APRENDER E ENSINAR
HISTÓRIAS: DISCUSSÕES TEÓRICAS A PARTIR DA EDUCAÇÃO HISTÓRICA E DA DIDÁTICA DA HISTÓRIA
Este texto tem o objetivo de
apresentar algumas considerações sobre relações entre os campos da chamada
educação histórica e da didática da história de vertente alemã, a partir do
tema da consciência histórica e do ensino de História. Seu intuito principal é,
por meio do debate teórico entre tais campos, contribuir com a compreensão de
dinâmicas associadas à produção e reprodução do saber histórico contemporâneo,
notadamente nas relações entre ciência da história e ensino de história.
Trata-se, consequentemente, do esforço de reunir e relacionar considerações
teóricas sobre o conhecimento histórico, sua produção e reprodução, enquanto
momento da compreensão de suas dinâmicas e desafios contemporâneos.
A compreensão da chamada didática da
História de vertente alemã passa pelo reconhecimento da história desse campo.
Segundo o teórico da história Jörn Rüsen, o aparecimento das reflexões daquele
campo é precedido por um certo recuo das reflexões sobre o ensino de História no
interior do campo da ciência da história. Isto é, a didática da História surge
num contexto de defasagem das reflexões históricas em relação às suas conexões
à vida. Para o teórico, tal recuo foi resultado da “crescente
institucionalização e profissionalização da história” [Rüsen, 2011a, p, 25],
que contribuíram significativamente para o afastamento da reflexão histórica
das questões concernente à vida prática, dentre elas as funções formadoras do
conhecimento histórico na figura de seu ensino. Assim, originada da vida das
demandas da vida cotidiana [Rüsen, 2001a, p. 35], o avanço
teórico-metodológico, característico da profissionalização do historiador e da
institucionalização da ciência da história, contribuiu para o afastamento da
história das questões da vida prática, enredando, de certa forma, o
conhecimento histórico nas malhas da academia e dos dilemas da ciência
tipicamente especializada.
Consequentemente, para Rüsen, a
didática da história passou a ser considerada “alguma coisa completamente externa
à história como ciência” [Rüsen, 2007, p. 89], isto é, as questões concernentes
ao ensino de História foram relegadas à periferia da reflexão
histórico-científica. É em sentido contrário a tal compreensão que emergiu o
campo da didática da História alemã.
Ainda seguindo Jörn Rüsen, o cenário
teórico de afastamento da história da vida, começou a se alterar na medida em
que se enfatizou em determinadas pesquisas acadêmicas que entendem a história
também como uma ciência social [Rüsen, 2011a, p. 29] e que por isso passam a
problematizar também a função social do conhecimento histórico, tornado as
questões concernentes ao ensino e a aprendizagem de história relevantes à
própria ciência da história.
A didática da História de vertente
alemã surgiu, assim, na segunda metade do século XX a partir do reconhecimento
da “história como uma ciência social com laços muito próximos de outras
ciências sociais” e não uma ciência isolada e autônoma [Rüsen, 2011a, 29], isto
é, a partir de um contexto teórico que se aproxima de modo significativo dos
debates da chamada educação histórica.
A função social, isto é, política e
cultural da história em geral e do ensino de História em específico, a
capacidade de se aprender e o como se aprende história, passaram a ser
reconhecidas como questões das quais a reflexão da teoria da história não
poderia escapar, na medida em que o “aprendizado da história transforma a
consciência história em tema da didática da história” [Rüsen, 2007, p. 91].
Dessa forma, um problema relevante para a teoria da história, a consciência
histórica como estrutura elementar do pensar historicamente, passa a ser
considerado como problema fundamental do campo da didática da História.
Esse desenvolvimento da didática da
História pode assim ser percebido no reconhecimento do conceito da “consciência
histórica” como seu problema central. Para Klaus Bergmann, outro importante
nome da vertente alemã da didática da história, essa tem como tarefas
“investigar o que é apreendido no ensino da História ... o que pode ser
apreendido ... e o que deveria ser apreendido ...” [Bergmann, 1990, p. 29]. Por
isso Bergman atribui à didática da História funções teóricas, em relação à
compreensão da aprendizagem histórica, e políticas, no que concerne ao que se
pode/deve ser apreendido.
