O ENSINO DE
HISTÓRIA NO CONTEXTO DA NOVA HISTÓRIA CULTURAL
Para construção deste trabalho, é
relevante destacar que embora tenhamos clareza de que a História, assim como a
vida, não é estreitamente compartimentalizada, fazemos uso aqui do que se
convencionou chamar de dimensões historiográficas, sendo que neste momento
privilegiamos a chamada história cultural, ao nos reportarmos a ela, é
necessário delimitarmos com exatidão sobre qual história cultural estamos nos
detendo, e ainda, orientarmos quais significados para o termo “cultura” estamos
nos remetendo, uma vez que esta expressão possui grande polissemia, haja vista
que é possível falarmos em cultura das elites, cultura do estupro, cultura
burocrática, cultura do medo, dentre outras inúmeras possibilidades.
A utilização do termo cultura em
trabalhos de história não é algo novo, o historiador britânico Peter Burke
chega a criar uma classificação onde pensa o início da história cultural por
volta do ano de 1800, o autor propõe a seguinte divisão: história cultural
clássica (1800 – 1950), história da cultura popular (1950 – 1960) e a nova
história cultural que começa a partir dos anos de 1970, com a chamada virada
cultural, que é o recorte que nos interessa para efeito deste trabalho [BURKE,
2008].
Para nos referirmos a nova história
cultural é necessário percebermos a apropriação do termo “cultura” pelo campo
antropológico, e em seguida observamos a aproximação da história em relação à
antropologia, ao que chamamos de antropologia histórica ou história
antropológica, o que configura uma rica possibilidade interdisciplinar ao se
conceber ferramentas analíticas de leitura das sociedades que ao promoverem o
diálogo entre as duas áreas, podem proporcionar instrumentais reflexivos para o
desenvolvimento de pesquisas que podem/devem estar conectadas com o ensino de
história em sala de aula, e porque não, até mesmo em espaços não formais de
ensino.
Um dos antropólogos que mais
influenciaram os trabalhos de historiadores da cultura, foi sem dúvida Clifford
Geertz, que se opondo a uma etnografia descritiva, propôs compreender a cultura
através de teias
de significados tecidas
pelo homem. Significados estes que os
homens dão às suas ações e a si mesmos. Sendo assim, a etnografia, para compreender a
cultura, precisa ir além da descrição factual, sendo necessário empreender
análise e interpretação, buscando os significados existentes nas ações humanas,
como por exemplo em determinados ritos presentes em diferentes sociedades,
avançando para o que Geertz chamou de “descrição densa” [GEERTZ, 1989].
Esta aproximação com a antropologia
reforçou sobre maneira as produções historiográficas que apontavam para a
cultura popular, enfatizando os simbolismos presentes na vida cotidiana de
grupos como indígenas, negros escravizados, trabalhadores urbanos ou mesmo
grupos de pessoas consideradas como vadios. É possível assim, observarmos uma
preocupação crescente com as pessoas comuns e com as diferentes formas pelas
quais elas dão sentido às suas experiências e organizam suas visões de mundo
através de suas vidas em sociedade.
Os
estudos culturais acabam por englobar uma grande variedade de temas e métodos,
constituem-se como um campo multidisciplinar que articula um variado leque de
temas, que podem estar inseridos, por exemplo, em perspectivas econômicas,
mentais e sociais. A partir dos anos de 1980 surgiram muitos trabalhos que
procuraram inserir a memória como um elemento pertinente dentro dos estudos
culturais, neste sentido destacamos historiadores como Jacques Le Goff e Pierre
Nora, ver “História e Memória” [LE GOFF, 1990] e “Entre Memória e História: A
problemática dos lugares” [NORA, 1993].
Outro historiador que contribuiu para
as reflexões acerca da história cultural foi Roger Chartier, introduzindo as
noções de “práticas” e “representações”, ver “O mundo como representação”
[CHARTIER, 1991]. De acordo com estas noções, ao analisar uma dada realidade
social, o historiador precisa compreender os modos de ‘se fazer’ objetos
cultuais, assim como os modos ‘de ver’, de dada sociedade. Para exemplificarmos
esta questão de forma mais concreta, podemos nos remeter ao hábito de tomar
banho. Na atualidade a representação que temos da prática de banhar-se é muito
positiva, ligada aos hábitos saudáveis e higiênicos, porém nem sempre foi desta
forma, aos portugueses causou espanto a assepsia dos ameríndios, pois lhes
parecia excessiva, já que não possuíam a mesma representação em relação ao ato
do banho.
