A QUESTÃO
IMIGRATÓRIA EM SALA DE AULA: DIÁLOGOS E APROXIMAÇÕES NO TEMPO PRESENTE
Na atualidade, o tema da imigração vem ganhando
projeção na mídia e nos meios de comunicação de massa, constituindo-se em um
importante campo de investigação para os pesquisadores nas áreas de ciências
humanas e sociais, interessados em analisar os fluxos migratórios na
contemporaneidade e suas implicações no âmbito político, econômico, social e
cultural. Além desses aspectos, convém destacar que debruçar-se sobre este
assunto no tempo presente, tem propiciado abordagens que não se limitam às
análises sobre as decisões da partida e as estratégias de sobrevivência em solo
estrangeiro, mas de problemáticas que atravessam esta temática e que dizem
respeito aos direitos humanos, os conflitos étnicos no ocidente, os casos de
xenofobia e racismo, além dos frequentes ataques terroristas ocorridos na
Europa.
Se nos meios acadêmicos este objeto de estudo vem
sendo contemplado em produções desde o século XIX, quando a imigração passou a
fazer parte do repertório de pesquisas da sociologia e, posteriormente, da
história; no domínio de sala de aula, este conteúdo merece destaque na formação
de seres críticos e conscientes do processo histórico. Neste sentido, trazer
esta proposta para o ensino de história implica, grosso modo, romper com o
descompasso entre a produção científica e o conhecimento desenvolvido no seio
da cultura escolar [Guimarães, 2006, p. 36].
Os argumentos que integram parte da tese de
doutorado defendida pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade
Federal Fluminense, em 2018, sobre Imigração francesa no Rio de Janeiro
[1850-1914], os quais contribuíram para a análise do conceito de imigração, serviram de inspiração para o
trabalho com os alunos do 8º ano do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues
da Silveira [Cap – UERJ]. Buscou-se, a partir das distintas experiências e
visões de mundo destes indivíduos, definir o fenômeno imigratório para o
continente europeu no pós-descolonização da África até os dias atuais.
A fim de ampliar o entendimento acerca deste tema,
optou-se por utilizar a noção de transposição didática, postulada por
Chevallard. De acordo com este autor, a passagem do saber acadêmico [savoir savant] para o saber escolar [savoir
enseigné], possibilita a
conformação de uma didática específica, através dos subsídios e estímulos
fornecidos pelos estudos produzidos nas universidades [Chevallard, 1991, p. 16 apud Monteiro, 2003, p.14]. Não se
trata, porém de transplantar uma cultura eminentemente acadêmica para a sala de
aula, ao contrário, espera-se que o professor instrumentalize o conhecimento,
por meio da mediação didática, durante o processo de ensino-aprendizagem.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais [PCN],
publicados em 1997, após a criação das Leis de Diretrizes de Base na Educação,
o ensino de história no Brasil está pautado em conceitos-chaves como:
cidadania, identidades, pluralidade cultural, meio ambiente, justiça, etnia,
etc. Temas sensíveis à realidade nacional e que contribuem para a elevação do
tempo presente em sala de aula. Trata-se, portanto, de um exercício através do
qual são disponibilizadas ferramentas para a compreensão das temporalidades que
envolvem o saber histórico [Ferreira; Delgado, 2013, p. 32]. Segundo Daniel
Pinha, este mesmo tempo presente carrega a dupla função de orientar e dirigir a
disciplina ensinada [Silva, 2017, p. 115]. Por essa razão, abordar a questão
migratória na atualidade, significa falar de uma história que está acontecendo
no hoje e que permite múltiplas leituras desse processo.
Munidos de uma “bagagem” organizada à luz das aulas
de História e de disciplinas afins, como a Geografia, foi proposto aos alunos
do ensino fundamental, na faixa etária entre 13 e 16 anos, uma conversa sobre o
processo de dominação na África e seus desdobramentos, focalizando o retorno
das antigas colônias para suas respectivas metrópoles. Desta forma, os
discentes receberam um questionário composto por perguntas que possibilitam
leituras diversas sobre essa temática, como: 1] Defina o que é imigração. 2]
Por que uma pessoa imigra? 3] Qual a diferença entre imigrante e refugiado
político? 4] O que você acha do movimento de retorno das antigas colônias para
suas respectivas metrópoles? 5] Você considera que no século XIX, as colônias
africanas experimentaram o processo de desenraizamento de suas culturas? 6] Na
sua opinião, toda imigração é bem sucedida?
7] Qual a visão que você tem sobre os imigrantes em seu país?