A emergência do campo da didática da
História de vertente alemã está, pois, associada à crítica da
superespecialização da ciência da história, em torno e sua transformação em
disciplina acadêmica e seu relativo isolamento em relação aos elementos da vida
prática. Como decorrência das críticas ao desligamento da produção acadêmica
das questões concernentes ao papel social do conhecimento histórico, seus
aspectos sociais motivadores e suas funções na vida prática, viu-se no cenário
alemão, a partir dos anos 1970, a “transformação da história de uma disciplina
hermenêutica e historicista para uma ciência social histórica” [Rüsen, 2011a,
32], isto é, sua passagem de uma disciplina estritamente voltada para a
produção de saber a partir de seus códigos internos, para uma ciência percebida
enquanto inserida em contextos sociais que a determina em muitos aspectos.
Nessa direção, passou-se a
reconhecer “interesse fundamental” dessa didática da História na “investigação
do significado da História no contexto social”, conforme Klaus Bergmann [1990,
31]. Da concepção de que a didática da História deveria "simplificar"
a história a ser ensinada para estudantes, passa-se a entender a como sua
tarefa indagar "sobre o significado da História na formação geral e na práxis
social” [Bergmann, 1990, 34], isto é, ao papel social da História e,
especialmente, de que modo que o ensinar
e o aprender histórias estão inseridos em contextos sociais dos quais,
necessariamente, recebe influências.
É deste contexto que surge o conceito
de consciência histórica, que pode ser entendido como "uma operação do
intelecto humano" que "trata do passado como experiência" e
possibilita revelar "tecido da mudança temporal dentro do qual estão
presas as nossas vidas, e as perspectivas futuras para as quais se dirige a
mudança” [Rüsen, 2011a, 57]. A consciência história não é, pois, um saber
histórico privilegiado ou uma perspectiva "esclarecida" da história,
mas um tipo de raciocínio específico, a habilidade cognitiva que garante o
reconhecimento da historicidade da condição humana, na figura de constituição
de identidade, bem como a natureza histórica da experiência humana coletiva.
O desenvolvimento da consciência
histórica passa, consequentemente, pela compreensão racional da relação, mediada
historicamente, entre passado e futuro na experiência temporal humana.
Professores e estudantes são igualmente dotados de consciência histórica que, a
partir de suas experiências singulares, agem em relação ao passado em
"direção" ao futuro de maneira específica. Trata-se, pois, de se
pensar do mesmo modo uma outra e significativa função para a aprendizagem
histórica, para além do acúmulo de informações e muito mais vinculada ao
"uso" social das experiências temporais, das perspectivas de passado,
presente e futuro.
Em outras palavra, a consciência
histórica tem como "função prática" se tornar um guia da ação
intencional diante da experiência temporal que caracteriza a condição humana,
na sua relação com passado presente e futuro [Rüsen, 2011b, 58].
Nesse sentido, o entendimento de que
a didática da História tem por tarefa "investigar, descritivo
empiricamente, a consciência histórica", do mesmo modo que "regulá-la
didático-normativamente" [Bergmann, 1990, 30] pressupõe como sua tarefa
compreender a natureza e o funcionamento da consciência histórica em seus modos
de desenvolvimento, que podem ser visualizados, por exemplo, no desenvolvimento
da chamada competência narrativa.
Ainda no que se refere ao conceito
de consciência histórica, busca-se os referenciais da didática da história de
vertente alemã, associado ao campo da chamada educação histórica. O conceito de
consciência histórica, surgido, pois, no âmbito da teoria e didática da
história alemã, volta-se ao problema da constituição elementar da experiência
histórica, pré-científica e pré-escolar.
