Patrícia Rodrigues Augusto Carra


O ENSINO DE HISTÓRIA EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19 



A oportunidade de participar desta mesa e o processo de reflexão sobre a abordagem da temática coincidiram com as normas de prevenção e combate à pandemia de coronavírus no Brasil: o que me levou a rever minha proposta inicial de texto. Não é minha intenção e - creio não ser a pessoa mais habilitada para isso - discorrer sobre a pandemia. Minha ideia é, aproveitando a excelência desse espaço, interrogar - no contexto dessa mesa - sobre o exercício de nossas atividades docentes durante o período de isolamento ou quarentena; se o advento dessa pandemia e suas consequências e repercussões no plano social, político, cultural e econômico pontuaram nossas aulas.

Pretendo instigar a reflexão e a troca de experiências, pensar junto com esta mesa e os demais participantes deste colóquio. Creio ser legitima minha preocupação, contudo, escrevo este texto em meados de março. Quando nos encontrarmos, pode ser que algumas preocupações aqui expostas não se façam relevantes, assim como, estejam ausentes considerações essenciais. Prossigo acreditando que os frutos desse fórum serão as reflexões compartilhadas.

Uma das consequências vivenciadas, até o momento, foi a suspensão de atividades de ensino presenciais e - em diversas instituições de educação [tanto de nível superior quanto de Educação Básica] - a manutenção das aulas, ou de parte dessas, utilizando as tecnologias digitais de ensino para a oferta de aulas e/ou de atividades didáticas à distância. Aparentemente, o sistema mais utilizado está sendo a plataforma digital Moodle e, na sequência, a Google Classroom: espaços virtuais onde professores e professoras podem criar ‘salas’ e nestas utilizarem diferentes ferramentas pedagógicas, como: exposição de vídeos ou áudios, publicação de textos diversos, recomendação de estudos dirigidos, propostas de fóruns de discussão, busca de solução e/ou análise de questões-problemas sugeridas.

Diante desse contexto, e pensando sobre o ensinar História nos tempos atuais, assim como sobre os processos de aprendizagem e de produção de conhecimento, tanto nos espaços físicos quanto nos virtuais, cabem questionamentos. Apresento exemplos: Como as Tecnologias de Informação e Comunicação [TICs] podem contribuir com o ensino de História na atualidade? Quais as suas limitações e alcances? Como pensamos estas ferramentas enquanto instrumentos pedagógicos e na qualidade de fontes históricas? Como pensamos a produção de conteúdo - por estudantes e por docentes - nas formas digitais? - Como as desigualdades sociais implicam nas aulas e/ou atividades propostas remotamente? Ciente que ensino presencial e ensino à distância possuem características/estruturas próprias, quais as implicações do ensino remoto de História no desenvolvimento do pensamento histórico em estudantes da Educação Básica neste período?

O parágrafo acima já antecipa como é complexa, interdisciplinar e desafiadora a dedicação ao ensino de História. Uma práxis que extrapola a noção rudimentar de que o ensino de História corresponderia, apenas, ao ministrar o conhecimento acadêmico nos diferentes níveis e espaços de ensino existentes, a partir de escolhas metodológicas adequadas ao dueto público discente e conteúdo previsto. Neste sentido, lembro Paulo Freire: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou construção [Freire, 1996, p.22]”.

Os anos de 1980 nos brindaram com reflexões acerca do ensinar História e com a proposta do espaço dessa disciplina na Educação Básica ser, também, um lócus de produção de conhecimento discente e docente. O processo reflexivo datado desses anos legou práticas e reflexões que permeiam nossa práxis pedagógica na atualidade. Legou, também, a inclusão, nos interesses investigativos da História, da categoria Ensino de História no findar da década de 1990.

Atualmente, pode soar estranho, o questionamento do status do livro didático enquanto ferramenta pedagógica privilegiada, assim como a proposta do uso de fontes alternativas ou complementares a ele ser entendida como uma ação revolucionária no lecionar História. Pode soar estranho... Mas o livro didático, ainda ocupa grande centralidade no ensino de História [e não apenas]: as narrativas e ideias que veicula; o suporte em que é produzido; o seu lugar na economia /indústria educacional e suas aplicações pedagógicas e historicidade são exemplos de objetos de necessárias reflexões.

O ensino de história, suas finalidades e metodologias, possuem historicidade. Retornando à memória das reflexões acerca do universo e da importância do ensino- aprendizagem de História, no contexto das lutas pela redemocratização do país, importa pontuar que esse foi um processo revolucionário. Os questionamentos e ações derivados dessa experiência ainda repercutem. Aliás, hoje, vivenciamos um ‘sofrimento’ da História na qualidade de disciplina escolar, em especial, no Ensino Médio em decorrência da Lei n.º 13.415/2017. Pensar ensino de História e suas metodologias é, concomitantemente, pensar as razões da existência dessa disciplina escolar, sua relevância social, sua constituição e desafios ao longo do tempo. Bittencourt [2009, p.41] pontua que “o que mantém a História [e as demais disciplinas] nos currículos escolares são as finalidades a elas atribuídas enquanto disciplina escolar”, o que nos leva a duas questões: a maneira e os sentidos que historiadores [as] e professores [as] entendem o ensino de História e sua importância na grade curricular e os sentidos atribuídos pela sociedade a esta.

No correr do período intitulado transição democrática e dos anos 1990, professores e professoras argumentavam em prol da possibilidade de produção de conhecimento histórico ao nível da Educação Básica; da importância da participação docente na definição das pautas do ensino da História escolar e de experiências pedagógicas com uso de fontes entendidas como diferenciadas e/ou temas não explorados pela historiografia tradicional. Nos finais da década de 1990, o lugar e a participação estudantil no processo ensino-aprendizagem ocupou grande espaço nas reflexões acerca do ensino de História e de suas metodologias.

Na qualidade de disciplina escolar, a História tem a responsabilidade de propiciar o desenvolvimento do saber histórico entendo-o como uma das forças de formação do sujeito. Está em suas searas a contribuição para o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo discente, além do estímulo ao questionamento da realidade e/ou do apresentado como natural ou na ordem do senso comum nas diferentes sociedades.

Quando falamos em metodologias de ensino de História estamos, obrigatoriamente, pensando em quem ensinar - em quais espaços-tempo ensinar - com quais objetivos ensinar. Estamos pensando no significado de ensinar e de aprender. Estamos nos preocupando com os processos que levam à apreensão dos conceitos da História, assim como, com o desenvolvimento de um letramento histórico. Estamos nos preocupando com o que contribui com o processo de ensino-aprendizagem [e com o pode comprometer] e com os referenciais epistemológicos da História [Caimi, 2009].
 
O ensinar História é uma ação atravessada por fatores como a cultura escolar das diferentes instituições de ensino, as condições do prédio escolar, o universo sócio - econômico e as necessidades práticas do público discente, as demandas da sociedade, a legislação educacional, a política do governo em questão, os acontecimentos que impactam a comunidade.