Podemos pensar em outro exemplo, como
as representações em torno dos reis absolutistas, as quais estruturaram uma
série de práticas, como a reverência ou o medo, por se crer, em dados momentos
e lugares, que o rei era constituído por Deus. Muitas destas representações vão
sendo modificadas no tempo e dão origem a novas práticas, José D’ Assunção
Barros chama a atenção para a figura do ‘mendigo’, o qual entre a da Idade
Média e o período Moderno, foi percebido de diferentes formas, o que também
gerou diversas práticas em torno do sujeito mendicante. Passando de uma
justificativa da boa-fé dos ricos, que poderiam exercitar a caridade e pleitear
a salvação, no século XI, até a raspagem de suas cabeças, para demonstrar a
exclusão daquele sujeito, e seu açoitamento, já no século XVII [BARROS, 2013,
p. 77-80].
É interessante trazer a discussão para
o cenário regional/local, considerando inclusive, que o material didático
distribuído pelo MEC pouco contempla, ou, omite mesmo, as especificidades
regionais. Assim, propomos discutir com os discentes a história cultural a
partir da reformulação do código de posturas de Belém, implementada por Antônio
Lemos, em 1900, no contexto da chamada belle
époque, quando a elite que lucrava fundamentalmente com o comércio da
borracha na capital paraense era extremamente influenciada pela cultura
parisiense, compreendendo vir da Europa tudo que podia ser considerado
civilizado e de bom gosto.
William Fonseca Freire, que dialoga a
respeito da relação entre a História da Amazônia e os livros didáticos do
Ensino Médio, comenta que a região é apresentada a partir de um discurso ainda
muito preso à Amazônia natural e como área de produção. Assim como, a pressão
do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) “vincula conhecimento histórico, de
caráter mais abrangente sem se ater às especificidades histórico-geográficas do
país” [FREIRE, 2018, p. 139]. Nesse sentido, apresentamos a possibilidade de
debater a vida das pessoas no tocante aos seus hábitos do cotidiano, por meio
do questionamento em relação às imposições do poder público via seu código de
condutas, na passagem dos anos de 1800 para os anos 1900.
Para contextualizar o tema, é
importante instigar os jovens a pensarem sobre elementos de nosso cotidiano, a
saber: venda de açaí, de peixe, de frutas regionais, os vendedores ambulantes
de víveres, comidas e bebidas. É necessário que os alunos pensem acerca das
normatizações, leis, taxas a serem cumpridas por esses trabalhadores (as) que
sobrevivem dessas práticas, buscando também se questionarem sobre os objetivos
da regulamentação, quem organiza e quais as sanções previstas para quem
descumpre as normas. De posse dessas informações no presente, podemos partir
para uma pesquisa bibliográfica sobre o tema. Dentre os (as) vários (as)
pesquisadores (as) que versam a respeito, optamos pelas professoras Franciane
Gama de Lacerda e Maria de Nazaré Sarges, especificamente no texto “De Herodes
para Pilatos: violência e poder na Belém da virada do século XIX para o XX”. As
autoras relatam, a partir da pesquisa em periódicos da época, em especial a Folha
do Norte, que fazia oposição a Antônio Lemos, sobre as denúncias de
arbitrariedades cometidas por agentes da prefeitura, responsáveis pela execução
da lei; contam que agiam com extrema violência em relação aos pobres, para
colocar em prática o controle da população imposto pelo processo de
modernização implantado pelo Intendente Municipal [LACERDA; SARGES, 2009, p.
