Magno Francisco de Jesus Santos


“ASSIM SE FAZ HISTÓRIA; ASSIM DEVE SER ENSINADA”: MANOEL BONFIM E A METODOLOGIA DA HISTÓRIA (1915)


“A História é a melhor escola para a cultura da capacidade de julgar, porque os seus juízos resultam sempre de comparações e de apreciações muito complexas, de sorte que a parte mais importante, na sua elaboração, não é propriamente a compendiação dos factos, e, sim, a orientação geral que preside a sua escolha, os preceitos de crítica a que são submettidos, e o methodo com que são coordenados, no sentido de fazer contemplar e comprehender a evolução social. Assim se faz a história; assim deve ser ensinada” [Bomfim, 1926, p. 256].

Nos idos de 1915, o então professor da cadeira de Pedagogia da Escola Normal do Rio de Janeiro, Manoel Bomfim, publicou a primeira edição de seu livro “Lições de Pedagogia”. Tratava-se de uma obra que reunia, de forma sintética, as preleções do docente e era destinada ao uso de normalistas e professores do ensino primário. Como asseverou o professor: “estão nestas páginas os resumos das minhas lições no curso de Pedagogia, da Escola Normal, de accordo com o respetivo programma, subordinado por sua vez ao Regulamento da mesma escola” [Bomfim, 1926, p. 5]. Neste sentido, o livro reunia as discussões lecionadas para as normalistas do quarto ano do curso normal, com ênfase para as questões da pedagogia e da metodologia do ensino.

Ao discutir as questões atinentes ao ensino de cada disciplina, Manoel Bonfim expressou a sua concepção de história. Tratava-se de uma concepção que buscava aproximar os preceitos metodológicos da investigação histórica, amplamente debatida nas instituições culturais e científicas do país, com a metodologia do ensino. Em outras palavras, a pesquisa e a o ensino da história não foram pensadas como questões opostas ou complementares, mas como um modelo de reflexão que deveria ser replicado em diferentes espaços, ou seja, investigar e lecionar a história deveriam ser pensados como processos pautados no uso da mesma metodologia. Como bem expressou o intelectual sergipano, “assim se fazia história; assim deveria ser o seu o ensino”.

Diante do exposto, esse texto tem como escopo a concepção de história nos escritos pedagógicos de Manoel Bomfim. Nascido em Aracaju, nos idos de 1868, Bomfim é um importante intelectual que participou ativamente dos embates acerca da formação da nação brasileira ao longo dos primeiros decênios do século XX. De acordo com Rebeca Gontijo, o pensador da história: “se aproxima de questões e problemas relativos à história da história no Brasil e das discussões sobre a chamada ‘questão nacional’ na Primeira República, tecendo cruzamentos entre historiografia e nacionalismo” [Gontijo, 2003, p. 130].

A escrita de Manoel Bomfim expressa um intelectual plural, muitas vezes envolto em polêmicas e preocupado com o processo de formação da sociedade brasileira. Trata-se de um homem letrado que escreveu em diferentes campos do conhecimento, como a Psicologia, Pedagogia e a Sociologia. Contudo, um dos campos mais privilegiados em sua escrita foi a história, usada como estratégia para entender os problemas nacionais, em obras como “América Latina, males de origem” [1905] e a trilogia: “O Brasil na América” [1929], “O Brasil na História” [1930] e “O Brasil nação” [1931]. Foi nessas obras que ele apresentou a sua definição acerca do conhecimento histórico e expressou a sua leitura crítica atinente à historiografia nacional [Gontijo, 2003].

Além disso, Bonfim também foi um dos autores mais exitosos na publicação de livros escolares ao longo da Primeira República, com o famoso compêndio “Através do Brasil” [1910], escrito em coautoria com Olavo Bilac. Neste sentido, torna-se prudente tentar entender como o Manoel Bomfim, na condição de professor, entendia a história e qual seria o lugar desta no processo de formação das novas gerações de brasileiros. Como bem elucidou André Botelho: “o estudo da literatura escolar pode oferecer assim, dada a sua mobilidade plástica, uma visibilidade privilegiada da vida político-cultural de um período que, importante, relevar, vinha sendo pensado, de uma forma geral, até recentemente, como relativamente estéril no terreno literário e das ideias” [Botelho, 1997, p. 23]. Se a experiência da colonização da América Latina era vista de forma pejorativa, qual proposta de futuro foi tecida pelo autor em seus escritos? Qual era o lugar da disciplina história na formação do brasileiro?

