HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO: APORTES PARA O CONTEXTO REPUBLICANO BRASILEIRO
Sabe-se que várias foram as fases ou períodos em que o
Brasil foi governado por grupos, e muitos destes enfrentaram a diversidade
política e os mais diversos problemas sociais e incertezas. Estas entrelaçadas
nas políticas econômicas e sociais que em muito levam a população deste país a
momentos de euforia e de extrema preocupação. Fausto [2002, p. 245] aponta para
a transição do Império para a República, a seguinte situação, que, “como
episódio, a passagem do Império para a República foi quase um passeio. Em
compensação, os anos posteriores ao 15 de novembro se caracterizaram por uma
grande incerteza. Os vários grupos que disputavam o poder tinham interesses
diversos e divergiam em suas concepções de como organizar a república”.
Aponta-se neste, que as diferenças eram grandes em relação
ao pensamento político, em que Fausto [2002, p. 246] aponta. “Apesar da
profunda rivalidade existente entre os grupos no interior do Exército, eles se
aproximaram em um ponto fundamental. Não expressavam os interesses de uma
classe social, como era o caso dos defensores da República liberal”. O referido
trabalho apresentado buscará neste momento, apresentar elementos da história do
Brasil no período de transição do governo das Oligarquias para o governo de
Getúlio Vargas, em que primeiramente se apresenta como Governo
Provisório, em seguida o Governo Constitucional e depois o Estado Novo, mas
para se entender tais elementos, se transitará na história.
Desafiando as forças conservadoras da oligarquia que
comandava o país, a figura de Getúlio Vargas, gaúcho, que se junta a políticos
de Minas Gerais e da Paraíba (que apesar de perder as eleições), manobra um
golpe e assume a presidência do Brasil em 1930. Retorna-se ao período
republicano anterior a Vargas, pois se acredita que tal período tem sua
importância e vai gerar o processo de transição para Getúlio. Ainda, que vários
eram os problemas a serem enfrentados pelos republicanos, um deles é o
financeiro, com dívidas herdadas do Império, o qual consumia grande parte dos
valores da Balança Comercial brasileira.
Dentro da história do Brasil e para dar prosseguimento a
este, aponta-se que a Constituição de 1891, promulgada (por Rui Barbosa), teve
em sua elaboração muitas discussões. Sobre a inspiração desta, Fausto [2002, p.
249] cita que: “a primeira Constituição da república inspirou-se no modelo
norte-americano, consagrando a República federativa e liberal.” Ainda se sabe
que esta estabeleceu os três poderes – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário,
ainda, Estado e Igreja passaram a serem instituições separadas, deixando assim
de ter uma religião oficial no Brasil. Tal fator foi importante para a questão
da imigração no país. Fausto, cita que:
A descrição do processo político que
vai da proclamação da República às presidências civis nos permitiu ter uma
ideia de como se consolidou um certo tipo de República. Até aqui,
deliberadamente, ela foi chamada quase sempre de República liberal. Fizemos
isso, tendo em vista preceitos da Constituição que ela adotou e a ideologia dos
setores que prevaleceram na organização do novo regime. Entretanto, a Primeira
República recebeu outras designações. As mais sugestivas são as de República
oligárquica, República dos “coronéis”, República do “café com leite”. Um bom caminho
para se fazer uma caracterização geral do período consistem perguntar se essas
denominações são ou não adequadas” [2002, p. 261].
É claro que tais denominações são importantes, pois designam
uma época da história do país e apontam para um caminho, pelo qual o
pesquisador pode apontar suas análises. Pode-se
apontar que a República do “café com leite”, teve várias características, como
o comando do país por um grupo pequeno de políticos em cada Estado, uma certa
autonomia estadual, em que cada região buscava seus interesses próprios, ainda
alguns Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, tinham grande
expressão na política.
Sabe-se que, Fausto [2002, p. 262], aponta que “à primeira
vista, parecia que o domínio das oligarquias poderia ser quebrado pela massa da
população através do voto. Entretanto, devemos lembrar que o voto não era
obrigatório e o povo, em regra encarava a política como um jogo entre os
grandes ou uma troca de favores. (...) A porcentagem de votantes oscilou entre
um mínimo de 1,4% da população total do país (eleição de Afonso Pena em 1906) e
um máximo de 5,7% (eleição de Júlio Prestes em 1930)”.
