos para a produção de conhecimentos que dizem respeito ao território e aos bens culturais”. [Mattozzi, 2008, p. 137]

Agora, como fazer com que esses alunos compreendam os bens culturais como integrantes de um patrimônio material e coletivo? Ivo Mattozzi [2008] nos assinala três questões que devem ser dignas de cuidado, a saber: primeiro, que as turmas desenvolvam experiências de aprendizagem com bens culturais originais; segundo, que estes bens sejam objetos de questionamentos e de produção de novas informações; terceiro, que sejam localizados em seu contexto de produção e de tutela, isto é, que os alunos saibam quem e por quê esses bens permanecem preservados enquanto patrimônios. [Mattozzi, 2008, p. 137-138]

Além disso, uma metodologia possível para tratar do patrimônio material é o estudo do meio [Bittencourt, 2008]. Para isso, os procedimentos devem levar em considerações dois aspectos: primeiro, que o método é um ponto de partida; segundo, que deve ser produzido um projeto de estudo vinculado as diretrizes curriculares [Bittencourt, 2008]. No que diz respeito a este projeto de estudo, ele poder ser integral [quando abrange todos os aspectos do espaço investigado] ou parcial [quando se detem em alguns dos aspectos da cidade] [Bittencourt, 2008, p. 280]. Aqui, definimos nossa intenção como um estudo de caso parcial, pois objetiva analisar apenas a dimensão patrominal/material da cidade da Lapa.

Diante disso, a fim de atingir nosso objetivo, propomos aqui três questões – com base nas leituras de Ivo Mattozzi e Circe Bittencourt – para serem levadas em consideração ao tomar o patrimônio edificado da Lapa como objeto de estudo em sala de aula.

A primeira, dentro do possível, que o acesso a este patrimônio aconteça de maneira pessoal, ou ao menos ativa-visual – atualmente são inúmeras as ferramentais tecnológicas que possibilitam essa atividade. Recorrer apenas ao livro e a exposição das ideias centrais e images ilustrativas acerca da Lapa ou de seu patrimônio não seria o meio de se atingir o objetivo mais amplo aqui proposto.

A segunda questão, que a turma levante questionamentos acerca da construção dos patrimônios lapeanos. Tomando como exemplo o Pantheon dos Heróis, podemos questionar: Por que foi construído um Pantheon aos heróis? Quem eram esses heróis? Se existia um herói, existia um vilão? Quem eram os vilões e onde eles estão? Enfim, que estes patrimônios não sejam concebidos como informações prontas, mas sim como objetos para problematizações. Afinal, a educação patrimonial está centrada no pluralismo cultural [Bittencourt, 2008].

A terceira, e última questão, diz respeito ao contexto de produção do patrimônio. Continuando com o exemplo do Phantheon dos Heróis, inaugurado pela iniciativa municipal em 1944, e com o objetivo de imortalizar os heróis do exército que defenderam a república brasileira, podemos interrogar: Em qual contexto ele foi produzido? Por quais motivos se deu sua construção? Quais os cuidados desprendidos à ele atualmete? Qual a relação mantida entre a cidade e este patrimônio?

Questões que podem ser respondidas pelos alunos com o apoio de questionários aplicados à população local, e que os colocam como investigadores do meio e como produtores ativos de conhecimento, pois, como ressaltou Circe Bittencourt, a aula de história pautada no patrimônio deve explorar historicamente o lugar, direcionando o olhar da turma para determindas questões, levando a compreender o que são fontes históricas não escritas [como as construções, as casas, o desenho urbanos, etc.] e perceber os patrimônios materiais como marcas simbólicas do passado [Bittencourt, 2008].

Por fim, como já ressaltamos, não se objetiva aniquilar e desvalorizar o patrimônio material produzido sobre o Cerco da Lapa, mas apenas levantar algumas interrogações sobre ele, a fim de que nossos alunos desenvolvam atividades de crítica em sala de aula e que estás os acompanhe ao longo da vida, sempre enfatizando que opiniões devem estar alicerçadas em estudos analíticos.

Considerações Finais

Nosso objetivo aqui foi colocar em formato textual uma experiência que contribuiu para a nossa formação enquanto professores de História. A Lapa, enquanto patrimônio material do Paraná, vem sendo objeto de estudo requisitado pelos professores de história do estado já a alguns anos – e motivos para isso existem de sobra, afinal, é uma cidade com ricas fontes para a discussão historiográfica.