Um dos acontecimentos que impactam nossa sociedade, neste momento, é a pandemia causada pelo novo coronavírus [Covid-19]. Entre as recomendações para tentar diminuir as vítimas da pandemia e a sobrecarga do sistema de saúde está o isolamento social. Neste momento, pensar o contexto nacional é concordar com Marc Bloch: “A história se encontra desfavorável às certezas”. Temas como o Sistema Único de Saúde [SUS], o entendimento do acesso ao atendimento médico como parte dos direitos humanos, reflexões sobre valores como igualdade e indulgência, assim como sobre a interdependência global, questões de gênero estão em pauta. Reflexões sobre o isolamento social revestem-se, também, de status classista e nos mostram que, se o vírus não discrimina, nossa sociedade é dotada de instrumentos que o fazem.

Esta pandemia não é a primeira que assola a humanidade. Assim como em outros espaços/tempos, suas implicações não estão restritas ao campo de estudos das ciências biológicas. Qual o papel das ciências sociais, em especial da História, neste momento? Como o ensino de História pode contribuir com a compreensão dos efeitos e usos da pandemia nos contextos culturais, econômicos e políticos e sociais? Em que medida o ensino de História está sendo percebido como próximo da experiência humana ou estrangeiro ao cotidiano de homens e mulheres [Ricoeur, 2012] ou, ainda, uma disciplina de curiosidades/de dimensão ficcional? Penso que estas perguntas devam ocupar nossas reflexões, entre outras razões, por estarem relacionadas a questionamentos sobre a finalidade do estudo e do ensino da História e a interesses que o mobilizam ou que o atravessam.

As experiências, por ora, vivenciadas por sujeitos estudantes pautaram os conteúdos selecionados para estudo ou metodologias eleitas? Responder a esta pergunta é, também, um exercício de pensar o quanto [e como] estamos percebendo os sujeitos para quem preparamos nossas aulas, pensamos conteúdos e metodologias. Neste sentido, entre outras questões, é necessário indagar sobre nossa capacidade de comunicação com o público do ensino de História. Creio que vivenciamos um momento que alardeia a necessidade de pensarmos como está a nossa capacidade de comunicação do conhecimento histórico em diferentes espaços e para seus públicos diversos.

Esta é uma das questões que sempre pautaram as minhas preocupações, ao longo de mais de 25 anos, enquanto professora de História na Educação Básica. Infelizmente, negacionismos históricos e seus desdobramentos confirmam ideias advindas dessas reflexões. Felizmente, esse mesmo fenômeno já rendeu algumas iniciativas em prol da comunicação do conhecimento histórico para além dos recantos acadêmicos.

A comunicação no palco de atuação do ensino de História necessita de um olhar cuidadoso [e profissional] para a narrativa docente do saber histórico. É o fio dessa narrativa histórica o facilitador para o entendimento discente dos processos e acontecimentos estudados [Monteiro e Penna, 2011], para o entendimento de conceitos específicos da História e para a atribuição de sentidos aos conteúdos das aulas. O ensino de História opera numa zona de convergência entre os campos da Educação e da historiografia em um espaço que - para além dos territórios escolares [formais ou não] - alcança questões particulares das comunidades de origem da população que compõe a comunidade escolar. Quando me refiro à narrativa docente do saber histórico não estou, de forma alguma, defendendo destaque às preleções docentes. Pelo contrário, refiro à narrativa docente do saber histórico enquanto força de mediação no processo ensino-aprendizagem [e até de sedução à historiografia]. Neste sentido, o pensamento de Paulo Freire [2005] em relação à importância do silêncio, do escutar e do respeito à leitura de mundo do educando foi uma das bússolas que orientaram parte de minhas reflexões em relação à importância da comunicação do conhecimento histórico [e não apenas]: “o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na História [Freire, 1996, p.136]”.

Os cuidados desencadeados em função da pandemia, como já mencionado, levaram muitos educadores a utilizar o Ciberespaço: uma decisão que, para muitos docentes, está representando grande desafio e, também, stress. Importa pensar a produção do conhecimento histórico e metodologias viáveis nesta seara. Importa, também, refletir sobre a complexidade e as condições do trabalho docente e a respeito das fronteiras escolares para além dos seus limites físicos. Não falta matéria para ocupar nossos pensamentos e, creio, levaremos algum tempo para conseguirmos analisar a complexidade do momento atual. Entretanto, no instante, vivenciamos o adventício e este nos diz que o fazer pedagógico está em mutação nos quesitos: lugares de existir, possibilidades técnicas, tempos e extensão, trabalho docente. Lembra-nos, também, que temos ideias e práticas que - apesar de esforços reflexivos que os denunciam - continuam permeando a ação de ensinar de História, seus textos, produções e escolhas metodológicas como: ‘invisibilidades’ de diferenças e desigualdades; questões de gênero; preconceitos de classe e étnicos.

Uma das questões que me preocupam é a necessidade da aposta em metodologias que propiciem a constituição de um pensar crítico em relação à humanidade, aos problemas que afetam nossa sociedade e ao conhecimento transmitido e produzido. Metodologias que incentivem o espírito de pesquisar, a arguição de fontes e de fatos e o questionamento de nossos papeis nas realidades que vivenciamos. Metodologias que auxiliem a inferir o significado de cidadania nos tempos atuais, que nos recordem que “ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo [Freire, 1996, p.98]”. Propostas que discutam nos campos da historiografia e - a partir do contributo de outras ciências - aflições atuais como o medo [e a gestão política do medo] que, na atualidade, parece pairar sobre nossos espíritos, conseguindo nos adoecer. Se sempre foi uma necessidade, nos dias atuais, parece uma urgência: “deixar transparecer [...] que uma das bonitezas de nossa maneira de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o mundo [Freire, 1996, p.28]”.

Se um dos objetivos do ensino da História é contribuir para a expansão do ideário da cidadania enquanto bem comum é urgente, por exemplo, problematizar historicamente, a desvalorização da ação política e a imagem “do cidadão apenas como o contribuinte, o consumidor, o reivindicador de benefícios individuais ou corporativos [Benevides, 1996, p.1]” e refletir sobre como o ensino de História e suas metodologias podem contribuir para uma “educação para a democracia” [Benevides, 1996] e para o entendimento da constituição da cidadania na dinâmica das práticas sociais. É necessário, ao pensar nossas práticas e escolhas metodológicas, entre outros fatores, considerar as maneiras e os instrumentos que contribuem para a “vinculação entre educação e cidadania, como precondição para a participação, [...] justificar a exclusão da cidadania [Arroyo, 2010, p.35]”.

Entre as temáticas circulantes nas redes sociais encontram-se questões relativas ao contexto do isolamento social. Para o ensino História, representam, entre outras oportunidades, a proposição de questões-problemas envolvendo múltiplas temporalidades; a arguição à historiografia sobre experiências vivenciadas em outros espaços/tempos que possam contribuir para o entendimento do tempo presente e para o exercício de percebermo-nos como seres sociais ativos. Representa uma oportunidade de escuta aos aprendentes e de proposição de exercícios investigativos lembrando que “o verdadeiro ensino sempre pressupõe pesquisa e descobertas [...] e a História é uma experiência que deve ser também concretizada no cotidiano [Fenelon, 1981, p.13]”.