166]. Belém passava por transformações e contradições relacionadas a venda do
látex, que até o início do século XX, foi o segundo produto de exportação do
Brasil. Em meio a esse processo, Lemos, que ocupou a intendência de 1897 a
1911, foi o principal responsável pelo projeto “modernizador/civilizatório” que
incluiu higienização, saneamento da cidade, mudança (imposta) dos costumes das
pessoas, em favor da aquisição de normas europeias de convivência. Em 1900,
reformulou o código de posturas, o qual passou a se denominar “Código de
Polícia do Município”. Os ambulantes, vendedores, moradores pobres, do centro
da cidade foram os que mais vivenciaram, sofreram, com esse código, como é
possível observarmos na leitura do seguinte trecho:
Tudo era controlado, desde o ambulante
até o indivíduo que chegasse à janela ou porta em traje considerado indecente
ou em completa nudez, ou conservar-se em casa em tais condições de maneira que
fosse visto pelo passante da rua, ou estacionasse em áreas não permitidas para
mercadejar ou ainda colocar cadeiras na calçada, um hábito muito comum da
população, sob a alegação de impedir o trânsito de pessoas. A esses infratores
estava reservado o talonário de multa. (...). A proposta de embelezamento da
cidade era uma das prioridades dos governantes que desejavam ver Belém no
contexto da civilização e, portanto, no circuito dos viajantes e investidores
estrangeiros, e nada mais pragmático do que enquadrar os habitantes do lugar
nos moldes civilizatórios europeus [LACERDA; SARGES, 2009, p. 168].
O projeto civilizatório da intendência,
forçosamente, obrigou os habitantes a deixarem hábitos que estavam relacionados
a sua sobrevivência, assim como queria esconder a existência de uma Belém
rural, com a existência de vacarias e pequenas plantações; interferiu no
carnaval e nas festas juninas, proibindo várias manifestações culturais,
proibiu o uso de palavrões, combateu o ócio e a vagabundagem, estipulou horário
de funcionamento de bares e restaurantes [LACERDA; SARGES, 2009, p. 170-172].
Aos que não se adequavam ao modelo de belenense expresso na vontade do poder
público, sofria com multas, com a violência da polícia e dos agentes da
administração.
Convém solicitar aos alunos (as)
pesquisar sobre as regulamentações atuais da prefeitura, sobre o código de
posturas da atualidade para comparar com as regras de outrora, e se chegar ao
entendimento sobre as rupturas e as permanências em relação ao passado
estudado. As conclusões construídas podem ser socializadas por meio de vídeos
curtos e/ou rodas de conversa em sala. Esta dinâmica pode contribuir para que
os estudantes sejam munidos de elementos que possibilitem uma dada orientação identitária
através da compreensão do “passado pelo presente e do presente pelo passado”.
Considerações
finais
Compreendemos que a dicotomia entre
pesquisa e ensino, assim como, entre saber acadêmico e saber escolar não
contribui para o desenvolvimento da ciência histórica, promovendo o afastamento
do grande público em relação à História. Assim, apresentamos possibilidades de
aproximação, de conexões entre o espaço de produção da academia, que gera
textos técnicos, com o locus do
ensino da educação básica, onde podemos utilizar o conhecimento produzido
academicamente como uma ferramenta que auxilia na produção conhecimento
histórico escolar.
Referências
Ernesto Padovani Netto - Licenciado
e Bacharel em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA-2006).
Concursado como docente da Secretaria Executiva de Estado de Educação (SEDUC),
atuando, na modalidade Educação Especial do Estado do Pará no ensino de
História para alunos surdos. É especialista em Educação especial com ênfase em
inclusão pela Faculdade Ipiranga (2013), e Mestre pelo Programa de Mestrado
Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA), polo da UFPA, - Campus
Ananindeua. Atualmente é doutorando em
História Social da Amazônia pelo PPHIST – UFPA. E-mail: ntpadovani@gmail.com.
Daniel
Rodrigues Tavares - Bacharel e licenciado pleno em História pela Universidade
Federal do Pará – UFPA (2007). Especialista em “Patrimônio Cultural e Educação
Patrimonial” pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia – FIBRA (2013). É Mestre
pelo Programa Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA), pela UFPA, no
Campus de Ananindeua. Professor da rede pública de ensino, pela Secretaria de
Educação do Estado do Pará (SEDUC), e pela Secretaria de Educação do Município
de Belém (SEMEC). E-mail: trdan@ig.com.br.
BARROS, José D’
Assunção. O campo da história:
especificidades e abordagens. Petrópolis: Vozes, 2013.
BURKE, Peter. O que é história cultural? Rio de
Janeiro: Zahar, 2008.
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos Avançados, nº 11, 1991. pp.
173-191.
FREIRE, William
Fonseca. A história da Amazônia e os livros didáticos do Ensino Médio. In: Historiografia e ensino de história: a sala
de aula em questão. PADOVANI NETTO, E. (org). Belém: Amazônia Bookshelf, 2018, p. 131-145.
GEERTZ,
Clifford. A interpretação
das culturas, São Paulo, LTC,1989.
