FUNDAMENTOS
TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
ALGUNS APONTAMENTOS
Elucubrações sobre a História enquanto Ciência e Disciplina Escolar
Durante o século
XIX a História procurou afirmar-se como uma ciência nova, com parâmetros metodológicos
claros e bem estabelecidos. Nessa tentativa de consolidar-se como padrão da
ciência até então vigente, a historiografia utilizou-se de uma metodologia
semelhante à efetuada pelas ciências naturais. Criou-se então um questionamento
acerca da objetividade em termos históricos. Os historiadores da dita “Escola Metódica ou Positivista”
afirmavam-se capazes de tecer considerações sobre determinado tema de forma
objetiva, ou seja, dentro dessa perspectiva o objeto falava por si mesmo,
cabendo ao historiador apenas o relato de fatos e eventos ocorridos.
Dessa maneira,
ainda no século XIX, a História se estrutura enquanto disciplina escolar, do
resgate do passado, de fatos narráveis, explicitando um viés político. “O
passado desvinculado do presente era a área do historiador”. [Reis, 2004, p.
18].
A História,
enquanto disciplina escolar em tempos pretéritos, tornou-se elemento primaz da
produção e reprodução da narrativa do passado que era expressa na preservação
da memória política e cultural. O professor de História se tornava um educador
cívico, cujo principal objetivo pedagógico era levar o aluno a enxergar o
passado como lócus da evolução linear humana, sobretudo na ideia de renomear os
grandes feitos do passado, daquilo que é constitutivo do Estado enquanto Nação.
Todavia, a História enquanto disciplina se
norteou também pelos paradigmas científicos validadores da produção de
conhecimento. Dessa forma, a própria concepção de História enquanto área do
conhecimento e disciplina escolar sofreu transformações potentes no seu âmago
constitutivo e, de forma paulatina, à História eminentemente política, calcada
na importância do evento, dos grandes feitos nacionais, perdeu espaço para uma
História que busca compreender as ações do homem no cotidiano e as produções
culturais pertinentes ao fazer humano. As experiências sociais cotidianas
tornaram-se objetos de estudo da História.
Hodiernamente,
os usos e domínios da Ciência História se fundamentam na ampliação das noções
de documentos e nos métodos e ofícios do historiador. Ginzburg [2007, p.13]
destaca:
“[...]
Todos os fatos históricos são permeados de sentidos verdadeiros, falsos e
fictícios, mas que, no entanto, dão significância ao descortinar
historiográfico por não buscar uma verdade absoluta, pelo contrário,
delimita-se a entender as mentalidades que levaram os personagens de uma época
a realizar ações muitas vezes incompreendidas no presente – a micro história”.
Em
outras palavras, “o problema mais importante relacionado a uma fonte não é
saber se ela é verdadeira ou falsa, mas descobrir o que ela significa” [Arrais,
2010, p. 44]. Nesse sentido, que Ricoeur afirma que:
“Rastros,
documentos, perguntas formam assim o tripé de base do conhecimento histórico.
Para o historiador, o documento não está simplesmente dado, como a ideia de
rastro deixado poderia sugerir. Ele é procurado e encontrado. Bem mais que
isso, ele é circunscrito, e nesse sentido constituído, instituído documento,
pelo questionamento. Torna-se assim documento tudo o que pode ser interrogado
por um historiador com a ideia de nele encontrar uma informação sobre o
passado” [Ricouer, 2007, p.188-189].
Seguindo
esta premissa, podemos afirmar que a Ciência História, bem como sua produção
historiográfica, não labuta pela busca do ineditismo, ou uma “verdade absoluta”
que se encontra escondida ou adormecida em documentações de acervos públicos ou
tampouco nas memórias “fiduciárias” narradas por testemunhas. A questão não é
mais estudar a origem ou a causa, a finalidade ou a consequência, nem tampouco
debater a validade das fontes, mas sim as relações, o “que se passa entre”
[Deleuze, 1992, p. 191].
Se
assenta aí as relíquias da operação historiográfica no que tange ao processo de
ressignificação, representação, reelaboração dos fatos históricos, assim como a
alusão a desconstrução de dogmas e invenções historiográficas – porque não
dizer também, das tradições.
Neste prisma da
Ciência História e da Disciplina Escolar História, aponta-se que as
disciplinas escolares são construções históricas que se inter-relacionam com o
contexto sociocultural dos indivíduos e a organização da produção
acadêmico-científica. Enfatiza-se que as disciplinas escolares em seus diversos
âmagos constitutivos respondem, ou correspondem às perspectivas e aos
paradigmas da produção acadêmico-científica em determinada temporalidade
histórica.