Entende-se, pois, a didática da
História como responsável por uma reflexão mais ampla, sobre a produção e a
reprodução do conhecimento histórico, essa vertente da didática da História
contribuirá com a ressignificação da função social de se aprender história. Ao
propor há algumas décadas a ampliação do raio de interesses de suas reflexões
didáticas, essa didática favoreceu, pois, relevante discussão das experiências
de aprender e ensinar Histórias para reflexões acerca da produção, reprodução e
circulação social de conhecimentos históricos.
O processo de aprender histórias
está atualmente associado à produção de tipos específicos de conhecimentos
históricos, produzidos na escola como "conhecimento histórico
escolar", como Silva [2019] e em ambientes extra-acadêmicos, como
acompanhado pelos debates da História Pública, em Santhiago [2016] ou da
didática da História de vertente alemã, para Bergmann [1990]. Parte-se, pois,
de reflexões a partir dos campos da educação histórica e da didática da
história para se propor uma reflexão sobre a produção do conhecimento
histórico.
Concernente ao campo da educação
história, pode-se acompanhar algumas discussões acerca das noções de saber
histórico escolar e das particularidades da história aprendida e ensinada na
sala de aula. Esse campo reúne elementos da chamada cognição histórica que, ao serem complementados com discussões
acerca das particularidades do saber histórico escolar, poderá se avançar de
maneira significativa na delimitação teórico conceitual do tipo e das
particularidades do saber histórico produzido nas escolas.
O campo da educação histórica surgiu
a partir de "investigações em torno do tema da cognição histórica, a
partir dos anos 1970, na Inglaterra, EUA e Canadá [Barca, 2001, 13]. Assim,
pode-se compreender que a educação histórica "é uma área que se constitui
na conferência de vários saberes", a partir dos quais se articulam
"princípios educacionais transversais" como "do construtivismo
na vertente da aprendizagem situada" da "reflexão epistemológica
atualizada sobre conceitos e metodologias fundamentais para a construção de um
conhecimento histórico genuíno", bem como a partir de reflexões sobre o
"conhecimento histórico contextualizado" [Barca, 2012, p. 39].
Trata-se, assim, de um campo de reflexões que, partindo de referenciais
teórico-metodológicos bem definidos, discutem aspectos concernente à natureza
cognitiva dos processos de se aprender história, associados às discussões
teórico-epistemológicas características do campo da história.
A partir, pois, dos debates do campo
da chamada educação história, é possível avançar na compreensão da aprendizagem
de histórias a partir da construção de determinados conhecimentos, a partir de
experiências particulares, tendo como estrutura um modo de pensar específico,
no qual ainda o professor cumpre o papel de mediador da produção daquele
conhecimento, construído a partir das informações disponíveis, em "um
processo que passe por 'uma compreensão contextualizada do passado, com base na
evidência disponível" [Schimidt; Garcia, 2006, p. 22].
Tal compreensão dialoga com os
avanços promovidos pelos debates da didática da História alemã e o conceito de
consciência história ao passo que esse também amplia os debates sobre os
processos de produção, a reprodução e a compreensão do saber histórico a partir
das dinâmicas culturais e mesmo cognitivas específicas inerentes a tais
processos.
Neste sentido, entende-se o
professor de História como "investigador social que busca compreender e
transformar as ideias históricas dos seus alunos", e não apenas como
transmissor de determinados conteúdos; isto é, professor enquanto mediador, que
trabalha "pelo desenvolvimento de uma orientação temporal que se traduza
na interiorização de relações entre o passado compreendido, o presente
problematizado e o futuro perspectivado" [Schimidt; Garcia, 2006, p. 22],
isto é, que favoreça o pensamento histórico de seus alunos, como forma de se
aprender histórias.
A noção do professor de história
como investigador social se aproxima significativamente dos avanços promovidos
pela didática da história de vertente alemã na compreensão da história como
ciência social, inserida em contextos socioculturais particulares com os quais
necessariamente dialoga.
Os debates promovidos pelo campo da
educação histórica, do mesmo modo, especialmente no que concerne à aprendizagem
histórica como produção do conhecimento histórico e como determinado pensar
historicamente, bem como o papel do professor como mediador desse processo,
também se respaldam pelas discussões em torno do saber histórico escolar.