No tocante à definição de imigração, verificou-se
que regra geral, os discentes apresentaram o conhecimento deste conceito,
predominando nas respostas, a ideia de “deslocamento”, “mudança”, “acesso”,
“passagem”, “chegada”. Para a aluna Argélia, por exemplo, “imigração é o
movimento de entrada, com intenção de ficar lá permanentemente ou não, de
pessoas ou populações praticando assim o ato de migrar de um país a outro.” A
explicação para este fenômeno, segundo a adolescente, se aproxima do
significado descrito pelos dicionários como “o ato ou efeito de imigrar;
entrada de indivíduos ou grupo de indivíduos em um determinado país, para
trabalhar e/ou para fixar residência permanente ou não.” [Houaiss, 2001].
Embora muitos alunos tenham apresentado clareza na
distinção entre imigrar e emigrar, observou-se que outros
confundiram os termos em questão. Conforme exposto pela estudante Marrocos:
“imigração é o movimento de saída em massa de pessoas de um lugar para outro”.
Trata-se de erro bastante recorrente entre os alunos, ao associar esta palavra
à ideia de “partida”.
Considerar “o deslocamento que um indivíduo faz de
sair do lugar de origem para entrar em terras estrangeiras” [Tunísia] como
explicação para o fenômeno imigratório na contemporaneidade, se aproxima da
interpretação dada sociólogo argelino Abdelmalek Sayad, isto é, da existência
de um duplo movimento, visto que a imigração só ocorre graças à emigração. São
faces indissociáveis de um mesmo processo em que, um só pode ser compreendido
em função de outro. Nessa direção, o autor propõe um estudo epistemológico que
contempla as decisões da partida, sem que haja um discurso etnocêntrico,
produzido através do olhar de quem vê o imigrante, sem levar em conta suas
experiências pretéritas [Sayad, 1998, p. 14].
Atualmente, o conceito de imigração se reveste de
uma nova carga semântica, isto é, novas situações são levadas em conta, que vão
além do simples deslocamento territorial. Assim, o ato de imigrar significa o
rompimento de limites físicos, linguísticos, culturais, étnicos e, sobretudo, nacionais.
Um processo que implica dimensões de ordem política, social, cultural e
econômica [Neto; Ferreira, 2005].
Segundo a definição da Organização das Nações
Unidas, migrante é “qualquer pessoa que vive temporariamente ou permanentemente
em um país onde ele ou ela não foram nascidos, e que adquiriu alguns laços
sociais com este país”. Entretanto, nesse mesmo documento, a ONU assinala que
esse significado não atende às diversas políticas de Estado coexistentes no
mundo. Assim, ampliando o sentido desse conceito, são considerados migrantes
pessoas nascidas em território em que a família escolheu para viver.
Quando inquiridos sobre as razões da partida, a
maioria dos alunos indicou que a maior motivação para este fato está no desejo
de mudança, associando, portanto, à questão econômica. “Há muitos motivos para
uma pessoa migrar para outros países. Elas geralmente estão em busca de
oportunidades melhores de vida e de trabalho”, respondeu a aluna Senegal.
Trata-se, porém, de uma resposta muito recorrente para este fato. De acordo com
Sayad, o ato de e/imigrar é justificado por meio de uma ilusão permanente, que
diz respeito à oferta de emprego. Além disso, a regra da neutralidade política
que rege os imigrantes funciona como um elemento também ilusório à medida que
as razões políticas vêm disfarçadas por questões de ordem econômica [Sayad,
1998, p. 55].
O aluno Madagascar apontou que “uma pessoa pode
imigrar por várias razões, mas a principal, é a busca por melhores condições de
vida, às vezes buscando enriquecimento [...]”. Este mesmo estudante considerou,
ainda, que, um indivíduo pode “outras vezes” buscar “viver de forma digna após
fugir de uma guerra”, o que demonstra a existência de questões que estão para
além do simples desejo de mudança, mas que estão vinculadas aos conflitos entre
nações. Se por um lado, o ato de migrar implica a escolha consciente sem
interferência externa, por outro considera-se que as decisões da partida são,
por vezes, motivadas por fatores exógenos. Por essa razão, alguns teóricos
destacam a necessidade de distinguir migrações voluntárias e involuntárias,
sobretudo pelos desafios enfrentados no mundo de hoje, que dizem respeito aos
conflitos entre os refugiados e as políticas de Estado que ora facilitam ora
restringem a circulação de estrangeiros dentro de seus limites territoriais.
