A CONSTRUÇÃO DO
SABER EXIGE FERRAMENTAS: UMA REFLEXÃO SOBRE TEORIA DA HISTÓRIA, DIDÁTICA E
METODOLOGIA DE ENSINO
Algumas
questões que certamente passam pela cabeça de todos os professores de história,
desde os recém formados até mesmo os que possuem mais tempo de sala de aula
são, sobre a existência de um método certo de ensinar história em sala de aula
ou ainda sobre qual seria a didática adequada para o ensino, uma vez que
sabemos que cada caso é um caso, cada escola é uma realidade e cada turma
dentro de uma mesma escola apresentam características distintas.
Soma-se a
isso as transformações que ocorreram tanto na história enquanto campo de
conhecimento quanto na história escolar e os seus objetivos. O panorama atual
nos permite analisar que o chamado método de ensino tradicional da história,
baseado na prática discursiva e que tem como objetivo a memorização de fatos
históricos bem como a história enquanto campo de conhecimento que se dedicava a
refletir sobre os grandes heróis da nação e explicar o nosso passado apenas
pelos vieses políticos e econômicos já não dão conta de responder a demanda
social em relação ao passado.
Mas as
discussões sobre qual o método mais adequado para o ensino de história na
educação básica não é uma discussão do momento atual, desde as décadas de 80 e
90, profissionais da educação, pesquisadores, movimentos sociais e o próprio
Estado, começaram a discutir sobre os processos educacionais e os procedimentos
para o ensino.
No final
da década de 90, foram produzidos os Parâmetros Curriculares Nacionais de
ensino [PCN], e a disciplina de história passou a ser reconhecida como uma
disciplina autônoma, com objetivos e concepções especificas dentro do ensino
básico.
De acordo
com Velloso uma das grandes preocupações sobre o ensino de história apresentado
no PCN, era com a contextualização, ou seja, uma aprendizagem contextualizada.
Podemos notar através da leitura do PCN, que é incentivado a historicizar
questões do cotidiano, abordando problemáticas da sociedade contemporânea.
[Velloso, 2012, p. 102]
Mas o que
seria afinal essa contextualização? Percebemos que o discurso desenvolvido
dentro do PCN se aproxima de um referencial de aprendizagem construtivista,
onde o aluno seria encorajado a se deslocar do espaço de expectador, que ouve e
memoriza as informações passadas pelo professor, para ocupar o lugar de sujeito
ativo no processo de aprendizagem, na medida em que a contextualização
envolveria reconhecer os saberes prévios dos alunos, para serem desenvolvidos
como temas geradores.
Nota-se
que no processo de ensino atual, é preciso deslocar também a prática pedagógica
do professor, que se no passado era meramente discursiva, hoje requer o uso de
várias linguagens culturais que servem de ferramenta ao ensino e de
metodologias para articula-las em sala de aula, no entanto, esse processo não é
feito unicamente pelo professor, mas construído pelos alunos, em conjunto com o
professor.
Essas
ferramentas as quais nos referimos, trata-se das fontes históricas, e possuem o
objetivo de mediar a construção do saber histórico escolar. No entanto não se
trata somente de reproduzir em sala de aula o discurso contido na fonte, mas
sim de problematizá-lo.
Neste
sentido, o ensino de história na escola, se aproxima da fronteira entre a
história acadêmica, porém, é preciso se ter em mente que não se trata de levar
para a sala de aula teses, dissertações ou monografias para serem apresentadas
aos alunos ou mesmo esperar produções em tal nível, uma vez que o objetivo da
sala de aula não é a formação de pequenos historiadores profissionais.
No que
tange o papel do ensino de história na educação básica, os objetivos se mostram
articulados a importância para a formação de identidades, que leve em conta
aspectos locais e globais do mundo contemporâneo, conduzindo a uma formação
cidadã. A história, vista nesta
perspectiva passa a assumir um caráter de conhecimento, experiência e prática
social.
Monteiro
e Pena nos chama atenção para o fato de que pesquisas que tomam o ensino de
história como proposta para análise, devem considerar que tal objeto se
encontra em um lugar de fronteira marcado pela especificidade da prática
pedagógica e pela especificidade da história. Nessa perspectiva, é necessário
mobilizar tanto instrumental teórico da educação, quanto da história no que diz
respeito a pesquisa sobre ensino de história e sobre a construção de
metodologias. [Monteiro e Pena, 2011, p. 192]
Temos
então que, elaborar um quadro teórico relativo à abordagem da produção do
conhecimento histórico em sala de aula, passa pela articulação de conhecimentos
relacionados ao currículo escolar, da didática e da teoria da história,
possibilitando assim, localizar a discussão sobre os saberes e sobre a
abordagem metodológica que envolve a sua constituição.
