EXPERIÊNCIA E
CONCEPÇÃO HISTÓRICA: A UTILIZAÇÃO DA AULA-OFICINA NO ENSINO DE HISTÓRIA
o presente
texto em exposição tem como objetivo fazer uma breve análise acerca da
utilização do modelo de aula-oficina e suas implicações para o ensino de
história. Para construirmos nossa narrativa, partiremos primeiro, das
concepções teóricas que envolvem o arcabouço de como é estruturada uma
aula-oficina, bem como a necessidade de tentar romper com o tradicionalismo
didático imposto a muitos professores e alunos e, segundo, utilizar um exemplo
prático dessa metodologia.
Sob a
ótica do rompimento
O modelo de aula que é oferecida dentre as mais diversas disciplinas foi
o que nos levou a esse tema proposto aqui, não apenas por nossa atuação
enquanto educadores, mas também por nossa experiência como estudantes. No que
diz respeito ao ensino de História, podemos perceber que muitos professores tem
uma preocupação em romper com as aulas centralizadas em sua capacidade
principal de discorrer sobre a história, mas ainda há de forma maciça o
tradicionalismo desse modelo didático. Nessa proposta de aula, que chamamos de
tradicional, a aptidão de interpretar o passado e o presente torna-se em uma
tarefa própria ao professor e estranha à figura do estudante.
Nesse sentido fugimos ao preceito básico da educação ser libertadora, e
não opressora. Conforme aponta Carlos Libâneo [2002], as noções pragmáticas
concebem a educação enquanto um processo imanente ao desenvolvimento humano,
cujo resultado é a adaptação do indivíduo ao seu meio natural, sendo assim,
educar-se, é desenvolver-se, ou seja, é uma atividade provocada pelos
interesses e necessidades dos organismos, suscitados pelo ambiente ao qual
estão inseridos.
Atualmente, podemos notar em muitas instituições de ensino que os
professores que possuem o domínio de fala de quarenta ou cinquenta minutos de
sua aula, e com a aptidão de discorrer sobre o passado são bastante
prestigiados. São, na maioria das vezes considerados grandes possuidores de
sabedoria e, sendo assim, preparados e capazes de transmitir de maneira fácil o
conteúdo fundamental que se deve saber sobre o passado.
No entanto, apesar de não negarmos de maneira alguma a importância da
capacidade e aptidão para narrar, que está ligada ao arcabouço teórico do
professor, que é de extrema importância, precisamos nos atentar, pelos motivos
mencionados ao início do texto, que esta forma de exposição impede o contato de
alguns estudantes com alguns elementos que estimulam a construção das
narrativas históricas. De um ponto de vista mais problemático, principalmente
no que diz respeito ao cenário político brasileiro atual, percebemos que esse
modelo de aula, diversas vezes, faz com que o estudante veja a História como
uma forma de saber livre, onde não há reflexões acerca de como os processos
históricos se constituem e a importância de compreende-los.
Para tentar romper com isso que chamamos de tradicionalismo didático,
muitos pesquisadores têm se debruçado a estudar novas maneiras de transmitir
seus conteúdos. E o modelo ao qual propusemos analisar no presente texto,
pesquisado pela historiadora Isabel Barca, um de nossos principais referenciais
teóricos, passa pela perspectiva de privilegiar a construção de uma aula
incialmente elaborada por um eixo e uma gama de objetivos que devem ser
atingidos com o debate entre os alunos em sala de aula.
A experiência das aulas
Feitas as definições iniciais da aula, quanto ao tema que será
discutido, a aula-oficina irá prosseguir com o método de questões onde o
educador, por meio das respostas oferecidas, que são os conceitos prévios
aferidos, detectam as ideias e perspectivas que seus alunos têm sobre o tema
proposto. Conceitos prévios para nós, não é necessariamente a perspectiva de
que o aluno deva apontar conceitos teóricos sobre o tema da aula. É justamente
o contrário, é o aferimento inicial do que o aluno compreende por determinado
tema, o que ele sabe, o que ele conhece, o que já ouviu falar, como constituiu-se
sua consciência, sua experiência sobre isso. Diante do diagnóstico das
informações que foram coletadas, o professor irá detectar quais as fontes e
recursos mais eficientes para entrar em um diálogo com as ideias apresentadas
inicialmente pelos alunos.