Se o combate à pandemia expôs o ensino da História e as preocupações com suas metodologias para o ‘modo on-line’, também, está a evidenciar que, apesar da existência de um mundo megaconectado - e da emergência de novos meios e tempos/espaços de aprendizagem - a carência do letramento digital é um problema que transcende o pedagógico e revela raízes sociais, políticas e econômicas. Demonstra que o uso do Ciberespaço não significa uma educação inovadora. Pelo contrário, observo novos suportes, novas ferramentas para antigas metodologias. O domínio de tecnologias de informação é - muitas vezes - vendido como sinônimo de expertise pedagógica, contudo, analisando amostras consideráveis de seus usos para fins de ensino, observo a existência de diversas ações pedagógicas conservadoras sem apostas na possibilidade de construção do conhecimento na dinâmica do ensino - aprendizagem e na produção de conteúdos pelos aprendentes.

Neste dias, observo muitos colegas - simpáticos ou não aderentes à multimodalidade e confortáveis ou não com a exploração e a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação [TIC] nos contextos educativos - cansados. Muitos pressionados pelas instituições que, alicerçadas em ‘discursos neotecnicistas’, impõem a eles disporem de habilidades que, no momento, não dominam. Esquecemos da complexidade do trabalho docente? Pensar o ensino e suas metodologias [no caso o ensino de História] passa por pensar, também, a docência e a estética da professoralidade [Pereira, 2013].

Professores e professoras, em discursos diversos, são responsabilizados pelas questões da educação. Sem dispensar a ironia e sem desconhecer nossas responsabilidades, procuro nossos super poderes sobre todos os agentes e elementos da educação. Retomando os dias de hoje e as pressões para que na docência modo on-line [expressão que ouso usar para o trabalho docente neste período] cumpram-se currículos, realizem - se avaliações e que exista qualidade e inovação, lembro que um cotidiano conectado não é sinônimo de condições para aderência [ou possibilidade de usufruto] a práticas pedagógicas e ações de aprendizagem no Ciberespaço. “È uma ideia simplista e equivocada supor que a disponibilidade de acesso às TIC em distintos espaços e tempos e o domínio instrumental dos seus recursos seja suficiente para propiciar um uso significativo [Almeida, 2012, p. 12]”.

Nenhuma teoria e - por consequência - nenhuma eleição metodológica são inocentes. Quando nossa práxis pedagógica se define? Ela se define ou se constitui de sentidos? Recordo quando ingressei no mundo da docência no ano de 1989: o ensino da História estava em discussão, mas para mim - recém iniciando minha a constituição de minha professoralidade [Pereira, 2012] - havia o conteúdo previsto para ser ensinado e isso não estava tranquilo: havia questões sobre a grade curricular que eu questionava. Havia a comunidade escolar e a escola com sua cultura e nesta comunidade os alunos e as alunas: com gravidez na adolescência, trabalho infantil, assunção de identidade de fracasso escolar, questões de sexualidade, inteligências e vir- a – ser comprometidas, também, pela narrativa histórica presente no manual didático. Qual o objetivo do ensino da História? Quando a professora aprende e quando ela ensina? Qual o sentido da educação? Era o início de uma reflexão que ainda não teve fim.

Não encerro este texto com respostas sobre o ensino de História e suas metodologias no contexto da pandemia de coronavírus no Brasil e não era essa minha pretensão. Concluo com o convite para compartilharmos nossas experiências e apreensões. Lembro Paulo Freire: a gente se constitui professora e professor “na prática e na reflexão sobre a prática [Freire, 1991, p.58]”.  

REFERÊNCIAS

Patrícia Rodrigues Augusto Carra é Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul [PUCRS / janeiro de 2014] sendo parte do doutoramento cursado na Universidade de Lisboa [bolsa CAPES p. 9262/12-1]. Desenvolveu estágio Pós-Doutoral junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS [2015]. Possui Mestrado em Educação pela PUCRS [2008], especialização em Psicopedagogia pela Universidade Estácio de Sá [1999], especialização em Supervisão Escolar pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ [1999], graduação em História concluída na Universidade Católica Dom Bosco [1995]. Professora Titular no Sistema Colégio Militar do Brasil, atualmente, trabalhando no Colégio Militar de Porto Alegre. Acesso registro no ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1954-1053
 
ALMEIDA, Maria Elizabeth B. de. Prefácio. In: COSTA, Fernando Albuquerque [coord.]. Repensar as TIC na educação. O professor como agente transformador. Lisboa: Santillana, 2012.

AZEVEDO, Crilane  B. e STAMATTO, Maria Inês. Teoria historiográfica e prática padagógica: as correntes de pensamento que influenciaram o ensino de história no Brasil. In: Antíteses, vol 3, n.6, jul-dez de 2018, PP. 703 – 728.

ARROYO Miguel. Educação e exclusão da cidadania. n: BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel e NOSELLA, Paolo. Educação e Cidadania quem educa o cidadão? 14 ed. São Paulo:Cortez, 2010 [Coleção questões da nossa época;v.6].

BENEVIDES, Maria Victoria. Educação para a Democracia [versão resumida de conferência proferida no âmbito do concurso para Professor Titular em Sociologia da Educação na FEUSP, 1996]. Disponível [on-line] em < https://www2.camara.leg.br/a-camara/programas-institucionais/educacao-para-a-cidadania/educacao-para-a-democracia/textos-1/Educacao%20para%20a%20Democracia%20-%20Maria%20Victoria%20Benevides.pdf>. Acesso: março, 2020.

CAIMI, Flávia E. História escolar e memória coletiva: como se ensina? Como se aprende? In: ROCHA, Helenice e outros [orgs]. A escrita da História Escolar – memória e historiografia. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2009.

FENELON, Dea R. A formação do profissional de história e a realidade do ensino. Caderno Cedes [8]. São Paulo: Cortez, 1985.

FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991.

______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 [Coleção Leitura].

MONTEIRO, Ana Maria e PENNA, Fernando de Araújo. Ensino de História: saberes em lugar de fronteira. Educ. Real., Porto Alegre, v. 36, n.1, jan./abr., 2011, p. 197

PEREIRA, Marcos Villela. Estética da professoralidade: um estudo crítico sobre a formação do professor. Santa Maria: Ed da UFSM, 2013.

RICOEUR, Paul. O passado tinha um futuro. In: MORIN, Edgar [Org.]. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

39 comentários:

  1. Prezada Patrícia Rodrigues Augusto Carra, muito obrigado pelas reflexões que trouxe em seu artigo. A pandemia de covid-19 nos empurrou para o trabalho à distância ou não-presencial com nossos alunos, independente das condições (ou falta delas) de estabelecer um trabalho de qualidade, seja pelas dificuldades estruturais de ausência de conexão dos alunos com a internet, falta de microcomputadores em seus lares; seja pela dificuldade de recursos humanos do pouco preparo de nós docentes para realizar esse trabalho, ou da inadequação dos discentes às novas condições de aprendizagem. Apesar vivenciar essas dificuldades, não tenho como objetivo debatê-las aqui porque não lograríamos solucioná-las.

