Mônica Karawejczyk e Marlise Regina Meyrer


ESTUDOS DE GÊNERO, ENSINO E PESQUISA: TEMAS SENSÍVEIS EM TEMPOS SOMBRIOS  



Como professoras do ensino superior, temos nos dedicado a pesquisar questões que envolvem os estudos de gênero e a história das mulheres. Até o início dos anos 2000 quase não havia bibliografias sobre essas temáticas no Brasil, sendo que podemos considerar que esse campo de estudos ainda se encontra em processo de consolidação. Na área do Ensino, o tema ganhou maior destaque a partir do Plano Nacional de Educação [2006] e Diretrizes Nacionais de Educação [2013]. Esse processo, no entanto, encontra-se ameaçado frente ao avanço de um pensamento conservador no Brasil, quando uma abordagem generificada da História está sendo constantemente questionada, seja pelos poderes públicos através de censura, cada vez mais explícita, ou pela mídia, especialmente a digital.

Apesar de tal constatação, percebemos que, desde 2010 há uma verdadeira explosão de publicações acadêmicas e paradidáticas sobre os estudos de gênero, bem como @s discentes têm demostrado um interesse cada vez maior sobre a temática. Temos percebido, nas salas de aula, um real interesse entre @s graduand@s  de história por esta temática, o que tem motivado tanto o aparecimento de grupos de estudos voluntários em horário alternativos das aulas em algumas universidades, quanto o aparecimento de coletivos feministas que procuram através da internet visibilizar cada vez mais as temáticas de gênero.

Temos aqui a intenção de dar visibilidade para os estudos de gênero e, nesse sentido, acreditamos ser importante falar das nossas próprias pesquisas, até como uma forma de depoimento. São duas realidades diversas, mas que ilustram bem como a temática tem influenciado nossas escolhas enquanto professoras. Optamos em fazer tais relatos na primeira pessoa como forma de nos apoderar da fala e diferenciar as experiências vivenciadas por cada uma das autoras.

Mônica: desde minha graduação tenho me pautado em pesquisar sobre a história das mulheres, contudo, não havia nenhuma disciplina, no início dos anos 2000, na UFRGS, que focasse nesse tema ou nos estudos de gênero. Mesmo assim me interessei em saber mais sobre a vida de uma mulher, Christine de Pisan, que em pleno medievo havia escrito um tratado abordando temas como a educação feminina, esse foi o tema do meu TCC na época e serviu de base para outros estudos e publicações [Karawejczyk, 2016]. Já no meu mestrado eu procurei identificar se houve alguma movimentação em prol do voto feminino no Rio Grande do Sul nos anos iniciais de 1930, pois a bibliografia especializada somente dava destaque para manifestações no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte. A fonte principal de consulta foi um jornal de Porto Alegre, o Correio do Povo. Eu me referia as minhas pesquisas, na época, mais como história política e que eu trabalhava com a imprensa do que identificava a minha proposta com os estudos de gênero. Somente quando eu comecei o doutorado é que as questões de gênero realmente tomaram vulto para mim e, nesse momento, passei a frequentar as reuniões do GT de Estudos de gênero da ANPUH-RS, e partilhar leituras e angústias com @s colegas que participavam dos encontros. Tais reuniões me ajudaram muito e eu percebi a complexidade do tema e das mais variadas abordagens que ele proporciona.

Creio que os estudos de gênero nos permitem ter outro olhar para as fontes, também percebi que não era simplesmente acrescentar as mulheres na história, mas sim de se pensar as relações entre homens e mulheres e no modo como acabamos socializando de forma diferente meninos e meninas, de como criminalizamos certas atitudes e como isso é uma construção da cultura em que cada um está inserido e do contexto em que nossas histórias são vividas. Foi nas reuniões do GT que acabei me dando conta de que quando falamos de história das mulheres - nas nossas pesquisas e nas nossas aulas – temos que particularizar nossas falas, nossos temas. Afinal de que mulheres estamos falando?  A partir de tais questionamentos, novas perspectivas começaram a ser abordadas e minha tese, recém-publicada, é uma prova disso. As filhas de Eva querem votar: uma história da conquista do sufrágio feminino no Brasil [2020] procura salientar os personagens, homens e mulheres que fizeram parte da campanha em prol da cidadania feminina no Brasil, mostrando suas relações e as limitações impostas pelo período em que viveram. Logo após ter terminado o doutorado passei um tempo na Fundação Biblioteca Nacional como pesquisadora-residente e lá pude me dedicar a pesquisar mais sobre a conquista do voto feminino e percebi como esse novo olhar sobre as fontes me tem proporcionado outras leituras e surpresas [Karawejczyk, 2019].  Atualmente tenho me dedicado a lecionar e a pesquisar sobre as temáticas de gênero na PUCRS e a parceria com Marlise Meyrer, desde 2018, tem se mostrado profícua e inestimável.  Refinar, aguçar, generificar meu olhar como pesquisadora e, agora, como professora, foi a contribuição que os estudos de gênero acabaram por me proporcionar. 