Segundo Barca [2004], sob essa perspectiva, o aluno será então o agente
de sua formação, com ideias prévias e diversas experiências, enquanto o
professor será um investigador social que organiza atividades
problematizadoras.
Por intermédio dessa ação, cabe ao professor moldar a investigação do
passado por meio das solicitações apresentadas por seus alunos. Nesse sentido,
sem dúvidas, baseado em nossa experiência em sala, que descreveremos um pouco à
frente, podemos perceber a capacidade que a aula-oficina tem para romper com as
situações nas quais o ensino da história tende a ser distante da realidade do
aluno ou centrada na imagem do professor.
Quanto aos materiais utilizados ao longo da aula, Barca destaca a
importância:
“Ler fontes históricas diversas – com suportes diversos, com mensagens
diversas; cruzar as fontes nas suas mensagens, nas suas intenções, na sua
validade; selecionar as fontes com critérios de objetividade metodológica, para
a confirmação ou a refutação de hipóteses descritivas e explicativas”. [Barca,
2004, p. 133]
Após feita a investigação do tema, por meio dos documentos que foram
utilizados, o professor pode terminar a experiência de construção da
compreensão do passado fazendo um novo levantamento de questões. Nessa parte, o
professor questiona os estudantes acerca de como a aula ministrada em forma de
oficina [re]orientou suas ideias e percepções anteriores sobre o tema que foi
tratado. Dessa forma, acreditamos que tanto os alunos quanto os professores
poderão perceber os ganhos históricos e críticos oferecidos pela oficina.
Como forma de melhor explicitar nossa perspectiva acerca da importância
e relevância do levantamento das concepções prévias, utilizaremos agora o
exemplo de um minicurso, onde colocamos em prática esse modelo de aula-oficina,
bem como explicitaremos quais foram os resultados obtidos.
Foi ministrado um minicurso intitulado “Memória,
estética e ditadura: a construção da consciência histórica”, para discentes de
um curso superior em História. O minicurso foi elaborado com intuito de
estabelecer comunicação acerca do tema entre as proponentes e os ouvintes, com
isso, foi elaborado desde o princípio contando com uma grande quantidade de
recursos didáticos, passando por imagens, vídeos, depoimentos, trechos de
filmes, reportagens e músicas. E, evidentemente não foram desprezados os
grandes e respeitados intelectuais que trataram os temas.
Ao início do minicurso, em uma sala com cerca de 15
alunos, foi realizada uma divisão do quadro em três partes, nessas três partes
foram escritas as palavras: “Memória, estética e ditadura”, e então foi
questionado aos alunos ali presentes quais eram as suas concepções acerca de
cada uma dessas palavras.
Em ordem, a primeira foi Memória, ao início os
alunos se demonstraram um tanto quanto tímidos, mas com a fala das educadoras,
chamando-os para a discussão e para que pudessem pensar juntos, para assim
construir um diálogo sobre o assunto, o andamento da aula foi normal e muito
instigante. Uma aluna começou dizendo “imaginação”, após isso, os outros alunos
também interviram, com isso o diálogo entre nós já havia sido estabelecido. As
concepções que falaram ainda nesse item, foram: “construção”, “lembrança” e
“identidade”.
No segundo quesito do levantamento das questões
prévias, acerca da Estética, as palavras sugeridas para lidar com esse conceito
foram “imagem”, “arte” e “identidade”. Nesse momento um aluno pontuou que
achava que a identidade e a formação da mesma era um aspecto tão importante na
construção do indivíduo e de grupos, que achava que esse item entrava em todos
os eixos propostos e que, estava exposto no quadro. Por último, foi feito o
levantamento acerca de suas opiniões sobre a Ditadura, e eles levantaram as
seguintes palavras: “repressão”, “identidade”, “propaganda”, “publicidade” e
“tortura”.
