APONTAMENTOS SOBRE
A UTILIZAÇÃO DO MÉTODO TRIVIUM NO ENSINO DE HISTÓRIA
Bons
docentes estão sempre em busca do autoaperfeiçoamento que tem por resultado o
aprofundamento de sua prática profissional. Além dos anos de formação, por
vezes, continuada, o profissional interessado se encanta com tudo aquilo que é
capaz de incorporar na prática docente, com todas as novas ferramentas
encontradas que podem trazer novos formatos, texturas e cores ao aprendizado.
O
século XX, por sua vez, viu a tentativa de recuperação de algumas das antigas
ferramentas medievais de educação, as quais, desde o século XIV passaram,
gradativamente, a ser menosprezadas, até o seu quase total desaparecimento na
educação básica e superior [Joseph, 2008, p. 17]. Trata-se do Trivium, a primeira etapa das chamadas
Sete Artes Liberais. A educação liberal, que desde a antiguidade grega até a
modernidade ocidental educou filósofos, cientistas, teólogos, etc., fornece
ainda hoje instrumentos úteis para pensarmos o ensino e o aprendizado.
Sendo
assim, este trabalho tem por objetivo a análise do método Trivium de educação,
procurando observá-lo tal como desenvolvido contemporaneamente, a fim de
encontrarmos ferramentas úteis a serem aplicadas ao ensino de história. Para
isso, num primeiro momento, analisaremos o que se constitui como as Sete Artes
Liberais, das quais o Trivium faz parte. Em segundo, voltaremos nossa atenção
ao Trivium, procurando perceber como se constitui enquanto método educacional.
Em terceiro lugar, examinaremos as conexões que o Trivium estabelece com a
prática docente. Em quarto, observaremos como a própria disciplina escolar
dialoga com o Trivium. Em quinto, exploraremos as relações entre o Trivium e os
estágios de desenvolvimento infantil. E, por fim, buscaremos esboçar algumas
propostas de aplicação do Trivium no ensino de História.
O que são as Sete Artes Liberais?
Durante
a idade média vemos a formalização de um modelo educacional que vinha se
desenvolvendo desde a antiguidade. Fruto da confluência do desenvolvimento
filosófico grego, em particular, do aristotelismo, platonismo e estoicismo, e
da contribuição cristã, as Sete Artes Liberais assumem forma completa no final
do século VIII, e início do século IX, no estabelecimento do império de Carlos
Magno [Nasser, 2008, p. 14].
As
chamadas Sete Artes Liberais, como o próprio nome indica, eram as artes que
voltadas ao homem livre, i.e., ao homem que não estava preso ao trabalho
mecânico, e ao domínio das guildas e das corporações de ofício. Neste sentido,
elas se distinguiam diametralmente das “artes utilitárias” ou “mecânicas”, e
das “belas artes”, uma vez que ambas se manifestam como artes transitivas, ou
seja, nelas a ação inicia no sujeito e termina em um objeto, enquanto nas artes
liberais a ação é iniciada pelo sujeito e encontra nele mesmo o seu fim,
revelando, deste modo, um aspecto de intransitividade [Joseph, 2008, p. 28].
As
Sete Artes Liberais se distinguiam em dois grandes campos: O Trivium, e o
Quadrivium. O Trivium se caracterizava como a etapa inicial da educação
elementar. Era composto pelas artes da gramática, lógica [dialética] e
retórica, e, deste modo, se constituíam como as artes da linguagem relativas à
mente.
Por
sua vez, o Quadrivium, etapa final da educação pré-universitária, era composto
pelas artes da quantidade relativas à matéria, sendo dividas em dois grupos: no
primeiro encontramos a Aritmética e a Música, ambas se referindo ao número [ou
quantidade descontínua], sendo a primeira a sua teoria, e a segunda, a sua
aplicação. No segundo grupo, temos as artes relativas à extensão [ou quantidade
contínua], no qual encontramos a Geometria, sendo esta a teoria do espaço, e a
Astronomia, sua aplicação.
Tendo
o estudante concluído o Trivium e o Quadrivium, defendia uma monografia
demonstrando as habilidades adquiridas, e, dessa forma, estava apto para o
ingresso na educação superior liberal, que se restringia ao estudo do direito
canônico, da medicina e da teologia [Nasser, 2008, p. 15].