Neste sentido que Doll Júnior [2002] procura
esclarecer a relação íntima existente entre as práticas e formas curriculares
do Ensino de História e os paradigmas referentes à produção do conhecimento
científico.
Prima facie, os processos basilares do Ensino de
História centram-se na educação para o fomento do indivíduo autônomo, capaz de
pensar e refletir por si mesmo, de traçar seus próprios esquematismos, de
conceber uma análise crítica dos processos históricos que permeiam a sociedade.
Ante o exposto, assevera-se que a História enquanto
Ciência e disciplina escolar possui uma grande responsabilidade na efetivação
desses objetivos, sobretudo no desenvolvimento do espírito crítico e autônomo.
A real materialização da tríade “educar, ensinar e formar” no que concerne ao
Ensino de História diz respeito a construção do educando enquanto sujeito
histórico dentro e fora da sala de aula. Destarte, “o sujeito histórico, que se configura na inter-relação complexa,
duradoura e contraditória entre as identidades sociais e pessoais, é o
verdadeiro construtor da História”. [Bezerra, 2010, p. 45], e apenas este
sujeito histórico ético, capaz de estabelecer as conexões entre presente e
passado pode de fato vivenciar uma experiência cidadã.
Que pese isto, convém afirmar que hodiernamente é
na sala de aula que a História como disciplina se materializa a partir da
reflexão acerca dos diversos discursos políticos, econômicos, sociais e
culturais. Também é neste mesmo espaço que os conceitos são historiografados,
no momento que são entendidos suas especificidades e temporalidades históricas.
Apanágios da Disciplina Escolar História: formação docente e currículo
Em relação à
disciplina História e as temáticas do Ensino de História do Brasil, afirma-se
que os principais desafios e perspectivas do Ensino de História nas séries
iniciais do Ensino Fundamental, estão tensionados na organização curricular e
no processo de formação docente, além é claro dos conteúdos e práticas e, dos
materiais de ensino, sobretudo o livro didático.
Em se tratando da apropriação de referenciais
teórico-metodológicos da História, apenas muito recentemente os cursos de
história incorporaram em seus currículos disciplinas como Teorias da História,
Metodologia da Pesquisa Histórica e Metodologia do Ensino da História,
superando a tradicional Introdução aos Estudos Históricos [Caimi, 2006, p. 27].
Entretanto, ensinar História
nas séries iniciais do Ensino Fundamental tem sido um desafio permanente para
os professores. Esse desafio pode ser analisado pelo menos por dois aspectos. O
primeiro diz respeito à formação inicial do docente que tradicionalmente atua
nas séries iniciais do Ensino Fundamental, o segundo aduz o currículo escolar.
Para ingresso na
carreira de professor das séries iniciais, é exigida a formação em Pedagogia ou
Curso Normal Superior. Esta formação é genérica e o professor é polivalente,
isto é, ministra todas as disciplinas do núcleo comum, previstas na LDB 9496/96,
embora, devamos considerar que em alguns cursos de Graduação em Pedagogia a
matriz curricular abriga pelo menos duas disciplinas sobre a metodologia do
Ensino de História: “Fundamentos Teóricos e Práticos [FTP] de História” e
“História do 1º ao 5º ano” – como ocorre no Instituto de Ciências da Educação
da Universidade Federal do Oeste do Pará [ICED/Ufopa], na cidade de
Santarém-PA.
Há de se destacar que a formação inicial e
continuada dos professores das séries iniciais é um fator fundamental para o ensino
e aprendizagem do alunado. Do contrário, havendo déficit na formação pedagógica
e embaraçado por questões de natureza historiográfica, o professor pode vir a
“adotar preliminarmente uma posição na qual os alunos são encorajados a se
tornarem reprodutores de conteúdos, métodos e técnicas que o docente determina
usando os conteúdos curriculares como o piloto automático de sua missão
pedagógica” [Melo, 2013, p. 2].
Dante o exposto, faz-se necessário trabalhar com a
diversidade e mostrar aos futuros educadores ainda na universidade, que o
modelo educacional brasileiro não é e nunca foi homogêneo, que a realidade no
cenário sociocultural é outra, e que assim como se faz alusão a cultura
ocidentocêntrica, infere-se que o caminho chave é debater as contribuições
sócio históricas asiáticas, ameríndias e africanas como temáticas
preponderantes de forma minuciosa e não apenas como "anexos ao conteúdo
programático" como é comum vermos nos planos de aula de alguns docentes -
creio que na maioria deles.