    Minha inquietação, portanto, consiste em outro aspecto. Postas as novas condições de ensino-aprendizagem, em outro meio ou ambiente, permanecem um mesmo velho problema, como você bem observou. Mantiveram-se, na maioria das propostas de trabalho, os mesmos velhos métodos da educação que Paulo Freire denominou como “educação bancária”, em que os conhecimentos são transmitidos do professor para os alunos, mantendo-se o mesmo paradigma da comunicação que se estabelecia no ambiente escolar presencial. Percebo em minha prática docente que a resistência em manter essa forma de comunicação hierárquica não é exclusiva dos professores. Ao tentar estabelecer uma relação de aprendizagem dialógica, tenho como resposta da maioria dos alunos silêncio tumular. É possível aproveitar a imposição do uso da plataforma digital para romper a cultura escolar do aluno como espectador, receptor de conhecimentos trazidos pelo professor? Ou seja, como mudar do paradigma comunicacional transferencial para o paradigma da comunicação dialógica-dialética?
    Grato,
    Leonardo Gallo Araujo Lima.

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    1. Caro Leonardo Gallo Araujo Lima, você traz um ponto de grande relevância: muitos estudantes - mesmo que não gostem muito – esperam uma aula tradicional. Não podemos negar a historicidade dessa prática didática e a cultura por ela alimentada. Creio que o primeiro passo seja reconhecê-las. Mesmo para nós, professores e professoras, muitas vezes, é difícil transpor este padrão: nossa formação, também, está alicerçada em práticas tradicionais. Pensando nos estudantes, muitas vezes, me interrogo como sinalizar que suas falas serão consideradas? Que suas falas são relevantes? Que o erro ou engano no processo pedagógico é – tão somente – um movimento de construção da aprendizagem? Por outro lado, o papel estudantil em aulas dialógicas - por ser ativo – é exigente. Refletir e expressar ideias, entre outros fatores, exigem um esforço e um comprometimento maior além de certa exposição.
      “Seria possível aproveitar a imposição do uso da plataforma digital para romper a cultura escolar do aluno como espectador?” Eu acredito que pode ser uma oportunidade para investir em um processo em prol desse intento. Se há a obrigatoriedade do uso da plataforma digital, que possamos pensar formas de ações diferenciadas neste espaço, aproveitando-se do fato de estarmos vivenciando espaços e tempos, também, não usuais; é uma aposta salutar.
      Esta conjuntura pode propiciar que estudantes aceitem papéis de maior autonomia e, lógico, criar oportunidades para novas experiências no processo de ensino-aprendizagem quando retornarmos aos encontros presenciais. Uma idéia é pensar estratégias que instiguem alunos e alunas a nos auxiliarem na produção de formas e suportes para a comunicação de conhecimentos históricos. Um fazer conjunto entre o professor historiador e seus pupilos capaz de se configurar como uma experiência de trabalho em equipe, de produção de conhecimento e de valor democrático. Aliada a esta idéia, podemos, também, pensar estratégias de valorização da leitura de mundo estudantil como um ponto de partida para algumas experiências pedagógicas. Com certeza, tiveste um belo insigth ao pensar este período tão difícil como uma janela de oportunidade em prol do investimento em condições para o estabelecimento de relação de aprendizagem dialógica.
      Agradeço a oportunidade de trocarmos experiências e expectativas. Meus melhores cumprimentos,
      Patrícia R. Augusto Carra

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    3. Prezada professora-doutora Patrícia,
      fico muito agradecido pela sua atenção às minhas reflexões e ao meu questionamento, que foram frutos mais da experiência da docência e da interação com meus alunos, do que de uma reflexão sistemática sobre uma modalidade de ensino não-presencial. Antes da pandemia de covid-19 já interagia com meus alunos virtualmente, principalmente por meio de grupos de whats app. No entanto, essas interações em meio virtual eram apenas complemento do que havíamos trabalhado em sala de aula, um vídeo ou imagem que mencionara durante a aula era postado no grupo da sala, havendo diálogo com aqueles estudantes mais interessados e com possibilidade de se conectar à internet (afinal de contas, no interior do MA a maioria não possui conexão com velocidade/capacidade suficiente para assistir aos vídeos ou carregar muitas imagens).
      Atualmente, empurrados para uma situação de isolamento social, com suspensão das aulas presenciais, tenho tido experiências mais exitosas com alguns alunos, especialmente turmas de 2º e 3º anos do ensino médio, porém, verdadeiros desastres com outras turmas, principalmente as turmas de EJA e do 1º ano do Ensino Médio. Minha hipótese para esse abismo entre os resultados dessa experiência é a ausência de uma relação interpessoal com os estudantes das turmas de EJA e dos 1º anos. Como criar com esses alunos, que mal me conhecem, um ambiente em que eles se sintam seguros para expressar suas ideias?
      Por outro lado, com os alunos com os quais já possuo uma relação interpessoal que lhes inspira mais confiança, principalmente os jovens dos 3º anos, é possível trazer documentos como situação-problema, como nas aulas sobre movimento operário em que trabalhamos com a música e letra da Internacional, ou estudando o mercado de trabalho atual, em que assistimos documentários, programas de entrevistas e debatemos sobre memes e reportagens de jornais. Sendo que pela plataforma digital meu protagonismo foi muito menor, havendo muito mais participação dos discentes que nas aulas presenciais. Mas, acredito que sem a construção desse relacionamento de forma presencial, essa pequena mudança na forma de comunicação, que se deu pelo meio virtual, não ocorreria.
      Constatado isso, meu problema é como criar essa mesma relação (ou algo parecido), com alunos que mal me conhecem pessoalmente? Como conquistar-lhes a confiança e fazê-los sentirem-se seguros para se expressar e debater livremente?
      Mais uma vez agradeço o privilégio de poder interagir e debater com a senhora e com outros professores.
      Desejo à senhora a mais sincera estima.
      E nessa conjuntura, mais importante ainda, muita saúde!!
      Leonardo Gallo Araujo Lima

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    4. Caro Leonardo,
      Bom dia!
      É muito gratificante saber de suas experiências. Tem ótimas idéias/práticas. Concordo com sua avaliação em relação às turmas do 1° ano do Ensino Médio e do EJA: a construção de um vínculo de confiança é fundamental para o trabalho que deseja realizar.
      “Como conquistar-lhes a confiança e fazê-los sentirem-se seguros para se expressar e debater livremente?” Eu não tenho receitas, também, estou caminhando, um passo por vez, nestes tempos.
      Uma estratégia que trouxe bons resultados: uma pausa no planejamento previsto e a proposta para que eles falem (por áudio e/ou vídeos) sobre suas experiências cotidianas nestes tempos (se estão em casa, se estão trabalhando, como estão lidando com os cuidados de si e de familiares, receios, expectativas, dificuldades, soluções). E o professor pode, também, apresentar um pouco de si e de suas expectativas neste contexto.
      Por fim, principalmente, em relação ao EJA, lembro que, em especial para as mulheres, está sendo registrada uma carga maior de trabalho no lar. Temos, também, registros de aumento nos índices de violência doméstica. Enfim, há toda uma conjuntura que pode estar influenciando o comportamento estudantil.
      Sinto não ter condições de contribuir com sugestões mais pontuais, contudo, infiro, a partir de suas colocações, que logo perceberá como trazer esses estudantes para a Ágora (mesmo com as limitações impostas pelo distanciamento social).
      Fraterno abraço e votos de saúde e sucesso em sua trajetória pessoal e profissional.