Ainda se pode apontar, que neste período os resultados
eleitorais não eram muito confiáveis, em que o voto não era secreto e muitos
dos eleitores estavam sujeitos às pressões dos chefes políticos locais. Tais
chefes políticos concentravam uma grande soma de poder, em que se trocavam
votos por favores dos mais variados. Para Nagle [1974, p. 7], este cita que: o
voto era um instrumento “sem compromisso ideológico” – interpretação válida
para toda a história da Primeira República. O descompromisso refletia-se no
feitio da mentalidade política brasileira, autorizando a afirmação de que “povo
político”, propriamente falando, inexistia no Brasil.
Pode-se citar que neste período um grande número de
imigrantes chegou ao Brasil, trabalhadores que buscavam uma oportunidade de
trabalho e ascensão social. Muito da história do Brasil, se dá tomando como
base o trabalho (nem sempre um trabalho pago justamente), em certas épocas,
estas pessoas que venderam sua força de trabalho, uma classe de operários, que
buscaram com movimentos reivindicatórios e manifestações nos anos de 1917 a
1920. Estes movimentos, organizados por sindicatos, levaram os trabalhadores a
buscar leis que trouxessem alguns benefícios a estes.
A urbanização pode ser considerada como uma ação efetiva do
processo de modernização das cidades e da busca para o chamado desenvolvimento.
Vê-se que as cidades neste início de século se alteram em nome da chamada
modernização. Este processo faz parte de uma realidade que se apresenta dentro
das concepções capitalistas que buscam não apenas se inserir no Brasil, mas
também se consolidar como elemento fundante de uma classe de proprietários das
fábricas e detentores de um capital desenvolvimentista.
Os movimentos foram vários nas principais cidades, como São
Paulo e Rio de Janeiro, o qual enfrentavam problemas sociais com a exploração
da mão de obra dos trabalhadores, uma classe de pessoas que vendem a sua força
de trabalho, em muito chamados de operários. Ainda, se pode verificar que em
muito os interesses pessoais de crescimento e ascendência social, reflete a
atitude dos indivíduos em relação as condições que estes enfrentam em seu cotidiano.
A política dos anos 1920 sofreu alterações baseadas na
estrutura socioeconômica do país, também se pode ver que tal alteração na
sociedade se dava também por mudanças como uma maior participação popular na
política, ainda, ocorria um certo desgaste entre as oligarquias no que se
refere as sucessões presidenciais. Também
neste contexto, ocorreu o movimento tenentista, que entre 1922 e 1927, estes se
fizeram mostrar em suas reivindicações. Em seu primeiro governo, o chamado
“Governo Provisório” pode-se dizer que Getúlio teve como objetivo reorganizar a
questão política do Brasil, pois este busca centralizar em suas mãos o poder,
buscando tirar de cena órgãos legislativos em várias esferas.
Fausto [2002, p. 333] cita que, “as medidas centralizadoras
do governo provisório surgiram desde cedo. Em novembro de 1930, ele assumiu não
só o Poder Executivo como o Legislativo, ao dissolver o Congresso Nacional, os
legislativos estaduais e municipais”. Ainda se pode citar, que muitas das
medidas de Vargas, levam a uma tensão entre as velhas oligarquias, quando
centralizou a política do café em suas mãos e os militares, que atuavam como
interventores a mando do presidente. Dentro do contexto, Vargas continua no
poder nos anos de 1934 a 1937, em que se pode chamar de segundo mandato, em que
se chama de Governo Constitucional, em que este se utiliza de um pensamento
fascista, em que duas forças atuam na política brasileira, a ANL e a ANB.