Neste ínterim, o alcance do escopo das leis exige
mais que o conhecimento historiográfico:
“ele demanda, também, o domínio sobre competências
e habilidades docentes que permitam a crítica à tradição e a desconstruções de
preconceitos relacionados ao papel dos agentes na conformação da nacionalidade
e da nação. Ele exige, então, o controle sobre o arcabouço teórico e
metodológico que permite o recurso ao saber historiográfico com vistas à oferta
de uma educação inclusiva” [Coelho, Coelho, 2013, p. 72].
É nesse contexto, que segundo Melo; Melo [2016,
p.8]:
“cabe destacar a importância da ação docente, a de
desmistificar e a de desconstruir mitos tidos como verdadeiros através do fazer
pedagógico, rompendo com o silêncio e com a vicissitude de um sistema
estereotipado e preconceituoso, permitindo assim a interação e a construção de
novos saberes”.
Entende-se, com base nesta querela, que um
professor reflexivo seja capaz de investigar os problemas que se colocam no
cotidiano escolar; “de mobilizar conhecimentos, recursos e procedimentos para a
sua superação; de avaliar a adequação das suas escolhas e, finalmente, de
reorientar a ação para intervenções mais qualificadas no processo de
aprendizagem dos alunos” [Caimi, 2006, p. 28].
Todavia, seria necessário para o entendimento dessa
dificuldade, pesquisar quais fatores determina a apropriação do professor em
relação aos diferentes conteúdos, quais são os saberes fundamentais em sua
formação, seus saberes experienciais, sua memória escolar, representações que
ele traz consigo do que seria um bom professor, fatores associados ao sexo,
idade, etnia e religião.
Tardif define o saber docente como plural, formado
pelo seguinte amálgama:
“saberes pessoais dos professores [sua
personalidade, sua história de vida]; saberes da formação escolar anterior
[suas experiências na escolarização básica]; saberes da formação profissional
[graduação, estágios curriculares, seminários, cursos, leituras, etc.]; saberes
provenientes dos programas desenvolvidos e dos livros didáticos utilizados na
sala de aula; saberes da sua própria experiência na profissão [interlocução com
seus pares, socialização profissional]” [Tardif, 2002, p. 63].
Dessa forma, a
escola, o processo de formação de professores e o currículo têm papel
fundamental na formação de identidade de cada pessoa. A escola, conforme lembra
Bittencourt [2011], integra um conjunto de objetivos determinados pela
sociedade e articula-se com eles, contribuindo para os diferentes processos
econômicos e políticos. O currículo escolar, portanto, é de
intencionalidade e seus objetivos estão inseridos em cada uma das disciplinas
escolares:
“As finalidades das disciplinas escolares fazem
parte de uma teia complexa na qual a escola desempenha o papel de fornecedora
de conteúdos de instrução que” - além dos objetivos de formação intelectual, da
aquisição de “habilidades e atitudes – “obedecem a objetivos educacionais
definidos mais amplos” [Bittencourt, 2011, p. 42].
Concomitantemente, Morais [2010] ressalta a
grande responsabilidade de ser professor de História, pois, o fato do
currículo, em certos momentos estar a serviço dos interesses do Estado, com
vistas a propagar as imagens que mais interessavam ao projeto deste, como já
foi apontado, o trabalho em sala de aula e os professores ficam enjaulados nos
cárceres pedagógicos, criados pelo Estado. “As narrativas contadas e recontadas
pelos professores acabam se tornando verdades didáticas estanques e
inabaláveis, como dogmas de explicação histórica” [Morais, 2010, p. 202].
Contudo, é a partir
da promulgação da LDB 9496/96 em sentido de rupturas, que a elaboração de novas
propostas curriculares, a gestão democrática da escola, a construção coletiva
do Projeto Político Pedagógico, a participação da comunidade, Conselhos
Escolares, entre outros, passam a fazer parte do cotidiano dos educadores.
Acompanhando esse
movimento, o currículo de História para a Educação Básica [séries iniciais]
passa a ser pensado e desenvolvido com abordagens inspirados em uma nova
historiografia, sobretudo as tendências da História cultural. Por sua vez, os
livros didáticos, como decorrência desse novo enfoque passam a trazer elementos
da História Nova, da História das Mentalidades, do multiculturalismo. “Surgem
novos objetos, novos personagens, privilegia-se o estudo das características de
determinados grupos sociais, as comunidades locais, a classe trabalhadora, os
vencidos – como indígenas, quilombolas, entre outros” –, em detrimento da
História Nacional, vista como arcaica e ultrapassada [Morais, 2010, p. 205].