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  2. Patrícia Carra, estamos vivendo um período que exige muitas reflexões o que também é necessário em nossas práticas pedagógicas, e foi exatamente isso que me levou a escolher seu texto como uma das minhas práticas de leitura nesse evento. Sou de Minas Gerais e professora da Rede Municipal de Contagem/ MG (região metropolitana de Belo Horizonte), e como todos os professores do Brasil estamos enfrentando muitos desafios. A prática de aulas online, após levantamento com o público da escola, percebemos que seria inviável. Diante disso, montamos apostilas interdisciplinares que dialogam com o atual contexto. Estamos caminhando entre erros e acertos. Porém, o nosso maior desafio é com os governantes. A prefeitura de Contagem não colabora com nenhuma de nossas ações e ainda executa medidas que compromete o corpo docente, como cortes de salário e dos benefícios de carreira.
    As aulas da rede estadual de ensino de Minas Gerais serão retomadas, de forma remota, a partir de hoje. O governo estadual elaborou uma apostila unificada para toda a rede e os alunos que tiverem acesso à internet poderão acompanhar aulas no YouTuber. Essa iniciativa não conta com a colaboração dos professores, mesmo porque o governo não paga esses profissionais em dia. Esse mês eles ainda não receberam e não há previsão.
    Os professores, além de ter que lhe dar com essa pandemia ainda se encontram diante de ameaças profissionais. Isso vem adoecendo (ainda mais) essa classe de trabalhadores e impossibilitando qualquer pensamento crítico das práticas pedagógicas. Se a profissão do professor é precarizada, essa pandemia vai agravar ainda mais.
    Agradeço a sua colaboração,
    Paula Ricelle de Oliveira

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    1. Paula,
      Primeiro: eu expresso a minha solidariedade a você e demais colegas da rede municipal de Contagem. É hercúlea a ação profissional de vocês. Além de não contar com o apoio do governo municipal, ainda são atingidos por medidas que informam uma política de precarização do trabalho docente e, consequente, desvalorização do magistério.
      Quero, ainda, parabenizar a você e aos demais colegas de sua escola pela análise da realidade da comunidade escolar como pressuposto para a decisão sobre a melhor práxis pedagógica para este momento de distanciamento social. Gostei da idéia da produção interdisciplinar dialogando com o contexto que, atualmente, vivenciamos. Gostaria de saber mais sobre esta experiência e produção.
      Você tem razão quando diz sobre o adoecimento docente. Entre outros relevantes fatores, não podemos esquecer que profissionais da educação possuem um corpo. Sim, nós temos um corpo que ama, sofre, adoece, tem necessidades.
      Mesmo com todas essas dificuldades, você aqui está. Embora eu esteja ciente da grande desvalorização da educação, seu relato me trouxe tristeza. Sua presença aqui, neste evento, em especial, nesta mesa, entretanto, me trouxe alento.
      Fraterno abraço,
      Patrícia Rodrigues Augusto Carra

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  3. Dr Patrícia Rodrigues Augusto Carra, Estamos em um Período muito complicado com essa pandemia (COVID-19) apensar de todos os meios tecnológicos para o saber do ensino é não deixar de estudar ou deixar os estudos de lado, mesmo que o interesse de aprender seja algo de pessoa pra pessoa, assim como tem pessoas que optam é deixam bem claro que aulas onlines não é a mesma coisa que as aulas presencias (vice versa) Cada um com sua escolha.
    Mas e sabido dizer que o ensino presencial sem duvidas e um meio mais complexo da compreensão da aprendizagem, é para a melhor dedicação dos estudos ?

    Bruno Ribeiro de Melo

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    1. Caro Bruno,
      penso que não podemos afirmar que o ensino presencial é sempre o melhor. Há várias variáveis que devemos considerar para inferir sobre a eficácia de um ou de outro modelo de ensino. Há, inclusive, experiências híbridas (conjugam a modalidade EAD e presencial).
      Para a Educação Básica, creio ser essencial o ensino presencial. Um dos motivos para esta posição é entender o espaço escolar como, também, um espaço de socialização.
      A pandemia trouxe a questão da impossibilidade temporária das aulas presenciais. O ensino pensado para ser presencial foi, subitamente, transformado em remoto (ou à distância) e o uso de plataformas virtuais é a estratégia mais lembrada, contudo, não a única (há vários exemplos estratégias não on-line). O que, em geral, vivenciamos é o ensino presencial mediado - por hora – por tecnologias de informação e comunicação (TICs). É importante destacarmos que – por melhor que sejam as experiências vivenciadas neste tempo de distanciamento social – não estamos falando do EAD. O EAD, para funcionar, entre outras questões, tem todo um planejamento e estrutura pensados a priori.
      Espero ter respondido ao seu questionamento. Seguimos pensando sobre modalidades de ensino, democratização de acesso e uso das TICs e processos de ensino-aprendizagem. Meus melhores cumprimentos,
      Patrícia R. Augusto Carra

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  4. Boa-noite, professora Patrícia!
    Pertinente o seu artigo acerca do contexto atual do mundo e particularmente, do Brasil.Também, como docente na área da HISTÓRIA, estou vivenciando essas cenas na minha docência na rede privada. Na rede pública, vem os entraves: não há net para todos, professor sem preparo para tal, ameaça de cortar salário,etc. Verdade o que você cita quando ironicamente, se fala em INOVAÇÃO,jeito novo de fazer educação. Como, se enquanto 30% do alunado tem aparato tecnológico e 70% não tem? É bem dito a sua citação:"a carência do letramento digital é um problema que transcende o pedagógico e revela raízes sociais, políticas e econômicas. Grande verdade! Meu aluno da zona rural está lá confinado de tudo, privado de estudar e continuará assim porque não tem celular, notebook... Enquanto e-mail é do meu tempo, meu aluno não tem um; se pedir um trabalho digitado,não sabe ligar o PC! Se partir para a pesquisa histórica de temas relevantes,COPIA E COLA...eis a pesquisa! Assim, tenho notado distintas situações nas minhas aulas.E estou sentindo falta dos seminários, aulas passeios, roda de conversa, debates, entrevistas,etc.Não está fácil! Apesar de tudo, ainda acredito no poder do ensino presencial porque a HUMANIZAÇÃO HISTÓRICA, O OLHO NO OLHO AÍ SE CONCENTRA. Parabéns pela provocação pedagógica!