Adler
situa historicamente o desaparecimento da educação liberal nos currículos
educacionais, ao escrever:
“Qualquer
um que consulte o currículo das instituições de ensino deste país no século
XVIII descobrirá que ele incluía educação gramatical, retórica e lógica, ainda
consideradas artes ou habilidades do uso da linguagem - habilidades de escrita,
fala e leitura, se não também de escuta. No final do século XIX, a gramática
ainda resistia, mas a retórica e a lógica não mais faziam parte da educação
básica. Então, em nosso próprio século a educação gramatical definhou, embora
ainda existam vestígios dela num lugar ou noutro”. [Adler, 2013, p. 13]
Nougué
e Nasser, no prólogo e prefácio da obra “O trivium: as artes liberais da lógica, da gramática
e da retórica” de Miriam Joseph, recuaram um pouco mais no tempo ao
situar a origem da negligência do Trivium na educação. Para eles, a educação
liberal tem a sua decadência iniciada com o advento do Renascimento, e é
confrontada de forma mais direta pelo padre tcheco Jean Amos Comênius
[1592-1670], em sua Magna Didática,
obra fundante para as concepções modernas de educação [Nougué, 2008, p. 9;
Nasser, 2008, p. 17]. Segundo eles, as concepções modernas de educação, fazendo
referência à tese de Ivan Illich no livro, “Sociedade sem escolas”, estão muito
mais preocupadas com uma distribuição socioeconômica, do que com educação,
propriamente.
O Trivium
As
três artes que compõem o Trivium podem ser assim definidas:
“A
lógica é a arte de pensar; a gramática, a arte de inventar símbolos e
combiná-los para expressar pensamento; e a retórica, a arte de comunicar
pensamento de uma mente a outra, ou de adaptar a linguagem à circunstância”.
[Joseph, 2008, p. 27]
Sendo
assim, segundo Sayers, o Trivium tinha por objetivo ensinar aos estudantes a
utilizar as ferramentas da educação antes mesmo que eles se debruçassem sobre
as variadas disciplinas [Sayers, 2010, apud Greggersen, 2010, p. 198]. Deste
modo, gradativamente, o aluno passava de etapa à etapa, da gramática à
retórica, aprendendo como aprender, se tornando cada vez menos dependente de um
professor, e mais propenso, uma vez que dominasse tais ferramentas, a adquirir
o autodidatismo.
Além
de um currículo, um certo conhecimento a respeito do Trivium é requerido em
toda e qualquer modalidade de comunicação, mesmo que não se tenha conhecimento
formal de suas regras e aplicações. Por isso, deve ser encontrado em qualquer
lugar em que haja efetiva comunicação, condição necessária para a educação,
conforme escreve Joseph:
“O
trivium é o órgão, ou instrumento, de
toda educação em todos os níveis, porque as artes da lógica, da gramática e da
retórica são as artes da comunicação mesma, uma vez que governam os meios de
comunicar - a saber: leitura, redação, fala e audição”. [Joseph, 2008, p. 30]
Contudo,
apesar de ser possível a sua aplicação a partir de conhecimentos práticos, o
conhecimento formal das disciplinas do Trivium é essencial para a eficácia da
educação, pois habilita o estudante a conhecer os mecanismos do aprendizado, a
distinguir o motivo pelo qual “certos raciocínios e expressões estão corretos
ou são eficazes, enquanto outros, exatamente o oposto” [Joseph, 2008, p. 73],
e, ainda, nos leva ao conhecimento das regras inerentes aos meios de
comunicação para o exercício mais efetivo da linguagem. Com isso Adler
concorda, remontando à tradição, ao escrever:
“Platão
e Aristóteles acreditavam, e aqui as universidades medievais os acompanharam,
que as artes da gramática, da retórica e da lógica deveriam ser assimiladas
para que a linguagem pudesse ser usada de maneira eficaz na escrita, na
leitura, na oratória e na escuta”. [Adler, 2013, p. 13]
O Trivium e a docência
Não
apenas necessárias ao aprendizado, a docência também requer as habilidades
desenvolvidas pelo Trivium:
“Uma
vez que a comunicação envolve o exercício simultâneo da lógica, da gramática e
da retórica, estas artes são as artes fundamentais da educação: ensinar e ser
ensinado. Consequentemente, devem ser praticadas simultaneamente pelo professor
e pelo aluno”. [Joseph, 2008, p. 31]
Humberto
Silva, em sua dissertação de mestrado, na qual analisa e esboça algumas das
contribuições de Adler e da educação liberal para o ensino de História,
demonstra com eficiência a necessidade de o docente ter conhecimentos do
Trivium em sua prática [Silva, 2016, p. 22-25, 130-134]. Além do conhecimento
formal da disciplina que ministra, o que inclui a sua gramática e a sua lógica
(o que iremos tratar no tópico posterior), fazendo referência ao trabalho de
Ana Maria Monteiro e Fernando Pena, “Ensino de História: saberes em lugar de fronteira”, Silva
demonstra que o docente deve ter conhecimento da retórica a fim de visar a
““negociação
de distâncias” entre os universos docente e discente. O professor usaria a
linguagem de maneira a facilitar o aprendizado dos alunos, fazendo-os acessar o
conteúdo das matérias de modo a conferir sentido à transposição didática”.