Essas mudanças no
currículo trazem desafios emergenciais para os professores, que precisam criar
[novas]práticas pedagógicas, ou seja, uma nova didática para novos conteúdos,
com novos objetivos. Circe Bittencourt traz a seguinte contribuição:
“As mudanças no
ensino de disciplina com consolidada tradição na vida escolar, como acontece no
caso da história, constituem sempre tarefa complexa. A tradição escolar é
compartilhada pela comunidade escolar, incluindo as famílias, e não apenas
pelos professores. O desejo de mudanças para melhor desempenhar o trabalho com
os alunos tem estado presente na história da prática docente, mas é preciso
entender que métodos e conteúdos se constroem historicamente e fazem parte de
uma produção escolar sedimentada e incorporada pela sociedade [Bittencourt,
2011, p.229].
Nessa necessidade
de novas práticas, acrescida à notória complexidade do Ensino de História nas
séries iniciais da escolarização, surgem novos desafios, como ensinar História
para crianças pequenas e o que ensinar. Quais suportes utilizar com crianças
ainda não alfabetizadas?
Essa problemática
norteou todo o desenvolvimento do Curso de Metodologia de Ensino de História
para os anos iniciais, já que na visão de Zamboni [1993], o aprofundamento
sobre o Ensino de História é fruto de reflexões conjuntos realizados nos campos
da teoria e da prática docente, já que o antigo método de memorização, que
consistia em saber de cor nomes, fatos e datas, repetindo o que estava escrito
no livro ou copiado nos cadernos, presente no imaginário da memória dos
professores estava ultrapassado e não cabia na lida com crianças pequenas.
Buscando auxílio em
Canário [2001], entende-se que se deve levar em conta a prática na formação
profissional de professores. Compreendendo que as discussões devem ter um olhar
aguçado para o currículo como espaço de revalorização da experiência
profissional. Enuncia três grandes orientações “[...] que podem servir de
referência para a tradução em termos curriculares de revalorização da
experiência [...]” [Canário, 2001, p. 41]. Essas três orientações nos ajudam a
ampliar, organizar e estruturar o currículo.
A primeira
orientação apontada por Canário [2001] amplia
o conceito de currículo e se refere à necessidade “[...]” de construir
outra inserção espacial das atividades de formação “[...]” e que deve ser
olhada por dupla perspectiva: 1] evoluir de espaço tradicional para espaço
educativo, que faz com que se encare a escola de formação inicial como espaço
que engloba tudo o que acontece no quadro da instituição escolar; 2] a relação
interativa entre escolas e outros espaços sociais, consiste na aproximação com
contextos reais do exercício profissional. Isso deve estar presente ao longo de
todo o percurso de formação inicial.
A segunda
orientação leva a refletir sobre a organização
do currículo tem a preocupação “[...] de, sistematicamente, multiplicar as
ocasiões de dar a palavra aos alunos, e à expressão das suas vivencias e
expectativas” [Canário, 2001, p. 42]. Canário chama a atenção para a atitude de
escutar na tentativa de levar em conta os saberes tácitos dos formandos,
construídos de modo intuitivo na ação cotidiana.
A terceira
orientação leva a refletir sobre estruturar
o currículo consiste na “[...]. articulação interativa entre situações de
produção [...]” [Canário, 2001, p. 42, grifo nosso]. Essa orientação indica
que, ao se olhar para a estruturação do currículo, deve-se levar em conta a
produção de saberes e compreender que o formando seja sujeito e agente de
transformação. Quando o formando é considerado ao mesmo tempo aprendiz e agente
socializador ele contribui, como afirma Canário [2001, p. 42,44]:
“[...] Para mudar representação e
comportamentos dos profissionais já ‘veteranos’. Esta capacidade de questionar
criticamente as práticas de profissionais experimentados, aprendendo com elas e
contra elas, só é possível se, dentro da escola de formação inicial, os alunos
forem tratados como produtores de saberes”.
Em
suma, a qualidade do ensino, perpassa a qualidade na formação docente,
demandando uma formação densa e continuada dos profissionais da educação:
“(...)
o professor deve organizar seu trabalho pedagógico baseando-se em fontes
históricas diversas como documentos escritos, iconográficos, registros orais,
testemunhos de histórias local, fotografia, cinema, quadrinhos, literatura e
informática, esses materiais são de grande valia na constituição do
conhecimento histórico e podem ser aproveitados de diferentes maneiras em aula”
[Oliveira, 2013, p. 20].