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    1. Cara Ivanize Santana Sousa Nascimento,
      Boa tarde!
      Bom saber de suas experiências. Realmente não está fácil. A cada amanhecer, temos que respirar fundo e buscar inspiração para vivenciarmos estes tempos de forma construtiva para nós e para os nossos afetos. Também sinto falta do “olho no olho”. Seminários, rodas de conversa, oficinas e toda uma gama de práticas que nos envolvem e seduzem - professores e alunos - na busca da construção do conhecimento.
      Seguimos nos fortalecendo nas trocas de experiências e na aposta em dias melhores.
      Fraterno abraço,
      Patrícia R. Augusto Carra

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  5. Bom-dia! Esqueci o meu nome...Ivanize Santana Sousa Nascimento

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  6. Professora, primeiro, meus parabéns pelo texto provocativo - como não poderia ser diferente neste momento. Acompanhei seu raciocínio a respeito dessa inserção tão brusca dos meios tecnológicos digitais dentro do ensino e do ensino de história e, mesmo, como a maioria dos casos, um contato ainda não existente, mas já com a necessidade de implantá-lo de alguma maneira.
    No entanto, apego-me ao inverso, ou seja, ao fato da “suspensão brusca do ensino presencial”, como a senhora bem coloca. Então, como a senhora, professora do ensino básico, avalia este impacto para os alunos, principalmente, os que gostam da disciplina História, que antes tinham uma relação muito íntima de pensamentos e dúvidas com os professores e, agora, mesmo com a provável volta às aulas presenciais, deverá ser de outra forma, de um jeito sem mais este contato presente tão próximo entre alunos e professores e mesmo entre alunos e alunos?
    Betsy Bell Praia Morais

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    1. Betsy Bell, boa noite!
      Tenho pensado sobre este retorno e uma das situações que vislumbro é justamente a que apresenta: retornaremos – professoras/professores e estudantes – saudosos dos nossos encontros no espaço escolar e não poderemos estar tão próximos. Provavelmente, nossos sorrisos estarão protegidos por máscaras e nossas demonstrações de afeto, talvez, sejam diferentes. Tomo a liberdade narrar uma situação vivenciada: em uma das minhas raras e rápidas saídas para ir ao mercado, ouvi um alto e conhecido “Sôra!”. Do outro lado da rua, mascarado e carregando uma sacola de compras, estava um dos meus queridos alunos. Quando acenei, ele desenhou um coração no ar com as mãos. Retribui e seguimos nosso caminho, ele para casa e eu para o mercado. Mas meu coração era só felicidade.
      Narrei esta experiência para dizer que reiventaremos, com a ajuda dos alunos, nossos cúmplices na arte do ensino-aprendizagem.
      Por fim, saliento a importância da nossa disciplina. Creio que necessitaremos oportunizar espaços de fala e de possibilidades de compreensão e de ressignificação dessa experiência. Uma ideia é: diante de nossas questões presentes, indagarmos ao passado sobre experiências e vivências de homens, mulheres e crianças em outros tempos.
      Fraterno abraço,
      Patrícia R. Augusto Carra

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  7. Boa tarde
    Sou professora de História e achei muito interessante seu artigo. Sempre utilizei da tecnologia nas aulas, a fim de proporcionar mais aprendizado para os alunos, porém agora com as aulas remotas vejo a importância tanto da tecnologia para que os alunos possam estar estudando num momento como esses mas também vejo a importância do livro didático nas aulas de História, pois vejo a dificuldade apresentada pelos alunos nesse momento nas leituras e interpretações. A disciplina de História proporciona meios de reflexão, interpretação que serão úteis na vida acadêmica, assim como na vida profissional. Porém muitos professores acham que o uso de livros é algo ultrapassado. Qual a sua opinião sobre?

    Inês Valéria Antoczecen.

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    1. Inês Valéria,
      Boa noite!
      Concordo que o livro didático pode ser um grande aliado neste período de aulas remotas e de distanciamento social. Afinal, é um material de consulta que todos os estudantes possuem e um instrumento capaz de auxiliar na organização da aula. Outro ponto que devemos considerar é o fato que a sobrecarga do trabalho docente, não raro, inviabiliza a possibilidade de se redigir textos de apoio como gostaríamos.
      Penso que a questão está em como qualificamos o livro didático em nossa prática pedagógica. No meu ponto de vista, o seu uso é viável quando o entendemos como uma ferramenta pedagógica e, como tal, portadora de limitações e possibilidades. Um instrumento didático cujo uso (onde, quando e como usar) será definido pelas professoras e pelos professores quando planejarem as suas aulas. Considero importante que o uso dos diferentes textos apresentados no livro didático possa ser pensado, também, para além do esperado fonte de informação. Que os textos que o compõe possam, também, ocupar o status de objetos de análise viabilizando práticas como: interpretação de texto, problematizações (situações-problemas propostas aos estudantes), análises críticas de imagens, entre outras possibilidades.
      Meus melhores cumprimentos,
      Patrícia R. Augusto Carra

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  9. Prezada professora Patrícia, parabéns belo e reflexivo texto. Anotei várias questões para pontuar, mas seria demasiado enfadonho e longo. Então comentarei o que mais me toca entre tantas questões, que não são epistemológicas ou historiográficas ou ainda que envolva a inter/transdisciplinaridade. Trabalho no IFS, no agreste sergipano, grande parte dos meus alunos não tem acesso a internet em casa, moram em povoados onde só a internet rural atende, e é cara. O MEC no momento resiste em adiar o ENEM e propagandeia o estudo mediado por tecnologias, o que fazer? É tão bacana discutir a descontinuação do tradicionalismo do ensino de História no cyberespaço, em combater o analfabetismo digital, iniciar um letramento histórico (esse foi novo pra mim, vou pesquisar), mas estamos presos ao básico: estrutura socioeconômica, falta letramento alfanumérico. Fui professor da escola pública estadual de dois estados, alguns alunos almoçam quando tem aula, às vezes não tomas café, já carreguei alguns para a secretaria, acordaram cedo, tiraram leite, cortaram palma, não dá tempo tomar café...
    Sabe, ainda que tenha estudado as relações de poder da nossa sociedade escravocrata, hipócrita e tão capitalista quando se pensa em lucro, confesso dificuldade em acreditar que tudo é como sempre foi.
    Mais uma vez parabéns.

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    1. Caro Luciano, compartilho de suas preocupações. Nossa sociedade, infelizmente, tem a desigualdade social e econômica - com grande marcador étnico-racial e de gênero - como uma de suas marcas. Reverter esse quadro é um ideal que parece difícil de ser alcançado e, agora, ainda, vivenciamos grande agravamento desta conjuntura. Dói.
      Mesmo com o anúncio do adiamento do ENEM (após sua escrita) - se mantidas as expectativas em relação às novas pretensões de data - creio que grande parte dos estudantes, ainda, contará com grande prejuízo.
      Refletir sobre nossa condição e problemas ou expectativas que a atravessam, ou ainda, pensar alternativas, penso, nos ajuda e - contraditoriamente - também, nos angustia.
      Não conheço, pessoalmente, a realidade do agreste sergipano. Sei que - como relata – é muito dura. Como você e os demais colegas do IFS estão vivenciando este período de pandemia covid-19 em relação aos cuidados de si e ao atendimento aos estudantes? Um fraterno abraço.
      Patrícia R. Augusto Carra

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  10. Boa noite Professora Dr. Patrícia!
    Parabéns pela relevante produção acerca do Ensino.

    Sou professora de História, e, sempre estudei e trabalhei em escolas publicas e em Projetos sociais de forma presencial. Mas fiz Minha Pós graduação em História em 2019 por meio da Plaforma a distância, e gostei muito.