Marlise: ao olhar retrospectivamente para meu passado acadêmico, que se iniciou na década de 1980, no curso de graduação, a primeira lembrança que me vem em mente é a daquela realidade social em que, para maioria alunas mulheres, como eu, a graduação em História foi uma opção, dentre tantas outras no rol das licenciaturas, criadas nos tempos da ditadura, e que mudaram radicalmente o perfil dos professores no país. Neste contexto, grande parte das
alunas foi construindo sua formação lentamente ao mesmo tempo em que tinha filhos e atendia aos desígnios de mãe e esposa, cobrados pela sociedade, bem diferente do alunato jovem de hoje, que termina a graduação com a idade que eu iniciei e encaminha-se direto para o Mestrado e Doutorado. Parto desse relato pessoal “fundador” do meu “eu”, pesquisadora dos temas sobre gênero, para chamar atenção de como o impulso que tiveram os estudos sobre a História das Mulheres, desde os anos 1980 e posteriormente de gênero, relacionam-se com a experiência/vivência feminina de exclusão e exploração, possibilitando um olhar crítico sobre a sociedade patriarcal do mundo ocidental. É consenso que grande parte das historiadoras consolidaram seus estudos a partir de uma prática militante feminista.  No caso brasileiro, o maior acesso feminino ao ensino superior contribuiu para a expansão desses estudos, como foi o meu caso. Já na graduação, no meu TCC, acabei por pesquisar parte da minha vida e do meu lugar, quando abordei o protagonismo das mulheres no mundo do trabalho na região do Vale dos Sinos. Minha intenção foi, a partir das histórias oficiais que tinham protagonistas masculinos, identificar o papel das mulheres naqueles contextos, ou as histórias que não foram contadas. Dei o título a esse trabalho: “Apesar de ser mulher”, citando a fala de uma de minhas entrevistadas. Foi meu primeiro contato com uma bibliografia, à época ainda incipiente sobre a História das Mulheres, cito Michelle Perrot, Margareth Rago, Heleith Saffiotti, Maria Valéria Junho Penna e Mirian Moreira Leite. Em minha dissertação intitulada: “Evangeliches Stift: uma escola para moças das melhores famílias” - estudei uma escola evangélica alemã para moças fundada em 1886. Foi o momento de um aprimoramento intelectual, quando a relação entre, minhas experiências e a teoria, passaram a construir novos significados sobre minhas pesquisas.

As leituras específicas sobre História das Mulheres, que foram aprofundadas, somaram-se textos de Pierre Bourdieu, Michel Foucault, Natalie Davis. Também sobre a educação feminina: Eni Mesquita Samara, Guacira Louro, Elza Nadai. Nesse trabalho me preocupei com o que hoje identificamos como a interseccionalidade, discutindo gênero, etnia e classe social no espaço social da instituição escolar estudada. Parte desse trabalho foi publicado, em formato e-book e impresso, em parceria com Daniel Luciano Gevehr [Meyrer; Gevehr, 2014].  Meu projeto do doutorado foi fruto de minha experiência docente no curso de Comunicação da UNISINOS, quando, estudando para a disciplina de História da Comunicação, e pesquisando a história da imprensa, deparei-me com a riqueza das revistas ilustradas, em especial a revista O Cruzeiro. Na tese, intitulada “Representações do desenvolvimento nas fotorreportagens da revista O Cruzeiro [1955-1957]”, analisei as representações sociais veiculadas nas fotorreportagens da revista como parte de um projeto pedagógico que visava, em última análise, inserir o Brasil no mundo dito “civilizado”.   Embora nessa pesquisa não tenha me dedicado especificamente à história das mulheres, um dos capítulos discute o papel pedagógico da revista na construção de estereótipos sobre a mulher brasileira, como nas reportagens sobre os concursos de Miss Brasil. A tese foi publicada também em e-book [Meyrer, 2017]. De 2012 a 2017 integrei o corpo docente do curso de História e Pós-graduação em História da Universidade de Passo Fundo [UPF], onde acabei orientando a maioria das monografias e dissertações sobre história das mulheres.