[Silva, 2016, p. 130]
Por
semelhante modo, o professor opera nas três artes do Trivium, quando utiliza o
quadro para condensar a conteúdo [Silva, 2016, p. 73], pois neste exercício,
ele se apropria tanto da dimensão terminológica, quanto lógica do conteúdo que
pretende sintetizar, além da tentativa de se expressar com eficiência, para ser
compreendido pelos alunos. Fica claro, assim, que ao professor é necessário o
bom conhecimento da língua, a fim de que as mentes do docente e do discente
possam se encontrar para que a comunicação aconteça.
A
dificuldade se encontra quando observamos o currículo de formação dos
profissionais da educação, nos quais o Trivium é quase invariavelmente
inexistente. O que em muitos casos é aprendido as duras penas, seja no percurso
de uma pós-graduação [ainda que, por vezes, nem ela mesma se torne suficiente],
seja em anos de prática profissional, o estudo das três artes da linguagem
deveriam estar presentes, no mínimo, desde a graduação. Por isso, não são
poucas as vezes que vemos profissionais habilitados ao trabalho docente, mas
que não apresentam domínio algum de nenhuma das artes que compõem o Trivium, o
que invariavelmente reflete negativamente na prática docente.
O Trivium e a disciplina escolar
Ademais,
podemos somar ao campo de atuação do Trivium a própria disciplina a ser
ministrada. Segundo Harvey e Laurie Bluedorn:
“Todas
as matérias passam por três fases de desenvolvimento: 1. Toda matéria tem
gramática própria, ou o conhecimento dos fatos básicos e das regras
fundamentais - em outras palavras, de todas as partes individuais. 2. Toda
matéria tem lógica própria, ou o entendimento das relações entre estes fatos e
as regras - em outras palavras, como todas as partes se encaixam. 3. Toda
matéria tem retórica própria, ou a sabedoria para expressar verbalmente e
aplicar de modo prático o que se sabe e compreende - em outras palavras, como fazer
bom uso de tudo isso”. [Bluedorn, 2016, p. 84]
Para
eles, o aluno deve progredir no aprendizado do conteúdo através dessas três
fases, o que foi nomeado por eles de “método do trivium para o ensino de
matérias”: “Primeiramente, a gramática da matéria - os fatos - quem, quê, onde
e quando. Em segundo lugar, a lógica da matéria - a teoria - por quê. Em
terceiro lugar, a retórica da matéria - a prática - como”. [Bluedorn, 2016, p.
84-85]
Deste
modo, a disciplina histórica, em semelhança às demais disciplinas, também
apresentam tal divisão. Os fatos, eventos, lugares, personagem e datas, i.e., a
parte narrativa ou factual da história, é a sua gramática. Já a compreensão e
descoberta das razões dos acontecimentos, e das interrelações destes se
constituem como sua lógica. Por fim, o diálogo estabelecido a partir da análise
histórica com as perspectivas políticas, econômicas, sociais, culturais,
artísticas, etc., são a sua retórica [Bluedorn, 2016, p. 85; Sayers, 2011, apud
Greggersen, 2011, p. 131, 135].
O Trivium e o desenvolvimento
infantil
Sayers,
além de aplicar o trivium ao estudo das matérias, o adequou também às fases do
desenvolvimento infantil, identificando em cada fase uma ênfase a ser
trabalhada. Segundo a autora, cada criança passa por três estágios de
desenvolvimento, aos quais denominou: estágio do “Papagaio”, do “Arrogante” ou
“Arrojado”, e do “Poeta” [Sayers, 2011, apud Greggersen, 2011, p. 129]. Com
respeito aos mesmos estágios, Harvey e Laurie Bluedorn preferiram a
nomenclatura: estágio do “Conhecimento”, do “Entendimento, e da “Sabedoria”
[Bluedorn, 2016, p. 86].