Do
ponto de vista do Ensino de História, busca-se recuperar a vivência pessoal e
coletiva de alunos e professores e vê-los como participantes da realidade
histórica, a qual deve ser analisada e retrabalhada, com o objetivo de
“convertê-la em conhecimento histórico, em autoconhecimento, uma vez que, desta
maneira, os sujeitos podem inserir-se a partir de um pertencimento, numa ordem
de vivências múltiplas e contrapostas na unidade e diversidade do real”
[Schmidt; Garcia, 2005].
Dessa
forma, o professor das séries iniciais, pedagogo em excelência, deve procurar
fundamentar sua prática, não confundindo-se com historiador, mas dentro de suas
atribuições planejar e propor um ensino de história diferenciado.
Considerações
finais
Conseguinte, a
força do currículo escolar é tanta que ele costuma recair aos aplausos ou às
críticas sobre o “êxito” ou “fracasso escolar”, quando se discutem as causas
internas da boa ou da má qualidade do ensino. Assim, quando crescem os índices
de reprovação e evasão escolar é bastante frequente que os Sistemas de Ensino e
as escolas procurem reorganizá-lo, intensificando, por exemplo, o número de
horas de determinada atividade, disciplina ou área de conhecimento, ou ainda,
incluindo novos componentes curriculares ou excluindo outros.
Não obstante, a prática docente guarda o desafio de
garantir o acesso ao saber historicamente construído e acumulado, abarcando
ainda, as diversidades e singularidades sobre os contextos [tempo e espaço] e
educandos, ou seja, levar para dentro do currículo o acervo cultural e
histórico da humanidade além dos aspectos do vivido. O ensino deve ser
diferenciado considerando fatores como perfil de aluno [exemplo, indígenas e
quilombolas] e metodologia [ensino significativo e reflexivo].
Neste bojo teórico, a efetividade da Didática da
História nas séries iniciais do Ensino Fundamental, se assenta na real
necessidade de professores e alunos buscarem a renovação dos conteúdos, a
construção de problematizações históricas, a apreensão de várias histórias
sobre o prisma de distintos sujeitos históricos, das histórias silenciadas,
histórias que não tiveram acesso à História, dos discursos, dos conceitos, das
ações que tornaram-se representações sociais das mais diversas e variadas
matizes culturais, e desta forma romper com os sofismas de uma história totalizante,
reelaborando-a de forma pluralizada e pulverizada no que tange à dinâmica do
próprio fazer humano em sua coletividade.
REFERÊNCIAS
Wilverson
Rodrigo Silva de Melo é especialista em História das Revoluções e Movimentos
Sociais pela Universidade Estadual de Maringá [UEM], Mestre em História pela
Universidade Federal de Pernambuco [UFPE], Doutorando em História Contemporânea
pela Universidade de Évora [UÉVORA] e, Sócio efetivo do Instituto Histórico e
Geográfico do Tapajós [IHGTap]. E-mail: w.rodrigohistoriador@bol.com.br.
Valdenira
Silva de Melo é especialista em Ensino de História do Brasil pela Universidade
Estadual Vale do Acaraú [UVA], Especialista em História das Revoluções e
Movimentos Sociais pela Universidade Estadual de Maringá [UEM] e Professora de
História da Rede Pública Municipal de Santarém/PA e da Rede Pública Estadual do
Pará. E-mail: valdenirasilvademelo@gmail.com.
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Olá, sou professora da rede municipal de Curitiba, em nosso currículo a História não é concebida como disciplina, mas como uma área de conhecimento na séries iniciais. Neste sentido, o professor precisa criar meios para aplicar a "Educação Histórica", uma forma de aprendizagem histórica. Minha questão é:Como as diversas concepções da história podem influenciar diretamente as concepções da prática do ensino de história?
ResponderExcluirOlá Sibeli!
ExcluirPrimeiramente quero agradecer pela sua pergunta e por iniciar esta interação.
Bom, acho bem pertinente a forma como o Ensino de História é posto em prática em Curitiba, pela sua narrativa, podemos inferir que o Ensino ocorre de forma interdisciplinar.