Ao mesmo tempo, organizei grupos de estudos de Gênero e História Oral na Instituição que resultaram em dois trabalhos audiovisuais e um livro. O primeiro trabalho foi uma pesquisa sobre a antiga rua do meretrício da cidade e um cassino de luxo no local, que funcionava como local de encontros. A partir da História Oral, produzimos o documentário: “XV de Novembro: fronteiras da [in]tolerância” e um livro  com o mesmo título [Meyrer, 2016]. Outra produção foi o vídeo Gênero, Educação e Sexualidade [acesso on-line, indicação nas referências] que apresenta entrevistas com nove jovens sobre suas experiências recentes no espaço escolar. A questão de como as relações de gênero são tratadas e “sentidas” no espaço escolar, foi definida a partir do interesse do grupo, que se pautou por temas “incômodos”, muitas vezes traumáticos e da empatia com as dificuldades e sofrimento deles mesmos. Atualmente, desde 2018, integro o corpo docente do curso de graduação e pós-graduação em História da PUCRS, onde continuo a desenvolver projetos e pesquisas sobre História e relações de Gênero e orientando dissertações e teses sobre o tema. Também coordeno, junto com Mônica Karawejczyk, um grupo de estudos de Gênero. Ministramos, também em parceria, a disciplina do Programa do Pós-graduação em História: “História e Gênero: pesquisa e discussões historiográficas”. Nesse relato de minha trajetória, procurei mostrar como experiências de vida e profissionais pautadas pelas leituras teóricas, constituíram minha subjetividade, neste caso, um sujeito feminista e professora de história. Também evidencia a influência desse processo nas minhas práticas de ensino. Exemplo disso é que, em todas as minhas aulas, desde aulas sobre a Antiguidade Oriental, Idade Média ou Patrimônio as mulheres sempre estão presentes, evidenciando a indissociabilidade entre ensino e pesquisa.

Os relatos de nossas experiências acadêmicas servem para evidenciar, a partir de percursos pessoais, a trajetória dos estudos de gênero na historiografia, bem como no ensino sobre essas temáticas nos cursos de graduação. Temos observado que as pesquisas que se tem debruçado sobre os estudos de gênero têm mostrado uma variedade de abordagens e de fontes. Com fins de exemplificar essa nossa constatação, passamos a apresentar os trabalhos que participaram de um dos Simpósios Temáticos [STs] do Encontro de Pesquisas Históricas, organizado pelos estudantes do curso de História, ocorrido no ano de 2019, na universidade em que trabalhamos a PUCRS. No ST Gênero e História das Mulheres observamos que a maior parte dos trabalhos foi proposta por mulheres. Analisando os resumos apresentados as palavras mais utilizadas foram: “invisibilidade histórica” e “resgate da trajetória” para justificar as pesquisas. Tais trabalhos se concentravam a analisar o espaço urbano, nos séculos XX e XXI e com foco na história das mulheres. Chama a atenção além do enfoque o uso das fontes mais diversas, tais como literatura; periódicos, tanto da grande imprensa quanto de uma imprensa especializada; entrevistas; textos sagrados; anais de conferências;   quadrinhos;  fotografias e  pinturas;  processos-crimes; documentos de instituições das mais diversas;  discursos medico-psiquiátricos; filmes; depoimentos pessoais;  processos trabalhistas; discursos jurídicos, entre outros.

Essa nos parece ser a marca das pesquisas atuais, uma ênfase maior na história das mulheres, com uma diversidade de fontes e abordagens, mas quase todas voltadas para o espaço urbano e para o último século. O foco tem sido quase sempre a conquista do espaço público e urbano, como o espaço da fala, da legitimação do uso da palavra e dos espaços de poder bem como da divulgação dessa palavra, através da escrita ou de imagens, por exemplo.

Apesar de tal constatação também queremos destacar que, se desde os anos 1980 o tema dos estudos de gênero e da história das mulheres tem cada vez mais despertado interesse d@s pesquisador@s, a partir da década de 2010, tem obtido cada vez mais visibilidade e tem se tornado mais desafiante depois dos ataques proferidos por vários setores ao que tem se convencionado chamar de “ideologia de gênero”. O que parece estar contribuindo para disseminar crenças equivocadas sobre o conceito de gênero é certa incompletude na forma como o termo gênero é compreendido. Os que criticam utilizam a palavra como fosse sinônimo de sexo biológico, caracterizando o homem e a mulher. Contudo nos estudos de gênero, a palavra é compreendida e utilizada de forma mais aprofundada, como uma categoria de análise que ajuda a pensar a maneira como as ações e posturas, dos homens e das mulheres, são determinados pela cultura em que estão inseridos [Scott, 2008].

