Danilo Sorato


ENSINO DE HISTÓRIA E CURRÍCULO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO


Uma primeira conversa sobre ensino de história e currículo
Antes de iniciar um diálogo mais aprofundado acerca do currículo de História no Rio de Janeiro, torna-se fundamental apresentar um pouco do debate entre Ensino de História e Currículo ao longo do tempo no Brasil. Em seguida, debate-se a relação entre os dois na cidade do Rio de Janeiro a partir dos anos de 1980 até os tempos mais contemporâneos da última revisão curricular em 2018.

O Currículo de História, bem como o Ensino de História, possuem um dinamismo em relação às transformações que ocorrem na sociedade. Como mostra essas mudanças mais recentes no Brasil, caracterizada por novos olhares dos sujeitos históricos [negro, indígena, mulher], da mesma forma que por novas estratégias metodológicas.

No século XIX, o currículo de História brasileiro é criado após ampla discussão pela implantação do ensino público no país. Como mostra Bittencourt:

“A introdução da disciplina de História nos cursos preparatórios e no Colégio Pedro II, e posteriormente em liceus e escolas privadas das províncias, desempenhou “um papel iniciador no processo de autonomização das disciplinas” de forma semelhante ao que ocorreu na França e, ao desligar-se do tronco das letras, marcou “a abolição do princípio unitário no ensino das humanidades clássicas” [cf. Chervel; Compère, 1999, p.168]. A História se inseriu ardilosamente no âmbito das Humanidades juntamente com os estudos da literatura e das línguas vivas, e seus objetivos estavam comprometidos com uma formação moral por intermédio de um curso dogmático estabelecido por um programa oficial ao qual os professores se submetiam, mas por vezes se rebelavam, especialmente no confronto entre uma história sagrada e uma história profana [Pirola, 2013]. Considerando a formação e origem dos professores, os conteúdos de uma História Universal ou da Civilização passaram a ser selecionados em função ou da História Sagrada ou de uma História Profana. E da mesma forma também se criava uma “cadeira” para a História do Brasil com reconhecidos professores oriundos do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil e que disputavam o sentido de uma formação nacionalista na formação de “cidadãos aristocráticos”.”[Bittencourt, 2018, p. 134]

O ensino de História tinha um sentido formador de “cidadãos aristocráticos” defensores de um nacionalismo brasileiro em vias de formação. Uma história com passado europeu e ocidental cujos sujeitos históricos exaltados eram os grandes heróis e personagens políticos tal como, os descobridores do Brasil.

Vale lembrar que o Rio de Janeiro era a capital do Império do Brasil e o local onde essas transformações no ensino eram mais visíveis. O Colégio D. Pedro II foi o laboratório para a implantação desse currículo em História para formar “cidadãos aristocráticos”.

Depois, no século XX, com as transformações sociais e políticas no país, novas formas de analisar o currículo e o Ensino de História ocorreram. A instauração da República renova os sonhos das elites políticas e econômicas em colocar entre as nações do mundo. No que tange ao Ensino de História e o Currículo, pode-se afirmar que houve pouquíssimos avanços. Como argumenta Bittencourt [2018, p. 137], as proposições curriculares estiveram muito interligadas ao contar a história do país através dos grandes personagens e elites políticas do Estado pelo método de memorização de datas e fatos históricos.

Mas, além dessa manutenção curricular do período imperial, há uma concepção de formar não apenas “cidadãos aristocráticos”, como “cidadãos patrióticos” obedientes as leis sociais e defensores da ordem estabelecida vigente no período Vargas.

Nos anos de 1950 e 1960, o Ensino de História mantém seus pressupostos básicos de formar estudantes com a finalidade de prestar vestibular. As transformações curriculares são deixadas de lado, embora importantes discussões ocorrem, tais como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação [LDB].

No período militar, o Ensino de História é marcado por uma repressão aberta do novo regime político. Como mostra Bittencourt [2018, p. 141], a disciplina perdeu espaço para os Estudos Sociais na tentativa de formar cidadãos para obedecer à ordem social.

A partir da abertura democrática, o Ensino de História e seu currículo ganharam novas discussões e debates, sobretudo na cidade do Rio de Janeiro.  

Ensino de História e Currículo na cidade do Rio de Janeiro
A cidade do Rio de Janeiro representa bem o que ocorreu no restante do país com a transição democrática no currículo de História. O novo tempo é caracterizado por reformas curriculares que repensam objetivos e metodologias na área.

Como aponta Da Silva [2016, p. 23], a reforma é embasada pelo campo da Nova História. Para além disso, é o momento em que são apresentados as discussões sobre a separação das disciplinas História e Geografia com o fim dos Estudos Sociais.