O que se espera da história em sala de aula?
Como
apontado anteriormente, o ensino de história na educação básica, está associada
a construção da identidade, visando formação para o exercício da cidadania, no
entanto, tal conceito deve ser pensado não apenas dentro de uma perspectiva
política, mas também em seu aspecto social.
Cabe
então ao professor traçar estratégias de ensino ancorada em práticas
pedagógicas que criem condições para que os educandos possam refletor sobre
questões da vida cotidiana como valores e práticas sociais, representações
construídas historicamente a respeito dos diversos grupos sociais e as mudanças
destas representações. Tal operação, deve necessariamente relacionar os
conteúdos a serem ministrados com o cotidiano dos alunos, considerando aspectos
locais, porém sem desconsideração a dimensão de conexão global.
Assim,
nesse seguimento, podemos localizar a fronteira entre a dimensão teórica do
ensino de história e a dimensão prática, que no caso dessa disciplina,
apresenta características especificas.
Para o
historiador e estudioso da teoria da história, Jonh Rüsen, a história é a
ciência do cotidiano. As reflexões de Rüsen, objetivam pensar o lugar do
conhecimento histórico focando no seu aspecto social e cultural. Traçando o paralelo com a frase História Magistra
Vitae, Rüsen argumenta que no
passado ocidental a história tinha como finalidade demandas práticas da
sociedade, se orientado pela moral e por problemas do cotidiano, ao contrário
do quadro historiográfico contemporâneo, que tende a direcionar a sua atenção
para problemas de cunho teórico e empíricos, cognitivos e metodológico,
esvaziando o sentido da história enquanto mestre da vida. [Rüsen, 2006, p. 8]
Tal reflexão se torna
necessária no que tange a prática de ensino de história escolar e suas funções,
entretanto, é preciso destacar, que o professor do ensino básico de história,
não deve ter uma postura de distanciamento em relação a teoria, uma vez que,
segundo José Carlos Reis:
“Para ser competente na
análise das fontes primárias e secundárias, ele precisa ter uma formação
interna, lógico-teórica, epistemológica, axiológica, ético-política, e precisa
conhecer profundamente a história da historiografia, pois afinal, ‘analisa e
interpreta, produz leituras e cria sentidos”. [Reis, 2019, p. 16]
É preciso um movimento
dinâmico e dialético entre o fazer e o penar sobre o fazer, é preciso muito
além de saber o que ensinar, no caso dos conteúdos, e é preciso mais do que
saber as teorias de aprendizagem. O professor de história, precisa estar em
diálogo constante com a teoria e metodologia da história em seus aspectos
teóricos, cognitivos e metodológicos, para evitar justamente, a perda de
consciência sobre o sentido daquilo que se ensina.
O conceito de práxis, pode nos auxiliar a
potencializar a discussão sobre o papel do ensino de história, uma vez que o
esforço em articular teoria e prática é algo posto pelo próprio PCN de história
e pelas diretrizes. É significativo destacar que tal conceito foi elaborado e
reelaborado por diversos autores e por isso possui significados distintos.
Assim, optamos pela
abordagem proposta por Paulo Freire, que entende práxis como “unidade dialética entre teoria e prática”. Temos
assim, que a práxis é uma forma de
atuação, alicerçada na teoria gerando impactos na realidade e alicerçando
também a teoria. É um exercício onde agimos, refletimos sobre nossas ações e
usamos o resultado dessa reflexão para orientar novas ações. É uma forma de
evitar que a teoria seja descolada da realidade social do indivíduo e que esse
por sua vez não engaje em ações sem um mero horizonte, “Práxis que, sendo
reflexão e ação verdadeiramente transformadora da realidade, é fonte de
conhecimento reflexivo e criação”. [Freire, 1988, p. 122]
Percebemos
que a didática da história perpassa pelas funções práticas do conhecimento
histórico, e essa última deve ser reconhecida e articulada aos conceitos e
trabalhos pedagógicos.
É nesse
ponto que podemos perceber a interação entre o trabalho docente do professor de
história e o trabalho do historiador acadêmico. Tal exercício requer do
professor conhecimentos teórico-metodológicos que dizem respeito a produção do
conhecimento histórico enquanto disciplina, uma vez que a historiografia acadêmica
é uma das ferramentas para a construção do ensino.