Isso nos leva a questão da divulgação da história e do nosso papel como educadoras e pesquisadoras dessas questões, passamos a nos perguntar como deter essa onda de desinformação e intolerância? Temas que precisamos enfrentar e que podemos situar no que denominamos de temas sensíveis que precisam ser problematizados no âmbito escolar em todos os níveis.  Entendemos aqui os temas sensíveis como: “temas controversos, cujo tratamento no espaço público se vê particularmente dificultado ou tensionado pelas implicações políticas, éticas e memoriais que acarretam, pelas hipersensibilidades ou irracionalidades que, em consequência despertam” tal como a definição de Vera Carnovale [Andrade, Balestra e Gil, 2018, p.17].

A latência do tema, os setores que mobiliza e sua intensa circulação, abala o sistema de poder enraizado na família patriarcal e no sistema heteronormativo. Essas questões são fundamentais para pensarmos a pesquisa e o ensino em história. Ou seja, nossas pesquisas sobre o passado mobilizam questões sensíveis do presente? Ou, nossas pesquisas e a prática de ensino estão dando conta de responder as questões sensíveis do presente? Em que medida o saber acadêmico pode interferir nas questões sensíveis e contribuir para uma sociedade mais justa, mais humana, mais democrática?

Desde o momento em que nos foi feito o convite para participar desse simpósio estávamos em dúvida sobre o que abordar. Falar sobre as nossas pesquisas e trajetórias como professoras? Falar sobre o que são os estudos de gênero? Sobre os mais recentes ataques a pesquisa e a academia?  Sobre a angústia que tem permeado a vida acadêmica e a insegurança que tem nos colocado, nós como pesquisador@s, professor@s,  estudantes em constante tensão e com um sério comprometimento da nossa própria saúde mental? Abordar a sensação de isolamento, fatalidade, incompreensão que está permeando ultimamente os corredores das nossas universidades? Decidimos fazer um misto de depoimento/desabafo, pois esse é o momento de nos posicionarmos e colocarmos os temas sensíveis na mesa de discussão, partindo das nossas vivências, experiências e dos temas sensíveis que percebemos estar permeando a sociedade. Cabe-nos destacar que esse processo deve levar em consideração a subjetividade do/da historiador/a, que nossa prática não é alheia às crenças, aos sistemas de valores e as visões de mundo de cada um.

Para finalizar queremos lembrar que, no início do século XX, algumas mulheres se uniram para lutar por alguns direitos básicos, como o direito a ter uma educação de qualidade, de ter um trabalho com uma boa remuneração, de ter o direito de participar da vida política do seu país, de ter direito de escolher se iriam ter ou não ter filhos e até mesmo o direito de  simplesmente andar livremente pelas ruas sem ser importunadas. Muitas dessas demandas as mulheres conquistaram ao longo de um século, outras ainda são apenas desejos e promessas, mas elas deixaram uma lição importante no nosso entender: não devemos deixar as adversidades nos impedir que lutar pelo que acreditamos ser o certo.

 Fomos convidadas para participar de um evento acadêmico, em um momento de desmonte e ataque das universidades e das pesquisas em ciências humanas, com cortes governamentais significativos, que impactam diretamente no ensino e na pesquisa histórica. Em um momento que nossa profissão está sendo tão atacada e desacreditada – momentos como estes nos proporcionam a oportunidade de fazer uma reflexão sobre nossa trajetória e, no nosso entender, devem ser celebrados como momentos de luta e de resistência. Acreditamos que é o momento tanto de repensar a nossa profissão e o modo como nos relacionamos com a sociedade quanto a forma como divulgamos o conhecimento que produzimos na academia. Como bem abordou o samba-enredo da escola de samba Mangueira em fevereiro de 2019 – está na hora de: “tirar a poeira dos porões – abre alas pros teus heróis de barracões [...] dos brasis que se faz um país de Lecis” e nós acrescentamos, um país de dandaras, de Dilmas, de Marias, de Marieles e de tod@s nós.

REFERÊNCIAS
Mônica Karawejczyk é historiadora, professora, pesquisadora e feminista. Doutora em História pela UFRGS, atualmente professora colaboradora do PPG História PUCRS e bolsista PNPD-CAPES.

Marlise Regina Meyrer  é historiadora, professora, pesquisadora e feminista. Doutora em História pela PUCRS, atualmente professora permanente da Escola de Humanidades e do PPG História PUCRS.

ANDRADE, Juliana Alves de; GIL, Carmem Zeli de Vargas; BALESTRA, Juliana Pirola. Ensino de História, Direitos Humanos e Temas Sensíveis – Apresentação/Dossiê e Entrevista – Vera Carnovale: A dor do outro como tema nas aulas de história.  Revista História Hoje, vol. 7, nº 13, 2018.