Ainda, sabe-se que Getúlio Vargas institui um período
ditatorial, em que aponta elementos de um plano comunista no Brasil e fecha o
Congresso Nacional e impõe ao país uma nova Constituição. Este golpe que Vargas
organiza no país, tem o apoio de diversos setores da sociedade que o deixa no
poder de 1937 a 1945. Vargas volta a presidência em 1950, mas não completa seu
mandato, pois se suicida em 1954. Para o período getulista, a historiografia
aponta que esta foi uma preocupação e é citada como um período de iniciativas
diversas, no nível dos Estados. Para se chegar ao período de Vargas e as tais
reformas, cita-se neste período, que ocorreram reformas e medidas tomadas nos
anos 1920, como a reforma promovida por Sampáio Dória, Lourenço Filho, Anísio
Teixeira, Mário Cassassanta e Fernando de Azevedo.
Muitas destas reformas educacionais foram promovidas por
legisladores que acreditavam fazer algo de positivo pela educação, ou por seus
próprios interesses ou do seu grupo político, mesmo já passando para o século
XX, muitos ainda acreditavam estar no período escravocrata, outros pensando nas
mudanças do trabalho imigrante assalariado, ainda para alguns as ideias
monarquistas conflitavam com as concepções liberais. As correntes políticas
buscavam apontar para alguma direção, muitas orientavam ações, outras impediam
as transformações da educação. Em que se buscavam implantar um modelo de ensino
de cima para baixo, em que buscavam fomentar na educação um período de formação
de mão de obra para a nascente indústria, em meio a estas, aplicava-se ainda
uma educação elitista. Nagle cita que:
ao atribuírem importância ao processo
da escolarização, prepararam o terreno para que determinados intelectuais e
“educadores” – principalmente os “educadores profissionais” que apareceram nos
anos vinte – transformassem um programa mais amplo de ação social num restrito
programa de formação, no qual a escolarização era concebida como a mais eficaz
alavanca da história brasileira [2002, p. 261].
Várias foram as instituições de ensino criadas a partir
desta “necessidade”, em que se formataram instituições de educação e controle
de uma população jovem, que estes eram chamados de desvalidos da fortuna. Para
tal, Saviani [2010, p. 196], este cita que: “com essas medidas resultou
evidente a orientação do novo governo de tratar a educação como questão nacional,
convertendo-se, portanto, em objeto de regulamentação, nos seus diversos níveis
e modalidades, por parte do governo central”. Ainda,
cita-se que processo educacional deste período é marcado por embates políticos
entre diferentes pensamentos, em que se formatam instituições de ensino
diversas, não somente para o ensino primário e secundário, mas também
profissional. Muitas destas tinham o objetivo de atender as classes menos
favorecidas, como o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, criado em 1873 e as Escolas
Federais de Aprendizes Artífices, criadas nas capitais dos estados em 1909.
Sabe-se que havia no período
uma crítica ao ensino profissional técnico, que se referia ao seu programa
educativo, o qual proporcionava o ensino das letras e a aprendizagem manual dos
ofícios, o qual se chamou pelo mesmo autor [p. 166] de “desanalfabetizando o
aluno, tal como uma escola primária”. Cita-se em relação ao ensino
técnico-profissional, mais uma medida de alteração deste é adotada, é a
portaria de 13 de novembro de 1926, o qual firma e sistematiza as medidas
adotadas pelo governo federal a esta modalidade de ensino. Ainda, dentro da
implantação do ensino industrial no Brasil, são criadas outras instituições
durante o período getulista, chamado “Estado Novo”, no qual, criam-se
instituições como o SENAI pelo Brasil.
A questão do ensino profissional no país, ainda
perpassa por demais instituições (como citado acima), que visavam à formação de
jovens para a indústria, estas gestadas pelo Governo Federal. Neste momento, se abre espaço para citar um pouco da
legislação sobre as escolas profissionais, pois, a reforma de 1932, buscava
articular as escolas profissionais com as escolas secundárias, ainda, em
seguida, a legislação aponta o Decreto n. 5.922-A, de fev. 1937, o qual se faz
um retorno à situação de desintegração anterior à reforma de 1932. Pode se
apresentar a principal mudança neste Decreto “(...) foi o abandono da
orientação impressa por Anísio Teixeira em 1932, de que todos os
estabelecimentos de ensino secundário se transformassem em escolas técnicas
secundárias” [CUNHA, 2005, p. 187]. Sabe-se ainda,
que o momento necessitava uma formação de mão de obra para o mercado de
trabalho.