O docente
precisa ter domínio dos métodos de construção da narrativa utilizados e domínio
da discussão historiográfica, uma vez que o conhecimento acadêmico não ocorre
de forma isolada da sociedade e do seu tempo, reconhecendo que a renovação
historiográfica é fruto de problemáticas do presente e de demandas sociais.
Ter
domínio dos métodos de produção do conhecimento histórico acadêmico, permite
com que o professor possa selecionar as discussões e reelaborar o conteúdo e
problematizá-lo em sala de aula de forma apropriada, evitando assim a mera
repetição descontextualizada.
Usando as ferramentas: didática da história, teoria e ensino
Como
discutido, o ofício do professor de história exige deste uma articulação entre
a história acadêmica e a história escolar. Essa articulação, como vimos, não se
dá de forma espontânea. É preciso uma pedagogização do conteúdo, isto é, é
preciso uma criação especifica dos saberes que de uma dimensão do conhecimento
para o ensino.
Shulman,
ao tratar sobre a reelaboração dos conteúdos para a sala de aula, aponta alguns
caminhos, que se inicia pela preparação do texto a ser trabalhado, articulando
uma crítica. O segundo passo, seria a representação das ideias na forma de
novas analogias que permitam transformar o conteúdo em uma linguagem didática e
acessível. O terceiro passo, a seleção da metodologia a ser utilizada e por
fim, a adequação da metodologia para as diferentes turmas e níveis de ensino.
[Shulman, 1987, apud Monteiro e Pena, 2011, p. 200]
As
propostas de Schulman nos permitem demarcar a especificidade do saber escolar,
que traz demandas próprias em relação ao saber histórico acadêmico. No entanto,
isso não exclui a necessidade tal saber na prática docente. O saber produzido
na academia, deve ser entendido como uma ferramenta de trabalho do professor de
história, uma vez que através dessa produção é possível levar novas discussões,
propor novas metodologias de aprendizado e novas linguagens.
Mas é
preciso uma reelaboração, a pedagogização do conteúdo. É nessa reelaboração
pedagógica que teoria e metodologia da história se encontram com a didática e
as teorias da aprendizagem com as propostas curriculares. Nesse processo, as
estratégias de ensino escolhidas pelo professor de história precisam dialogar
com o conteúdo a ser ensinado, além de dialogar com a proposta curricular
definida.
Nesse
caminho, quando falamos de ensino de história, estamos lidando com a
aprendizagem que se articula ao objetivo do domino cognitivo, ou seja,
espera-se do estudante a capacidade do uso da cognição para compreender,
memorizar, aplicar conceitos e elaborar sínteses, analisar a avaliar situações.
De acordo
com Miranda e Magalhães Junior, nos anos 70, em um diálogo com áreas com a
psicopedagogia construtivista, surgiu o campo de estudos em cognição histórica.
Objetivando analisar como os alunos compreendem noções históricas como verdade,
veracidade, entre outros. É uma área interessante, dado que ao refletimos sobre
as noções que nossos alunos trazem, e sobre conceitos e ideias caras ao ensino
de história, podemos perceber variáveis e invariáveis que fazem parte da
cultura, da trajetória dos indivíduos. [Miranda e Magalhães, 2014, p. 97]
Nesse
sentido, cabe ao professor buscar estratégias que potencializem o
desenvolvimento cognitivo dos alunos, preferencialmente as que se encontram no
campo da cognição e as teorias interacionistas, uma vez que tais teorias
apresentam uma base dialética, onde há interação entre o sujeito e objeto.
Tais
teorias dialogam com as diretrizes dos PCN, uma vez que apontam para um ensino
onde o estudante ocupe um papel ativo na construção do seu conhecimento. Nessa
vertente, a possibilidade de trocas de saberes na sala de aula, a aproximação
entre o estudado e o vivido, e a integração se tornam efetivas na prática de
ensino-aprendizagem.
Tal como
hoje, as teorias e metodologias da história procuram evidenciar a participação
de diversos sujeitos na construção da história em diversas áreas, o professor,
ao adotar tal postura, cria condições de uma ação reflexiva e prática: os
alunos aprendem e constroem a história.
O saber
produzido em sala de aula, é o produto final da operação historiográfica
escolar, e os conhecimentos do campo da teoria da história, podem contribuir
com o professor no processo de construção dessa operação, uma vez que o saber
histórico escolar é fruto do diálogo de sujeitos de lugares diversos, uma
pluralidade de fontes e leituras, além de ser permanentemente construído, de
acordo com objetivos sócias e pedagógicos.