KARAWEJCZYK, Mônica. As filhas de Eva querem votar: uma história da conquista do sufrágio feminino no Brasil. Porto Alegre: Edipucrs, 2020.

KARAWEJCZYK, Mônica. Christine de Pisan: uma filósofa no medievo?!. In: PACHECO, Juliana [Org]. Filósofas: a presença das mulheres na filosofia. Porto Alegre: Editora Fi, 2016. Disponível em: http://www.editorafi.org/filosofas

KARAWEJCZYK, Mônica. Mulher deve votar? O Código Eleitoral de 1932 e a conquista do sufrágio feminino através das páginas dos jornais Correio da Manhã e A Noite. Jundiaí: Paco Editoral, 2019.

MEYRER, M. R. Representações do desenvolvimento nas fotorreportagens da Revista O Cruzeiro [1955-1957]. Passo Fundo: UPF Editora, 2017. Disponível em: http://editora.upf.br/images/ebook/representacao_desenvolvimento_rev_o_cruzeiro.pdf
MEYRER, Marlise Regina [Org.] Quinze de Novembro: Fronteiras da [in]tolerência. Passo Fundo [1945-1955]. São Leopoldo: Oikos editora, 2016. Disponível em: 
http://oikoseditora.com.br/files/Quinze%20de%20novembro%20-%20E-Book%20[2].pdf. 
MEYRER, Marlise Regina [org.]. Documentário – “Gênero, Educação e
Sexualidade”, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=71v4yl5C6Ao
MEYRER, Marlise Regina [org.]. Documentário – “XV de Novembro: fronteiras da [in]tolerância” , disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=4h5LnzC-3_0
MEYRER, Marlise Regina; GEVEHR, Daniel Luciano. Gênero, identidade étnica e poder: mulheres na imigração alemã no Rio Grande do Sul. Passo Fundo: Ed. UPF, 2014.   Disponível em: http://editora.upf.br/index.php/e-books-topo/41-historia-area-do-conhecimento/92-genero-identidade-etnica-e-poder.
SCOTT, Joan. El gênero: una categoria útil para el análisis histórico. In: Género e historia. México: FCE, Universidad Autónoma de la Ciudad de México, 2008, p.48-74.



31 comentários:

  1. Parabéns Mônica e Marlise pelo belo trabalho, gostei muito das suas pesquisas sobre os direitos das mulheres e suas grandes conquistas,sabemos que ainda falta muito para ser conquistado, na sua opinião qual a maior conquista que as mulheres tiveram desde o começo pela luta de seus direitos?
    Universidade Nilton Lins, 1° Período Licenciatura Plena em História.
    Alison Rodrigues Corrêa.

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    1. Alison, obrigada pela leitura e pelo incentivo. Na minha opinião as mulheres, nesse último século, conquistaram um espaço de maior respeito e igualdade no espaço público. Se for se falar de uma única conquista, a de ter direito a educação de qualidade e nos mesmos termos que a educação dada aos membros masculinos é a que eu destacaria. Contudo temos que estar sempre vigilantes - para o que foi conquistado não ser retirado. Ainda há muito a se conquistar, as questões da violência de gênero tem que ser enfrentadas por toda a sociedade bem como o trabalho feminino ser mais valorizado, as questões dos cuidados com a casa, por exemplo, são temas que devem ser debatidos e muito. Atenciosamente Mônica Karawejczyk

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  2. Indo para uma premissa mais sensível, o que te motivou a estar sempre lutando contra esses entraves para estar sempre construindo seu sonho e que,socialmente é uma das maiores representações? Carlos Germano Ataides Dos Santos.

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    1. Carlos o que me motiva a estar sempre lutando é a certeza que podemos viver em um mundo mais justo e solidário. É o que me motiva a continuar pesquisando e ensinando, ter esperanças em um mundo em que se tenha mais respeito pelas diferenças e a certeza que todos e todas temos a capacidade de sermos mais solidários e empáticos. Att, Mônica Karawejczyk

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    2. O que me motiva é a percepção de que esses estudos fazem parte de um movimento de longa duração e que, entre avanços e retrocessos, tivemos conquistas significativas, que implicam em mudanças (para melhor) na vida das pessoas. Me sentir parte desse movimento dá mais significado ao meu exercício profissional e por extensão à minha vida. Marlise Meyrer

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    3. Parabéns,professoras. Obrigado!

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  5. Muito pertinente o trabalho de vocês, tenho muita afinidade com as temáticas de gênero e sexualidade, mas gostaria de saber qual o maior desafio que vocês passaram em sala de aula envolvendo as questões de gênero?