No intuito de responder a essas questões, esse texto tem como foco as discussões sobre a metodologia da história apresentadas no livro “Lições de Pedagogia, publicado inicialmente nos idos de 1915 e que teve novas edições em 1916 e 1926. Dessa forma, considerando uma larga trajetória do intelectual como docente em um curso de formação de professoras primárias, torna-se salutar entender como o pensador da história construiu o seu conceito atinente à disciplina no âmbito do ensino, ou seja, qual seria o lugar da história como disciplina escolar em uma sociedade que passava por profundas transformações políticas e sociais.

Sobre essa relação entre a intervenção empírica da realidade educacional e a construção de uma leitura sobre o passado nacional em Manoel Bomfim, Luís Carlos Bento afirma: “Sua vinculação com as reformas educacionais do período republicano não é apenas teórica, mas sobretudo prática, visto que ele ocupa um lugar de destaque como gestor educacional, professor e produtor de livros voltados para a escola. Dessa forma, a sua leitura do passado brasileiro é mediada por um desejo de intervenção nas questões educacionais de seu tempo” [Bento, 2015, p. 60].

Neste sentido, para Manoel Bomfim, a educação seria o palco principal de intervenção na sociedade. Seria o instrumento da transformação, o caminho a ser trilhado para edificar uma nação. Nos idos de 1904, na condição de paraninfo na formatura da Escola Normal, ele proferiu o discurso “O progresso da instrucção”, no qual afirmou:

“Desde que se trata de achar o meio que conduz os povos ao progresso, lembremos que as sociedades, e por conseguinte as nações, são constituidas de individuos; que os individuos são os elementos activos nas sociedades. Si estes elementos forem adiantados, cultos e progressistas, a nação será adiantada, prospera e progressista; si os individuos permanecem retardados, ignorantes, inaptos, - a nação persistirá, fatalmente, atrazada, barbara, fóra do progresso e da actividade fecunda. Lembremos ainda: que o ser humano é o ser educavel e adaptavel por excellencia; inculto, nullo, incapaz, ignorante, elle póde adquirir, em duas ou tres gerações, todas as aptidões, e mostrar-se preparado para todos os progressos” [Bomfim, 1904, p. 8].

No entender de Bomfim, o progresso da nação seria edificado por meio da instrução. Além disso, ele enfatizava a necessidade de fortalecer o coletivo a partir da formação individual, ou seja, formando-se os jovens, educando os indivíduos, se galgaria uma nação próspera e progressista. Neste caso, a nação seria devedora dos cidadãos, pois:

“Saber não se decreta, conquista-se e transmitte-se. Só há um meio de elevar uma nação, é elevar os cidadãos; só ha um meio efficaz e seguro de elevar os cidadãos – é trazer pessoalmente, a cada um delles, o ensino e a educação, indispensáveis para a vida superior que imaginamos” [Bomfim, 1904, p. 14].

Neste cenário, no qual a instrução era pensada como um instrumento de formação da cidadania e de edificação da nação, o ensino de História desempenhava um papel significativo, em decorrência de suas características:

“como verdadeira construcção, em que os acontecimentos servem, apenas, de material; os lineamentos característicos, a concepção geral, determinam-se pelas relações de succeção, pelas apreciações de causa e efeito, e pelas inspirações geraes, hauridas no domínio conjuncto da sciencia e philosophia” [Bomfim, 1926, p. 256].

Ao definir as características norteadoras da História, Manoel Bomfim também expressava as potenciais habilidades que poderiam ser instituídas no aluno a partir do ensino da mesma. Na visão do intelectual sergipano, a história exercia a função de inserção do jovem na sociedade a partir da contemplação do passado. Seria a disciplina responsável pela construção dos elos identitários. Desse modo,

“Na instrucção geral, a História tem como funcção essencial fazer conhecer o mundo moral e político a que o indivíduo pertence. Ora, isto não se obtem sem a contemplação do passado, porque o mundo moral, e tudo que o determina – ideias e sentimentos geraes, são resultados de factos e de condições anteriores. O mecanismo social só pode ser conhecido quando o apreciamos no seu desenvolvimento através do tempo. É a História que nos faz comprehender explicitamente o meio social de que fazemos parte” [Bomfim, 1926, p. 253].