    Porém, com os avanços da pandemia,é percebivel que o ensino a distância vem ganhando mais importância por meio das redes sociais, Uma vez que professores e alunos não podem sair de suas casas. Mas também vem sendo bastante desafiador, tanto para os profissionais docentes que se preparam para realizar suas aulas de forma virtual, Como também para os alunos que tem que se adapitarem as Novas ferramentas tecnologicas.

    Por outro lado, acredito que as Plataformas Digitais podem nos ajudar a ampliar os processor de Ensino/aprendisagem para além dos muros das Salas de aulas.

    Mas será que após a pandemia os alunos não correm o risco de querer só terem aulas na comodidade de suas casas?

    Um Grande abraço,

    Maria Josilda Ferreira da Silva

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    1. Maria Josilda, boa noite!
      Confesso que não havia pensado sobre esta possibilidade (os alunos desejarem terem as aulas na comodidade de suas casas). Assim, de imediato, e lembrando que nosso público escolar é muito heterogêneo, penso que a escola é um espaço para além da aquisição do conteúdo formal e, mesmo pensando somente neste aspecto, estar junto presencialmente – em especial para crianças e adolescentes - é muito importante para a formação de vínculos entre aprendentes e ensinantes, facilitadores do processo ensino-aprendizagem. Por outro lado, imagino que sim: alguns estudantes podem, neste período, entender ser mais prático ou produtivo (até em função das demandas do seu cotidiano) assistirem a aulas no espaço de seu lar. Neste caso, penso que deveremos ativar nosso olhar e nossa audição cuidadosa. Interrogar e refletir sobre suas motivações e, talvez, pensar nossas práticas. Grande e fraterno abraço,
      Patrícia R. Augusto Carra.

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    2. Prof. Patrícia, muito grata por responder minha pergunta.

      Um Grande abraço fraterno,

      Maria Josilda Ferreira da Silva

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  11. Bom dia , Dra Patrícia! Parabéns pelo texto e pela preocupação atual! Ensino História na Eja, e muitos alunos não tem sequer um contato telefônico, e os que têm não querem interagir no grupo criado via Whatssapp. As atividades passadas a eles por esse canal são de assuntos já vistos. Não sabemos quando as aulas voltarão ao normal.Queria sugestões sua de: o que fazer com esses alunos que mesmo estando no grupo de Whattsapp não querem participar? E os assuntos já vistos por eles, por se tornarem repetitivos, não se tornaram desmotivante a continuarem participando?
    DARLAN MELO

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    1. Boa noite, Darlan Melo.
      Vivencia, enquanto professor, uma situação complicada e, imagino, angustiante. Gostaria de ter respostas, mas, apenas, posso me propor a refletir junto contigo e é nesta ideia que penso ser uma urgência estratégias que possam manter o vínculo escola - professor - aluno. Talvez, já tenha tentado a sugestão que apresento: como eles já estudaram o conteúdo que está sendo proposto enquanto ensino remoto, quem sabe ter a liberdade de deixar um pouco de lado a ideia de reforço de conteúdo e partir para estratégias que permitam que alunos e alunas falem de suas vivências, expectativas e receios no cotidiano em tempos de quarentena? Vamos lembrar que somos sujeitos históricos. A partir da devolutiva deles e delas, selecionar temas para estudo (mesmo fora do programado na grade curricular), apresentar experiências de vivenciadas em outros tempos/espaços, propor vídeos e outras produções culturais para serem apreciadas e/ou analisadas. Seria uma forma de seduzir estudantes à manutenção do vínculo contigo e com o mundo escolar neste contexto tão difícil que, no momento, vivenciamos (e que para muitas pessoas revela-se muito mais grave). Concordo que a repetição de assuntos já estudados é fator que contribui para a pouca participação estudantil. Espero que tenha conseguido, pelo menos, expressar minha solidariedade e disposição em pensar junto sobre a realidade que vivencia. Fraterno abraço,
      Patrícia R.Augusto Carra.

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  12. Prezada Patrícia, inicialmente gostaria de parabenizar pela discussão. O Brasil é um país que não passou por experiências traumáticas explícitas e presentes na memória social como foram as grandes guerras mundiais, na Europa, ou conflitos étnicos e religiosos dos países africanos, do oriente médio, dentre outros, ainda recorrentes na atualidade. Na sua leitura, tal passado resulta em algum impacto do brasileiro lidar com uma situação de crise? Ou impede reflexões- principalmente pela ausência de uma memória relacionadas à contextos que geraram extrema fome, isolamento, medo e morte? Você compreende que nas aulas de História esses cenários eram compreendidos de forma muito abstrata pelos alunos? Qual o impacto dessas questões no ensino de História a partir dessa pandemia?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Sandra, boa noite!
      Difícil avaliar o impacto da pandemia COVID-19 sobre nossas aulas no futuro. Penso que vários desafios em relação ao ensinar História persistirão após o tempo de distanciamento social e, também, após o fim desta pandemia.
      Tenho expectativas ou desejos. Eu desejo que nossas vivências (neste período marcado por esta pandemia) sejam combustíveis para pensarmos a História, em especial, a brasileira. Que contribuam para trazermos para a prática docente, cada vez mais, a máxima de problematizar o presente para arguir a experiência de nossos antepassados, tanto enquanto sujeitos quanto enquanto grupos sociais. Espero que nossa ciência seja entendida como experiência viva e, talvez, desconstruir a idéia genérica da História como algo que já passou e está distante e alheia à contemporaneidade.
      Em relação às vivências históricas de situações traumáticas resultantes de conflitos - como os que cita como exemplos - e observando a experiência de alguns países europeus em relação ao covid-19, penso, não podermos afirmar que a população desses lugares está reagindo à crise de maneira mais sábia que nós, brasileiros. Aqui, além do covid-19, ainda estamos a lidar com grave crise política e de informações (fake news) que conseguem tornar o difícil, ainda, mais complicado.
      Em relação aos Estados africanos, muitos, além dos efeitos da pandemia de covid-19, ainda, vivenciam consequências sociais e econômicas de tragédias e/ou epidemias recentes. O pouco que estou conseguindo acompanhar me leva a concluir que podemos referenciar várias experiências de países africanos em relação à análise de suas realidades estruturais e às tomadas de decisões e de ações rápidas para diminuir os impactos desta pandemia em seus territórios. Talvez, muitos dos países africanos tenham muito a nos inspirar em relação ao gerenciamento da crise de covid-19. Não me sinto em condições, no momento, de arriscar uma comparação entre os procedimentos e sentimentos cotidianos da população desses países com os de nossa população. Por fim, concordo com sua percepção que os conteúdos ministrados nas aulas de História, por vezes, são entendidos, pelos estudantes, como distantes de suas realidades e/ou processos abstratos. Concordo, também, sobre necessidade maior destaque ao ensino de nossa história (de forma a nos sentirmos participantes e frutos dos processos históricos). Fraterno abraço,
      Patrícia R. Augusto Carra.