Entretanto, temos que teoricizar. Essa interdisciplinaridade ocorre de forma natural, no tempo dos sujeitos sociais envolvidos no âmbito escolar (corpo polidocente e corpo discente) ou de forma forçada entre os campos do saber escolar? Ademais importa saber até que ponto as especificidades de ensino e metodologia da História são mantidos e não se perdem no processo interdisciplinar (problematização defendida por François Dosse).
A partir desta dicotomia, podemos afirmar que as concepções da Ciência Histórica e do Ensino de História influenciam demasiadamente no cotidiano escolar e na prática do Ensino de História, na medida em que a linha teórica adotada pelo professor pode vir a apregoar um revisionismo histórico, ou uma construção histórica, ou uma invenção histórica, ou uma apropriação histórica, ou uma ressignificação histórica.
Dito de outra forma, a linha teórica do professor e a forma como ele exerce sua prática do Ensino de História (aglutinação/justaposição/decolonialidade) acabam por comprometer a visão de Mundo e Sujeito Histórico construído pelos alunos.
Vamos dialogando Sibeli,
Cordialmente, Wilverson & Valdenira Melo.
A interdisciplinaridade sempre se apresenta em uma linha tênue entre ser forçada ou ser natural. As áreas do conhecimento (como chamamos na rede) conversam, mas as especificidades das disciplinas podem separar? Ou seria uma escolha do professor?
ExcluirOlá Sibeli!
ExcluirSeu questionamento soa quase como uma inquietude. Diria que sua problematização se apresenta como uma dicotomia, pois embaraçado por questões epistemológicas e axiológicas podemos inferir que as especificidades das disciplinas não separam ou distanciam a interdisciplinaridade, porém, tais especificidades no momento que se apresentam podem servir de barreira e seriação entre os campos do saber ou avançar para o estame da transdisciplinaridade.
Nesse sentido, a forma, a maneira como tais especificidades podem distanciar-se ou aproximar-se de tais campos distintos dos saberes recai sobre a opção metodológica do professor e/ou dos professores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, se os mesmos tendem a desenvolverem um trabalho interdisciplinar, ou pluridisciplinar ou transdisciplinar.
vamos dialogando,
Cordialmente, Wilverson & Valdenira Melo.
Para esperar um ensino de História diferenciado, é importante a presença de um coordenador pedagógico historiador, no trabalho com as séries iniciais? Obrigada, Adriana Soares Estavarengo estavarengo@uol.com.br
ResponderExcluirOlá Adriana!
ExcluirPrimeiramente quero agradecer pela sua pergunta e por iniciar esta interação.
Seu questionamento é muito pertinente e tem sido debatido bastante nos últimos anos, principalmente por Licenciados em História.
Vejo esta querela como uma preocupação dos historiadores para fomentar desde cedo um Ensino de História condizente com o cotidiano social dos educandos na Educação Infantil e Ensino Fundamental (Anos Iniciais).
Entretanto, cabe relembrarmos que não é princípio e objetivo da E.Inf e E.Fund formar pequenos historiadores, muito menos desenvolver um Ensino de História fragmentado, linear, seriado e herbático. A proposta pedagógica segundo os PCN's e a BNCC é construir um saber histórico em sala de aula interdisciplinar, transversal e partindo do cotidiano dos alunos (tendência crítico social dos conteúdos) fomentando suas funções mentais superiores, desenvolvendo a ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal) e a consciência histórica, bem como a criticidade.
Nesse sentido, embora seja problemático esta formação polidocente e propedêutica do pedagogo, penso não ser objetivo fundamental e uma real necessidade que o coordenador pedagógico nas escolas seja um historiador, pois cabe mencionar que embora os pedagogos não tenham em sua formação acadêmica disciplinas específicas da Ciência História, eles tem disciplinas que implicam uma Didática da História, como Ensinar História (História do 1º ao 5º ano, Fundamentos Teóricos e Práticos de História, Tópicos Especiais em Ensino de História nas Séries Iniciais, entre outros.).
Mas vamos dialogando Adriana,
Cordialmente, Wilverson & Valdenira Melo.
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ResponderExcluirBoa noite, colegas Wilverson e Valdenira! Parabéns pelo texto e pelas reflexões trazidas.
ResponderExcluirPercebo que na Escola que trabalho, a História nos Anos Iniciais, principalmente do 3º ao 5º anos, é muito tradicional e prioriza grandes eventos. Ainda é prática comemorar datas específicas, o que tira o dinamismo da construção histórica.
A minha questão é nesse sentido: como vocês percebem a tradicionalidade em trabalhar datas comemorativas nos Anos Iniciais e como ressignificar estes momentos?