O
primeiro estágio de desenvolvimento infantil [Papagaio ou Conhecimento] se
caracteriza pelo aspecto gramatical do Trivium. Nele, a criança tem maior
facilidade de absorver informações, por isso, deve-se privilegiar o acúmulo de
dados, que posteriormente serão relacionadas, compreendidas e aplicadas de
forma mais efetiva. [Bluedorn, 2016, p. 83] Segundo Sayers:
“O
estágio do “Papagaio” é aquele em que se tem mais facilidade em decorar e, de
uma maneira geral, isso é mais prazeroso; enquanto que o raciocínio é ainda
difícil e, de uma maneira geral, pouco prazeroso. Nessa idade, memorizamos com
facilidade as formas e as aparências das coisas; gostamos de recitar os números
das placas de carros; divertimo-nos com rimas e ruídos guturais de polissílabos
ininteligíveis; apreciamos o simples acúmulo de coisas, enquanto o raciocínio é
penoso e pouco apreciado” [Sayers, 2011, apud Greggersen, 2011, p. 129]
O
segundo estágio [Arrogante ou Entendimento], por sua vez, tem no aspecto lógico
do Trivium a sua ênfase. Quando a criança atinge tal desenvolvimento, as
informações anteriormente assimiladas através da memória, são agora
relacionadas, discutidas, organizadas. Neste estágio, “a criança é mais
questionadora e analítica” [Bluedorn, 2016, p. 83; Sayers, 2011, apud
Greggersen, 2011, p. 129].
Por
fim, no terceiro estágio [Poeta ou Sabedoria] verifica-se uma ênfase no aspecto
retórico. Neste momento, a criança se torna mais criativa e expressiva. Esta é
a hora de “colocar em prática e expressar o que compreendemos e entendemos”
[Bluedorn, 2016, p. 83, 87] nas etapas anteriores. Nas palavras de Sayers:
“O
estágio do “Poeta” é popularmente conhecido como a idade “difícil”. Nele o
indivíduo se torna introvertido, tem forte necessidade de se expressar;
torna-se, de certa forma, especialista em figurar como o incompreendido; é
incansável e procura sempre alcançar independência; e, se tiver sorte e um bom
encaminhamento, deve dar os primeiros sinais de criatividade. Trata-se de uma
fase de busca por uma síntese do que já se sabe, e uma ânsia deliberada de
conhecer o mundo e fazer alguma coisa para torná-lo melhor, em detrimento de
tudo mais” [Sayers, 2011, apud Greggersen, 2011, p. 129].
O Trivium e o ensino de História
No
percurso docente, com vistas a aperfeiçoar o ensino de História e a produzir
uma educação mais completa que facilite ao indivíduo o acesso ao conteúdo por
si mesmo, podemos nos utilizar de elementos provenientes do método Trivium de
educação. Não é objetivo deste trabalho, contudo, propor um currículo com
disciplinas extras que abranjam as três vias do Trivium, mas utilizar o método
apresentado nas próprias disciplinas, buscando o aperfeiçoamento das práticas
docentes atuais.
Por
vezes incontáveis, nos deparamos no ambiente escolar com alunos que apresentam
deficiência em alguns, ou até mesmo em várias das matérias que compõem a
disciplina histórica. Por número quase semelhante, os problemas podem ser
resolvidos de forma mais simples quando for dado atenção à uma das fases de
desenvolvimento da disciplina. Por exemplo, imaginemos um aluno que não saiba
relacionar o Neoimperialismo, o capitalismo, e a abolição da escravidão no
Brasil. A sua deficiência pode se revelar no nível gramatical, ao demonstrar
desconhecimento dos próprios termos [ex.: “neo”, “imperialismo”,
“neoimperialismo”, “capitalismo”, “abolição”, etc.] ou ainda dos fatos e
acontecimentos que estão interrelacionados [ex.: 2ª Revolução Industrial; leis
relacionadas à abolição, Proclamação da República, etc.]. A sua deficiência,
além do nível gramatical, pode se revelar no estágio lógico, ao apresentar
incapacidade de articular os eventos ocorridos em um todo coerente [ex.: o
imperialismo inglês e a pressão para a abolição no Brasil]. Por fim, a sua
dificuldade pode estar relacionada meramente com a capacidade de expressar tal
conhecimento, resultando em dificuldade em aplicá-lo às situações quotidianas
da atualidade.