Em relação à diferença entre imigrante e refugiado
político, observou-se que existiram alunos que não conseguiam distinguir com
clareza uma palavra da outra. Para Mauritânia, estudante do 8º ano, “imigrante:
sai de seu país, mas não necessariamente por motivos de guerra...Refugiado
político: pessoa que procura refúgio em outro país, por conta de guerras civis,
governos ditatoriais, fome e etc...”
Outro tipo de diferenciação que aparece nas
respostas é a de que o “refugiado político é uma pessoa que está fugindo por
causa de uma guerra ou conflitos políticos; e imigrante é uma pessoa que se
muda de um país para outros por motivos pessoais [como busca pelo trabalho]”,
conforme assinalado no questionário da aluna Guiné.
Já para o aluno Costa do Marfim, “o imigrante, em
geral, busca alguma melhora ao mudar de território, enquanto o refugiado
político fugiu do seu território de origem por estar enfrentando alguma crise
política, sendo protegido e reconhecido legalmente”. Explicações como esta
também aparecem, especialmente por reconhecer que, aquele que se refugia, parte
por razões alheias à sua vontade, isto é, conflitos e guerras, e que recebe em
solo estrangeiro legitimidade.
Indubitavelmente, essa é uma das grandes
dificuldades: distinguir os migrantes que cruzam a fronteira de determinado
Estado-nação por razões de ordem política, seja por conflitos sociais, seja por
perseguições de naturezas diversas; dos que são assolados por problemas
ambientais e/ou buscam melhores condições de vida e de trabalho. Nesse sentido,
são admitidas novas situações que possam definir os que e/imigram. A Convenção
da Organização das Nações Unidas para os direitos dos migrantes considera que o
trabalhador migrante é aquele que está engajado em atividade remunerada pelo
Estado, sem que haja o desejo de naturalizar-se. Dessa conceituação, abre-se um
leque de definições que, em última instância, envolvem a necessidade de
distinção entre migrantes e refugiados políticos.
Quando perguntados sobre o movimento de retorno das
antigas colônias para suas respectivas metrópoles, existiram alunos que levaram
em consideração os danos provocados pelo processo de dominação do continente
africano, considerando o retorno para suas matrizes uma forma de reparação
histórica. Nessa direção, Mali destacou que “a Europa deixou a África em
péssimo estado.” A aluna argumentou, ainda, que “existe uma ‘dívida’ da Europa
com África, que está sendo paga com esse retorno das colônias para a metrópole”.
Para Níger, este processo é “interessante”, pois, de acordo com as palavras
dessa estudante: “não sei como seria ir para a metrópole que me colonizou e
teoricamente ‘ferrou’ com a política do meu país, mas é uma qualidade de vida
melhor, porém deve ser difícil com os preconceitos.”
Com efeito, outros alunos apresentaram argumentos
que apontaram para o aspecto cultural que aproxima as antigas colônias de suas
respectivas metrópoles do passado. O estudante Djibouti, por exemplo,
considerou que este processo “bom”, já que “geralmente imigram para os países
que os colonizaram, porque não tem tanta barreira linguística”. Na opinião de
Benin "é algo que acontece bastante, por conta da língua, costumes [...]”.
Este mesmo estudante destacou, ainda, o caso dos “jogadores da França e
Bélgica, tendo jogadores africanos e filhos de africanos.” O adolescente
Camarões avaliou que "o movimento de retorno das antigas colônias para as
suas respectivas metrópoles é o movimento para voltar em seu país, a sua
metrópole de origem, como por exemplo: o jogador da seleção francesa Mbappé.
Seus pais nasceram na África, mas a sua colonização da França os mesmos
voltaram pra lá" Observou-se, portanto, que aludirem ao caso dos
desportistas na Europa, os estudantes reproduziram modelos explorados pelo
senso comum, e que de alguma forma lhes despertaram a atenção.
Ainda em relação aos reflexos do processo de
dominação da África, assunto que despertou o interesse dos alunos, visto que
muitos destes traziam o conhecimento sobre os reinos de Mali, Gana, Songai e
Magreb, apostou-se no questionamento sobre o desenraizamento de suas culturas,
isto é, se os povos africanos haviam perdido sua identidade durante o período
de dominação. Para o aluno República do Congo, a resposta foi positiva, “pois a
Conferência de Berlim, que ocorreu nesse mesmo século, a divisão incorreta do
continente africano destruiu grande parte dos povos unidos no continente
africano e uniu povos inimigos, além da grande imposição cultural que ocorreu”.