    Wheber Mendes dos Santos

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    1. Wheber, trabalhar com gênero é sempre um desafio, pois trata de um tema sensível que toca emocionalmente as pessoas de diferentes formas e nem sempre estamos preparados para lidar com essas questões ligadas as emoções. Nos preparamos mais para o intelecto. Já enfrentei situações de revelações de sexualidade e de violência de gênero em sala de aula. As vezes acabamos encorajando essas atitudes com nossos discursos e nem sempre é uma situação fácil. Então temos que estar preparados para as diferentes respostas dos nossos públicos e fazer delas matéria prima para reflexões e mudanças positivas.

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  7. Adorei o texto de vocês! Parabéns pela abordagem. Gostaria de saber se vocês tem algum levantamento de dados da década de 2000 ou de 2010 sobre como o ensino superior tem abordado as questões de gênero? Vejo pesquisas e pessoas interessadas, mas nos currículos vocês percebem essa mudança?
    Saí da universidade em 2011 e tive pouquíssimos estudos sobre a atuação feminina. Sei que se modificou muito, hoje vejo os grupos de estudos mais ativos.
    Obrigada
    Paola Rezende Schettert

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    1. Cara Paola, agradecemos a leitura e o interesse no tema. Como a profª Marlise já comentou não temos esses dados mais concretos abordando, no ensino superior, as questões de gênero, essa é uma área a ser desbravada ainda. Temos acompanhado que, desde os anos 2010, tem sido ofertadas disciplinas nas graduações de história em algumas universidades, mas ainda muito incipientes tendo em vista a demanda cada vez maior que percebemos entre @s discentes. Precisamos inserir essas questões de forma mais pontual na academia e de uma forma mais consistente e não somente quando tem alguma professora/professor que se interessa nessa área, acredito que muito ainda temos que trilhar para que os estudos de gênero tenham um protagonismo maior na academia. A UFSC tem sido uma das universidades que têm primado, desde a graduação, em ofertar disciplinas que abordam tais questões, bem como a UFRGS, entre outras federais. Mas o que tem vigorado mais são os grupos de estudos, como bem apontastes.
      Att,
      Mônica Karawejczyk

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  8. Obrigada Paola. Não tenho dados com base em pesquisas sobre esta questão. No nosso grupo de estudos de gênero na PUCRS estamos com um projeto para fazer esta pesquisa nas licenciaturas da Universidade. Mas, informalmente posso dizer que pouco avançamos em termos de curricularização dos estudos de gênero. Tem algumas iniciativas isoladas, como a UFRGS, que no seu novo currículo inseriu uma disciplina sobre o tema. Entretanto, os grupos de estudos sobre gênero e história das mulheres são bastante atuantes em várias Universidades. Os Programas de Pós-graduação se destacam mais nesse campo, mas não vejo ainda uma correspondência com a graduação e a escola, o que considero nosso principal desafio.

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  9. Primeiramente gostaria de parabenizar as autoras pelo texto e pela temática. Achei muito interessante a opção por explicitar as narrativas pessoais para corroborar com a temática tratada.

    Apesar de não ser o tema central do texto, mas ser tangenciado por várias vezes, gostaria de saber conforme a opinião e pesquisa das autoras, como vocês avaliam as possibilidades do trabalho com gêneros nas escolas, no sentido de que, apesar dos avanços que tivemos graças as lutas, mutitos planos municipais decenais de educação vetaram as discussões de gênero e sexualidade nas escolas, inclusive no município mineiro onde resido; ronda ainda pelo ar uma pretensa e intragável discussão acerca da "ideologia de gênero" e um censor, fomentado por propostas do Escola Sem Partido, limitando a atuação docente.

    Apesar do cenário sombrio, me sinto motivado, após a leitura do texto, de pensar em possibilidades e questões para continuar reinventando e resistindo.

    Agradeço a atenção dispensada!

    Caio Corrêa Derossi

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    1. Caio, obrigada pela leitura e pelo interesse.

      Quanto a sua questão, acredito que há muitas possibilidades de se trabalhar com gênero em sala de aula e em todos os níveis de ensino. Oferecendo oficinas, cursos e integrando textos e materiais que estabeleçam um diálogo constante com os alunos/as alunas sobre respeito as diferenças. Uma boa forma de se abordar as diferenças de tratamento entre homens e mulheres pode ser trazer revistas antigas e atuais e pedir para @s discentes compararem os discursos e/ou as imagens ali apresentadas, por exemplo. Nesses tempos sombrios em que percebemos tanta discriminação e ignorância sobre os estudos de gênero acredito que ações pontuais possam sim trazer um pouco de esperança para tod@s.
      Já percebemos algumas pequenas vitórias - esperamos que muitas outras venham e logo.