A história ensinada no espaço escolar tinha como pretexto, no entender de Manoel José Bomfim, a construção do conhecimento acerca do mundo moral e político. A história seria a vitrine do passado, no qual o presente seria visto como resultante do desencadeamento das ações pretéritas. A experiência do mundo deveria ser vista em perspectiva temporal, em âmbito diacrônico. Assim, por meio do conhecimento histórico, seria possível entender o meio social no qual o cidadão encontrava-se inserido.

Pautado nesta concepção que entendia o mundo social como um encadeamento de experiências de diferentes temporalidades, Manoel Bomfim propôs um modelo de ensino de história amplamente pautado na questão moral, como uma estratégia de propiciar a libertação do “prisioneiro passivo da tradição”. Como uma patologia, o ignorante seria: “um escravo dos apettites materiaes e um inerte, em face dos agentes capazes de prejudicar-lhe a saúde” [Bomfim, 1926, p. 254]. Como cura para este estágio patológico, Bomfim propôs o ensino racional da história:

“O estudo racional da História deve ser , para a vida moral, o que o estudo da anatomia e da physiologia é para a vida orgânica: satisfação necessária ao clássico preceito – conhece-te a ti mesmo. Nestas condições, a instrucção histórica se torna condição capital na educação e no preparo geral do indivíduo, porque se confunde na própria obra da educação, que é a adaptação consciente da pessoa humana ao meio que lhe é próprio. E, para que isto se faça de modo completo, é indispensável que o indivíduo conheça realmente esse meio” [Bomfim, 1926, p. 246].

O médico desiludido com a medicina volta-se para a saúde social. O ato de conhecer a si mesmo deveria ser norteado pelo estudo da história. O conhecimento histórico deveria ser norte para a inserção do indivíduo no convívio social. A história se tornava a estratégia em revelar “realmente esse meio”. A história ensinada foi apresentada pelo intelectual como “instrução histórica”. De acordo com o “Diccionário da Lingua Brasileira”, instrução era definida como: “ensino, doutrina. Apontamento que se dá a alguém para governar-se” [Pinto, 1832, p. 79]. Neste sentido, a instrução histórica pode ser entendida como um processo de formação pautado em apontamentos que propiciaria a autonomia do aluno no convívio social. Além disso, a instrução histórica proposta por Manoel Bomfim caracterizava-se pelo forte viés sociológico. Para Wilmihara Benevides da Silva Alves Santos: “o trabalho sociológico concentra-se no estudo do passado de um povo para explicar os “vícios” que se manteriam nas práticas políticas e no corpo social do presente” [Santos, 2006, p. 26]. Com isso, a disciplina história deveria ser pensada como um elemento fulcral no processo educacional:

“Podemos, então, considerar a História como disciplina essencialmente educativa, tanto do ponto de vista mental, como do ponto de vista moral. Para tanto, porém, e para que o conhecimento da História seja eficiente e fecundo, é necessário dar-lhe esse caráter racional e synthetico a que nos referimos. Dest’arte, os seus resultados effectivos serão, como devem ser: fornecer subsídios para a instrucção cívica e a geographia política; facilitar e preparar a adaptação à vida social; indicar o caminho e as possibilidades de progresso; e, finalmente, servir de themas às licções moraes” [Bomfim, 1926, p. 254].

A presença da História na escola tinha funções bem especificadas, como a formação cívica e política, a inserção social, a edificação do progresso e a construção de valores morais. A instrução histórica pensada por Manoel Bomfim coadunava com propostas pedagógicas pensadas por outros intelectuais da educação, como Balthazar Góis [Santos, 2019]. Na proposta pedagógica pensada por Manoel Bomfim, a instrução histórica emergia como o esmero para lapidar o civismo entre os jovens. A história, nas palavras de Bomfim, seria a escola moral:

“Si há, no jovem individuo, as qualidades de um reformador, na História encontrará ele as mais preciosas inspirações, porque só pelo cotejo do presente com o passado póde conhecer bem que é que se deve pedir ao futuro, e que é que se pode razoavelmente esperar delle. Quanto à educação moral, a influencia dessa disciplina é universalmente reconhecida; com razão, a Pedagogia a tem considerado, sempre, como a mais efficaz dos factores, depois da acção immediata do meio. Há circunstancias em que uma consagração, ou uma comndenação da História, tem mais poder sobre os espíritos do que um exemplo directo. Na História, cada typo, que se caracteriza e fala ao sentimento, inspira estima, admiração, enthusiasmo... ou compaixão, repulsa, reprovação...Bem aproveitados, os factos históricos são incomparáveis lições de civismo e de moral; mas para que sejam suggestivas, é preciso, justamente, não deixar perceber esse intuito, nem lhes dar o tom de propaganda doutrinária. É pela intensidade dramática dos feitos, pela pintura animada e real dos heroes, fazendo-os amados, ou detestados, que a contemplação da História se torna, de facto, uma excellente escola moral” [Bomfim, 1926, p. 254].

O olhar acerca do passado da nação passava a ser visto como um espelho que reluzia ao presente e ao futuro. A história ensinada deveria ilustrar, de forma dramática e intensa, os exemplos de outrora: bons e maus exemplos, no intuito d epromover a admiração e a repulsa. Contudo, isso não poderia ocorrer com uma intesionalidade explicita. A validade da proposta ocorria exatamente pelo afastamento do viés tido como doutrinário. Neste caso, caberia ao professor primário a elucidação das narrativas que propiciassem a construção de uma pintura animada e real, que tingissem os sujeitos históricos em tom de veracidade. Essa proposta em Bomfim cororbora para o que Ronaldo Conde Aguiar denominou de educação conscientizadora. No entender o biógrafo, Manoel Bomfim “colocou como forma de superação dos problemas, dos males da América Latina que ele tinha diagnosticado, a questão educacional, mesmo e sobretudo como ele falou uma educação conscientizadora” [Aguiar, 2000]. Neste sentido, desperta atenção a forma pela qual Bomfim evocava os docentes como agentes transformadores da sociedade:

Effectivamente, é um poder quasi divino e creador este vosso, que assistis, acompanhaes, estimulaes e dirigis o desenvolvimento de um cerebro e a formação de um caracter!... Os brasileiros de amanhã farão o que vós outros, professores primarios, houverdes querido; serão bons, activos, livres e aptos, si a tanto os conduzirdes. Mas é preciso que saibaes querer. Professores, indo organizar os espiritos e mover os corações – o nosso primeiro dever é que nos refaçamos a nós mesmos, elevando-nos á dignidade da funcção, fugindo á inercia, onde se dissolvem todas as convicções, e donde derivam as decadencias essenciaes. A nós cabe, elevando a Escola, synthetisar a sua importancia e o seu papel: combater o erro, edificar a verdade; buscar, no passado, a experiencia moral da humanidade, o seu patrimonio de saber, os seus methodos de acção, e transmitti-los ás gerações novas, preparando-os para um futuro sempre melhor” [Bomfim, 1904, p. 30].

A instrução histórica, desse modo, emergia para Manoel Bomfim como fonte de inspiração. Os professores deveriam buscar no passado a experiência moral da humanidade, ou seja, os valores morais e cívicos seriam oriundos de outros momentos. O passado tornava-se o sedimento  edificar um país pautado no progresso e na liberdade da população. A história ensinada, nos moldes dos fazeres historiográficos, seria o caminho da libertação.

Referências
Dr. Magno Francisco de Jesus Santos é professor do Departamento de História da UFRN.

AGUIAR, Ronaldo Conde. O rebelde esquecido: tempo, vida e obra de Manoel Bomfim. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000.

BENTO, Luís Carlos. Cultura histórica e questão nacional na Primeira República: o sentido da formação entre o ensaio e os escritos educacionais de Manoel Bomfim (1897-1930). 243f. Tese (Doutorado em História), Goiânia: UFG, 2015.

BOMFIM, Manoel. Lições de Pedagogia: theoria e prática da educação. 3ª ed. São Paulo: Francisco Alves, 1926.

BOMFIM, Manoel. O progresso pela instrucção. Rio de Janeiro: Typographia do Instituto Profissional, 1904.