No ano de 1987, é feito um documento chamado, “Reforma Curricular – História – 5ª-8ª séries”, no qual participaram a Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Estadual de Educação. Nesse documento estão propostos uma série de alterações no Ensino de História, especificamente a volta da disciplina para a Educação Básica.

Nos anos de 1990, as mudanças se somam a aprovação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação [LDB/1996]. Nessa legislação são oficializadas as discussões em vigor no Rio de Janeiro, como o ensino de História indígena e o ensino de História da África. 

Na cidade do Rio de Janeiro, destacam-se as reformas empreendidas nos anos 2000. Na gestão Eduardo Paes, entre os anos de 2009 a 2013, são articulados documentos com orientações curriculares e materiais pedagógicos de História para os segmentos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos [EJA].

Nesse documento aparecem mudanças, mas também continuidades no que se referem aos conteúdos das Orientações Curriculares. Como mostram Moraes e Spindola ao entrevistarem os professores que formularam o currículo de História da cidade do Rio de Janeiro:

“Os entrevistados afirmaram que a lista de conteúdos presente nas Orientações curriculares não é diferente da que tradicionalmente compõe a disciplina no ensino fundamental, segundo a lógica da história integrada, em que a história do Brasil aparece vinculada à história mundial e principalmente da Europa. Segundo Bittencourt [2011, p. 157], essa abordagem apresenta algumas inovações, mas mantém o criticado pressuposto eurocêntrico, com uma diminuição acentuada dos conteúdos de história nacional, da América e África.” [Moraes; Spindola, 2017, p. 1157]

A perspectiva da história integrada diminui o protagonismo da história da África e indígena, o que pode ser um problema levando em consideração o grande espaço dado a História da Europa. É fundamental avançar nessas questões nas normativas curriculares da disciplina para, ao menos tentar equilibrar esses conteúdos.

Essas dificuldades começam a ser repensadas a partir de um novo ciclo que se abre no Brasil com a criação da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental. Para alinhar as orientações do componente nacional em História, as Orientações Curriculares do município do Rio de Janeiro são revisadas em 2018.

Nesse documento [Rio de Janeiro [município], 2018, p. 7], busca-se integrar o currículo municipal ao currículo nacional através da “Atitude Historiadora” em que professores e alunos se reconhecem como sujeitos de aprendizagem. Ademais, pretende-se preservar as especificidades locais da cidade do Rio de Janeiro a fim de que haja certa valorização da História Local. Diz o documento:

“A Secretaria Municipal de Educação, através da Gerência de Ensino Fundamental, continuou o diálogo com os Professores Regentes tendo em vista as discussões curriculares emanadas do MEC. As Orientações Curriculares de História da Rede foram sendo [re]significadas, ao longo dos anos, em conjunto com os Professores da Rede. Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental, no final do ano de 2017, mais uma vez houve a oportunidade de reorganizar nossos currículos, procurando preservar sempre as questões específicas das comunidades de nossa cidade.” [Rio de Janeiro [município], 2018, p. 6]

Portanto, a sua concepção é repensar seu papel curricular alinhado com as alterações aprovadas na BNCC em 2017. Esse é um ponto fundamental da concepção do entendimento da legislação curricular, pois é o que norteia o seu conteúdo.

Um eixo interessante dos conteúdos é o que mostra a Ditadura militar brasileira para o 9º ano. Como sugestão, o currículo pede ao professor de História para trabalhar no 4º bimestre.

O interessante nessa discussão é perceber como o currículo encara esse evento histórico tão polêmico na conjuntura atual. Segundo aponta o documento, o docente deve ter como “objeto de aprendizagem”, “- O contexto do golpe e sua consolidação.- Cone Sul: outros golpes contra a democracia.- O estabelecimento da democracia no Brasil.” [Rio de Janeiro [município], 2018, p. 54].

A palavra golpe é utilizada para caracterizar 1964, o que deixa bem claro o posicionamento em relação ao que ocorreu no evento. Isso é importante em virtude do crescimento de correntes que relativizam ou negam o papel do autoritarismo e supressão de liberdade no Brasil na segunda metade do século XX. Esse debate deve ser levado para os espaços escolares do município já que foi um dos mais afetados pelo que ocorreu. 

Apesar desses avanços no que concerne ao diálogo entre a BNCC e as Orientações Curriculares, existem dificuldades que não foram sanadas ainda pelo currículo atual. Problemas como a pouca abrangência dos conteúdos não europeus [indígena e africano] ainda persistem, sobretudo levando em consideração a conjuntura atual. Há maior abrangência de conteúdos europeus, tal como no currículo anterior [2009-2013].