LACERDA, Franciane Gama; SARGES, Maria
de Nazaré. De Herodes para Pilatos:
violência e poder na Belém da virada do século XIX para o XX. Projeto
História, n 38. São Paulo, 2009, p. 165-182.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Ed. UNICAMP, 1990.
NORA, Pierre. Entre Memória e História: A
problemática dos lugares. Projeto História, vol. 10 (jul-dez).
São Paulo: 1993 pp. 7-28.
O trabalho de vocês demonstra como a história cultural pode colaborar para implementar novas perspectivas e também deixar vir à tona novos objetos e narrativas que colaboram para a formação dos alunos. Fiquei curioso sobre os acervos utilizados para se trabalhar com o código de posturas da Belém da Belle Époque. Vocês pensam em visitação de alguns sítios, exploração de material fotográfico? Que fontes diferentes, ou mesmo inesperadas, podem ser utilizadas para se trabalhar novas nunces da temática?
ResponderExcluirMateus de Andrade Pacheco
Obrigado pela leitura e comentário Mateus. Em Belém temos vários espaços de memórias que podem ser visitados, professores de graduação em história têm levado bastante graduandos nesses espaços de pesquisa, na educação básica também é possível fazer, sobre a questão das diferentes fontes, "inesperadas", penso que o próprio texto dá essa dica, ao pensar no açai, no peixe,nas frutas regionais, esses elementos podem ser compreendidos coo patrimônios culturais e devem ser conectados à história da alimentação, do cotidiano, etc.
ExcluirInteressante. obrigado pela resposta!
ExcluirMateus de Andrade Pacheco
Obrigado pela e pela provocação, Mateus.
ExcluirSobre as fontes o amigo Padovani já comentou. Queria aqui deixar o exemplo do que faço na periferia de Belém, em Mosqueiro, uma Ilha, distrito administrativo da cidade. Saimos da escola com alguns professores e alunos, passeando de bicicleta pelas ruas do lugar, visitando os lugares de memória, dando aula na rua, fora do espaço escolar. Sendo que muitos possuem relação com influência da economia da borracha na região.
Prezados,
ResponderExcluirParabéns pela comunicação (objetiva, clara e concisa). Gostaria de saber sobre a aplicabilidade do conceito de 'cultura' de Geertz na situação de aprendizagem proposta.
Ou seja, em que momento da situação de aprendizagem o docente problematiza ou instiga o uso de conceitos históricos.
Boa tarde, agradeço pela pergunta.
ResponderExcluirCreio que levar os alunos a se perceberem dentro de uma teia de culturas, onde os comportamentos estabelecidos no interior da vida cotiana da cidade, fazendo as conexões históricas devidas, é uma boa forma de fazer uso de Geertz, assim, os comportamentos passam a ser estudados como socialmente construídos dentro da própria noção de cultura, em detrimento de uma naturalização das formas de viver em sociedade,
Prezados Netto e Daniel obrigado por compartilhar esse debate importante para o ensino da disciplina. A sua discussão além de ter um caráter importante referente ao aprendizado em si, também possui um aspecto relacionado a formação cidadã dos alunos, pois quando se compreende que cultura é muito mais que a ideia de "culto" atrelado as elites, os alunos conseguem ter uma formação mais humanizada. Gostaria de saber se os senhores já fizeram alguma aula ou projeto que fosse direcionado dessa forma com seus alunos? Agradeço desde já. Parabéns pelo texto. NELES MAIA DA SILVA
ResponderExcluirObrigado pelas palavras Neles. Como trabalho com alunos surdos, percebi a carência de referências históricas sobre o próprio grupo na formação intelectual deles, então tenho levado para a escola um projeto que vem do meu doutorado, que é contar a história das experiencias de surdos e da língua de sinais em Belém. Os estudantes têm contato com fotos e depoimentos de surdos mais mais velhos que viveram a surdez em contextos diferentes dos atuais.
ExcluirObrigado Neles. Com meus alunos me esforcei para trabalhar com conceitos relacionados à História, dentre eles o de cidadania, para que pudesse ser percebido na Identidade Cultural dos alunos, para ajudá-los a pensar a cultura como um direito de todos nós, que precisamos usufruir.