Ao longo da elaboração do minicurso, quando foi
decidido a utilização desse modelo de aula, nos recursos buscados para amparar
as falas, estavam a prerrogativa, do que se supunha que os alunos, de certa
forma, fossem falar, e foi baseado nisso que os slides foram preparados, e que
conseguiram totalmente abarcar todas as concepções prévias levantadas pelos
alunos. E, para além do conteúdo dos slides, havia também outros materiais
separados em imagens e vídeos, que talvez, pudessem entrar na discussão. Apesar
de muito instigante preparar uma aula-oficina, onde o professor deve imaginar
de antemão quais os conceitos prováveis que os alunos vão pensar, é também um
árduo trabalho para o educador, tendo em mente que, a consciência do alunado,
não passou por um processo de significação metódica como o do professor, logo,
é necessário que pensemos para além do que foi planejado para a aula, e ter um
material de apoio auxiliar é crucial.
No que diz respeito a importância da comunicação
estabelecida entre o professor e o aluno, bem como, planejar essa aula, tomamos
como referência novamente, a professora Barca:
“Exprimir a sua interpretação e compreensão das
experiências humanas ao longo do tempo com inteligência e sensibilidade,
utilizando a diversidade dos meios de comunicação atualmente disponíveis. Para
acompanhar a mudança conceitual dos alunos tendo como alvo o desenvolvimento
destas instrumentalizações, as tarefas a realizar nas aulas têm de ser
explicitadas. Imaginar a aula em concreto, a priori, é fundamental para o
sucesso em termos de perspectivação das aprendizagens a promover”. [Barca,
2004, p. 134]
Para explicitar o resultado desse primeiro momento,
tínhamos da seguinte forma, na lousa:
Em contrapartida a esses conceitos prévios levantados,
achamos interessante, como informamos um pouco acima, informar quais foram os
referencias teóricos principais. Achamos importante fazer isso porque para
muitas pessoas as quais a noção de aula-oficina é nova, pode-se passar a
impressão de que é o aluno quem molda a aula e ela não possuí, dessa maneira,
conteúdo crítico estabelecido de maneira prévia, que é exigido para uma aula de
excelência. Sendo assim, nossos principais norteadores do debate que se seguiu
por quase quatro horas no que se refere à memória foram: Paul Ricoeur; Pierre
Norra e Maurice Halbwachs. No que se refere
à estética: Theodor Adorno e Max Horkheimer, e, no que diz respeito à ditadura,
utilizamos principalmente Carlos Fico e Pinheiro Salles, jornalista e escritor
que foi preso e torturado durante o período ditatorial. Para além ainda dessas
questões dos pontos centrais, levamos como base o filósofo e historiador Jorn
Rüsen, um dos principais expoentes do conceito de consciência histórica.
Após apontados nossos referenciais, voltamos agora
a como estruturamos nossa aula-oficina, sempre trabalhando a relação entre os
conceitos prévios e as perspectivas teóricas dos mencionados intelectuais
acima.
Foram preparados dois subitens para discussão da
questão da memória, onde discutimos conceitualmente a memória coletiva e a
memória individual, para dar arcabouço para a teoria, utilizamos imagens de
pessoas que foram fotografadas no momento em que estavam reconhecendo os locais
aos quais foram torturados na ditadura militar no Brasil, vídeos onde pessoas
se emocionam e contam histórias de como sobreviveram aos traumas das torturas,
e um vídeo acerca do movimento das Mães da Praça de Maio. Com esses recursos
conseguimos alcançar [de forma até emocional] os alunos, para um caloroso debate
sobre a construção da memória, as lembranças e como com isso os sujeitos se
constituem historicamente.
Essa foi uma das imagens utilizadas para expor a
questão da memória:
Figura
1 - Ex-soldado Jória Dantas
olhando para o interior da cela 9, no centro de custódia da base onde ficou
preso, nos anos 70, logo após reconhecê-la. Fonte: Marcelo Oliveira [ASCOM – CNV]
Prosseguindo, quando a discussão foi para o âmbito
da estética, após as primeiras considerações que fizemos, sobre quais eram as
utilizações que arte poderia ter, um aluno voltou-se ao quadro com as
concepções e disse que, duas das palavras que estavam ligadas a Ditadura,
poderiam figurar também a questão da Estética, foram elas, a “propaganda” e a
“publicidade”.