Considerações finais
Este
texto não pretende esgotar as discussões, mas compartilhar reflexões que vem
sendo feita por dois professores e historiadores iniciantes. Cientes da
dificuldade de se ensinar, dado as precariedades do próprio sistema de ensino,
e também ao desgaste que a profissão vem sendo submetida, as ideias aqui são colocadas
como uma forma de poder pensar em estratégias que aproximem os diálogos entre
os professores de história do ensino regular com a produção acadêmica. Embora
para alguns exista uma distância entre os dois, o que pretendemos demonstrar é
que ela deve ser a menor possível, pois as duas devem caminhar conjuntamente.
Referências
Igor da
Silva Nunes é professor de História na rede estadual de Minas Gerais e em
preparatórios para o Enem. Graduado em História pelo Centro Universitário de
Belo Horizonte [UNI-BH]. e-mail: igorsn85@gmail.com
Tamires
Celi da Silva é professora em cursos preparatórios para vestibulares. Graduada
em História [UNI-BH] e pós-graduanda em Metodologia do Ensino de História
[UNINTER]. e-mail: tamiresceli@hotmail.com
FREIRE,
Paulo. Pedagogia do Oprimido. 18° ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra,
1988.
MIRANDA,
Augusto Ridson de Araújo; JUNIOR, Antonio Germano Magalhães. “Didática da
História, Cognição Histórica e Educação Histórica: Possibilidades Para a
Formação do Historiador” in REVISTA DE TEORIA DA HISTÓRIA, vol. 12, n. 2, Dez,
2014, p. 97.
MONTEIRO,
Ana Maria Ferreira da Costa; PENNA, Fernando de Araujo. “Ensino de História:
Saberes em Lugar de Fronteira” in EDUCAÇÃO & REALIDADE, vol. 36, n. 1, Jan
– Abr, 2011, p. 200.
REIS, José
Carlos. O Lugar Central da Teoria-Metodologia na Cultura Histórica. Belo
Horizonte: Autêntica, 2019.
RÜSEN, Jörn. “Didática da história: passado, presente e
perspectivas a partir do caso alemão” in PRÁXIA EDUCATIVA, vol. 1. n. 2, Jul –
Dez, 2006, p. 8.
VELLOSO,
Luciana. “Uma análise dos Parâmetros Curriculares de História para o Ensino
Fundamental: propostas e possibilidades” in DIALOGOS, vol. 6, n. 6, Jan – Dez,
2012, p. 102.
Olá! me chamo Ranna, sou estudante do 7º período do curso de História.
ResponderExcluirAntes de tudo parabéns a ambos professores pela produção,posso afirmar seguramente que este trabalho contribuirá para o campo educacional, bem como o próprio campo de pesquisa. Partindo de um interesse particular, visto que a minha atual pesquisas para o TCC basear-se nos métodos de ensino de História no final do século XIX, a pergunta que faço é: como vocês percebem essas mudanças ocorridas ao longo do tempo, no que diz respeito a aplicabilidades dos modos de aprendizado? a necessidade da transposição didática a qual se falou no texto,o olhar para a teoria, é certo pensar nessas questões ou melhor na ausência dessas fatores como possíveis falhas no ensino de séculos anteriores? sendo isso, como evitar esses erros no atual ensino de história utilizando desse retorno ao passado?
Ass; Ranna kete Neri Carvalho
Olá, Ranna! Agradecemos pela sua pergunta.
ExcluirEntendemos que é importante pensar em teorias para o ensino de História no passado sim. Embora frutos do seu tempo, os modos de ensinar e aprender História no passado possuíam teorias e metodologias próprias, as quais possuíam claros objetivos, como uma “História pátria”, por exemplo.
Ao olhar para o passado e procurarmos compara-lo ao nosso presente não podemos ler erros e acertos, mas sim que aquele passado é eivado (assim como o nosso presente) de intencionalidades daqueles sujeitos.
Podemos ter o ensino de História de séculos passados como uma ferramenta e fonte para o ensino na sala de aula, podemos demonstrar aos alunos como se era (e em muitos momentos) ainda se é pensado o passado.
Att, Igor da Silva Nunes
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBom dia!
ResponderExcluirGostaria de agradecer a discussão proposta pelo texto.
Tenho um questionamento aos autores: A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) impôs determinados conteúdos e metodologias em relação ao ensino de História, que segundo pesquisadores da área do ensino como Flavia Caimi e Helenice Rocha, enfatizou uma História escolar tradicional.