Indo de encontro à essa resposta, o adolescente Gabão, mencionou a questão da
partilha do continente, destacando que "os países africanos foram
divididos e aliados se revoltaram e inimigos se juntaram causando
problemas". Curiosamente, o aspecto territorial se repetiu em outras
tantas explicações, a exemplo da opinião da aluna Chade, que considerou a “nova
divisão territorial” um prejuízo a “todos os reinos africanos.” Além disso, a
mesma estudante apontou para a “miscigenação forçada de cultura africana e
europeia, o que causou um extermínio cultural. Diversas mortes que aconteceram
devido a guerras civis."
É lugar-comum nos estudos sobre imigração trabalhar
com a categoria de imigração bem sucedida,
o que significa dizer que um determinado indivíduo obteve êxito em solo estrangeiro.
Quando questionados acerca dessa situação, praticamente todos os alunos
responderam negativamente, indicando que muitos imigrantes sequer chegam ao
local desejado. De acordo com a aluna Comores, “há risco de morte, existe casos
de avião caírem, pode haver naufrágio, então nem sempre as pessoas chegam no
seu destino.” A estudante Burkina Faso, por seu turno, considerou “[...] que
muita gente morre no caminho.” Já para República Centro Africana “[...] alguns
imigrantes imigram por botes, então podem acontecer acidentes, como o bote
afundar. Então não acho que toda imigração seja bem sucedida”. Nota-se através
dessas impressões que estes jovens levaram em conceberam o fenômeno imigratório
como uma travessia, percurso. Imprimiram em suas respostas imagens que aparecem
com frequência na mídia, as quais vinculam casos de naufrágio e/ou acidente no
caminho entre os continentes africano e europeu.
Raríssimas foram as respostas que conseguiram
atender ao que se esperava em relação ao fato da imigração ser ou não
bem-sucedida. O aluno Togo apontou para o fato do imigrante “não achar
trabalho, moradia ou não se habituar ao lugar em que viajou”. Nessa mesma
direção, o estudante Nigéria emitiu um juízo pouco otimista em relação a este
processo, “pois caso o imigrante consiga chegar ao país, não consegue se fixar
e não ter um bom status financeiro”.
A última pergunta se baseava na opinião dos
estudantes sobre os imigrantes em seu país. Evidentemente, as respostas tiveram
o caráter motivacional e/ou solidário. O aluno Somália destacou que “são
pessoas muito guerreiras, pois estão tentando ter uma vida melhor aqui e
proporcionar coisas melhores às suas famílias.” Gâmbia disse gostar da presença
destes indivíduos, “pois eles trazem a diversidade a nossa cultura, miscigena”,
e também porque disse ser “descendente de um.” O estudante Sudão, por sua vez,
oferece uma sugestão: “Eu acho que eles deveriam ser inseridos e bem aceitos na
sociedade, pois dependendo do motivo pelo qual o imigrante vem para o Brasil,
ele pode estar em busca de melhores condições de vida”.
Em suma, através das opiniões dos alunos do
Cap-UERJ sobre o tema da imigração e seus desdobramentos no tempo presente, foi
possível construir um conhecimento sobre este assunto durante o processo de
ensino - aprendizagem. As informações que os estudantes disponibilizavam, sejam
elas fornecidas pela mídia ou até mesmo pelas noções alicerçadas em outras
disciplinas, quando levadas para sala de aula, possibilitou a leitura de
discursos variados sobre este fenômeno. Dessa maneira, o espaço da recepção do
conhecimento se transformou no local da elaboração do saber escolar, tecido
através do diálogo e da leitura de distintas visões de mundo.
REFERÊNCIAS
Giselle Pereira Nicolau é Doutora pelo Programa de
Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, com estágio
doutoral na École des Hautes Études en Sciences Sociales. Atualmente leciona no
Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – Cap-UERJ.
FERREIRA, Marieta de Moraes; DELGADO, Lucília de
Almeida Neves. História do tempo presente e ensino de história. Revista
História Hoje, v. 2, n. 4, p. 19-34, 2013.
GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. Escrita da História
e Ensino da História: tensões e paradoxos. In: ________ [Org]. Estudos sobre
a Escrita da História. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006, p. 35-50.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro, Ed. Objetiva, 2001.
SAYAD, Abdelmalek. Imigração ou os paradoxos da
alteridade. São Paulo: EdUSP, 1998.
SILVA, Daniel Pinha. O lugar do tempo presente na
aula de história: limites e possibilidades. Revista Tempo e Argumento,
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MONTEIRO, Ana Maria Ferreira da Costa. A história
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Londrina, v.9, p.37-62, out.2003.
NETO, Helion Póvoa Neto & FERREIRA, Ademir
Pacelli [Orgs.] Cruzando fronteiras disciplinares: um panorama dos estudos
migratórios. Editora Revan/FAPERJ, 2005.