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    3. Agradeço a sua resposta. Sem dúvidas, são contextos diferenciados, com questões e problemas específicos das suas realidades. Também compartilho a perspectiva de demandas sobre análises da história a partir das questões do tempo presente. Afinal, essa geração de estudantes já está marcada, para o resto de suas vidas, pela pandemia. Abs

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  13. Primeiramente gostaria de ressaltar o presente texto pela problematização que ele permite estabelecer para este tempo de isolamento social e afastamento das mais diversas atividades. Acredito que é um tempo novo e desafiador, no campo da educação, seja para o aluno e também para o professor, visto que ambos não estavam e ainda não estão preparados para utilizar um sistema tão intensivo de aulas. Quanto as alternativas para o momento não vejo outra saída, e acredito que os meios de comunicação tecnológica tem superado as expectativas, porém sinto que isso pode gerar um prejuízo na aprendizagem, visto que o estabelecer contatos é favorável para o conhecimento. O que pode se pensar a partir dessa ideia? Seria possível realmente aprender da mesma forma como se estivesse em uma sala de aula? Quais os desafios que podem ser apontados para pensar uma superação futura e quais os avanços pode se acreditar que este método de ensino já está gerando em nosso meio?

    Tobias de Oliveira Coelho

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    1. Boa noite, Tobias.
      De um momento para o outro, o que era presencial ficou distante. Difícil atingir a mesma qualidade esperada, até por, frente ao inesperado, nossas bússolas ainda esperam resultados, frutos uma situação diferente da, no momento, vivenciada. Nossas ações, ainda, por vezes, usam como balizas a experiência presencial (e não sabemos quando sairemos da situação de ensino remoto). Como afirma, vivemos um tempo de desafios. Um passo de cada vez... E, ainda, há a questão dos recursos técnicos para o ensino à distância que muitos não têm acesso.
      Um dos desafios é pensar quais serão os marcadores que usaremos para mensurar a aprendizagem neste período. Ao retornarmos às aulas presenciais, penso que cada instituição de ensino, frente à realidade de sua comunidade escolar, terá que avaliar a experiência do período não presencial e – com sua equipe de profissionais – pensar como avaliar o realizado, o que precisa ser revisto e estratégias e calendários para o período pós- pandemia. Em relação às TICs na educação, creio que não poderemos ignorar as suas contribuições, mas, também, deveremos considerar os seus limites e as questões de acesso.
      Meus melhores cumprimentos,
      Patrícia R. Augusto Carra

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  14. Boa tarde, parabéns pela reflexão! Gostaria de levantar uma questionamento a partir de uma citação que você usou no texto: intervir no mundo para conhecer o mundo.

    Como intervir no mundo e em suas infinitas possibilidades seu não o conheço? Não afirmo assim que temos que ser especialista no assunto para depois falar e agir em tal. Mas será que intervir no mundo sem o mínimo (básico) ajuda a aprender ou multiplica o desconhecimento? Retrato disso são os atuais resultados do Brasil no Pisa.

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    1. Rafael Sebastião, bom dia!
      Como conhecer o mundo e suas infinitas possibilidades sem se atrever a intervir no mundo? Partir de nossas experiências para a construção de novos conhecimentos? Uma colocação trivial, apenas, para iniciar a reflexão: nossa vida tem historicidade e ao longo dela experimentamos o mundo, formulamos hipóteses, confrontamos idéias e, assim, vamos aprendendo e nos dispondo à aprendizagem de novos conceitos.
      Meus melhores cumprimentos,
      Patrícia R. Augusto Carra

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  15. Boa noite!

    Gostaria de perguntar referente a reflexão que a senhora aborda sobre o ensino durante esses tempo de pandemia, se já consegue imaginar como pode ser esse pós pandemia? no caso a senhora ver que o ensino de história, como em geral vai ter que se adaptar mais uma vez?

    Ass: Pedro Henrique Ribeiro Fernandes

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    1. Pedro, bom dia!
      Tenho pensado, mas não tenho, ainda, uma idéia sobre como será o ensino de História no período após a pandemia. Temos grandes desafios em relação ao ensinar História que persistirão após o tempo de distanciamento social e, também, após o fim desta pandemia. Há, também, a reflexão sobre a docência de História nestes tempos vivenciados sob a égide, do que aqui chamarei, de névoas conservadoras.
      É lógico que, como mencionei para a Sandra, tenho expectativas, que quero otimistas, como serem nossas vivências nestes tempos de pandemia: combustíveis para pensarmos a História (em especial, a História do Brasil); experiência que nos inspire usar nosso cotidiano e as vivências de nossos estudantes para arguir a experiência de nossos antepassados, tanto enquanto sujeitos quanto enquanto grupos sociais; oportunidade para o estudo de nossa ciência ser entendido como experiência viva e capaz de auxiliar na capacidade de compreensão de mundo e da condição humana e, talvez, desconstruir a idéia da História como algo distante e alheio à contemporaneidade. Mas estas, mais que expectativas, são ideias presentes na esfera do desejo.
      Penso que não poderemos ignorar as TICs (possibilidades e limites) no ensino. Quanto ao ensinar História (e não apenas) no retorno às aulas na modalidade presencial, sem dúvida, nós teremos que, mais uma vez, nos adaptar às condições que encontraremos.
      Meus melhores cumprimentos,
      Patrícia R. Augusto Carra

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  16. Neste processo uma das apreensões que perneiam o ensino de história, não só em tempo de pandemia, são os princípios do “Escola sem partido” que atua vigiando o fazer docente com a preocupação primordial de desqualificar o conhecimento de professores e professoras, expondo e fazendo perseguições políticas. Natanael de Jesus Santos

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    1. Caro Natanael,
      Tem razão. A “Escola sem Partido” é, desculpe a expressão, uma calamidade antidemocrática que desde 2014 (embora já existisse antes) vem atuando. A partir de 2016, o Movimento Escola Sem Partido, intensificou as ações no campo do ensino e espalhou o medo: um veneno para uma educação para a democracia. Apesar de não estar nos holofotes atualmente, ainda, tem simpatizantes que estão a causar danos e o ensino de História é um dos seus constantes alvos.

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  17. Ana Cecília Moreira22 de maio de 2020 às 16:23

    Professora Patrícia, parabéns pelo texto reflexivo por causa dessa pademia do covid-19 todos os professores tiveram que ser adapta a uma Nova maneira de lecionar mas apesar dessa plataforma digital será que todos os alunos irão se beneficiar dessas aulas ?

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  18. Eu entendo a práxis pedagógica como uma prática exercida pelos (as) docentes quando buscam unificar as teorias do conhecimento com as atividades práticas que elas implicam. Considerando Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire e Filosofia de la práxis de Adolfo Sánchez Vázquez, seria a indissolubilidade entre teoria e prática. Quais as possibilidades de desenvolver essa práxis em tempos de pandemia de Covid-19 através das aulas remotas?

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  19. Estimada Profa,
    Em nome da Mesa de Ensino de História: Teorias e Metodologias, gostaria de agradecer por compartilhar o seu conhecimento conosco. O seu trabalho foi um diferencial em nosso evento. É perceptível o quanto as suas reflexões motivaram e incentivaram os leitores. Obrigado!

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