Com a nova conjuntura nacional, quais serão as alterações curriculares no Ensino de História? E em termos de conteúdos, o currículo municipal do Rio de Janeiro pretende fazer uma releitura do período civil-militar aos moldes do que pensam os novos donos do poder? E o papel da religião cristã ganhará destaque? Os personagens históricos indígenas e negros perderam espaço para os grandes heróis políticos nacionais? Essas respostas serão refletidas nos próximos anos com as novas alterações curriculares que se seguirão.  

Considerações Finais
O currículo e o Ensino de História na cidade do Rio de Janeiro sofreram diversas alterações com o passar dos anos, como bem mostrou a presente comunicação.

Desde sempre muito ligado ao que ocorreu no Brasil do período imperial ao período contemporâneo. Na época da monarquia, o Rio de Janeiro, capital e corte imperial, tornou-se o centro do processo de implantação do Ensino de História nas escolas públicas, especialmente com a implantação do colégio D. Pedro II.

O currículo tinha a preocupação de formar bons aristocratas, com a necessidade em conhecer apenas uma parte da história do país, aquela ligada ao lado europeu e ocidental. Em termos metodológicos, havia a preocupação em fazer o aluno memorizar grandes datas e fatos.

Com o passar dos anos e a implantação da República, os métodos e currículos continuaram marcados por esses primeiros passos. E o que mudou? A ideia em formar bons cidadãos obedientes e cumpridores das obrigações sociais. Tanto na Primeira República [1889-1930], quanto no período Vargas, entende-se que esse era o papel da História.

O período da ditadura militar, além de autoritário, trouxe como objetivo fazer com que o Ensino de História perdesse espaço na grade curricular do ensino público. O que procuravam era evitar que os cidadãos se tornassem pessoas criticas ao regime. Por essa ideia, a disciplina se juntou com a Geografia para criar os Estudos Sociais.

É apenas com a Redemocratização que novas metodologias e histórias são incorporadas aos currículos municipais. No Rio de Janeiro, a disciplina volta a ganhar autonomia e a repensar metodologias e perspectivas históricas com a reforma de 1987. Ganha-se a perspectiva da Nova História, incorporadas em personagens históricos marginalizados ou excluídos [negros, indígenas, mulheres]. Ademais, as metodologias em sala de aula se tornam mais dinâmicas e menos tradicionais [tecnologia, aulas dialogadas, filmes, teatros, etc.].

Nos anos 2000, o Ensino de História ganha novos contornos no Rio de Janeiro com a criação das Orientações Curriculares e Material Didático a partir de 2009. No primeiro momento, entre 2009-2013, novos olhares são incorporados, apesar de que em termos de conteúdos, ainda havia espaço para avanço, sobretudo na história indígena e africana. No segundo momento, entre 2014-2018, e com a legislação em vigor, destaca-se a tentativa de fazer um alinhamento do documento com a BNCC, especificamente nas habilidades e competências através da “atitude historiadora”.

Como desafio ao Ensino de História na cidade do Rio de Janeiro, cabe continuar com discussões que respeitem o método histórico, sobretudo com a afirmação e manutenção de discussões que não negam ou relativizam os eventos históricos, tais como, a Ditadura Militar de 1964.

Ademais, incorporar mais discussões da história indígena e africanas que tenham sintonia com as demandas locais do município do Rio de Janeiro, já que o papel desses sujeitos históricos foi relevante para entender até onde se desenvolveu esse local.

Finalmente, espera-se que espaços de autonomia do ensino e aprendizagem em história sejam mantidos no currículo, pois são fundamentais para desenvolver os estudos nos espaços escolares. Espera-se que tentativas de cerceamento da prática docente e discente não sejam mais que ventos de uma conjuntura complexa e difícil de um momento de crise do Brasil.     

Referências
Danilo Sorato é professor de História da Educação Básica. Mestre em Ensino de História [UNIFAP]. 

BITTENCOURT, Circe Fernandes. “Reflexões sobre o ensino de História” in ESTUDOS AVANÇADOS, vol. 32, n. 93, Mai-Ago, 2018, p. 127-149.

DA SILVA, Teresa Cristina. “O Ensino de História e reforma curricular no município do Rio de Janeiro no contexto da transição democrática (1983-1991): entre rupturas e marcas de continuidade”. Dissertação, PUC-RJ, Rio de Janeiro, 2016, f. 131.