Cabe
ao facilitador da educação, identificar onde se localizam as imperfeições, e
junto ao estudante, tratá-las. Isso pode ser realizado de diversos modos. Nesse
sentido, Humberto Silva fornece um excelente apoio, pois aplica de forma
apropriada algumas das ferramentas liberais propostas por Mortimer Adler, no
aprendizado da disciplina histórica. Dentre elas, cabe destacar a realização de
seminários [Adler, 2013, p. 149-157], os quais exigem e exercitam, por sua vez,
as três vias do Trivium, e, sobretudo, fornecem parâmetros para a realização de
colóquios não somente dentro dos muros escolares, como também na vida privada,
política, econômica, pública, comercial, etc. [Adler, 2013, p. 161-174].
O
intercurso entre o Trivium e o ensino de História se evidencia, de modo
similar, na realização de aulas expositivas, nas quais o docente deve estar
atento aos três distintos estágios do trivium aplicado às matérias, a fim de
empregá-los de forma adequada ao estágio de desenvolvimento do público escolar.
Deste modo, aos que possuem idade apropriada, na medida em que for possível, o
conteúdo deve ser trabalhado em suas três dimensões.
Considerações finais
O
presente trabalho procurou contribuir com a discussão contemporânea a respeito
da utilização do método Trivium de educação, aplicado ao ensino de História.
Trata-se, contudo, de uma discussão ainda em fase inicial, que aguarda maiores
reflexões e pesquisas. Contudo, desde agora, foi possível verificar a utilidade
de se pensar a educação em História à luz do método, uma vez que este fornece
ferramentas úteis ao trabalho docente. Firmamos, destarte, um convite a todos
que se interessarem no assunto, que venham estudar um pouco mais a contribuição
que o próprio ocidente tem de legar à educação, na expectativa de encontrarmos
jóias preciosas que depurem nosso exercício profissional.
REFERÊNCIAS
Dean
Tarik Silva Araújo é graduando do curso de bacharelado e licenciatura em
História na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e desenvolve pesquisas na
área de Teoria e Filosofia da História, com ênfase na tradição filosófica reformacional.
ADLER,
Mortimer J. Como Falar, Como Ouvir. São Paulo: É Realizações, 2013.
BLUEDORN,
Laurie; BLUEDORN, Harvey. Ensinando o trivium: o trivium teórico. Volume 1.
Brasília: Monergismo, 2016.
GREGGERSEN, Gabriele. “As
ferramentas perdidas da educação: tradução comentada [parte 1]” in Caminhando,
v. 15, n. 2, Jul-Dez, 2010, p. 189-203.
GREGGERSEN, Gabriele. “As
ferramentas perdidas da educação: tradução comentada [parte 2]” in Caminhando,
v. 16, n. 1, Jan-Jul, 2011, p. 125-141.
JOSEPH, Irmã Miriam. O
trivium: as artes liberais da lógica, da gramática e da retórica. É
Realizações, 2008.
NASSER, José Monir.
“Prefácio”. In JOSEPH, Irmã Miriam. O trivium: as artes liberais da lógica, da
gramática e da retórica. É Realizações, 2008.
NOUGUÉ, Carlos. “Prólogo”.
In JOSEPH, Irmã Miriam. O trivium: as artes liberais da lógica, da gramática e
da retórica. É Realizações, 2008.
SILVA, Humberto Serrabranca
Campos. Mortimer Adler e o ensino de História: educação liberal, letramento e
didática. Orientador: Fernando Luiz Vale Castro. 2016. 174 p. Dissertação
[Mestrado Profissional em História] - Instituto de História, UFRJ, Rio de
Janeiro, 2016.
Bem legal seu texto, Dean! Uma consideração: Disciplina por disciplina, até que ponto as habilidades buscadas para os alunos pelo recorte metodológico do “trivium” (lógica, gramática e retórica) já não está presente (mas sob outras sequências didáticas, conceitos e métodos) no recorte atual das “Linguagens” (Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua Inglesa), no Ensino Fundamental, e da “Linguagens e suas tecnologias” (Língua Portuguesa), no Ensino Médio, da BNCC? O problema não seria mais o da efetividade do trabalho com essas disciplinas junto aos alunos que o recorte escolhido para elas?
ResponderExcluirFabrício Pinto Monteiro
Olá Fabrício, obrigado pelo comentário! Sua observação foi muito perspicaz!