Com o
estabelecimento do Estado Novo em 1937 e a referida Constituição, modificava-se
a questão educacional. Romanelli [2003, p. 153] aponta que, “a Constituição de
1937 modificava substancialmente a situação, pois deixava de proclamar o dever
do estado quanto à educação e limitava-se a ação”. Verifica-se que para o
período, a educação profissional e alguns ramos do ensino, eram modificados.
Nesse contexto é fundamental citar a Lei Orgânica do Ensino Industrial;
Decreto-Lei 4.048, de 22 de janeiro de 1942, ainda, o Decreto-Lei no. 4.073 de
30 de janeiro de 1942, em que organiza o ensino industrial (Lei orgânica do
Ensino Industrial) Romanelli [2003, p. 154]. Ainda se pode citar na [p.155], em
seu artigo 67 desta lei, que:
o ensino industrial
das escolas de aprendizagem será organizado e funcionará, em todo o país, com
observância das seguintes prescrições: I – o ensino dos ofícios, cuja execução
exija formação profissional, constitui obrigação dos empregadores para com os
aprendizes, seus empregados. II – os empregados deverão, permanentemente,
manter aprendizes, a seu serviço, em atividades cujo exercício exija formação
profissional. IV – as escolas de aprendizagem serão localizadas nos
estabelecimentos industriais e cujos aprendizes se destinam, ou na sua proximidade.
XII – as escolas de aprendizagem darão cursos extraordinários para
trabalhadores que não estejam recebendo aprendizagem.
Contribuiu para
este artigo, a ideia de que o momento exigia uma postura do governo referente
ao ensino profissional, tal ação se deu com as alterações acima citadas. Mas
ainda se pode discutir em quais concepções teóricas metodológicas se deram tais
mudanças. Sabe-se que os acontecimentos na sociedade são elementos em que a
realidade se apresenta e exige certas posturas dos legisladores, pois em nosso
ver, uma concepção de realidade e de mundo fora utilizada na época, pois se
busca entender o modo humano de existência, o qual se vincula a uma concepção
de realidade e de vida, pois a sociedade muda, e as referidas mudanças se dão
pela necessidade de transformação que esta exige.
Para tal, Löwy
[2006, p. 15] nos aponta que: “a hipótese fundamental da dialética é de que não
existe nada eterno, nada fixo, nada absoluto. Não existem ideias, princípios,
categorias entidades absolutas, estabelecidas de uma vez por todas. Tudo o que
existe na vida humana e social está em perpétua transformação, tudo é
perecível, tudo está sujeito ao fluxo da história”. Pode-se citar que toda a legislação apresentada neste trabalho se volta para o
desenvolvimento pessoal, concepção essa fundamental da educação. Enquanto ser
social e histórico, os sujeitos necessitam da sua própria ação política para se
utilizar destas determinações em busca de uma vida melhor.
Referências
Aruanã
Antonio dos Passos é Doutor em História pela Universidade
Federal de Goiás (UFG). Docente do Departamento de Ciências Humanas da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Pato Branco.
Willian Roberto Vicentini é
Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
Doutorando em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Docente da
Faculdade de Colombo (FAEC) e da Secretaria de Educação do Estado do Paraná
(SEED).
CUNHA, Luiz Antônio. O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização.
2ª. ed. São Paulo: Unesp; Brasília, DF: Flasco, 2005.
FAUSTO, Bóris. História do Brasil. 10ª. ed. – São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, 2002.
NAGLE, Jorge. Educação e Sociedade na Primeira República. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974.
ROMANELLI,
Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 28ª. ed. Petrópolia – RJ:
Vozes, 2003.
SAVIANI, Demerval. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. 3ª.
ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2010.