BOTELHO, André Pereira. O batismo da instrução: atraso, educação e modernidade em Manoel Bomfim. 200f. Dissertação (mestrado em Sociologia). Campinas: Unicamp, 1997.

GONTIJO, Rebeca. Manoel Bomfim, “pensador da história” na Primeira República. Revista Brasileira de História. V. 23, n. 45, 2003, p. 129-154.

PINTO, Luís Maria da Silva. Diccionario da Lingua Brasileira. Ouro Preto:Typographia de Silva, 1832.

SANTOS, Magno Francisco de Jesus. “Em linguagem chan, clara, correcta”: a proposta de ensino de História de Balthazar Góis. In: BUENO, André; CREMA, Everton; ESTACHESKI, Dulceli; NETO, José Maria de Sousa. Aprendendo História: Visões e Debates. União da Vitória: Edições Especiais Sobre Ontens, 2019, p. 243-249.

SANTOS, Wilmihara Benevides da Silva Alves. Povo e raça na formação da nação: um debate entre Manoel Bomfim e Silvio Romero. 128f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Marília: Unesp, 2006.

7 comentários:

  1. Parabéns professor pelo texto! Essa metodologia de Bonfim tinha um viés iluminista, no sentido que o "conhecimento teria que ser passado" para uma elite e depois para as outras pessoas, além da busca pelo progresso, ou, já tinha uma tendência mais democrática de ensino?

    Sarah Karolina Sucar Ferreira

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    1. Olá, Sarah Ferreira. Obrigado pela leitura atenta e pela questão. Manoel Bomfim é tido pelo comentadores como um intelectual esquecido, rebelde e radical. No âmbito da educação, essa dimensão de radicalidade perpassava pela valorização do ensino como um instrumento de libertação, por meio da ampliação do acesso ao ensino. Neste sentido, entendo que Bomfim defendia a educação como uma perspectiva de consolidação da república e, principalmente, da democracia. Contudo, isso não exclui a ideia de progresso. O progresso só seria se tornaria viável a partir da ampliação da democracia e do acesso à educação.
      Cordialmente,
      Magno Francisco de J. Santos

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  2. Boa Tarde professor Magno Francisco de Jesus Santos, gostei muito do seu texto e gostaria que esclarecesse duas questões:
    Podemos citar como exemplo a função essencial da História tratada por Manoel Bonfim como uma função social da Hitória?


    Kainara Fernandes da Silva

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    1. Olá, Kainara Silva, obrigado pela leitura e pela questão pertinente.
      Penso que é possível entender dessa forma, mas considerando as inquietações do seu tempo. Muitos historiadores chegaram a afirmar que "Bomfim é um intelectual a frente de seu tempo". Isso não diz nada e vai de encontro com o próprio ofício do historiador, retirando a dimensão do tempo para entender os sujeitos. Manoel Bomfim buscava uma reformulação do nacionalismo e isso implicava na redescoberta do sentido da nação, incluindo os seus sujeitos. Na proposta de ensino, emergem sujeitos que eram silenciados ou secundarizados por pensadores da educação coetâneos, como Sílvio Romero. Ao defender a democratização do ensino de forma ampla como fundamento para chegar ao progresso, podemos dizer que era um entendimento de uma função social. Por isso no ensino de história os objetivos procedimentais eram mais valorados do que os conteudistas.
      Saudações,
      Magno Francisco de Jesus Santos

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  3. Poderia explicar melhor em que sentido o aluno alcançaria através da metodologia de Bonfim uma educação libertadora?

    Kainara Fernandes da Silva.

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    1. Olá, Kainara,
      esse processo perpassa pelo entendimento de que a educação era o caminho eficaz da democracia. Para o aluno como indivíduo e o país, como coletivo, atingirem à liberdade e o progresso, respectivamente, seria necessário ampliar e fortalecer a educação pública. Esse texto foi ublicado em um contexto marcado pelo que Nagle denominou de "entusiasmo pela educação e otimismo pedagógico", ou seja, no qual pensadores da educação acreditavam que o futuro do país dependia da educação e que a mesma seria a solução dos problemas existentes. Então, neste caso, a educação libertadora é no sentido de ampliar a democracia e preparar o aluno para pensar.
      Saudações,
      Magno Francisco de Jesus Santos

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