Pensar, pois, as particularidades
dos conhecimentos históricos produzidos em sala de aula em relação ao saberes
históricos acadêmicos e públicos parte do entendimento da escola como lugar de
produção e não apenas transmissão de determinados saberes. Por isso entende-se
"saber escolar enquanto um saber com configuração cognitiva própria e
original da cultura escolar” [Monteiro, 2003, 13].
Consequentemente, se reconhece que
"[...] a história escolar é uma construção social produzida por
elaborações e reelaborações constantes de conhecimentos produzidos a partir das
relações e interações entre as culturas escolar, política e histórica"
[Silva, 2019, 52]. É ao redor desse caráter dinâmico que se entende que na escola "o professor e o estudante são
sujeitos centrais na construção de um conhecimento histórico específico"
[Silva, 2019, 54], sendo a história entendida "como prática social, cujo
principal componente seria a consciência histórica" [Gontijo, 2019, 69].
Por competência narrativa se entende
a “habilidade para narrar uma história pela a qual a vida prática recebe uma
orientação no tempo” [Rüsen, 2011b, 74-75]. Isto é, a competência narrativa é a
capacidade produzida pelo desenvolvimento da consciência história, que garante
habilidades em torno da experiência, de sua interpretação da de orientação a
partir dessa [Rüsen, 2011b, 74-75].
O desenvolvimento do campo da
didática da História abordado até aqui, bem como a consequente elaboração dos
conceitos de consciência histórica e competência narrativa, permitem uma
reflexão sobre o ato de se aprender história bastante relevante para o contexto
da discussão aqui desenvolvida. A aprendizagem histórica está associada à
procedimentos cognitivos específicos, a partir de contextos particulares e se
desenvolve dentro da possibilidade de avanços na compreensão da condição
temporal humana, na interpretação dessa compreensão bem como da orientação
produzida a partir daquela interpretação.
Reconhece-se, do mesmo modo, que os
saberes produzidos a partir dessas experiências estão associados tanto aos
saberes históricos acadêmicos, produzidos a partir de fundamentos
teórico-metodológicos específicos, como aos saberes históricos construídos na
experiência comum e especialmente na sala de aula, no diálogo entre contexto
histórico-social, cultura escola, políticas, ação docente e seus contextos, bem
como com os saberes históricos produzidos para além da academia e da escola, desenvolvido
em museus, instituições e, atualmente, de modo mais significativo, pelas
tecnologias da informação e da comunicação.
Do mesmo modo, perspectivas de
história produzidas pelas antigas e pelas novas mídias, pelo mundo digital, não
podem mais ser ignorados se se parte de uma perspectiva mais ampla acerca dos
espaços de produção e circulação dos saberes históricos, dos modos de acesso e
das formas de reflexão características destes saberes. Os campos da didática da
História e da educação histórica também pode contribuir com esse debate na
medida em que se dedica a se pensar aquela produção, circulação, e natureza
daquele saber, em âmbito extra-acadêmico e extra-escolar.
Referências
Dr. Josias José Freire
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2019.
Prezado professor,
ResponderExcluirParabéns pela sistematização da 'didática da História' e suas implicações para o ensino de História. Talvez minha questão fuja do tema aqui tratado. Mas gostaria de saber como você vê o processo de constituição da BNCC, no tocante ao ensino de História, e sua relação com as pesquisas em torno do 'saber histórico escolar' e 'cultura escolar'.
Abraços,
Caro José.
ExcluirObrigado pela pergunta!
Acredito que o processo elaboração da BNCC foi marcado por debates muito importantes, embora a crise política em 2016, seus desdobramentos na Reforma do Ensino Médio e na talvez prematura homologação do texto da Base em 2017 tenha feito se perder parte dos debates acumulados ao longo de processo.
Embora não tenha conseguido ainda me ocupar adequadamente do texto da BNCC, à primeira vista, me pareceu que as "competências específicas" assim como as "categorias das áreas" das ciências humanas para o EM tenham ficado um tanto difusas, talvez não cumprindo o que era esperado em termos de currículo básico. Isto talvez mantenha o ENEM - até quando, não se sabe - como política indutora de currículo e um ensino de história fortemente baseado em concepções tradicionais de conhecimento.