Olá, professores. Vocês fizeram, no decorrer do seu texto, referências às várias maneiras de se pensar a educação no país, ao longo de nossa história e claro que isso influenciou as variadas tendências pedagógicas no Brasil, em diferentes contextos. Gostaria de saber em que medida os ideais escolanovistas (vocês citaram nomes como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo), presentes durante a Era Vargas, por exemplo, permanecem atualmente, para além da defesa da escola pública e da educação gratuita. Michell Alves de Almeida Ricarte
ResponderExcluirPrezada Michell Alves de Almeida Ricarte agrademos seu comentário e sua questão!
ExcluirVeja, várias foram as reformas educacionais neste período. O que importa destacar no que tange a educação, era a conjuntura em que o Brasil. Uma das que merece destaque era a industrialização. As reformas educacionais passaram então a se preocupar com esse processo de qualificação de uma mão de obra, portanto, torna-se projeto nacional e assim cria-se o Ministério da Educação. Mas, as reformas em geral, privilegiavam uma concepção de educação segmentada por classe social, logo elitizada. A educação voltada para o trabalhador se intensifica nos anos 40. O Manifesto de 1932, tinha em seu espírito modernizante o combate ao que esse grupo de intelectuais considerava como um ideal educacional plural e laico. No entanto, apesar de seu idealismo e da presença de parte desses intelectuais na máquina do Estado a educação ainda que ampliada gradativamente manteve as desigualdades sociais. É inegável que nas décadas posteriores, o Brasil realizou a maior expansão do sistema educacional, mas essa sedimentação se manteve. Então, retomando sua questão podemos dizer que a diferença continua, mas as constituições ainda são tímidas quanto a educação, tanto a de 34 quanto a de 37. No geral, falam de educação, assumem para o Estado a responsabilidade pela educação de seu povo - um ideal já presente no Império - mas na prática as disparidades se mantiveram. O que nosso trabalho procurou apresentar, ainda que de forma breve, é a emergência, especialmente a partir dos anos 40, a educação profissional se intensifica e as antigas escolas de artífices se propõe como modelo e paradigma para as classes trabalhadores, mas com uma ideologia liberal industrial. Assume-se e implementa-se um ideal então já presente nos governos Vargas, formar para o trabalho. Tanto Lourenço Filho e Anísio Teixeira, agiram, em boa medida, como elementos que apesar de pensar a escola para todos, fizeram parte do fomento ao desenvolvimento industrial e desta escola elitista preocupada em formar para o trabalho.
Desculpa pelo Prezada... Prezado Michell...
ExcluirBoa tarde prezados, gostaria de saber se na visão de vocês o período educacional tratado traz mudanças significativas em relação a primeira República, visto que os contextos são diferenciados apesar de ambos serem republicanos? NELES MAIA DA SILVA
ResponderExcluirNeles Maia da Silva, obrigado pela questão!
ExcluirDe fato, trata-se do período republicano, mas com diferenças de contextos. A preocupação de Vargas era com uma certa modernização do país, ainda que o próprio Vargas tenha emergido de uma oligarquia concorrente ao arranjo de Minas e São Paulo. Ao incluir a indústria nos planos educacionais ele fitava o desenvolvimento industrial do país por meio de uma política aliada aos empresários. Já o pós-Vargas, até o golpe de 1964, pode ser aqui sintetizado, como um momento de consolidação das instituições da sociedade civil e do empresariado comprometidas com a formação de trabalhadores qualificados para o trabalho industrial. Tanto é verdadeiro esse processo, que o ápice dele são a consolidação do Sistema S, como procuramos chamar a atenção em nosso trabalho.
Boa tarde Prezados, queria saber se com a implantação da primeira república, que teve inspiração no modelo norte americano, podemos dizer que a segunda com Getúlio foi o contrário da primeira, em termo de golpe?
ResponderExcluirJosé Alexandro Rodrigues Silva
Obrigado pela questão e pela leitura do nosso trabalho!