O que foi encontrou-se com aspecto ao qual
estruturamos essa parte do curso, ou seja, apontando o caráter da utilização da
arte enquanto propaganda nos períodos ditatoriais, com isso utilizamos
propagandas clássicas e discursos de grandes ditadores. Nessa parte, fizemos
uma ponte com discursos atuais e como eles são utilizados pela mídia, e os
alunos debateram conosco de forma muito crítica e clara.
A exemplo do que levamos para discussão, temos:
Figura 3 - Discurso
nazista com Hitler, demostrando todo o seu triunfo.
Fonte: Jornal GGN
No último ponto, os recursos utilizados foram os
que mais mexeram com os alunos dentre todos, tendo em vista a utilização de
depoimentos e imagens de pessoas que sofreram severas torturas na ditadura
militar brasileira. Uma fala de uma aluna chamou a atenção.
A aluna relatou que sua família conta a história de
um casal de jovens, que na década de 1970, passou pelos arredores da fazenda de
seus avós, e que os avós então, ajudaram o casal, pois já era tarde da noite,
lhes deram comida e os deixaram dormir, logo pela manhã eles partiram. No dia
seguinte a polícia passou na fazenda perguntando pelo casal, os avós da moça
não mentiram, disseram que eles haviam passado a noite lá, mas que, no entanto,
partiram pela manhã. A polícia seguiu viagem os procurando, e os avós da aluna
relatam que nunca mais souberam nada sobre o assunto.
Nesse momento nos demos conta que esse é um relato,
que compõe um livro ao qual utilizamos para fazer o minicurso, chamado A ditadura militar em Goiás: depoimentos
para a História, organizado pelo jornalista e escritor Pinheiro Salles, que
inclusive foi torturado na ditadura, e utilizamos um depoimento em vídeo do
mesmo sobre tudo o que viveu e viu.
Com isso foi claramente estabelecido um contato
muito maior do que em uma mera aula expositiva acerca da ditadura em Goiás,
vejamos:
“Quando o aluno procura explicações para uma
situação do passado à luz da sua própria experiência revela já um esforço de compreensão
histórica. Este nível de pensamento poderá ser mais elaborado do que aquele que
assenta em frases estereotipadas, desprovidas de sentido humano”. [Barca, 2004,
p. 137].
Após informarmos para a aluna e o grupo que o
ocorrido com sua família estava relatado em um livro, ao final do minicurso ela
nos procurou muito interessada em maiores informações acerca do livro e do
autor, e de onde encontraria mais depoimentos como esses.
Caminhando para o final do curso, começamos o
questionamento acerca de onde todos esses aspectos que eles haviam apresentando
nos levavam, se isso poderia nos levar a uma consciência histórica. Novamente
fez-se uma discussão, com base principalmente em Rüsen, e os alunos sempre se
voltam ao levantamento feito ao início em relação ao conteúdo que havíamos
mostrado.
Na parte final a discussão foi trazida para os dias
atuais e, muito informados, os alunos apresentaram suas experiências de vida em
relação a manifestações, política e etc. Conseguiram estabelecer relação total
entre o que foi apresentado e o que já vivenciaram. E isso nos ajudou a
concretizar o que prendíamos com o ponto final, culminando na consciência
histórica.
O entendimento de tudo o que foi discutido, veio por
meio de um recurso que utilizamos de comparação entre o passado e o presente.
Utilizamos a música Pra não dizer que não
falei das flores, de Geraldo Vandré, que se caracterizou como um hino
contra a ditadura militar, sendo cantada por muitos nas diversas manifestações
contra o governo militar nas décadas de 1960 e 1970 e, posterior a ela,
apresentamos um vídeo, de março de 2017, onde as pessoas foram a uma
manifestação, na cidade de Goiânia-GO, e vestidas de verde e amarelo, marcharam
ao som dessa mesma música, pedindo a intervenção militar. Nesse instante os
alunos reagiram entre risos e caras de aborrecimento, e alguns afirmaram que
para esses sujeitos históricos que ali marchavam, não houve a construção da
consciência histórica.