NICOLAU, Giselle Pereira. Hasteando a bandeira
tricolor em outros cantos: a imigração francesa no Rio de Janeiro [1850-1914].
Niterói: UFF [Tese de Doutorado].
UNESCO. Migrant/Migration. Definição dos termos
"Migrante/Migração” segundo o glossário da UNESCO. Disponível em:
http://www.unesco.org/new/en/social-and-human-sciences/themes/international-migration/glossary/migrant/
Acessado em 20 de março de 2016.
Olá Giselle,
ResponderExcluirGostei bastante do texto, sobretudo, por tratar de questões tão atuais, bem como por discorrer sobre as suas experiências no processo de ensino-aprendizagem.
No entanto, eu tenho algo a perguntar. Você acredita que o conceito de transposição didática seja o suficiente para pensarmos a aplicabilidade teórico-conceitual em sala de aula? Não haveria uma transposição didática, também, quando tentamos transmitir conhecimentos históricos para outras disciplinas ou mesmo quando nos apropriamos dos métodos inerentes a outras áreas do saber?
Do mesmo modo, a sua experiência com os alunos não manifestaria uma transposição didática em vias de mão dupla? Afinal, os alunos precisam transpor o conhecimento escolar para que muitos especialistas entendam o que eles querem exprimir.
Olá Giselle, em primeiro lugar gostaria de parabenizá-la pelo trabalho. Em segundo, gostaria de perguntar, pela sua experiência, até que ponto a percepção e compreensão dos alunos sobre os processos migratórios, passados e presentes, está marcada pelas narrativas construídas por meios midiáticos e ficcionais, como filmes e telenovelas, ou por questões xenófobas?
ResponderExcluirOlá Giselle, parabéns pelo texto.
ResponderExcluirComo bem sabemos a migração humana está bastante presente em toda nossa história, e descrevem inclusive momentos dados como relevantes impressos no livro didático. Assim exposto, você poderia fazer um comentário quanto a importância (ou não) de cada secretaria apresentar propostas de modificação em sua matriz curricular da educação básica (séries finais ou Ens. Médio) para implementar uma disciplina que possa (de forma transversal) trabalhar melhor sobre Migração e sua importância/relevância diante da sociedade?? Me refiro exatamente a uma revisão curricular.
Obrigado,
Jonathan Viana da Silva
Caro Luiz, muito obrigada pelo elogio e pela questão. Conforme postulado por Chevallard, a transposição didática pode ser compreendida como a passagem do saber científico para o saber acadêmico.
ResponderExcluirEste movimento não deve ser reduzido à uma mudança de lugar. Mas, sim, um processo que envolve a transformação do saber que se modifica em função ao saber destinado a ensinar. No caso da imigração, conceito que investiguei na tese doutoral e campo de conhecimento investigado no âmbito acadêmico, observei que há uma produção de conhecimento que não acompanha a prática de sala de aula, por essa razão busquei investir nesse conceito, pois houve um esforço em transformar esse saber em objeto de ensino para os alunos.
Cara Andréa, obrigada pelo elogio e pela questão. Considero que os meios de comunicação de massa tem papel primordial na formação da opinião destes alunos. Dessa maneira, considero que são dados a priori que possibilitam um diálogo com os discentes. Eles carregaram suas leituras de mundo (fatos publicados em jornais, notícias exibidas em telejornais, até mesmo de realidades desportivas, como o caso do futebol) para a sala de aula, viabilizando a construção do conhecimento acerca dessa temática.
ResponderExcluirCaro Jonathan, obrigada pelo elogio e pela questão. Considero primordial, antes de tudo, em termos de livro didático, a problematização do conceito de imigração. Este tema tão presente em diversos processos históricos, aparece indissoluvelmente ligado à questão escravista, isto é, com o fim deste sistema, implantou-se a mão-de-obra imigrante. Até mesmo, há interpretações que apontam para o desenvolvimento de determinadas regiões através da presença de imigrantes. Tratam-se, portanto, de visões tradicionais, que se repetem com frequência, por meio de um discurso empobrecedor. Por outro lado, considero indispensável na atualidade observar os fluxos migratórios. Tema que aparece bastante em telejornais e em filmes. Compreendemos que no tempo presente, as pessoas se deslocam por diversas razões, sendo o aspecto econômico,0 o primordial. Quando pensamos no retorno dos colonizados a suas antigas metrópoles, esse debate é adensado, de tal modo se verifica uma dívida histórica, a exemplo da Europa atual, que tem o rosto migrante, que sofre, que busca se inserir social e economicamante. Em termos curriculares, este assunto pode vir contemplado, para além da História, na Sociologia, por exemplo.
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