      Mônica Karawejczyk

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  10. Parabéns pelo texto nos traz muita inspiração para as lutas que ainda temos que ganhar.
    E diante da temática que vocês abordaram eu gostaria de saber quais foram os seus maiores obstáculos enfrentado para chegarem até onde estão e quais foram suas maiores inspirações para continuarem nessa luta de espaço e reconhecimento feminino, no mundo onde o machismo ainda se faz presente em vários setores de trabalho?

    ANA SARINA VALENTE MARQUES

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  11. Cara Ana, a luta é diária mesma. Em meio a tantos descalabros institucionais não é nada fácil permanecer firme e fortes na pesquisa e na divulgação dos estudos de gênero. Eu pessoalmente não sinto tanta dificuldade de aceitação do meu tema de pesquisa, pois meu foco é um tema político, mas para os que se dedicam aos estudos da identidade de gênero e sexualidades percebo muita ignorância e desafios cada vez maiores. O maior obstáculo que percebo é ainda ter que reafirmar que os estudos de gênero são importantes e que merecem ser tratados com respeito e profundidade pela academia e pela sociedade.

    Agradeço o interesse e a leitura do nosso texto.

    Mônica Karawejczyk

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  12. Parabéns profas Monica e Marlise pelo excelente texto, por motivarem a pesquisa histórica em gênero e por serem grandes referências. Fico muito feliz com o significativo avanço dessa temática ao logo dos últimos anos e quanto mais eu leio e pesquiso mas eu descubro que tenho muito mais a aprender.

    Luciane Campos - Manaus/Am

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    1. Obrigada Luciane, você faz parte dessa luta também, com seus trabalhos de pesquisa e de divulgação entre seus alunos e suas alunas. Agradecemos a leitura e o incentivo.

      Mônica Karawejczyk

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  13. Que belo texto, parabéns meninas. Em momentos tão delicados em que a sociedade vive e com essa temática tão importante, como levar este assunto as salas de aula como uma forma de motivação e sensibilidade á discussão?
    Beatriz Bezerra da Silva

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    1. Beatriz, realmente levar essa temática para as salas de aula têm se mostrado cada vez mais necessário e urgente. Acredito que uma boa forma, pelo menos no ensino superior, seja valorizar as produções das nossas pesquisadoras, ofertando para @s alun@s textos escritos por mulheres e que dialoguem com a questão dos estudos de gênero, e são muitos trabalhos que muitas vezes são poucos divulgados por noss@s colegas professores. Nos outros níveis de ensino acredito que se deva apostar em filmes, fotografias, material publicitário e da imprensa, entre outros, para sensibilizar noss@s alun@s da importância e da necessidade de se discutir as diferenças e o respeito que cada um merece. Não existem fórmulas mágicas nem uma maneira fácil de se abordar temas polêmicos como temos visto atualmente, mas é um desafio diário para tod@s nós.


      Mônica Karawejczyk

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  14. Parabéns pelo texto, ótimas questões levantadas. Gostaria de saber, na opinião de vocês, qual o maior desafio do professor ao levantar questões de gênero dentro da sala de aula?
    Julia Piovesan Pereira.

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  15. Julia, obrigada pela leitura! Na minha opinião um dia maiores desafios de se abordar tais questões na sala de aulas ainda é a intolerância e ignorância do tema, ainda mais se for abordado questões ligadas as sexualidades e identidade de gênero.

    Mônica Karawejczyk

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  16. Excelente texto! Parabéns!
    Gostaria de saber como se procede essas aulas pensando no ensino médio, se nos livros didáticos as referências de mulheres na história são ou um pedaço pequeno num canto da página o nem aparecem? E como procede isso na sala de aula ao levantar essas questões de gênero, pois as escolas muitas vezes evitam esse assunto alegando não estar no curriculo? Como pode ser mediado esses assuntos? E como proceder a importância dessa temática também nas graduações? Pouquíssimos currículos se apropriam do tema ou tem ele como disciplina.

    -Eduarda Thaís dos Santos

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    1. Mônica Karawejczyk22 de maio de 2020 às 09:10

      Bom dia Eduarda, obrigada por participar do debate, tua pergunta é bem pertinente e bem difícil de responder também. Estamos vivenciando momentos bem delicados com essas políticas autoritárias e retrógradas que visam atacar o conhecimento científico e que veem, nos estudos de gênero, a fonte "de todo o mal". Tuas inquietações são as mesmas que eu tenho me feito já há algum tempo. Aqui nesse simpósio estou lendo vários textos de comunicadores que se propõem a dar exemplos bem sucedidos de atividades nas salas de aula, abordando essas questões. A maneira mais eficaz seria mesmo uma mudança nos currículos fazendo com que tais questões fossem inseridas nas capacitações e nos conteúdos das aulas, mas não acredito que tão logo esse tema seja abordado pelo Ministério da Educação, muito pelo contrário. Por enquanto o que tenho percebido são tentativas isoladas de profissionais que se interessam por estas temáticas e levam, apesar dos ataques, à frente o debate nas suas escolas.