ExcluirEntão, primeiro é necessário distinguir entre o método trivium (puro e simples, eu diria), e o método trivium para ensino das matérias. Quanto ao primeiro, há uma ampla diferença entre a modo de utilização/aplicação do método e a BNCC. Contudo, não foi este o foco do artigo. Mas a ressalva é útil para não fazermos confusões posteriormente.
Quanto ao segundo ("o método do trivium para o ensino das matérias"), de fato, muito do que foi dito já está previsto nos recortes previstos na BNCC. Aliás, em um outro momento pretendo explorar as semelhanças que podemos encontrar entre eles. Tais afinidades se dão justamente pela tese de que qualquer nível de educação acontece de forma "triviúnica", i.e., precisamos compreender a gramática, a lógica e a retórica das disciplinas para assimilá-las e, evidentemente, ensiná-las.
Por fim, procurando ser o mais breve possível, o objetivo não foi apontar um novo método que substituísse os métodos de educação vigentes ou qualquer "reinvenção da roda". Pelo contrário, procurei demonstrar que ter ciência dos três níveis de aprendizado (gramático, lógico e retórico) podem ajudar os profissionais da educação na identificação e resolução dos problemas encontrados no exercício da docência, e, além de tudo, podem guiar a prática do professor em si mesma. Ou seja, através do conhecimento do trivium o professor pode planejar as suas aulas, atividades e avaliações de forma mais precisa, procurando desenvolver cada uma das habilidades, e sem pular etapas (e.g. realizar um exercício de debate (retórica) sem que a classe não conheça os temas (gramática), etc.). Deste modo, creio que o "método do trivium para o ensino das matérias" só tem a somar ao que já é previsto na BNCC.
Dean Tarik Silva Araújo
Olá Dean, parabéns pelo excelente texto e pela ligação singular do trivium com o ensino, em especial de História. Há um trecho em que você comenta que segundo o teórico Sayers, o trivium objetivava ensinar os discentes a usar as ferramentas da educação antes de estuda-las isoladamente em disciplinas. Ou seja, sua prática era subsidiar os jovens numa autonomia que ia crescendo; nesse sentido, você concorda que o trivium era uma das ferramentas de emancipação do período, uma vez que ele permitia a construção de uma autonomia e até, de adquirir um autodidatismo, como você mesmo indica?
ResponderExcluirObrigado, Junior Pleis.
Olá Junior, muito obrigado pelo comentário!
ResponderExcluirSim, acredito. Além disso, acredito que o Trivium *continua* sendo uma ferramenta capaz (e, talvez, uma das mais eficazes) de nos levar ao autodidatismo.
Nesse sentido, estou lendo um livro que auxiliará nesta discussão. Nele, o autor faz uma análise de cunho histórico da utilização do Trivium desde a antiguidade até o início da modernidade. O livro se chama "O Trivium Clássico", de Marshall McLuhan.
Dean Tarik Silva Araújo
Oi Dean! Gostei muito de seu texto e confesso que para mim o Trivium é praticamente uma novidade. Gostaria de saber que as etapas que você menciona são as mesmas, independente do contexto histórico vivenciado pelo(a) aluno(a) ou elas podem ser modificadas/deslocadas mediante tal contexto.
ResponderExcluirAbraço
Márcia Teté
Parabéns pelo texto!!
ResponderExcluirAchei interessante a sua proposta de utilizar o “método Trivium de educação”, na aplicação “ao ensino de História”. Isso na tentativa de resolução de entendimento do conteúdo e melhor aprendizado. Mas ainda sobre a transição, ou mesmo o abandono do método, “com o advento do Renascimento”, lhe pergunto: “as concepções modernas de educação” não são capazes de fornecer a compreensão da linguagem, a relação entre as coisas e a transmissão da mensagem, para dialogo e entendimento? Ou será que o método Trivium, e mesmo os modernos, do ponto de vista didático - pedagógico, tem o mesmo objetivo, mas, por outros fatores, não conseguem trazer ou transmitir autonomia, criticidade ou mesmo autodidatismo aos alunos?
Parabéns pelo texto Dean!!
ResponderExcluirO método Trivium é novidade para mim e gostei de como você menciona ele introduzindo em outras disciplinas e principalmente na disciplina de História. com esse método introduzido seria mais fácil a compreensão e aprendizagem do que os métodos já aplicados trazendo o autodidatismo aos alunos?
ANA SARINA VALENTE MARQUES