ExcluirVeja, nos parece que a maior influência em nossa primeira República estava muito mais alinhado às experiências francesa, especialmente ao peso do positivismo francês na conformação do nosso Estado, com destaque para o Exército. Dito isto, podemos pensar na sua questão compreendendo que não foi exatamente uma inversão no processo revolucionário o que aconteceu. Isso porque, Vargas toma o poder numa tentativa de rearranjo entre oligarquias (SP e MG versus PB e RS, grosso modo). Ao tomar o poder, seu governo de 1930 a 45), vai se caracterizar por uma certa "modernização" conservadora. Já de 1950 a 1954, a conjuntura era diversa, e tornou seu governo - aí sim - conflitante com interesses norte-americanos. Em síntese, o grande paradoxo da nossa formação histórica se mantinha: elites alternavam-se nas cadeiras do poder, mas a população continuava alijada de uma cidadania consiste e ativa. É claro, que isso não significa que não tivemos polos e acontecimentos de resistência. Os exemplos são múltiplos e variados, mas o poder continuava concentrado nas mãos dessas elites.
Boa noite Prezados, gostaria de saber, qual foi um dos principais motivos do crescimento de imigrantes nos anos de 1920?
ResponderExcluirJosé Alexandro Rodrigues Silva
Prezado José Alexandro,
ExcluirAgradecemos pela questão. Desde 1890 o Brasil sofreu um processo de intensificação da imigração com forte peso para as pessoas oriundas da Europa, mas não apenas. Tivemos também migrações de contingentes populacionais de árabes e asiáticos. A principal motivação está relacionado ao fim da Escravidão e o "problema" de mão de obra que ele gerou, mas o aspecto mais importante se relaciona as teorias raciais do final do século XIX, em especial, a teoria da miscigenação das raças. Em síntese, acreditava-se que a "mistura" das raças levaria, de geração em geração, ao branqueamento do povo, e portanto, a evolução da sociedade como um todo. A imigração entrava nesse processo como um vetor de aceleração desse processo em duas frentes: a mão de obra e a raça. É evidente que essas teorias racistas carecem de comprovação científica e hoje já foram desacreditadas por completo, mas mantém focos de ação por parte de grupos políticos diversos. Outro aspecto relevante na sua questão, é o contexto da década de 1920. Internamente é um período de recepção junto a esses imigrantes de outras ideologias que influenciaram, dentre outros aspectos, a formação da nossa classe operária. Basta lembrar a grande greve de 1917 em São Paulo. Enfim, a questão é complexa e tem várias facetas. Como indicação, caso tenha interesse em se aprofundar, é o trabalho da professora Lilia Schwartz, O espetáculo das raças. Abraço!
Boa noite, professores.
ResponderExcluirNão há como desvincular o governo de Vargas ao contexto mundial. Durante a década de 20-30 surge a ideologia nazifascista que vai influenciar a construção da nossa constituição de 1937. E no final da década de 30 tem início a 2ª Guerra Mundial e dentro desse contexto Getúlio Vargas desenvolve uma política econômica baseada no processo de substituição de importações, que pode ser caracterizado por uma industrialização fechada, ou seja, ser voltada para dentro visando prioritariamente o mercado interno e dependente de políticas governamentais que protegessem a indústria nacional em relação aos seus concorrentes internacionais. Penso que a necessidade de adotar uma política baseada no processo de substituição de importações fez surgir a necessidade de uma mão de obra mais especializada para atuar nas indústrias. Não seria esse um dos motivos que fez surgir no Brasil, durante o Estado Novo, uma política educacional com uma tendência mais tecnicista?
Bruna Lana Prado Velozo Barroso
Obrigado pelo comentário e por ter lido nosso trabalho!
ExcluirSem dúvidas, você tem razão! O elemento externo/internacional é decisivo, mas em nosso texto procuramos enfatizar o contexto interno. Aprofundar nas relações internacionais com a conformação das instituições que se ocuparam em forma uma classe trabalhadora qualificada exigiria outro trabalho. Ademais, aos nossos olhos, a relação entre o Estado brasileiro e a organização dessas instituições é íntima e intrínseca. Em muito porque muitos dos sujeitos envolvidos nesse processo eram integrantes de uma mesma elite política e econômica, portanto, alinhados a um propósito articulado, uma vez mais: forma trabalhadores qualificados para uma indústria que se adensava. Dito isto, sua questão é um ótimo apontamento para analisar o tema sob um ponto de vista ampliado. Agradecemos!
Obrigada pelo retorno.
ExcluirEspero, em breve, ler outros textos produzidos por vocês.