      Att,
      Mônica Karawejczyk

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  17. Olá, Monica e Marlise, que bacana a forma que vocês relacionaram as experiências profissionais de vocês com a teoria de gênero. Achei bem interessante a construção do texto. A minha pergunta é mais específica, em função das dificuldades que passo em sala de aula: como podemos desconstruir o discurso da "ideologia de gênero", vocês podem indicar bibliografia para ajudar? Agradeço desde já. Abraços

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    1. Elenita para desconstruir esse discurso da "ideologia" de gênero acredito que tudo dependa da "turma" e mesmo do nível de ensino que estamos trabalhando. No ensino fundamental trazer exemplos práticos me parece ser o que impacta mais nos mais jovens - trabalhar com livros, documentos e fontes primárias tem sido ferramentas que os colegas têm trabalhado e tem impactado de forma bem positiva. No ensino médio tenho acompanhado propostas de desconstrução de tais discursos que tem obtido certo sucesso, mas todas iniciativas pontuais de professores e professoras e que, muitas vezes, não tem o respaldo de outros colegas e mesmo da direção das escolas. Já no ensino superior a questão é mais complexa, se for para inserir o questionamento e problematizar a questão nas discussões das disciplinas do currículo convencional, o que temos feito, eu e a Marlise enquanto professoras, é ofertar textos de autoria feminina para além dos clássicos escritos por homens e tentando inseri-los no debate. Mas aí temos as limitações de tempo e conteúdo para "driblar". O que tem nos parecido mais satisfatório, mas que também não atinge um público muito grande, é investir em grupos de estudo (em horários complementares) nos quais conseguimos inserir leituras mais específicas sobre as questões de gênero. Sei que "fugi" um pouco do que perguntastes.
      Sobre bibliografias para trabalhar em sala de aula temos várias sugiro mesmo o Dicionário Crítico de Gênero organizado por Ana Maria Colling e Losandro Tedeschi, com vários verbetes que podem ser trabalhados em conjunto com outros textos nas disciplinas, também os textos da bell hooks que são de fácil acesso e de escrita fluida e agradável - sugiro em especial os livros "o feminismo é para todo mundo" e "erguer a voz", por exemplo. Livros como "História das Mulheres no Brasil" e "Nova História das Mulheres no Brasil" publicados pela Contexto também podem servir de porta de entrada para questões que envolvem discussões de gênero e história das mulheres nas disciplinas, não mais como complementares mas como textos obrigatórios para serem lidos pel@s discentes da graduação. Não me sinto confortável em indicar um texto específico que possa desconstruir uma noção como a de "ideologia" de gênero, mas espero ter pelo menos despertado, com nosso texto, o desejo de combater esse descalabro.

      Abs,
      Mônica Karawejczyk


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  18. Olá.

    Adorei a apresentação de vocês. Foi importante até mesmo para refletir a minha maneira de ensinar História. Eu queria saber como, na opinião de vocês, podemos mostrar a importância do gênero nos processos históricos tendo em vista esse momento sombrio que estamos passando? Vocês já tentaram? E qual foi a eficácia de vocês?

    Carlos Mizael dos Santos Silva

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  19. Texto muito proveitoso, estou iniciando meu TCC em estudos de gênero, para me formar em licenciatura de História. Ao ler essa redação, falando sobre experiência enquanto mulher, falando em gênero, acende uma luz no fim do túnel que é o Brasil nesse momento.
    Gostaria de saber se podemos inserir mais teóricas mulheres no ensino de história no ensino médio, sem deixar de lado o que é proposto pela cartilha de ensino. Se fizermos isso, além de estarmos inserindo a mulher na historiografia, vocês acreditam que facilitaria de alguma maneira o combate á educação machista? Várias amigas que começaram recentemente a dar aulas, sentem mais resistência nos meninos em obedecerem elas, ou sentem que professores homens eles "respeitam" mais.
    Caroline Aparecida Prior Francisco

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  20. Estimadas Profas,
    Em nome da Mesa de Ensino de História: Teorias e Metodologias, gostaria de agradecer por compartilhar o seu conhecimento conosco. O seu trabalho foi um diferencial em nosso evento. É perceptível o quanto as suas reflexões motivaram e incentivaram os leitores. Obrigado!

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