Como pontuado ao longo do texto, mais de uma vez, e aqui voltamos a ressaltar, não é nosso intuito desvalorizar as narrativas e o discurso memorial presente no patrimônio lapeano. Pelo contrário, buscamos contribuir para a discussão destes tomando por reflexão teórica autores que problematizam a construção de patrimônios materiais [Cordova, 2013] e memórias sociais [Nora, 1993].

Assim como, foi nossa intenção apresentar aos nossos colegas de campo e curiosos do assunto uma possível articulaçao entre a educação patrimonial [Mattozzi, 2008] e a o ensino de história crítico [Bittencourt, 2008], que seja potencial para a formação dos nosso alunos como observadores e críticos dos bens materiais que os cercam. Por fim, esperamos ter atingido os objetivos que colocamos.

 

Referências

 

Audrey Franciny Barbosa é Mestra em História [UEPG, 2019], licenciada em História [UEPG, 2017] e Pedagogia [Unisecal, 2020]. Desenvolve pesquisas nos campos da História Cultural e Cultura Visual. Atualmente, é professora de História na rede pública do Paraná.

Isaias Holowate é Doutorando em História pela Universidade Federal do Paraná. Atua como pesquisador nas áreas de História Social do Discurso e História da Cultura Escrita, com ênfase nos estudos sobre as relações entre os discursos e sociabilidades em uma configuração social.

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2008.

CORDOVA, Maria Julieta Weber. O patrimônio tombado e a narrativa preservacionista na Lapa/PR: a identidade regional entre a memória e o memorável. In Revista Patrimônio e Memória. São Paulo, Unesp, v. 9, n. 1, jan- jun, 2013, p. 5-30.

HORNUNG, Josilene Bach Chimborski. Análise das condições de uso do Parque Estadual do Monge, município da Lapa [PR]. 96f. Dissertação [Mestrado em Geografia]. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

MATTOZZI, Ivo. Currículo de História e Educação para o patrimônio. In. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 47, jun. 2008, p. 135-155.

NORA, Pierre. Entre memória e História: a problemática dos lugares. In. Projeto História, São Paulo, n.10, 1993, , p.07-39.

12 comentários:

  1. Excelente artigo. Parabéns!
    Gostaria de saber, quais sugestões vocês poderiam dar sobre a construção dos materiais didáticos para o ensino patrimonial local. Por obviedade, sabemos que os livros didáticos não contemplam a história de pequenas cidades do interior. Então, como organizar esse ensino-aprendizagem? Jogos,cartilhas... qual seria a sugestão estratégica vocês! Atenciosamente prof. Vivian Alkaim Salomão José

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    1. Boa tarde, profa. Vivian

      Acredito que materiais didáticos para o ensino patrimonial são uma boa estratégia para o ensino-aprendizagem, como vocês mesmo pontuou, que muitas vezes não estão nos livros didáticos. Para isso, podemos pensar sim em cartilhas e jogos, mas com atividades que não sejam apenas informativas (dadas), mas que destaquem a presença e a análise de fontes historiográficas sobre os patrimôios (jornais, fotografias, documentos de inauguração, entrevistas, etc.). Assim, acredito que estaríamos abordando a perspectiva da Educação patrimonial apresentadas por Ivo Mattozzi e Circe Bittecourt.

      Espero ter respondido sua questão,
      Abraços

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  2. Texto bem articulado com os novos questionamentos que se está enfrentando nos estudos históricos atualmente. A questão da valorização e da problematização do patrimônio material e cultural é uma das questões que estão na "crista da onda" bem como a da história pública e da divulgação para uma público mais amplo e não especialista do que se pesquisa e se discute nas salas de aula e na academia. Nesse sentido gostaria que vocês explanassem um pouco mais sobre a prática de atuação de vocês, enquanto professores, nesse estudo de caso em particular. Quais as dificuldades encontradas em aplicar essa proposta? Qual o retorno dos discentes? Ocorreu um aprendizado e uma valorização do patrimônio material dessa bela cidade da Lapa? E as congadas e as outras culturas que também estão presentes na cidade?

    Mônica Karawejczyk

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    1. Boa tarde, Mônica

      Acredito que as dificuldades dessa proposta são aquelas voltadas para o apoio pedagógico, financeiro e familiar. Claro, que existem casos e casos, mas pelo menos eu encontro bastante dificuldades de fazer esse tipo de atividades na própria cidade (Ponta Grossa/PR), e nem por questões de resistências, apenas de receio e dificuldades mesmo. Mas dificuldades não são impedimentos, e acredito que essas atividades valem a pena. Quanto o retorno dos discentes, posso falar que minha experiência foi muito boa - tanto pelas discussões teóricas quanto pela visita à cidade. Também acredito que cotribuiu com a formação dos demais colegas. E sim, houve um aprendizado muito rico, até mesmo por meio do conhecimento da tradição das congadas, que eu confesso, desconhecia na cidade.