Nós que agradecemos Bruna a atenção! abraços!
ExcluirParabéns pelo texto!!! No aporte estabelecido entre história da educação e período republicano, vocês optaram por uma descrição do processo histórico. Os agentes políticos assumem a educação e a cultura como uma questão nacional, isso na tentativa ou possibilidade de eficácia e alavancamento da história brasileira. Dito de outra forma, fazer o Brasil participar do concerto das grandes nações modernas era um desejo aparentemente comum. Com isso, me parece que o tratamento dado as artes, a “ciência”, a cultura e educação, tem uma dimensão política, eram questões que urgiam no que refere a formação da cultura e formação da nação. Nesses termos, pergunto aos nobres professores, o que insulou o crescimento, a inovação ou desabrochar das forças humanas nos setores culturais? Preocupações outras, parecem impedir qualquer fermento de renovação, desenvolvimento ou progresso, a que fatores se dá tal dimensão?
ResponderExcluirProfessor Wilson, obrigado pela leitura e pelas questões complexas!
ExcluirPensando na sua provocação e por alto, podemos considerar que o período em questão foi muito rico do ponto de vista cultural (literatura, música, artes plásticas, cinema, rádio, teatro e televisão), desde a Semana de Arte Moderna, o Samba até o Cinema Novo e às portas do Tropicalismo e da Bossa Nova. E, certamente, você tem razão, a cultura se mantém num campo de tensionamento, de forças contraditórias e conflitantes e, a criação artística e cultural se manifesta nessa inquietação. Vamos além! em muito, a arte e a cultura são formas de expressão dos seres humanos que se encontram em inquietude e desejam se manifestar, para si e/ou para outros. Esperamos que essa resposta não seja demasiada abstrata, mas é o que podemos te oferecer por hora. Abraço!
Obrigado professor Aruanã!! Concordo.... como um campo de batalha, a cultura sempre envolve dissensões políticas, afinal, é estabelecida uma relação entre formação da cultura e da nação, onde a identidade expressa, se recusa a identificar-se com sociedade brasileira. Grande abraço!
ExcluirNós que agradecemos professor Wilson! realmente esse tema merece mais atenção e às vezes é bastante apartado das análise políticas sobre esse período. Um forte abraço!
ExcluirPodemos dizer que o descaso da educação brasileira hoje, pode ser ou é fruto da falta de investimentos em uma Educação de qualidade, visto que nesse período de forte industrialização, a educação é baseada apenas na intenção de mão de obra barata, podemos dizer uma Educação operária ?
ResponderExcluirPedro Afonso da Silva
Prezado Pedro, obrigado pela leitura de nosso trabalho e pela sua questão!
ExcluirAcredita-se que o hoje é reflexo/efeito do ontem, pois o que se viu foram investimentos e políticas públicas que fomentaram o desenvolvimento de uma formação para a mão de obra. Mas, também os outros níveis de educação se desenvolveram e ampliaram, ainda que aquém da qualidade desejada, no entanto, com uma menor ênfase. Com a divisão social que ficou evidente ao longo da nossa história, sabemos que quando se trata de política pública qualquer projeto ou ação se torna complexa e variada. Em tempos de transição, intensos em mudanças e acontecimentos, em que a sociedade buscava respostas diversas em todos os setores da sociedade, o caso especifico das instituições que tratamos no texto, é notável que elas possuíam um interesse especial pela formação de trabalhadores aptos par a modernização industrial. Nos permita, por fim, um pequeno arremedo na sua questão. É extremamente complicado falarmos em "apenas" uma causa para qualquer fato histórico. Esperamos que essa não tenha sido a mensagem geral do nosso trabalho.
O trabalho de vcs é excelente, detalha muito bem esse período repúblicano, principalmente as fases getulista, essa minha pergunta, é algo que sempre acompanha, gosto dessa área da educação, e também tenho a impressão que num fase de industrialização forte, a Educação poderia ter um melhor enfoque.
ExcluirObrigado Pedro! Ficamos imensamente gratos pela sua atenção! Continue com esse interesse genuíno pelo tema! abraços!
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