Sendo assim, sob a perspectiva do que se propõe uma
aula-oficina, e os resultados que podemos obter por meio dela, a importância de
levantar e trabalhar de forma diferente as ideias inicias as quais os alunos
fazem tacitamente são de extrema importância, bem como propor questões
problematizadoras e orientadoras, que devam constituir em certo aspecto
desafios cognitivos aos alunos, e não somente passar por assuntos que sejam sem
significado para eles.
Portanto, conforme percebemos ao longo de nossa
explanação, tanto no esforço de demonstrar que por meio da dinamização das
aulas, e a descentralização da figura do professor, quanto por meio de nossa
exemplificação prática da importância desse levantamento de concepções prévias,
é possível que os jovens entendam e percebam a História de uma maneira genuína,
de acordo com a elaboração do que se trata, os exemplos concretos e as tarefas
tiverem ligação e significado para e com o seu mundo.
Sendo assim, concluímos que, nenhum conceito histórico
está pronto ou dado, nem para os historiadores, sendo assim, para os alunos,
eles são compreendidos de forma gradual, a partir das relações que eles fazem
com os conceitos de senso comum de acordo com suas experiências. Conforme nosso
exemplo prático apresentado, as mídias e o contexto cultural são fontes de
conhecimento que devem ser explorados e levados em conta, como o ponto de
partida para o processo de aprendizagem histórica.
O desenvolvimento da intelecção histórica não se dá de
forma invariante, mas sim por meio de oscilações, sendo assim, diferentes
alunos poderão pensar de uma forma elaborada algumas questões e de forma mais
simplista outras.
Dessa maneira, compreender e interpretar o passado,
não deve significar compreender apenas uma versão acabada da história, que
geralmente é narrada de forma tradicional pela figura do professor, a
interpretação de outras fontes e formas de saber ajudam a compor a construção
do conhecimento histórico de maneira mais clara aos alunos. Sendo assim, nossa
intenção com essa exposição, não é o de fazer uma caça ou desqualificar o
modelo de aula tradicional, mas abrir espaço de debates para pensarmos outros
modelos, uma vez que, os tempos e a percepção deles mudam constantemente.
Referências
Krisley Aparecida de Oliveira é Doutoranda em História
pela Universidade Federal de Goiás, tendo suas pesquisas voltadas para área da
teoria e metodologia da história e história da historiografia.
BARCA, Isabel. “Aula oficina: do Projeto à
avaliação”. In Para uma educação de
qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de
Investigação em Educação [CIED]/Instituto de Educação e Psicologia,
Universidade do Minho, p. 131-144, 2004.
BARCA, Isabel. “Educação Histórica: uma nova área
de investigação”. Dez anos de pesquisa
em ensino de História. Londrina: AtritoArt, p. 15-25, 2005.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade.
Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1986.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para
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Rüsen, Jörn. “Didática da
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Práxis Educativa. Ponta Grossa, PR. v. 1, n. 2, p. 07–16, jul./dez. 2006
SADDI, Rafael. “Didática da história
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SALLES, Antônio Pinheiro. A ditadura militar em
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Poligráfica Off-set e Digital, 2008.
Schmidt, M. A. “Concepções de Aprendizagem Histórica presentes em
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Revista, Goiânia, v. 14, n. 1, p. 203-213, jan./jun. 2009
Excelente artigo. Parabéns!
ResponderExcluirGostaria de saber, em relação aos planejamentos para o desenvolvimentos dessa aula-oficina, quantas aulas seriam necessárias?
Seria uma prática indicada para toda a educação básica ou apenas para algumas séries especificamente? Quais séries? E uma dimensão, se possível, de número de estudantes em sala de aula?
Atenciosamente prof. Vivian Alkaim Salomão José
Olá Vivian, obrigada pelo comentário!