Devido a relevância de tal documento atualmente para o ensino de História, gostaria de saber se os autores fizeram uma análise do documento e, caso tenham feito, qual a percepção tiveram dele. Conforme discutido pelo texto, o domínio de metodologias e teorias é fundamental para o ensino da disciplina. Na visão dos autores, a BNCC possibilita ou limita isso? O que os autores pensam sobre o documento levando em consideração à articulação entre história escolar e domínio teórico-metodológico da ciência histórica?
Grata,
Mariana de Sá Gaspar
Olá Mariana, Agradecemos a sua leitura e sua pertinente pergunta!
ExcluirA BNCC é um documento recente e que nós consideramos que por ser constituída num contexto marcado por disputas muito intensas no que diz respeito ao tema educação, percebemos que nos faltaria fôlego para trazer o assunto junto ao texto apresentado. Mas se posso contribuir com a discussão, a BNCC é um documento que possui lacunas, assim como os PCN’S ou as DCN’S, e acredito que nosso trabalho também se dá nessas esferas onde o braço do documento não alcança.
Quando tratamos de currículos, há de se levar em consideração sua dimensão prescrita (o que se espera) sua dimensão o real (o que ocorre de fato) e há ainda a sua dimensão oculta (aquilo que nem currículo, nem professores podem controlar). Sempre lembrando que o documento é marcado por uma intencionalidade, há uma proposta de história a ser contada.
Dito isto, acredito que a BNCC em sua trajetória é marcada por um processo tradicional resultante de uma visão linear da história, mas também é marcada por pontos com proposição de analise, comparação, interpretação, permitindo o professor ir além da mera transmissão por exemplo e aproximando do referencial teórico metodológico da produção do saber histórico na atualidade. Como a própria Flavia Caimi demonstra em seu artigo, a construção do documento é marcado por disputas de narrativas e mudanças dos redatores e nesse ponto, o professor de história ao operacionalizar o conhecimento teorico-metodologico da pesquisa, pode problematizar o documento, evitando uma mera aplicação descontextualizada do currículo em seu oficio.
Att, Tamires Celi da Silva
Inicialmente, gostaria de parabenizar os autores pela interessante e extremamente válida abordagem da proposta temática do texto, que evidencia a relevância de repensar a atuação dos profissionais de História, principalmente na área do ensino.
ResponderExcluirA minha questão se refere ao exercício de transformação do conteúdo e das discussões dessa disciplina de modo didático, haja vista, o distanciamento entre a história escolar e a produção acadêmica, aspecto presente no texto.
Logo, com base neste contexto, gostaria de saber se as contribuições da história pública podem representar possibilidades para superar esse distanciamento e tornar a história mais próxima e significativa para seus agentes no espaço escolar?
Att.,
Tamiris Aparecida Andrada da Silva
Ei, Tamiris! Agradecemos a sua pergunta.
ExcluirSim, a História Pública pode contribuir muito para a popularização da História “acadêmica” para maiores públicos.
Mas só ela e nós historiadores não podemos realizar esse trabalho sozinho. Para sucesso nessa empreitada entendemos que é necessário um maior alinhamento das universidades com órgãos governamentais e a iniciativa privada. Pois são esses que podem oferecer cursos de capacitação e formação para professores, planejamento e financiamento de exposições, filmes, documentários e etc. Enfim, sozinhos nos historiadores não realizaremos isso sozinho, o trabalho precisa ser conjunto e dialogar com outras áreas.
Att, Igor da Silva Nunes
O saber histórico escolar tem sido fruto de muitos debates aos longo do tempo. Hoje mais do que nunca, diante dos inúmeros negacionismos e revisionismos ideológicos, vemos a necessidade de repensarmos as práticas de ensino e a aprendizagem histórica. Precisamos desenvolver mecanismos também para diminuir as distâncias entre saber histórico escolar e conhecimento acadêmico, respeitando as especificidades de cada espaço, evidentemente. O trabalho com as fontes históricas em sala de aula, é um caminho possível para muitas transformações. Exigem, porém que haja um preparo do profissional em termos de teoria e metodologia, posto que são elementos essenciais não só para o desenvolvimento de pesquisas, mas para a renovação das abordagens de ensino, contribuindo assim para uma aprendizagem histórica significativa. Jannaiara Barros Cavalcante-
ResponderExcluirJannaira, agradecemos a sua significativa reflexão!
ExcluirConcordamos com você, acredito que precisamos demarcar o trabalho do historiador o qual é embasado em fontes e metodologias de analises. O que confere a História o status de saber especializado. E não só o trabalho histórico, o trabalho educacional também precisa ser discutido e praticado como uma prática especializada com um conhecimento que provem de reflexão e prática e não como base em achismos, uma vez que a pedagogia é uma ciência.
Att, Tamires Celi da Silva
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