      Espero ter respondido sua questão,
      Abraços

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  3. Parabéns pelo material.
    Como podemos utilizar, nas aulas sobre Patrimônio Material e Cultural, as narrativas locais sobre museus e personagens históricos, fazendo uso da História Oral? E também quais as dificuldades encontradas ao propor essa temática nas salas de aula?

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    1. Boa tarde, Diair. Podemos fazer uso sim, a História Oral é uma experiência muito rica e da qual já pude participar quando da pesquisa com monumentos da cidade de Ponta Grossa (PR). Acredito que o livro da Circe Bittencourt referenciado no trabalho nos dá uma bom embasamento teórico e metodológico para este trabalho (BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2008). A autora lembra de aspectos importantes da História Oral, como estudo prévio em sala de aula, discussão e elaboração de questionários, trabalho com a sensibilidade do investigador/entrevistador, assim como o respeito as respostas - enfim, a História Oral permite compreender esses patrimônios como são vividos/experienciados por diferetes pessoas. Ao mesmo tempo, enquanto professora PSS da escola pública no Paraná, acredito que o acesso a esses espaços patrimoniais e o apoio (pedagógico, familiar e financeiro) são as maiores dificuldades, mas não são impedimentos.

      Espero ter respondido sua pergunta,
      Abraços

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  4. Olá, parabéns pelo texto. Inicio só apontando a referência ao Theatro local que chama-se São João e não São José como citado, mas isso acontece. Conheço poucas cidades na região tão bem preservada e tão preocupada com sua história como a Lapa. Vocês acham que faltam interesse do poder público das cidades para implementação de locais históricos e de memória ou é simplesmente por falta de conhecimento na utilização para alavancar o turismo? Não seria a hora dos professores fazerem ou ajudarem a fazer projetos para tais fins?

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    1. Olá, Aristides. Obrigada pela correção.
      Acho que é um pouco dos dois, tavez exatamente pela falta do conhecer a importância dessa problemática o poder público não se interesse tanto pela questão. Como você comentou, muitas vezes esses espaços ficam limitados aos interesses relacionados ao turismo.
      E claro, professores e especialistas na área deviam fazer parte desses projeto patrimoniais, mas muitas vezes esses cargos/espaços municipais estão ocupados por outras pessoas com outros vínculos.

      Espero ter respondido sua pergunta,
      Abraços

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  5. Parabéns pelo seu artigo! A análise da História Local aproxima os estudantes da compressão da História, já que os possibilita "ver" a História para além do relatado no livro didático, que quando trabalhado superficialmente, passa a noção de história enquanto invenção ou fantasia! Aqui busco trabalhar com os sítios de pinturas rupestres a partir das turmas de 6 ano, para a compreensão da memória dos povos originários aqui da Chapada Diamantina! Obrigada pelas referências e conceituações! Ingrid Barbosa Gonçalves (Ibicoara - Bahia)

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    1. Olá, Ingrid

      Que trabalho interessante esse que você realiza, ficamos felizes que as referências tenham contribuído...

      Abraços

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  6. Olá, Audrey e Isaías!
    Parabéns pelo texto, propostas desse tipo são sempre importantes para as realidades locais e servem de incentivo para os alunos e professores perceberem a construção da história ao seu redor, não apenas nos livros didáticos. A abordagem do patrimônio foi muito bem construída enquanto proposta de ensino. Tenho uma pergunta sobre a sua aplicação: vocês conseguiram colocar em prática essa proposta ou tomaram conhecimento de algum professor que o tenha feito? Além disso, quanto à diferenciação entre a dimensão integral e parcial do projeto, como seria uma proposta integral?
    Ass: Lucas Engel Sacht

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    1. Olá, Lucas
      Bem, a temática específica sobre a Lapa não, mas sim discussões e atividades patrimonias com monumentos de Ponta Grosa/PR. Experiências essas realizadas após essa vivência na Lapa e que com certeza, contribui em muito.

      Quanto a dimensão integral/parcial apontada pela Circe Bittencourt, a diferença está no recorte de análise do projeto. Por exemplo, o nosso recorte foi o patrimônio material da Lapa - um ponto de um universo amplo. Agora, se o projeto ganhasse dimensões maiores, como o trabalho com a construção da memória lapeana por meio de seu patrimônio - material, imaterial, simbólico, oral, econômico, etc - aí ele ganharia dimensões de um projeto integral.

      Espero que tenha respondido sua pergunta,
      Abraços

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