CAROLINA BITENCOURT BECKER
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ExcluirOlá Carolina, depois de podermos ter interagido anteriormente na página do seu texto, agradeço pelas problematizações que trouxestes a este presente texto sobre FTP do Ensino de História nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
ExcluirPrimeiramente, penso ser mister problematizarmos o que podemos entender por "História Tradicional"? Seria uma História nos moldes positivistas? uma História pautada na longa duração? uma visão marxista da História?
Acredito que a partir do momento que historiografamos o lugar de fala do professor, e a partir de suas concepções de mundo e saberes historicamente construídos na academia e/ou fora dela, ele tende a desenvolver uma narrativa histórica escolarizada sob a égide do currículo ideal, ou do currículo oculto, ou do currículo real, ou formas híbridas entre estes.
Então podemos convencionar afirmar, que reside aí a subjetividade na forma e na condução do Ensino de História que o professor irá adotar metodologicamente (bases da operação historiográfica) e que parte também de seus campos constituintes de saberes (tese defendida por TARDIF, 2002).
Destarte, a "forma tradicional em trabalhar o Ensino de História a partir de datas comemorativas", por exemplo, fundamentar-se-ia nessa subjetividade do professor e na forma como ele percebe a Ciência História e o Ensino da Disciplina Escolar História, tornando-se "tradicional" não a sistematização dos fatos históricos por ele problematizados aos alunos, mas sim a forma como isto ocorre, sua didática, pois o professor de História pode usar as datas comemorativas para promover algumas análises históricas com os alunos, momento de desconstrução e ressignificação do "fenômeno histórico" e da historiografia construída sobre tal fenômeno.
Nos percalços de Deleuze (2002) e Ginzburg (2007), isto significa afirmar que mais importante do que trabalhar com o verdadeiro, o falso, o fictício, é trabalhar os "porquês", as finalidades, as relações, "o que se passa entre", as conjecturas que foram tecidas entorno da construção de tais datas comemorativas.
Vamos dialogando, essas problematizações precisam cada vez mais ser anuviadas.
Cordialmente, Wilverson e Valdenira Melo.
Partindo de que os anos iniciais são crianças que ainda não sabem ler, creio que ensinar história é um desafio muito grande para os professores, visto que a maioria não tem uma formação específica em metodologia do ensino de história, porém, com a nova realidade de se construir um sujeito crítico social e não sujeitos alienados para uma política ditada, vejo que se lançamos uma pergunta sobre um determinado assunto que está dito no PPP, despertamos em cada sujeito dentro de uma sala de aula uma história diferente e aí temos um resultado talvez surpreendente, pois juntando tudo, acaba que se forma um passado,presente e novos tópicos futuros, será esse o caminho para formular um ensino didático que condiz com a construção de um sujeito capaz de futuramente interpretar fatos vividos no cotidiano da sociedade, construir um sujeito que seja capaz de saber seus deveres e direitos corretos? Professora Eliana Cristina Dias Bueno Nunes.
ResponderExcluirOlá Eliana, antes de mais nada, obrigado pela leitura do texto e por trazer tais problematizações tão pertinentes.
ExcluirAdentrando as tuas indagações (aqui entendemos mais como sua percepção), volto a defender o que em outro post (a Adriana Estavarengo) já mencionei sobre a formação específica do professor de História para os anos iniciais do Ensino Fundamental.
Enfatizo tais percepções sobre esse profissional pedagogo polidocente a partir da minha (Wilverson) vivência e prática em sala de aula, pois a alguns anos ministro disciplinas de Ensino de História para o Ensino Fundamental de 1º ao 5º ano, em Cursos de Licenciatura em Pedagogia e, embora nas Ementas das Disciplinas de História dos Cursos de Pedagogia não seja contemplado conteúdos curriculares específicos (no caso da Ufopa e Unopar), muito procura-se trabalhar sobre Ensino, Métodos e Avaliação em História, a partir de uma Historiografia sobre o Ensino de História, Matrizes teóricas da Ciência História, uma Didática da História e os Saberes Históricos construídos escolarmente.
Visto que, a luz das legislações vigentes sobre o Ensino Fundamental (LDBEN, PCN's, BNCC) não é objetivo da Disciplina História contribuir na formação de "pequenos historiadores", o processo do "aprender" e do "aprender a aprender" na disciplina em História por parte do professor de 1º ao 5º ano (licenciado em pedagogia) deve partir de uma linha teórica e, de um arcabouço metodológico que vai desde a iconografia ao uso das fontes orais, por exemplo, pensando em parte desse público que está no processo de alfabetização humanística e histórica.