ExcluirEssa aula-oficina foi realizada em uma sala com poucos alunos, havia cerca de 16 estudantes. Fizemos em duas sessões, das 09:00 às 11:30 e a tarde, das 13:00 às 15:00. Quando estávamos elaborando o curso, tínhamos a opção de escolher apenas um horário, mas como entendemos que a propostas era ampla, porque deveríamos analisar conceitos difíceis, como memória, estética e consciência histórica e, um dos preceitos da aula-oficina é, apesar do aluno poder trazer suas experiências para a construção do conhecimento, nós, enquanto professores precisamos orientar como isso ocorre com nosso arcabouço teórico. Já realizei esse modelo de aula também no Fundamental e no Ensino Médio, ambas em escolas públicas, então a quantidade de alunos era muito maior, mais de 40 alunos em sala. No Fundamental é um pouco mais complicado controlar o momento de levantar as concepções prévias. As duas situações mais comuns são ao mesmo tempo opostas. Em uma turma de 6º ano, trabalhando Grécia, houve certa dificuldade no início para controlar os alunos, dado o fato de quererem falar todos ao mesmo tempo. Já em uma turma de 8º ano, com o tema da chegada da Família Real no Brasil, a princípio, não houveram muitas contribuições, pelo fato dos alunos não conhecerem esse momento histórico tal qual conhecem o tema Grécia, que possuí uma projeção muito maior, com desenhos, filmes e etc. Então, o tema com o qual o professor trabalhará a aula-oficina é muito importante. Já no Ensino Médio é onde para mim, há maior possibilidade de trabalhar, os alunos já estão mais amadurecidos e interessados em expor suas opiniões, já ministrei aula para três turmas juntas de 3º ano de Ensino Médio, totalizando cerca de 60 alunos, e aula transcorreu sem nenhum problema, objetive excelente resultados.
At.te,
Profa Krisley Aparecida de Oliveira
Prezada autora Krisley Aparecida de Oliveira, bom dia!
ResponderExcluirO baixo índice de leitura dos estudantes brasileiros, alinhado com a média nacional, figura como um de nossos grandes desafios enquanto professores. Diante desse cenário, trazer as fontes históricas para nossas salas de aula, de fato, estimula novos interesses, curiosidade pelo assunto e uma gama variada de interpretações que contribuem para construção da consciência histórica. Contudo, levando em consideração que os professores têm um papel intransferível na mediação do saber vulgar para o saber científico, 1) não seria exagero dizer que “o aluno será então o agente de sua formação?” Outra questão: 2) Como um modelo de aula oficina propõe avaliar se houve apropriação dos conceitos trabalhados na aula, ou se os estudantes permanecerem nivelados a partir dos conhecimentos prévios do senso comum?
Atenciosamente,
Amanda Cristina Ribeiro
Olá Amanda, grata pelo comentário.
ExcluirAcredito que quando a professora Barca faz tal afirmação é pela perspectiva que ela tem de Ensino de História, sempre tentando estabelecer uma ligação entre teoria e prática, apontando uma direção onde a formação do ensino de História deva ser realizado a partir de situações de aprendizagem reais, em contextos concretos, o que possibilitaria disseminar resultados que poderiam ser ajustados a outros ambientes educativos.
Quanto a avaliação há maneiras diferentes de fazê-las, passando por materiais produzidos pelos alunos, testes e diálogos. No caso em que narrei da aula-oficina dentro de uma semana acadêmica e para alunos do nível superior, preferimos pelo diálogo ao término da aula, acreditamos que por serem alunos já em formação seria mais leve uma discussão. Quando trabalho esse modelo de aula no ensino fundamental, opto por um teste diagnóstico-formativo, no início da aula, quando afiro as concepções, elaboro uma questão que abranja de maneira geral o tema e peço para que os alunos respondam de forma breve e me entreguem, após a aula com utilização de diversas fontes, peço para que alunos respondam a mesma pergunta, o resultado é sempre muito interessante. É também interessante pedir para que produzam os materiais, na aula em que mencionei na resposta acima, para a Vivian, onde ministrei aula para três turmas juntas ao mesmo tempo, três 3º do Ensino Médio, o tema era Direitos Humanos e Ditadura Militar, ao término, dei aos alunos varias revistas para corte, tesouras e cola, ensinei como se fazia um Fanzine e pedi para que cada um fizesse o seu e me entregasse, o resultado foi muito bom, ministrei essa aula em 2017 e, como passávamos por um momento de efervescência política os resultados foram muito mais críticos do que eu esperava.
At.te,
Profa Krisley Aparecida de Oliveira