Em relação ao saber histórico produzido e reproduzido na escola, assim como a cultura escolar em geral e talvez o que poderíamos chamar de cultura histórica escolar, acredito que serão mais do que nunca tema de disputas nas escolas e nos sistemas de ensino, especialmente neste contexto de negacionismo e revisionismo em que vivemos. Sem uma Base - como eu entenderia que a BNCC deveria ser - as disputas se tornaram mais acirradas em torno dos currículos e do cotidiano da sala de aula. Isso nos exigira paciência, estudo e criatividade. Espero ter tangenciado alguns pontos.
Obrigado mais uma vez pela pergunta!
Abraço e cuide-se!
Josias José Freire Júnior.
Olá, Josias, obrigada pelo seu texto. Muito interessante a sistematização feita por você dessa proposta teórica que anda tão evidente.
ResponderExcluirVocê poderia esclarecer, por favor, por que a competência narrativa é tão buscada na perspectiva da consciência histórica? Em que medida ela reflete essa consciência? Quais seriam os outros processos cognitivos e saberes envolvidos na construção da consciência histórica? E outra coisa: desde as primeiras discussões em torno do ensino de história do período de redemocratização, coloca-se em questão a necessidade de se trabalhar no sentidod e que os alunos aprendam a "pensar historicamente". De modo geral, isso significaria desnaturalizar as realidades do presente, questionando-as e buscando, no conhecimento histórico, referências para compreendê-la. Quais as diferenças entre essa compreensão mais genérica de "pensar historicamente" e a "consciência histórica"?
Muito obrigada!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, Maria. Tudo bem?
ResponderExcluirObrigado pelas questões! Vejo suas questões como oportunidade de elaborar aqui algumas coisas. Vamos lá!
Acredito que a competência narrativa seja um conceito que tenta dar conta da capacidade de "narrar" a experiência temporal de nossas vidas, considerando que esse "narrar" é a forma de lidar com a percepção da mudança temporal (por isso "competência histórica" se refere a tal narrativa no que concerne ao passado), a interpretação dessa mudança e o "uso" dessa interpretação (Rüsen fala primeiro de experimentar, interpretar e orientar; depois de experimentar/perceber, interpretar, orientar e motivar como seus elementos centrais). Daí que seja um conceito fortemente associado à noção de consciência história, que reúne o conjunto dos processos mentais de lidar com experiência do tempo. Talvez poderíamos dizer que a a competência narrativa inclui a competência histórica, do mesmo modo que essas duas são dimensões da consciência histórica. Em relação à consciência histórica, penso ser o importante ter um certo cuidado no sentido de não a entender como uma consciência da história, um estar consciente/esclarecido do que foi a história. Acredito que seja importante compreender esse conceito como processo mental, capacidade cognitiva ampla que inclui lidar narrativamente (competência narrativa) e narrativamente com o passado (competência histórica) com sua experiência temporal.
Naturalmente, os seres humanos não lidam com a experiência do tempo apenas por meio da história. Existem outras formas de se transformar o tempo externo/natural em tempo interno/humano, o mero sofrer em agir (mesmo que esse agir seja um sofrer intencional). Podemos pensar na religião e no mito, na arte como mobilizadoras de consciência história, se consideramos religião, mito e arte como modos de lidar com a experiência temporal. O que acha?
Considero a referência ao "pensar historicamente" o ponto mais instigante de sua questão. Talvez se trate da mesma coisa quando falamos do "pensamento crítico" que a história poderia fomentar, não acha. O que vou destacar aqui é que o "pensar historicamente" da competência histórica/narrativa se referia mais à forma de um pensamento e, eventualmente, o "pensar historicamente" de algumas tendências educacionais críticas se refira à determinados conteúdos do saber histórico. Concorda?
Será que eu consegui me aproximar das questões que você colocou?
Obrigado mais uma vez!
Josias José Freire Júnior