A partir dessa práxis histórica e, aliada as teorias como a Sócio Construtivista de Vygotsky, a Histórico-Crítica de Saviani e, a Aprendizagem Significativa de Ausubel, o professor polidocente (pedagogo) responsável pelo Ensino de História nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tornará a aprendizagem histórica mais interessante e convidativa, instigando o aluno a se ver como um sujeito crítico e histórico produtor de história e, protagonista de sua própria história.
Mas vamos dialogando, o diálogo sempre aperfeiçoa nossas epistemes.
Cordialmente, Wilverson & Valdenira Melo.
Olá. Quero parabenizar pelo texto que vem ao encontro de muitas dúvidas e anseios da nossa comunidade escolar. Sou do Sistema de Ensino de Canoas, RS e possuímos uma grade escolar por disciplinas à partir do quarto ano. Nesse e no quinto ano são raras as orientações de como trabalhar os que as habilidades citadas no Referencial Curricular do Município, editada em cima da BNCC, e acabamos por seguir os livros didáticos que já estão em consonância com a BNCC. Dessa maneira pergunto: como podemos nos desprender dos livros e efetivamente conduzir uma construção do conhecimento com nossos alunos?
ResponderExcluirSaudações Aimara!
ResponderExcluirPrimeiramente obrigado por prestigiar o nosso texto e trazer esta significativa problematização, que penso ser o questionamento de muitos professores, quiçá de acadêmicos de distintos Cursos de Licenciatura.
Bom, não existe uma receita de bolo, muito menos diretrizes práticas sobre o tema e, é até bom que não haja, pois se houvesse cairíamos no engodo de um Ensino de História cheios de vicissitudes e, a maneira como ele seria ensinado teria traços de arcaico e obsoleto.
A História, semelhante a outros campos distintos do saber e as demais Ciências da Educação, produzem conhecimentos voláteis, não lineares, que se renovam e se reelaboram fugazmente.
Partindo de tais premissas, convencionamos inferir que para construir um conhecimento histórico e níveis de consciência histórica mais significativos com os alunos, o professor deve assumir uma postura de professor-pesquisador e não mero reprodutor de conhecimento (historiografia posta nos manuais didáticos).
Pedro Demo (2004) defende a tese de que o professor que não pesquisa não tem o que ensinar para os seus alunos e, tomado de uma prerrogativa passiva e algum déficit no processo de sua formação acadêmica, ele acaba por reproduzir uma historiografia nos manuais didáticos devido o acumulo de atividades do cotidiano escolar e familiar desse docente, dito de outra forma, o professor pensa ser mais fácil e cômodo apenas seguir os manuais didáticos como livros sagrados.
Entretanto, isto não significa que devemos negar ou nos abstermos do uso do livro didático em sala de aula, pelo contrário, a forma de seu uso deve ser fundamentado na noção de fonte. Devemos compreender que o livro didático é uma fonte histórica cheia de intencionalidades, subjetividade finalidades e, como tal deve ser historiografado, criticado e apropriado pelo professor.
Nesse sentido, penso que mais do que se desprender, devemos conceber a forma como os livros didáticos são utilizados por nós professores em sala de aula, eles devem ser um complemento, uma fonte parcial que deve ser complementada pelos saberes interdisciplinar e intercultural dos professores.
Todavia, se a questão é ter outras opções metodológicas para o Ensino de História que não seja só os livros didáticos, o professor pode adotar uma visão epistêmica construtivista, decolonial e crítica e, investir no uso de músicas, no uso do cinema, no uso da literatura, no uso das TIC's, no uso de imagens, no uso de fontes orais, no uso de patrimônio arqueológico e museológico, na produção e elaboração de materiais didáticos próprios do professor, dentre tantas outras possibilidades no campo da História que podem e devem ser enriquecidas com a interculturalidade, a transversalidade e a interdisciplinaridade.
Mas vamos dialogando Aimara, pois é no apanágio dos diálogos que ressignificamos nossos entendimentos e saberes.
Cordialmente, Wilverson & Valdenira Melo.
Estou passando para parabenizar pelo ótimo texto.
ResponderExcluirSaudações Wallamy!
ResponderExcluirObrigado desde já, pela leitura de nosso texto, para nós é uma grande oportunidade socializar experiências e saberes e poder aperfeiçoar a práxis educativa e histórica a partir dos postulados e inquietações levantadas pelos pares.
Cordialmente, Wilverson & Valdenira Melo.