ExcluirPrezados, como conciliar o estudado na academia de teoria e metodologia, historiografia em sala de aula para ensino fundamental principalmente? MARCELLA ANDRADE GOMES
ResponderExcluirColega de Profissão Marcela, obrigado pelo questionamento. Somando ao que o Netto disse, considero importante o esforço de inserir a pesquisa no ensino, o contato com as fontes históricas, trabalhar a operação historiográfica no sentido de que os alunos entendam como se faz a História, com a a linguagem acessível aos jovens. Eu trabalho com turmas do ensino fundamental em escolas públicas do município de Belém. Uma grande dificuldade é a forma como os alunos pensam a História como um amontoado de datas, fatos, nomes. Fazer uma história da comunidade, colocando os educandos como protagonistas na construção dessa história seria interessante. Vão, provavelmente surgir debates, em meio ao processo de construção que poderão ser relacionados com temas mais consagrados.
ExcluirObrigado pela pergunta Marcella. Creio que precisamos aprofundar as reflexões no campo do ensino de história. As ferramentas teóricas e metodológicas da formação do "historiador tradicional" não dão conta do ensino, recentemente o PROFHISTÓRIA ajustou a disciplina Teoria da História para Teoria do Ensino de História, compreendendo que o ensino da disciplina possui uma teorização particular. do ponto de vista prático, você encontrará muitas experiências de ensino nos textos aqui do simpósio, muitos levam em consideração a educação básica.
ResponderExcluirPrezados Ernesto e Daniel,
ResponderExcluirImpossível começar meu questionamento sem tecer alguns elogios. A proposta apresentada é muito bacana e por vários motivos: faz pensar sobre a importância de se trabalhar o regional em sala de aula; promove o "espírito científico" nos alunos, visto que estes aprendem a problematizar sobre sua realidade - e, nesse sentido, a construírem/reconstruírem suas representações sobre a realidade; e, sem dúvidas, serve como estímulo para que outros professores possam desenvolver trabalhos nesta mesma linha, pensando na realidade na qual estão inseridos.
Sou do PPG de História (acadêmico) e tive algumas oportunidades de acompanhar, como aluno especial, algumas disciplinas do ProfHistória na minha universidade e percebo que, de fato, a proposta do Programa é promover com mais afinco essa necessária interação entre o saber histórico e o saber histórico escolar - e a proposta de vocês se enquadra muito bem nisso.
De acordo com Louis Marin - que tem uma influência significativa nos trabalhos do Chartier -, toda representação representa algo e, ao mesmo tempo, se apresenta representando algo. Essa premissa me faz pensar não só no discurso das regulamentações, mas nas materialidades com as quais este discurso se apresenta - e, com isso, nas representações que o documento oficial constrói dos sujeitos que os leram ou os leem (pensando na análise destas disposições atuais).
Nesse sentido, as representações dos leitores contidas na materialidade dos documentos do passado são muito diferentes das que se apresentam na materialidade dos documentos do presente? Vocês também colocaram os alunos à par disso? E se sim, como eles percebem - meio que de um modo geral - a importância dessa questão dos modos como os discursos se apresentam?
Felipe Augusto dos Santos Vaz
Olá, bom texto. Dentro do contexto da Nova História Cultural, de que modo podemos como historiadores, trabalhar Ensino de História com as classes subalternas? Agradecido. Att. Felipe Araujo Machado
ResponderExcluirMeu caro Padovani, prezado Daniel, em primeiro lugar, parabéns pelo texto. Vocês conseguem situar o leitor nos aspectos teóricos que envolvem a História Cultural de forma bastante clara e sem excessos. Também nos apresentam uma excelente referência de abordagem dessa mesma teoria em sala de aula. Essa perspectiva de fato tem potencial para que o aluno se sinta como parte integrante da História. No entanto, os desafios para aplicá-la em sala de aula são diversos. Talvez o maior deles seja encontrar um lugar para tratar do local e dos diferentes sujeitos, por exemplo, em um currículo ainda muito preso a temas e abordagens tradicionais, que privilegia aspectos políticos e econômicos e o macro em detrimento do micro. Pergunto quais seriam as estratégias possíveis para a inserção da História Cultural nesse currículo ainda tão engessado? Desde já, agradeço. Abraço!
ResponderExcluirPAULO JOSÉ ASSUMPÇÃO DOS SANTOS
Professor Hernesto, na História das culturas popular, cultura das elites e dentre várias culturas é possível encontrar certas modificação da cultura por conta de leis aplicadas em determinado Estado ? Ora, a lei tem o poder de alterar a cultura, certo ?
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