MORAES, Caroline da Luz; SPINDOLA, Luisa Kaufman. “O currículo de história na reforma da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro” in EDUCAÇÃO PESQUISA, vol. 43, n. 4, Out-Dez, 2017, p. 1147-1162.

RIO DE JANEIRO [município]. “Revisão das Orientações Curriculares –História”. Secretaria Municipal de Educação, Rio de Janeiro, 2018, p. 55.

20 comentários:

  1. Olá, primeiramente quero parabenizar pelo seu trabalho, parabéns!Bom, você fala em uma formação nacionalista e, em formação de "cidadãos aristocráticos". Gostaria de saber o que são esses "cidadãos aristocráticos" que o ensino de História estava preocupado em formar? pois no texto não ficou claro o conceito.
    Diovani Furtado da Silva

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    1. Fala Diovani! Beleza?

      Amigo, então, esse termo foi retirado do texto da Circe Bittencourt citado nas Referências. Ela não utiliza propriamente como um conceito, e sim como uma forma de descrever para quem e qual classe social o Ensino de História estava disponível no período Imperial (1822-1889).

      No aguardo das suas considerações,
      Danilo Sorato Oliveira Moreira.

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    2. Beleza meu amigo, tranquilo, mais uma vez parabéns ao seu trabalho, irei fazer mais uma pergunta.
      Diovani Furtado da Silva

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  2. Você comenta que a partir das mudanças do currículo de 2018, há uma preocupação com a valorização da História Local. Em sua opinião com as mudanças advindas pela BNCC a História Local não ficou meio que de lado em favor de uma História Mundial e Nacional? Essas mudanças em sua opinião realmente tende a preservar as especificidades locais?
    Diovani Furtado da Silva

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    1. Fala Diovani! Boa pergunta.

      Amigo, o currículo da cidade do Rio de Janeiro prevê a valorização da História Local. Nos assuntos, há sempre essa referência ao município quando abordados juntos com a História Nacional. No caso do Rio de Janeiro, há uma certa mistura entre história nacional e local, o que não reflete necessariamente outras regiões do país, como o Amapá. Essa é uma realidade bem particular dos cariocas pela sua centralidade dentro da história do país.

      No aguardo,
      Danilo Sorato Oliveira Moreira

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    2. Valeu meu amigo.
      Penso que aqui no Amapá, a História Local perdeu um pouco de espaço, tínhamos a disciplina Estudos Amapaenses e Amazônicos, que tinha como uns dos objetivos aproximar o aluno da História do Estado, de sua realidade.
      Diovani Furtado da Silva

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    3. É verdade, Diovani. Ela perdeu espaço na nova reformulação do currículo Amapaense, o que é uma pena. Mas ainda com essa dificuldade normativa, acho que o docente possa trabalhar os temas locais de forma autônoma. Além da aula, preparando seu material didático próprio. Talvez seja uma forma de superar esses entraves legais-juridicos.

      No aguardo
      Danilo Sorato Oliveira Moreira

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    4. É por isso que estou preparando um material de História Local, para ser usado em sala de aula, penso que não podemos esquecer nosso cotidiano e nossa História.
      Diovani Furtado da Silva

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    5. Totalmente, Diovani. Quando você publicar, envie para mim. Vou ficar feliz em obter esse importante material!

      No aguardo,
      Danilo Sorato Oliveira Moreira

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  3. Danilo fiquei impressionado com o seu texto e pensando como ficamos engessados no mesmo assunto em detrimento de outros, como exemplo a dúvida até hoje de como abordar a ditadura militar e a falta de valorização no tema da História da África e indígena. A cidade do Rio de Janeiro tem uma importância histórica enorme e podemos abordar todos os assuntos relacionados a construção do país. No Rio tem diversos locais de importância histórica que nos ensinaria muito sobre África, como a região do Valongo recém descoberta e pouco falada, a região do cemitério dos pretos novos que também tem um centro cultural pouco falado e que passa por dificuldades financeiras, sem mencionar exemplos que poderia tocar no assunto da História indígena. Durante a sua pesquisa para o texto, você detectou algum motivo pelo pouco espaço na educação básica desses temas e também a pouca valorização desses locais históricos e outros que envolvam o tema?
    Victor Barros Di Vaio

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    1. Oi Victor, Tudo bem?

      Muito obrigado pelo seu comentário. Bem, eu acredito que um dos problemas da falta desses temas do Rio de Janeiro é o silenciamento que fala nosso querido teórico, Pollak. Há uma escolha pela memória oficial e pela memória não oficial, muitas vezes focada nas histórias políticas ligadas as elites do RJ. O currículo, por vezes representa essa memória oficial. É aí que o professor de História deve ter autonomia, com a finalidade de trazer essas histórias mais localizadas como você citou. Ele deve pesquisar sobre esse conhecimento. Logo em seguida transformar em conhecimento didático para os alunos. Eu penso que ganha todo mundo, pois alguns discentes podem se reconhecer enquanto sujeitos históricos nesse tipo de material.

      Abraços,
      Danilo Sorato Oliveira Moreira

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  4. Danilo Sorato, parabens pelas boas reflexoes trazidas neste texto.

    Voce que conhece a realidade do Ensino de Historia do Amapá e agora escreve sobre a o Ensino de História no Rio de Janeiro, pergunto eu, suas percepções sobre a visao de que o ensino escolar de Historia do Brasil é quase que unicamente a Historia do Centro sul do Pais. O Que voce pode compartilhar connhecendo essas duas realidades, nesse sentido?

    Um abraço.
    Arleno Amoras Correa

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    1. Fala meu amigo! Valeu pelo seu comentário generoso. Olha, eu estou de acordo com a tua afirmativa. Realmente, a história do Brasil tem foco muito grande no Centro-Sul. Como falei em outro comentário, apesar dessa hegemonia, existem locais do Rio de Janeiro desconhecidos, e que podem dar luz a personagens esquecidos (indígena, negro, mulher) nas partes periféricas como a Zona Leste, Oeste e Norte da cidade do Rio de Janeiro, bem como os outros municípios. Acredito que podemos ir além da história escrita pelo IHGB lá atrás, que focava exclusivamente nos homens da política, ricos, letrados, etc.

      No aguardo,
      Danilo Sorato Oliveira Moreira.

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  5. Gostaria de parabenizar ao autor pelo texto, muito bom! Ao ler o trecho que fala sobre o ensino de história no século XIX me fez relacionar com as ideias que a extrema direita vem difundindo nos últimos anos: Um passado “judaico-cristão”, cujos personagens são “grandes homens”, geralmente religiosos, militares ou até genocidas. Obviamente que em contextos diferentes, mas parece-me que existe certa proximidade entre as medidas adotadas no séc. XIX com os objetivos/interesses do atual governo para a história e as ciências humanas em geral. Você concorda que exista essa semelhança?
    Vinícius Bosignari

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  6. Fala Vinicius, Como está?

    Obrigado pelo seu comentário. Realmente a sua comparação é pertinente, principalmente no quesito (semelhança). Posso ampliar essa noção? Bem, como nos aponta a metodologia comparativa, é fundamental estabelecer pontos de Semelhanças e Diferenças entre determinados períodos históricos ou fenômenos históricos. Então, tente exercitar, também, quais são as diferenças nessa história do século XIX e do tempo presente?
    Quanto a aproximação entre a extrema-direita e o passado histórico do Império, realmente há pontos de convergência no que se refere aos princípios cristãos, mas não exatamente judaicos. Bem como, essa aproximação com perspectiva masculina, militar e religiosa. Mas não sei exatamente se a palavra genocida cabe aqui, tendo em vista o "anacronismo" do termo. Eu diria que a "cosmovisão" da nova direita, especialmente os conservadores, aposta num retorno a tradição do passado. Isso significa, inclusive, exaltar a história oficial iniciada pelo Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB), caracterizada pelo passado europeu (português), ocidental, masculino e heroico.Portanto, distante da História Nova do século XX-XXI em que se focalizam personagens históricos esquecidos (mulheres, negros, indígenas) e origens em outros continentes (africano).

    No aguardo,
    Danilo Sorato Oliveira Moreira.

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  7. Muito interessante trazer a discussão sobre currículo pós-BNCC. Minha rede (Porto Alegre) sequer discutiu a BNCC, que dirá reestruturar o currículo.
    Você considera que a BNCC abre boas possibilidades para melhores currículos de História?
    Carlos César Bento Filho

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    1. Oi Carlos, Tudo bem?

      Bem, obrigado pelo seu comentário.

      Quanto a sua pergunta, eu considero que ele tem qualidades e problemas. Na questão da qualidade, ela norteia a discussão em cima do termo "atitude histórica" no trabalho com os alunos em suas competências e habilidades. É um avanço muito significativo em pensar como progredir no ensino de história. Por outro lado, suas deficiências, sobretudo, estão na diminuição de temática mais locais no currículo nacional. Alguns estados tem seguido esse ponto, como o RJ. Outro, como o seu, ainda devem discutir quais serão os caminhos a serem tomados.

      No aguardo,
      Danilo Sorato Oliveira Moreira.

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